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Dias em Sintang & Travessia para Tanjung Puting

Na chegada à casa de Doni, depois daquela viagem cansativa e molhada, reparei que tinha a mochila encharcada! Causando-me uma imediata preocupação, o delicado Wayang comprado em Yogyakarta (felizmente, sobreviveu bem ao banho forçado). Em Sintang, fiquei hospedado durante um par de dias, na companhia do meu cicerone e da sua adorável família, e durante esse tempo comi muito e bem, fumei como uma chaminé, conversei, repensei a minha rota e no facto de ter de voltar a Jakarta, devido à avaria da máquina fotográfica, fiz mais uma sessão de motivação na escola onde a esposa de Doni era professora, visitei o agradável museu da cidade, continuei a conversar com aquelas pessoas tão simpáticas, calorosas e amáveis e apanhei um autocarro que me levou de volta a Pontianak, numa viagem que demorou nove horas.

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À capital ocidental de Kalimantan, cheguei às 4.00, sem paciência para os incontáveis ojeks que me rodeavam. Comecei então a andar a pé, até uma zona mais tranquila e aí decidi apanhar um ojek para o porto de Seng Hei. Depois de comprar o bilhete, aguardei pela partida, mas antes da mesma conheci o irmão de Supriadi que era o segundo capitão do barco. 🙂 A viagem de cerca de oito horas até Ketapang, foi confortável e passou rapidamente, uma vez que durante a viagem aproveitei para atualizar a minha folha das despesas (excel), o meu caderno e escrever mais textos para o blog.

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Chegámos a Ketapang por volta das 15.00 e no desembarque fiquei dentro do barco. Aos poucos, a tripulação foi-me fazendo algumas perguntas e lentamente consegui transmitir-lhes que queria ficar a dormir com eles no interior do barco. Entretanto arranjaram-me um ojek de confiança (Mr. Houdini) e com ele fui até ao aeroporto comprar o bilhete para Pangkalabun, o meu próximo destino. Com esse assunto resolvido, voltei à zona do porto e durante o resto da tarde/noite estive em confraternização (falar, fumar, beber, comer…), arranjei graças ao Doni o contacto de Mr. Ani (um dos responsáveis pelo parque nacional de Tanjung Punting), comecei a preparar papéis para ir à embaixada de Myanmar (voos, hotel, extrato bancário…) e apesar de me deitar cedo, passei uma noite pouco descansada.

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Às 6.30, o Mr. Houdini já estava a apitar em frente do barco, apesar de apenas termos combinado às 7.00! 😛 A verdade é que essa situação foi benéfica, pois antes de seguirmos para o aeroporto, pedi-lhe para ele me levar até a um multibanco e assim fiquei descansado relativamente aos fundos. Antes do embarcar comi, atualizei o caderno, fiz o check-in (como a balança estava inactiva, não paguei excesso de bagagem), paguei a célebre taxa aeroportuária, “escrevinhei” mais um pouco para o blog, vi aviões a aterrar e a descolar, e embarquei rumo ao parque natural dos orangotangos e dos crocodilos. 😀

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Crónicas Em trânsito

Putussibau. Aguardando por Doni

De Singkwang, parti por volta das 17.00 e as doze horas de viagem até Sintang foram passadas a dormir. 🙂 Para apanhar um novo autocarro para Putussibau, esperei duas horas num mercado quase deserto e por volta das 7.00, voltei a partir. No início, a viagem foi lenta, arrastada e em certas zonas a estrada parecia um queijo suiço. Durante o caminho, o autocarro apinhado de pessoas e carga, arrastou-se (principalmente nas subidas) pelas estradas verdes do Bornéu. Ao longo do tempo, tentei atualizar o caderno e fui sentindo um nervoso miudinho por não ter conseguido falar com ninguém que me pudesse ajudar em Putussibau, até que depois de múltiplos telefonemas e várias trocas de mensagens, recebi o contacto de Doni (vice-diretor do Parque Nacional de Danau Sentarum e amigo de Sonja) e tudo mudou! Tinha acabado de arranjar um cicerone! 😀

À medida que nos aproximávamos do nosso destino começou a chover, sentindo-se um cheiro intenso a terra molhada. O embalo do autocarro fazia-me quase, quase adormecer, até que passávamos por pontes de madeira que nos faziam saltar dos lugares – bump, bump! Na paisagem, viam-se agora pequenas aldeias e povoações, onde a maioria das casas estavam construídas sobre estacas e o acesso era feito por passadiços de madeira. Cheguei a Putussibau às 19.00, depois de um dia inteiro de viagem, e graças ao Doni fui apanhado por um membro do parque natural que me deu boleia até ao HQ.

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Na chegada à sede geral do parque natural, conheci o chefe de Doni, que começou a conversa à “Javanesa” (modo muito polido) e acabou a pedir-me uma contribuição monetária, para o meu alojamento. Apesar de não ter apreciado o seu gesto, não quis ficar a dever-lhe favores e rapidamente resolvemos o assunto, com o pagamento de uma “propina”. Entretanto, falei com o Doni, combinámos que ele passaria no dia seguinte (às 17.00) para me apanhar e seguiríamos juntos para Lanjak (vila, colada ao lago Sentarum).

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O dia em Putissabau, foi um dia lento e de espera pelo Doni, mas como tinha contactos da ONG, WWF passei por lá para conhecer os responsáveis daquela delegação (Albertus e Hermas) e saber detalhes acerca das áreas de intervenção. Durante o resto do dia escrevi textos para o blog e quando o Doni apareceu percebi imediatamente que ele era (felizmente!) muito diferente do seu chefe… 😀 A viagem durou duas horas e meia e o caminho para Lanjak foi feito em alegre algazarra, estavam lançados os dados para o que seriam os meus próximos dias… 😀

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Kabuuuuum! & Regresso a Jakarta

Depois da “sova” infligida pelo Merapi, acordei cedo e empacotei a mochila pronto para fazer o check-out e seguir para a zona do templo de Borobudur, porém quando fui à janela… a cor do céu e da cidade estava estranha! Pus os óculos e interroguei-me, “tempestade de areia? na Indonésia?” Naaaaaaaaa… cinza! A cidade estava coberta de cinza de um vulcão, que tinha entrado em erupção no leste da ilha! :/

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Desse modo, desisti de ir até Borobudur, aliás tal, nem sequer era possível pois o templo tinha sido encerrado. O ambiente e a cor da cidade eram doentias e mesmo dentro do hostel havia muitas pessoas com máscaras postas! Durante o dia, aproveitei para limar algumas arestas pendentes de alguns textos do blog e escrevi novas crónicas. Ao fim do dia, recebi a informação que o templo iria permanecer encerrado durante duas semanas!! :/ E se até esse momento estava com dúvidas do que iria fazer, a partir daí tudo na minha mente ficou claro e límpido! Voltaria a Jakarta e assim que conseguisse voaria para Pontianak em Kalimantan (Bornéu Indonésio). À hora do jantar, sai pela primeira vez do hostel nesse dia e o ambiente que encontrei nas ruas foi algo de fantasmagórico.

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Às oito em ponto, do dia seguinte, estava na estação de comboios e quando tentei comprar um bilhete para Jakarta fiquei ligeiramente chocado, comboios para a capital só dali a dois dias e para Badung nessa noite. Assim, parti em busca de uma alternativa e apanhei um ojek para estação de autocarros de Ciwangan. Aí, encontrei o que procurava! Um autocarro para Jakarta às 14.00! Num cenário de crise? Perfeito! 😀 Enquanto esperava conheci duas francesas (Stéfanie de Marselha e uma amiga que vivia na Argentina) e pouco depois apareceu Eddy (um rapaz indonésio que estuda medicina na Holanda e que tinha conhecido no hostel), que se juntou a nós.

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Parti de Yogyakarta, com uma hora de atraso no meio de um ambiente surreal, mas à medida que fomos percorrendo quilómetros na direção oeste da ilha, o ambiente foi-se desanuviando. Durante a viagem, estive quase sempre a dormir e os únicos momentos em que estive acordado, aproveitei para comer na companhia de Lestari, uma senhora muito simpática que estava sentada ao meu lado. Cheguei a Jakarta às 5.00 e imediatamente apanhei um ojek para o aeroporto… 

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Crónicas

Jakarta Days

Após a looooooooooooonga odisseia, já na saída da estação negociei com um motorista a minha ida para o hotel Syariah, que para os meus padrões era bastante luxuoso (ar condicionado, água quente, casa de banho privada, jantar e pequeno-almoço incluídos, wifi) e que tinha a localização ideal para ir à embaixada das Filipinas (a partir do momento que decidi ir até Jakarta arranjar a máquina fotográfica, aplicar o visto para entrar posteriormente naquele país passou a ser uma prioridade).

Desse modo, aqueles dias em Jakarta, passaram a ser dias para resolver assuntos pendentes. Primeiro fui aplicar o visto à embaixada e fiquei bastante agradado com a rapidez e eficiência do serviço (ainda para mais, depois da péssima experiência que tive em Timor Leste). Depois mudei-me para uma guesthouse mais modesta, mas com ótimas condições nas imediações da Jalan Jaksa (Nina house, Tel. 0812 1233 0026) e seguidamente apanhei um ojek para o centro de reparações da Canon, onde fiquei a saber que a objetiva, estava com o diafragma avariado e fiz um pouco de pressão, para o arranjo demorar o menos possível. Tanto a máquina, como o visto estavam prometidos para dali a quatro dias (terça feira).

Jakarta não é conhecida por ser uma cidade turística, aliás até existem pessoas que detestam a cidade, porém e sem nada poder fazer para acelerar o tempo, aproveitei para conhecer um pouco melhor aquela megalópolis. O coração do turismo situa-se à volta da praça Fatahilah e da antiga zona de Kota, onde nos arredores se encontram edifícios antigos parcialmente destruídos, degradados e abandonados, um canal de águas sujíssimas, ruas cheias de lixo, pessoas pobres mas dignas, um tráfego caótico (como em toda a cidade), uma poluição sonora e atmosférica bastante incómodas. Tudo somado resulta numa cidade “bruta” e realíssima, como poucas vezes presenciei na vida, tal como em Haikou e Semporna.

Na capital, também passei nas imediações da gigantesca e branca Masjid Iqtal, visitei o monumento nacional MONAS (um enorme obelisco de cento e trinta e dois metros de altura, coroado no topo, com trinta e cinco quilogramas de ouro maciço em forma de chama) e o Museu Nacional (onde pude comprovar a enorme multicularidade do país e a enorme singularidade de tribos que existia no arquipélago, que se foram perdendo – habitações, vestuário, escultura, religião, artefactos…). Outra zona da cidade que visitei, foram as grandes avenidas de M.H. Thamrim e Jend Sudirman, onde pude ver o lado moderno da cidade, as torres de aço e vidro, sedes de bancos e agências de seguros, hotéis de luxo e enormes centros comerciais em contraste com os bairros circundantes (dialética da cidade).                

Na cidade, uma vez que o ritmo foi mais lento e relaxado, aproveitei para falar via skype com a minha família e alguns amigos, escrevi bastantes textos para o blog, comecei a procurar informações sobre voos de regresso a Portugal, percebi que para chegar às Filipinas, só voando mesmo (não existem barcos que liguem os dois países) e comi deliciosa e baratíssima comida local (tal como Bangkok a comida nesta capital é deliciosa). 😀 Na terça feira, como previamente acordado fui buscar o passaporte e a objetiva, despedi-me de Jakarta e apanhei um comboio noturno na direção do coração da cultura JavanesaYogyakarta antiga capital do sultano de Mataram, seria o meu primeiro destino.

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Em trânsito: Díli – ? Nova Odisseia no Oriente

Depois da festa de despedida (Domingo), a noite acabou comigo e com o Gregório a esperar no “terminal” de Tasitalu por um autocarro da 1.00 às 5.00, hora em que finalmente o autocarro/carrinha se dignou a aparecer. 😛 A viagem até Batugade, nas imediações da fronteira demorou cinco horas e foi um martírio, pois para além do “bólide” estar apinhadíssimo, a estrada estava em péssimas condições (nada de novo, em Timor Leste) e eu desconhecia o local onde tinha de sair. Já depois de “desembarcar”, enquanto andava até à fronteira, recordava a data de nascimento errada no visto e pensava que se tivesse que voltar a Díli por causa desse “detalhe”, iria desejar “cortar a cabeça” a alguém! 😛

No controlo de passaporte, no lado da fronteira Timorense tudo foi muito rápido, no lado Indonésio um pouco mais demorado (vários agentes militares e da alfândega) mas simultaneamente todos os intervenientes foram muito simpáticos comigo. Nesse altura, ao olhar para eles, lembrei-me do que aconteceu em 1999 e houve um sentimento estranho ao pensar, se estas pessoas tinham estado envolvidas. :/ Depois dos múltiplos controlos, entrei oficialmente e pela segunda vez no maior país/arquipélago do nosso planeta. 🙂 Já no interior de um mikrolet para Atambua, falei em português com indonésios (o que foi curioso) e passados apenas quarenta minutos, estava a ser largado no centro desta cidade, cinzenta e desinteressante. Aí, não me demorei muito, levantei dinheiro, comprei “mantimentos”, uma capa para a chuva e apanhei um autocarro para a capital de Timor Oeste, Kupang.

Quando cheguei ao destino (22.30 de segunda feira), tive algumas dificuldades de comunicação com o meu condutor (que não percebeu que queria ser deixado numa guesthouse barata). Apesar de tudo o Senhor Félix, revelou-se muito generoso pois deixou-me dormir no interior do autocarro e chamou um ojek (Senhor Nando) com quem combinei partir para o aeroporto nessa madrugada. 🙂 Às 4.30, no meio da escuridão e de uma chuva miudinha, já estava a caminho do aeroporto e quando lá cheguei comprei um bilhete para Bali via Maumerè (6.30). O voo sobre a ilha das Flores e a sua topografia “louca”, revelou-me uma nova visão com uma beleza renovada e senti que a chegada a Bali, passados dois meses, via aérea e vindo de Leste foi como o fechar de um círculo. 🙂

Na chegada à ilha do Hinduísmo, desta vez sem a companhia do meu amigo Manu, o meu primeiro passo foi apanhar um táxi para a Fuji Professional (nome da loja de fotografia, que me foi dado em Díli), porém quando lá cheguei… um balde de água gelada! Assistência técnica e reparações, só em Jakarta! 😦 Desilusão, espelhada na minha face e a “oferta” imediata de uma objetiva por duzentos dólares. Saí da loja um pouco desanimado, mas decidido a ver mais algumas objetivas/preços sem me precipitar demasiado, ao mesmo tempo ponderava seriamente a hipótese de seguir para Jakarta. No meio dos meus pensamentos, comprei um kit limpeza para ver os resultados, mas… 0! Quando andava neste processo físico e mental, encontrei uma agência de viagens que vendia bilhetes de autocarro para a capital e foi assim que decidi, mudar a minha rota e seguir para a ilha de Java 

A viagem que esteve para começar às 15.00 na estação de Ubung, atrasou-se, apenas se iniciando às 19.00 (terça feira) e quando parti para mais uma odisseia nas terras do Oriente, apesar de um pouco cansado, estava de espírito animado. Da maratona para Jakarta, não há muito a dizer, a travessia fez-se pelo norte da ilha de Java, através de estradas em más condições, arrozais, campos de cultivo, muitas vilas e cidades caóticas, em que à semelhança de alguns locais de Sumatra e da Malásia, as construções mais bonitas são as mesquitas – refletindo a importância que a religião/espiritualidade tem na cultura asiática; apanhámos múltiplos engarrafamentos; consegui atualizar o “diário de bordo”; os filmes que passaram eram de pancadaria e sangue a rodos… 😛

À capital cheguei às 12.30 de quinta feira, depois de mais de quarenta horas de viagem consecutivas e se somar as noites passadas em Timor (tanto a de espera em Díli, como a de Kupang), depois de quatro dias seguidos a dormir em autocarros… De Díli para Jakarta, a odisseia derradeira…

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Ramelau. Via Sacra

Prólogo

Regressar a Dili foi um “processo” muito looooooooooooongo e demorou um dia inteiro de viagens! Primeiro, caminhei de regresso a Tutuala, depois tive um compasso de espera atribulado – informações contraditórias sobre a existência de autocarros para sair da vila – de mais duas horas até conseguir apanhar uma boleia para Los Palos, numa rápida e confortável carrinha strakar de uma empresa do governo. 🙂 Já na cinzenta e desinteressante cidade, mais uma loooooooooonga espera antes de começarmos a percorrer as ruas à procura de passageiros e pouco tempo depois, de realmente partirmos parámos numa aldeia onde estivemos a carregar cocos durante quase uma hora. 😛 Felizmente o resto da viagem decorreu com muito mais normalidade e tranquilidade e se às 19.30 já estavámos em Baucau, a chegada a Dili ocorreu por volta das 22.00, onde andámos a distribuir pessoas durante uma hora como se a carrinha fosse um táxi coletivo – nada de novo em tantas outras viagens que fizera, na Ásia.

Antes de partir para a montanha Ramelau, fiz um compasso de espera de um dia em Dili para ir buscar o meu passaporte já com o visto da Indonésia impresso e quando o abri, vi que existia uma gralha na data de nascimento! Ao relatar este facto, a funcionária disse que não havia qualquer problema e que o importante era o nome estar correcto! :/ Na despedida desta embaixada surreal, se dúvidas ainda existissem, fiquei com a certeza que para além desta ser um templo da burocracia, também o é da incompetência! :/


Dois dias depois de ter dito adeus ao paraíso terrestre de Jaco, estava no mercado de Halilarau na companhia do Gregório às sete e pouco da manhã. Antes de partir comprei água, sumos, pão e bolos para partilhar com os outros passageiros e com as crianças – sujas, ranhosas, esfarrapadas e pobres – e constatei uma falta de educação geral, por não existir um simples agradecimento na hora da partilha. Depois do Gregório se despedir, esperei que a carrinha de caixa aberta/autocarro enchesse durante hora e meia e só quando as pessoas estavam todas umas em cima das outras qual gado humano, o nosso “jarbas” decidiu arrancar.

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A viagem até à junção da estrada que seguia para Hatubuilico foi um verdadeiro “massacre” – temporal – cinco horas para percorrer oitenta quilómetros!! E de desconforto, pois a estrada estava em péssimas condições, a carrinha estava super lotada e era muito, muito desconfortável -, a ponto de na última hora apenas desejar chegar ao meu destino! 😛 Quando finalmente pus os pés no chão e comecei a andar a pé, a paisagem era bastante bonita – verdes vales e serras, nuvens de vários cinzentos, sol e pedacitos de céu azul.

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A estrada de dezoito quilómetros que me levou até à vila de Hatubuilico, já nas imediações da montanha Ramelau foi percorrida sensivelmente em três horas e durante a caminhada aproveitei para fotografar a bonita paisagem isto nas alturas que a chuva deu tréguas: as transições do céu cinzento e neblina para chuva, as plantações, as casas tradicionais, os cavalos, as vacas, as cabras; sentir o ambiente fresco e cheio de água; e pensar que os meus amigos e amigas vão tendo filhos, outros casando… e que eu seguia a andar para o sopé da montanha mais alta de Timor Leste. 😀

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Quando finalmente cheguei à vila, a minha primeira preocupação foi arranjar um poiso para dormir e depois deste assunto estar resolvido, lá consegui com alguma “dificuldade” arranjar um guia, para fazer a ascensão da montanha. Em rifa saiu-me um miúdo minorca que aparentava dez anos – ele dizia que tinha treze – com quem combinei começar a ascensão por volta das 3.30. Durante a noite choveu torrencialmente, eu fui acordando inúmeras vezes e pensando se o meu guia ia cancelar a subida devido a más condições atmosféricas. Felizmente as minhas preocupações revelaram-se infundadas e às 3.40 partimos no meio da escuridão. A viagem para o topo demorou duas horas e meia e posso classificá-la de: escorregadia, escura, molhada, por vezes irritante – o meu “guia” tinha a minha lanterna e andava, muitas vezes demasiado à minha frente, ficando eu no meio das trevas -, “tropeçante”, ventosa e na chegada vimos uma estátua de Nossa Senhora – oferecida pelo exército português – envolta num denso nevoeiro. 😛 À medida que fomos descendo o dia foi clareando e apesar da neblina reinante, o Ramelau mostrou-se uma montanha verde, de árvores místicas e mágicas! 😀 A descida apesar de um pouco escorregadia, foi muito mais fácil, interessante, rápida e deu finalmente para tirar algumas fotografias.

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Na chegada à pousada fiz os meus pagamentos, tomei banho e o pequeno-almoço, arrumei a minha pequena bagagem e falei durante um par de minutos com o viajante mais stressado que alguma vez conheci – a forma dele falar com as pessoas era tão acelerada que chegava a ser aflitiva. Às nove da manhã e na altura em que estava de saída de Hatubuilico, a máquina fotográfica deu um erro de mau contacto entre a lente e o corpo! – “Ok! Vamos relaxar, também está de chuva.” – à semelhança do dia anterior, percorri a pé quase todo o caminho até à junção, pois quase no final apanhei uma boleia de uma carrinha das obras. Desse local, comecei a descer caminhando em direção a Maubisse e passado um quilómetro, apanhei uma nova boleia desta feita para o centro da vila. Quando cheguei à zona do mercado, reparei numa carrinha de uma ONG que estava estacionada com pessoas a bordo e sem complexos fui pedir boleia para Dili, moral da história? Poupei tempo, dinheiro e principalmente o meu corpo! Já chegava de vias sacras, o dia e a noite anteriores tinham sido pródigos nelas… 😉    

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Em trânsito: Viagem ao Fim do Mundo? Não… ao de Timor Leste

No dia em que me despedi de Com, acordei às 4.00, ainda de noite cerrada para apanhar o mikrolet – autocarro. Esperei, esperei, esperei, durante uma, duas, três horas… até ter a certeza que ao Domingo não existia ligação para Asalainu! :/ Durante o looooooooooooooooongo tempo em que aguardei, foi chovendo, vi estrelas a iluminarem o céu, fui presenteado com o nascer do astro-rei, tomei um pequeno-almoço reforçado e tentei negociar um táxi-mota na guesthouse. Devido ao valor que me pediam ser excessivamente elevado, não chegámos a consenso e às 7.30 estava de saída da vila de Com, a andar.

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Após percorrer dois/três quilómetros sempre em sentido ascendente, passou por mim uma mota que parou. Com o condutor, numa mistura de gestos e palavras consegui negociar, um valor razoável… e em boa hora o fiz, pois a viagem mesmo montado, ainda demorou 40 minutos e fiquei com a ideia que se tivesse feito todo o caminho a pé até ao meu destino teria demorado entre quatro e cinco horas!! :/ Em Asalainu fui deixado na estrada que seguia para Tutuala e depois de aguardar quinze-vinte minutos por um mikrolet, parou novamente um rapaz de mota, que me “ofereceu” transporte. Passados dez minutos de viagem, parámos em casa dele para arranjar um capacete para mim e aproveitámos para visitar a sua família. 🙂 A viagem de trinta quilómetros, demorou quase três horas!! Pois o rapaz – Lázaro – conduziu muito devagar, de qualquer modo e uma vez que não estava com pressa aproveitei para observar a paisagem – lago de Ilaralo, planícies, casas povoações e pessoas, montanhas calcárias… e ir falando em português – para ele foi uma boa oportunidade para praticar e para mim de aprender um pouco mais sobre o país.

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A última fase da viagem, ligou a vila de Tutuala à praia de Valu, oito quilómetros que foram percorridos a pé. Nas alturas em que o sol brilhava, foi duro, pois ao calor associavam-se dores no ombro direito – pele sensível – e nesse momentos só pensava em andar, andar… andar. A “estrada” era horrível, estando cheia de pedras roladas e se a pé ainda dava para escolher as zonas que eram pisadas, de carro/jipe não me parece que existam muitas alternativas. À minha volta apenas se via floresta, coqueiros, pequenas aldeias e cada passo associava-se ao desejo de querer chegar”! Quando vi uma pontinha do verde ilhéu de Jaco no mar fiquei realmente feliz, estava a percorrer a pé a estrada que me conduzia ao extremo leste do país. Estuguei o passo em direção à irrealidade, acabara de chegar à praia quase deserta de Valu…o “fim” de Timor Leste! 😀       

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Watabo & Com. Praias de Timor Leste

Do mundo tranquilo de Laclubar voltei a Baucau para reencontrar o Gregório como “prometido”. Primeiro apanhei um autocarro/carrinha de caixa aberta até Manatuto por entre serras, colinas, montes, florestas, plantações e ao longo da viagem, fizemos várias paragens para carregar mercadorias – lenha, vegetais, motorizadas… – e passageiros, muitos passageiros. 🙂 Já em Manatuto e na estrada principal do país, esperei que passasse um autocarro/carrinha para Baucau e à semelhança do primeiro “troço”, tive que acertar o preço do transporte sem inflações turísticas. 😛

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Na cidade fiquei mais um par de dias tranquilos com o Gregório e durante esse tempo continuei a visitar a família Nicolau, a falar com pessoas muito simpáticas e hospitaleiras, dormi sestas, mostrei as fotografias que tirei previamente tanto em Baucau como em Laclubar e visitei a famosa praia de areia branca e mar de múltiplos verdes e azuis de Watabo – coco.

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Daí segui para Com e a viagem durou sensivelmente três horas, no primeiro troço segui até Lautém e nessa vila apanhei um novo transporte que me levou por mais vinte quilómetros até finalizar a viagem. Durante todo o trajeto vi arrozais, aldeias, búfalos bem gordinhos, cabras e vacas, atravessei pontes, enseadas, colinas, coqueiros, campos de pasto, observei o céu azul e as nuvens brancas que corriam alegremente e senti a temperatura a ficar mais agradável à medida que me aproximava do meu destino.

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Na rudimentar “estância balnear” de Com, tentei dividir o “bem” pelas aldeias e desse modo, fiquei hospedado na Kati guesthouse e tomei todas as refeições na guesthouse da Dona Rosa. Aí para além de ter tido refeições agradáveis, fui informado que apenas existia um autocarro por dia para Asalaiunu e que o mesmo era de madrugada, negociei e acabei por comprar um lindo e colorido thai, e conheci a doce e educada Agnes – neta da Dona Rosa – que me pediu dinheiro para comprar cadernos para a escola.

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Em Com passeei ao longo da costa – tanto para este como para oeste da vila -, tirei múltiplas fotografias; fascinei-me com a areia muito fina, com uma zona mágica de manguezais, com aquele mar de incontáveis azuis, com o silêncio reinante em praias completamente desertas; vi múltiplos cemitérios que misturavam motivos religiosos católicos – cruzes, Nossas Senhoras, Cristos – com animistas – múltiplas ossadas de animais; observei búfalos a banharem-se em charcos de lama; fiz praia e tomei belas banhocas – tanto de mar, como de sol; atualizei o caderno; vi filmes – The Third Man e The Man who shot Liberty Valance; apanhei um par de boleias de mota e constatei que nas estradas em redor da vila circulam mais cabras, vacas, galinhas, porcos e búfalos que automóveis e motorizadas :D; e houve uma situação em que tive de furar literalmente por uma vegetação muito densa e verde de coqueiros, bananeiras, campos e cercas até chegar a uma praia deserta, estrondosa! 🙂 Nesse momento ao observar o mar apaixonei-me definitivamente por Com e pelas praias de Timor Leste.           

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Laclubar. O Irmão e o Ateu

A longa e “saltitante” viagem entre Baucau e Laclubar foi feita numa carrinha strakar, na companhia do Irmão Vitor, catequistas, freiras, um seminarista e antes de arrancarmos, houve uma oração a pedir proteção divina. Das cinco horas que durou a viagem, os momentos que mais recordo foram a paragem em Laleia onde visitámos o centro paroquial e a bonita igreja da vila, que foi restaurada com bastante bom gosto e que conserva os seus traços originais; as condições da estrada que foram piorando progressivamente, pois o asfalto estava cheio de crateras; a bonita paisagem, muito verde por entre vales e montanhas e a temperatura bastante fresca que encontrámos, na chegada ao nosso destino.

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Quando chegámos ao centro João de Deus em Laclubar fiquei instalado num quarto individual, que segundo os meus padrões de viagem era super-luxuoso! 🙂 E ao jantar conheci os nomes dos “aprendizes” do Irmão Vitor: Marcos, Mateus, Emílio, Álvaro e Bosco, uns rapazes muito simpáticos, educados e gentis, e perante eles assumi-me como ateu, devido à minha falta de fé e tivemos algumas conversas interessantes à volta do tema.

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Durante os cinco dias em que estive na pacífica e tranquila vila de Laclubar, senti que estava a fazer uma pausa dentro da viagem e aí, tive a oportunidade de parar um pouco, antes de recomeçar o ciclo do movimento. Tive por isso, a oportunidade rara de estar “fora do mundo, dentro do mundo”. 🙂

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Ao longo do tempo, conheci as diferentes seções que compõem o centro – a casa dos irmãos, a hospedaria, a parte hospitalar, a cozinha, a lavandaria, as hortas, as casas dos animais, o centro de internet, a receção, a capela, a biblioteca… – e as fantásticas pessoas que por lá “habitam”, tanto o staff como os pacientes. Pela primeira vez em longos anos tive contacto com literatura cristã/católica e li: Bento XVI, visto de perto – gostei da coerência demonstrada, ao longo da obra, pelo ex-papa e pelo jornalista, Peter Seewald – e Olhar para Cristo, Exercícios de Fé, Esperança e Caridade. Tive bastantes conversas muito interessantes com o Irmão Vitor sobre vários assuntos – sociedade e mudanças observáveis – não necessariamente para melhor, “excessos”, religião, Timor Leste, Portugal, Mundo… atualizei o caderno e escrevi textos para o blog. Tentei curar duas feridas incómodas que tinha abertas no pé direito – peito e entre os dedos. Conheci o Bruno e a Carolina, dois simpáticos portugueses que estavam a trabalhar no centro na parte hospitalar. Visitei o bonito Monte Maubère, donde pude observar panorâmicas da vila e da paisagem envolvente – muito, muito verde -, ver cavalos, vacas, aldeias, plantações, cercas sagradas e campas. Acompanhei o Irmão Vitor até à aldeia de Hadulas, onde houve uma reunião sobre as jornadas da juventude. Fui até ao concorrido e tradicional mercado de Domingo, onde comprei um farri – porquito, neste caso uma porquita – para oferecer ao Irmão Vitor/centro e poder assim retribuir um pouco, a generosa e inesquecível hospitalidade que me ofereceram.

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Muito obrigadu, Irmão Vitor e todos os demais, por me darem a oportunidade de vos conhecer e de partilharem o vosso tempo comigo e na despedida de Laclublar guardarei para sempre no coração e na memória o vosso carinho e bondade. 😀

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Oecussi – Dili. À Flor da Pele

De manhã acordei às 4.30 para comprar o bilhete de barco para Dili no porto. Depois duma curta boleia, numa carrinha de pedreiros e serventes, e assim que cheguei ao destino, deitei-me em frente da bilheteira no chão, onde dormi durante cerca de uma hora na companhia de outros vultos noturnos. Assim que o dia começou a clarear, as pessoas começaram a despertar e eu sentado aguardei, aguardei, até que…. perto das 7.00 se começaram a vender os bilhetes. A fila que parecia estar criada desapareceu, gerou-se um enorme caos  empurrões, safanões, apertos – e senti que estava no meio de animais a lutarem pela sobrevivência! :/ No meio desse estrafego, conheci Garey  um estudante de Dili – e combinámos que quem chegasse primeiro ao guichet compraria o bilhete do outro. Depois de uma hora de “luta” e já depois de entregarmos o dinheiro e os documentos de identificação, os “diligentes” funcionários chamaram-nos para nos entregarem os bilhetes num guichet lateral.

Ao Garey entregaram-lhe o bilhete e a mim devolveram-me o passaporte, o dinheiro e disseram: “Já não há bilhetes de classe económica” – atenção, nesse momento todas as pessoas que estavam em “luta” na “fila” estavam a comprar esse mesmíssimo bilhete. Passei-me! Já com uma postura física de quem podia cometer uma loucura, de dedo apontado em riste e com a voz meio alterada, disse-lhes: “Há sim senhor! Estas pessoas estão a comprá-lo e o senhor vai vender-mo! Senão faço queixa de si em Dili!”. Nesse momento o Garey agarrou-me o braço, disse para eu ter calma e de dentro da bilheteira disseram para eu não preocupar e aparecer no porto à tarde. Entretanto o Garey ficou a falar com um funcionário, enquanto eu fiquei parado, desolado e a pensar: ” FDP! Eu não acredito que isto me está a acontecer!” Saí do porto revoltado com aquela corrupção gritante! No regresso à cidade combinámos reencontrar-nos ao meio dia para voltarmos ao porto juntos e ele me ajudar a apanhar o barco para Dili.

À hora marcada, na residência dos profissionais de saúde encontrei-me com Garey – Gregório -, Benny – Bendito -, outros médicos e enfermeiros timorenses e contei-lhes a história do porto e o motivo da minha fúria momentânea: “Não é o dinheiro em si que me revolta, mas o falta de princípios destes “tipos”, roubarem impunemente, quando existem pessoas que trabalham arduamente e que não ganham um caracol!”. Depois destas palavras, Benny apenas disse: “Não se preocupa, não Tomás. Fica comigo que tudo vai correr bem.”

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Já no porto, entrámos por um portão lateral e não houve nenhum funcionário “diligente” ou segurança que se atreveu a pedir-nos, “propina”. Durante uma hora e enquanto esperávamos, falei tranquilamente com eles sobre vários assuntos, sendo um deles a possibilidade de ficar na casa da família de Garey em Dili. Até que… soaram as buzinas e se gerou rapidamente um grande aglomerado de pessoas na zona de embarque, que estava rodeada de arame farpado e de um contingente de polícia militar e civil! À medida que íamos andando lentamente – e eu pensava no exagero de tal aparato -, o Benny ia dizendo: “Mantêm-te, junto a mim Tomás” e no controlo de bilhete graças aos seus “conhecimentos” entrámos sem pagar nada. De um momento para o outro e sem esperar, tive a minha recompensa… estava a bordo do barco para Dili, sem pagar bilhete e/ou “propina”. 😀

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Durante as doze horas de viagem para Dili, observei a bonita paisagem na saída do enclave, tirei fotografias, atualizei o caderno, distribui sorrisos, cumprimentei muitas pessoas – e vice-versa – e falei com um rapaz Timorense – Raimundo – sobre vários temas: binómio – Timor/Ásia, Portugal/Europa e os contrastes abissais das sociedades – explosão demográfica Vs. envelhecimento da população; riqueza primária do país – petróleo, gás, minérios, sândalo… e a inexistência de um setor secundário – fábricas e produção; desemprego; emigração. Para além disso, falei com um senhor português – Vitor – que tinha visto anteriormente na Timor Telekom, que fazia parte dos irmãos São João de Deus, que estava em Timor Leste há dez anos, a fazer trabalho na área dos doentes mentais em Laclubar e fui convidado a fazer-lhe uma visita 😀 , continuei a falar com o Benny e o Garey e dormi umas horas deitado no deck, até chegarmos a Dili por volta da uma da manhã. Depois do enclave de Oecussi, estava a desembarcar na capital de Timor Leste. 😀

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