Depois do périplo nas ilhas da costa oriental – Sibuan, Sipadan e Mabul – regressei à costa este de Sabah onde visitei a capital – pode encontrar mais aqui – e aí estive durante quatro dias… demasiado tempo! Nesses dias, fiz a aplicação do visto para a Indonésia, voltei ao hospital como medida de prevenção, uma vez que o tornozelo teimava em não desinchar, reencontrei-me com John, visitei a abooorreeeecidaaaa cidade e o interessante mercado de rua matinal em Jalan Gaya, mas acima de tudo, entediei-me profundaaaaaaaamenteeeeeeee…
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Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Mabul
Em Mabul – pode encontrar mais aqui – descansei das emoções vividas em Sibuan e Sipadan e à medida que atualizava o diário aproveitei para abrandar um pouco o ritmo. Apesar de na ilha não existirem praias de sonho, existiam habitantes sorridentes e afáveis, crianças aos magotes, águas límpidas e cristalinas onde se podiam encontrar uma enorme variedade de pequenos e raros seres subaquáticos. Na ilha, relaxei, bebi uns copos e fumei uns cigarros, tive conversas mentalmente estimulantes, conheci muitas pessoas e fiz amigos. Parti com uma certa nostalgia e com a certeza de não querer regressar, desse modo, Mabul manter-se-á cristalizada no meu imaginário como um local onde se foi FELIZ, mas ao qual é impossível regressar… restando-nos continuar a viver, continuar a sonhar… para no futuro criar mais Mabul´s, essa ilha paradisíaca que existe no coração de cada um de nós.
Na ilha de Sipadan – pode encontrar mais aqui – tive a oportunidade de finalizar o curso, AOW, num dos maiores hotspots de mergulho do mundo e um dos mais exclusivos. Para além de uma Meca do mergulho, Sipadan é uma área protegida, parque marítimo, uma ilha praticamente deserta e que se revelou um paraíso tropical: muito verde, areia branca e águas transparentes, límpidas e de múltiplos azuis. Mas sem dúvida, que as melhores memórias que guardo da ilha foram os mergulhos, constantado que em Sipadan é praticamente IMPOSSÍVEL fazer um mau mergulho. Aliás, a experiência foi de tal modo intensa, que senti que se morresse nesse dia, morria uma pessoa FELIZ! Não acredito no paraíso divino, mas naqueles dois dias, vi o PARAÍSO na Terra!
Na bonita e minorca ilha de Sibuan – pode encontrar mais aqui – tive o meu primeiro dia de curso Advanced Open Water (AOW) e nas suas imediações voltei ao mundo dos mergulhos, desta feita na companhia de um simpático casal de alemães – Bia e Fabian – que conheci em Sepilok, sentindo-me a cada mergulho, mais relaxado e com movimentos mais fluidos.
Semporna – pode encontrar mais aqui – revelou-se a cidade mais suja e deprimente que vi na vida… lixo espalhado pelo chão e pelas águas, crianças encardidas e descalças e um cheiro intenso a fruta em decomposição. O primeiro impacto, não foi de fácil digestão, porém com o passar dos dias deparei-me com sorridentes crianças, pessoas humildes mas simpáticas e afáveis, barcos coloridos, mercados de peixe e vísceras e uma bonita mesquita verde-alface… foi assim que a dignidade humana conferiu à cidade uma profundidade, que poucas vezes senti na vida.
Em Sepilok – pode encontrar mais aqui – os dias ficaram marcados por um persistente inchaço no tornozelo esquerdo, visitas ao RDC – Rainforest Discovery Center – onde reencontrei uma floresta tropical, com cheirinho a selva e principalmente, as visitas ao centro de proteção dos Orangotangos, onde tive a felicidade e oportunidade de observar pela primeira vez estes bonitos primatas, sobretudo as traquinas crias na companhia das extremosas progenitoras.
O nome Bornéu, sempre ressoou no meu imaginário como um nome mítico e místico, um nome que alimentou a minha imaginação e antes sequer de me “preocupar” com a sua geografia – percebendo a posteriori que era uma ilha e se localizava na Ásia – me ligou a terras distantes e exóticas de tribos, animais e selva. Deste modo, não posso deixar de achar caricato que já em terras asiáticas, foi uma descrição emotiva acerca de uma montanha – pode encontrar mais aqui – o motivo principal que me guiou de encontro ao selvagem Bornéu.
Kota Kinabalu e o Tédio
Depois da semana feliz em Mabul regressei à costa oeste de Sabah e à sua capital, Kota Kinabalu e aí estive durante quatro dias… demasiado tempo… à espera de um mercado, o clímax lá do sítio. 😛
Durante esses dias, fiz a aplicação do visto para a Indonésia (já preparando a futura entrada no país); voltei ao hospital como medida de prevenção, pois o tornozelo teimava em não desinchar ; reencontrei-me com o John (rapaz que me deu boleia no primeiro dia no Bornéu) com quem bebi umas cervejas e falámos das nossas vidas; atualizei o caderno e escrevi textos para o blog; visitei a abooooooorreeeeeecidaaaaaaa cidade e o interessante mercado matinal de Domingo em Jalan Gaya, onde se vende um pouco de tudo (plantas, frutos, animais, roupa, calçado, bijuteria, artesanato, livros, sabonetes, brinquedos, comida e bebida, medicamentos tradicionais, relógios, perfumes, postais, loiça, santos…); troquei alguns e-mails com o Parque Natural de Mulu; e entediei-me profundaaaaaaaaaamenteeeeeeeeeee…
Sunset Made in Mabul
No último dia em Mabul e à medida que o relógio avançava, fui presenteado com um pôr do sol, de tal modo glorioso, que soltei umas lágrimas comovido. 😀 Junto ao mar, este foi o por do astro-rei mais perfeito que vi na VIDA… com raios dourados a espalharem-se e a multiplicarem-se no mar e nas densas nuvens que cobriam o céu. Uma valsa celeste delicada, mas simultaneamente profunda como o oceano. 😀
Criar Mabul´s
Depois de três dias muito intensos de mergulho e de tantas emoções vividas, virei as minhas agulhas para outras prioridades: fazer praia e descansar numa ilha paradisíaca, ao mesmo tempo que atualizava o meu caderno e fruto do acaso a minha escolha acabou por recair na ilha de Mabul.
Quando inicialmente parti, apenas tinha o palpite que talvez lá ficasse três/quatro dias. Mas exatamente, quantos? Não o sabia. Primeiro, desconhecia a ilha e seguidamente não estava certo do ambiente que ia encontrar no lodge, uma vez que os comentários encontrados na internet eram bastante díspares.
A realidade é que fruto de algumas circunstâncias, acabei por ficar em Mabul, uma semana! 🙂 A ilha per si não tinha nenhuma praia de sonho, mas tinha habitantes sorridentes e afáveis; crianças aos magotes; grandes lagartos (alguns com cerca de dois metros!), morcegos e até um macaco; águas límpidas, cristalinas e onde se podiam encontrar uma enorme variedade de pequenos e raros seres sub-aquáticos; um sol abrasador que às nove da manhã me punha a destilar sem parar… 😛
Em Mabul transformei-me em escriba e consegui finalmente atualizar o caderno que estava cerca de um mês atrasado! Fiz pela primeira vez um muck dive e o meu primeiro mergulho noturno, onde entrei nas trevas, no vazio, no vácuo absoluto! Onde só faltava aparecer o Alien! SURREAL! 🙂 Relaxei. Bebi uns copos e fumei uns cigarros. Tive conversas super-interessantes e mentalmente estimulantes. Conheci muitas pessoas e fiz amigos, com especial destaque para o Moo (um nativo que tinha uns calções da nossa seleção), James (inglês e instrutor da escola), Kyle (australiano) e Stefanie e Nicole (duas raparigas suiças).
Na despedida de Mabul, parti com alguma tristeza. O Moo emocionado chorava sem parar e os abraços dados a quem ficou, foram apertados e sentidos. Em Mabul fui verdadeiramente FELIZ e senti-me verdadeiramente em casa… uma casa que raras vezes tive durante esta viagem. De tal modo que decidi que não quero regressar! E Mabul ficará para sempre no meu imaginário como um local onde se é FELIZ! Mas ao qual é impossível regressar… a única coisa que se pode fazer é continuar a viver, continuar a sonhar… para no futuro criar mais Mabul´s, essa ilha paradisíaca que existe no coração de cada um de nós. 😀