A longa e “saltitante” viagem entre Baucau e Laclubar foi feita numa carrinha strakar, na companhia do Irmão Vitor, catequistas, freiras, um seminarista e antes de arrancarmos, houve uma oração a pedir proteção divina. Das cinco horas que durou a viagem, os momentos que mais recordo foram a paragem em Laleia onde visitámos o centro paroquial e a bonita igreja da vila, que foi restaurada com bastante bom gosto e que conserva os seus traços originais; as condições da estrada que foram piorando progressivamente, pois o asfalto estava cheio de crateras; a bonita paisagem, muito verde por entre vales e montanhas e a temperatura bastante fresca que encontrámos, na chegada ao nosso destino.
Quando chegámos ao centro João de Deus em Laclubar fiquei instalado num quarto individual, que segundo os meus padrões de viagem era super-luxuoso! 🙂 E ao jantar conheci os nomes dos “aprendizes” do Irmão Vitor: Marcos, Mateus, Emílio, Álvaro e Bosco, uns rapazes muito simpáticos, educados e gentis, e perante eles assumi-me como ateu, devido à minha falta de fé e tivemos algumas conversas interessantes à volta do tema.
Durante os cinco dias em que estive na pacífica e tranquila vila de Laclubar, senti que estava a fazer uma pausa dentro da viagem e aí, tive a oportunidade de parar um pouco, antes de recomeçar o ciclo do movimento. Tive por isso, a oportunidade rara de estar “fora do mundo, dentro do mundo”. 🙂
Ao longo do tempo, conheci as diferentes seções que compõem o centro – a casa dos irmãos, a hospedaria, a parte hospitalar, a cozinha, a lavandaria, as hortas, as casas dos animais, o centro de internet, a receção, a capela, a biblioteca… – e as fantásticas pessoas que por lá “habitam”, tanto o staff como os pacientes. Pela primeira vez em longos anos tive contacto com literatura cristã/católica e li: Bento XVI, visto de perto – gostei da coerência demonstrada, ao longo da obra, pelo ex-papa e pelo jornalista, Peter Seewald – e Olhar para Cristo, Exercícios de Fé, Esperança e Caridade. Tive bastantes conversas muito interessantes com o Irmão Vitor sobre vários assuntos – sociedade e mudanças observáveis – não necessariamente para melhor, “excessos”, religião, Timor Leste, Portugal, Mundo… atualizei o caderno e escrevi textos para o blog. Tentei curar duas feridas incómodas que tinha abertas no pé direito – peito e entre os dedos. Conheci o Bruno e a Carolina, dois simpáticos portugueses que estavam a trabalhar no centro na parte hospitalar. Visitei o bonito Monte Maubère, donde pude observar panorâmicas da vila e da paisagem envolvente – muito, muito verde -, ver cavalos, vacas, aldeias, plantações, cercas sagradas e campas. Acompanhei o Irmão Vitor até à aldeia de Hadulas, onde houve uma reunião sobre as jornadas da juventude. Fui até ao concorrido e tradicional mercado de Domingo, onde comprei um farri – porquito, neste caso uma porquita – para oferecer ao Irmão Vitor/centro e poder assim retribuir um pouco, a generosa e inesquecível hospitalidade que me ofereceram.
Muito obrigadu, Irmão Vitor e todos os demais, por me darem a oportunidade de vos conhecer e de partilharem o vosso tempo comigo e na despedida de Laclublar guardarei para sempre no coração e na memória o vosso carinho e bondade. 😀