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As Crianças de Kuta

Terminado o maravilhoso périplo no Rinjani, no norte da ilha, o nosso grupo seguiu para locais distintos. O Mark e a Rahel para Senggigi, eu e a Monika para Kuta, no sul. E felizmente a única semelhança entre Kuta´s – Bali e Lombok – era mesmo o nome. 🙂 

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Durante um par de dias, estivemos tranquilamente nesta zona de praias e surf. A praia que ficava em frente à pequeníssima vila era uma enorme “salada russa”: a água não era tão límpida e cristalina como nas Gili, mas a areia era confortável e parecia grãos de pimenta; podiam-se encontrar rochas vulcânicas, cheias de óxidos e sulfatos e uma zona com manguezais; existiam macacos e cabras; muitos adolescentes a fazer as “célebres” entrevistas – como em Sumatra -, vendedoras muito insistentes – à semelhança de Koh Samui – e principalmente, muitas crianças alegres e sorridentes – tal como em Mabul. Para além de visitarmos a praia, comprámos saborosa e dulcíssima fruta – abacaxis, mangas e fruta da serpente -, comemos comida e sumos deliciosos; preparei algumas coisas para enviar para Portugal, entre as quais os tradicionais sarongs – como prendas -, publiquei textos no blog, atualizei o caderno e conhecemos Max, um surfista alemão com quem decidi seguir para a ilha das Flores

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Gunung Rinjani. Essa Maravilha!

Ato I – A “Antecâmara” e o Início da Caminhada

Ainda em Gili e no Gecko Cafe comprei um pack de trekking  três dias e duas noites com tudo incluído – para escalar o todo poderoso Rinjani, o segundo vulcão mais alto da Indonésia – 3726 m. No dia em que me despedi do Manu e das maravilhosas pessoas que conheci, saí de Gili na companhia da Monika. O nosso objetivo era começar o trekking o mais rapidamente possível, porém, depois da curta travessia entre as ilhas e quando chegámos a Lombok fomos aconselhados pelo Mr. Suparman e a sua companhia a começar a ascensão no dia seguinte, bem cedinho. Como não tivemos despesas acrescidas, aceitámos a sugestão com naturalidade e acabámos por ter um dia tranquilo na base do vulcão em Senaru, vila onde ficámos a dormir e onde tivemos um pequeno briefing com o nosso guia Jo, um “miúdo” de vinte anos.

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O amanhecer do dia foi esplendoroso, o sol, os azuis fortes e carregados, as nuvens densas e douradas. Depois desse momento ZEN e do pequeno-almoço partimos numa carrinha, juntamente com um simpático casal – Rahel e Mark – de Suiços para o outro lado do vulcão e durante a viagem por estradas esburacadas e sinuosas, encontrámos uma paisagem muito verde de florestas e um grande mercado tradicional.

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Começámos a ascensão na companhia do nosso guia e dos nossos carregadores, que fruto da sua excelente condição física depressa desapareceram. 🙂 Na base, encontrámos pastores, uma bonita paisagem de múltiplos verdes – desde os mais vibrantes aos mais “secos” -, vales e colinas e aos poucos e poucos e à medida que subíamos começou a intensificar-se o nevoeiro, parecia que estávamos na Escócia.

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Durante o dia encontrámos Mark 🙂 que vinha em rota descendente, conversámos e rimos uns com os outros e na paragem para almoço, vimos alguns macacos. A partir desse momento, o caminho endureceu progressivamente, o nevoeiro aumentou consideravelmente e entrámos num mundo encantando de nevoeiro, sombras e vultos de árvores.

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Quando cheguei ao local do acampamento – 2639 m -, estava um nevoeiro cerradíssimo e a visibilidade era praticamente nula, porém e passados alguns minutos, quando o grupo se voltou a reunir as nuvens e a neblina já tinham desaparecido parcialmente e podemos ver pela primeira vez o altivo Rinjani. As diferentes cores: os múltiplos castanhos, amarelos e verdes, as nuvens a correrem velozmente no céu, o vale a nossos pés e o pico formavam uma “sinfonia” bela! E esta paisagem e um jantar delicioso de frango e arroz fritos, aconchegaram o corpo e a alma para “algo” que estava ao virar da esquina…

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Reflexões

Reflexão Balinesa

Bali é uma das mecas do turismo na Ásia e quem visita a Indonésia, dificilmente não pára aqui. Existem factores incontornáveis que explicam o sucesso da ilha como destino turístico:

  • A ilha é profundamente marcada por uma espiritualidade hinduísta e isso é notório a todos os níveis – culturais, religiosos, comportamentais… -, fruto dessa premissa a ilha tem um ambiente singular no enorme conjunto de ilhas que formam a Indonésia;
  • em termos de área, quando comparada com outras ilhas do país – Java, Sulawesi, Sumatra, Kalimantan… – é minúscula e muitas das estradas estão em excelentes condições, desse modo, percorrer a ilha é fácil e relativamente rápido;
  • o aeroporto de Denpassar, está ligado via low-cost à Austrália – país riquíssimo e com elevado poder económico – e outros destinos asiáticos – Singapura, Kuala Lumpur, Bangkok…;
  • existe um marketing poderoso à volta do nome Bali, que vende a ilha como “pãozinho quente”;

Quanto à minha experiência pessoal, fiquei com a certeza que quanto mais afastado de Kuta estive melhor me senti. O ambiente de Kuta  tal como em muitos locais da Tailândia – gira à volta do que a grande maioria dos ocidentais procura – é triste, mas é a realidade – animação noturna, bares e álcool, sexo e prostituição e praia para assarem que nem camarões, procurando a maioria das vezes, o que já têm nos seus países mas a preços mais baixos.

Depois de sair do “inferno” de Kuta, o ambiente da ilha melhora exponencialmente à medida que nos afastamos e rumamos em direção a norte. Como em todo o lado, quanto mais afastados dos centros turísticos estamos, melhor somos tratados pelas locais e cada vez menos vistos como um cifrão andante.

Depois de percorrer um pouco de Sumatra onde a maioria das pessoas eram extremamente genuínas e calorosas, chegar a Bali e conhecer os balineses comparou-se a comer comida sem sal. Sem dúvida, que eram corteses e polidos a maioria das vezes, mas simpatia pura? Poucas vezes a senti! :/

Com base nestas considerações, guardarei na memória Bali como uma ilha agradável, culturalmente interessante e que merece ser visitada por alguns dias, mas que não deixou muitas saudades, nem tão pouco uma marca impagável no meu coração.

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Bali Days

Fruto do que fomos lendo e ouvindo, chegar a Bali nunca foi um sonho para nós. Aliás, posso até dizer que quando aterrámos na ilha, não estávamos com grandes expetativas, antes curiosos com o que iríamos encontrar. A nossa primeira experiência ocorreu logo na saída do aeroporto quando ao apanhar um táxi para o hostel, vimos que não existiam taxímetros, apenas preços tabelados inflacionados e inegociáveis, o monopólio do taxista a funcionar. :/

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Uma vez que em Bali, os transportes públicos estão escondidos dos olhares dos turistas, para percorrer a ilha e sairmos da zona da “Oura” – Kuta – todos os dias alugámos uma scotter, que o Manu conduzia no trânsito semi-caótico -principalmente, até sairmos das zonas mais densamente habitadas de Kuta e Denpassar – e eu seguia à pendura a “ler” o GPS e a tentar dar indicações.

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Nos dias que estivemos na ilha, fomos duas vezes até Bedugul em busca do templo – pura – Ulun Danu. Na primeira tentativa estava um nevoeiro tão espesso, que se revelou impossível fazer a visita. Na segunda, tivemos mais sorte mas o local revelou-se uma enorme deceção, que o Manu resumiu na perfeição: “este templo não merecia uma visita, quanto mais duas!”. Por sua vez a visita ao bonito Pura Taman Ayun, nas imediações da vila de Mengwi valeu muito mais a pena.

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Num dos dias, fomos até Ubud que é considerado o centro espiritual de Bali e aí visitámos o santuário sagrado da floresta dos macacos, que tem um nome muito longo e pomposo para atrair as pessoas para uma armadilha turística, cheia de macacos impertinentes e agressivos – como qualquer local da Ásia em que os macacos convivam com os turistas -, vimos bonitos e serenos templos, lojas de artesanato: esculturas em pedra e madeira, pintura, mobiliário, decoração, quinquelharia, e terraços de arroz que não se revelaram nada de extraordinário, quando comparados com os majestosos de Ping´an, mas nos quais tivemos a felicidade de observar uma cerimónia em que estudantes envergavam tradicionais trajes balineses.

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Mas as melhores recordações que guardo de Bali, foi partilhar o meu tempo com o Manu, ver verdes arrozais, à medida que seguíamos para norte; comer um magnífico porco no espeto de pele estaladiça! Uma delícia! 😀 , ir um dia ao Burger King “matar saudades”, observar os estéticos trajes tradicionais e a bonita arquitetura balinesa, em que as casas tem tantos elementos associados ao hinduísmo que se chegam a confundir com a incrível quantidade de templos existentes, contactar com os educados e simpáticos balineses – quanto mais fora de Kuta, melhor! –  e presenciar algumas das tradições, “procissões”, rituais e cerimónias religiosas profundamente embebidas no Hinduísmo.

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O Início de uma Amizade em Maninjau  

Como previamente combinado, depois do Manu regressar do lago de Singkarak partimos para o danau Maninjau, o único lago em Sumatra que “corre” para oeste e que à semelhança do todo-podereso Toba é vulcânico.

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Para chegar a Bayur, uma pequena vila nas imediações do lago demorámos mais tempo a esperar que o autocarro arrancasse – duas horas -, que a fazer o percurso e enquanto esperávamos, eu atualizei o caderno, o Manu atualizou o blog, comprámos bolos e Salak – fruta da serpente – para ir comendo e fomos falando. A viagem de aproximadamente quarenta quilómetros, durou hora e meia e quase, quase na chegada tivemos de fazer quarenta e quatro curvas, em sentido descendente! Nesse momento a paisagem era uma visão de prata dominada pelo lago azul escuro, pelas nuvens brancas que corriam entre as colinas e montanhas e por alguns arrozais em socalcos.

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Depois de almoçarmos e de falarmos com o dono de um pequeno restaurante, arranjámos já na saída da vila e junto ao lago um “chalé” com janelas a toda a volta e que antes de abrirmos as janelas, cheirava ligeiramente a mijo de gato. Perfeito, ou quase! 😛 Da nossa varanda, a paisagem era de facto bela, nuvens cinzentas muitas espessas e o lago com uma cor verde azeitona profunda.

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Como tínhamos ao nosso dispor umas canoas, a primeira coisa que fizemos foi vestir os calções de banho e tentar ir dar uma voltinha, porém as canoas de madeira tradicionais eram temperamentais e “equilibristas” e como em poucas remadas consegui afundar uma delas, rapidamente ganhei uma viagem de regresso até à margem a empurrá-la – tudo isto com o Manu a bater palmas. 😉 A temperatura da água era perfeita, fruto do aquecimento vulcânico e tal como no mar havia zonas mais quentes e zonas mais frias. Aliás, enquanto estivemos no lago um dos nossos rituais era mergulhar no mesmo, assim que acordávamos, tendo uma imensa sensação de frescura e liberdade.

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Nos dias em que estivemos em Maninjau, continuámos a comer martabaks – não tão deliciosos como em Bukittinggi; almoçámos e jantámos na Jeny´s, enquanto “pequeno-almoçámos” no pequenito café de Emiliano Chino; conhecemos Bob  um senhor australiano, já reformado e que tinha a mão esquerda amputada – que era uma pessoa impecável e tranquila; vimos a riquíssima dialéctica da paisagem junto ao lago, pois os dias amanheciam claros, radiosos e dourados e à medida que as horas passavam o céu começava a cobrir-se de nuvens e sombras, a ponto de parecer que estávamos num local, completamente distinto! 😀 Visitámos uma cascata no meio da floresta, na qual tomámos banho pelados – sensação refrescante, libertadora e de estar em comunhão com a natureza – e para lá chegar percorremos um caminho verde e lamacento, junto a um pequeno riacho 🙂 ; visitámos um pequeno mercado; andámos alguns quilómetros em redor do lago a ver a bonita e serena paisagem; estivemos a comunicar com camponeses no meio de um arrozal, graças ao i-phone do Manu – “vês, para que é que isto serve!?”, com um sorriso cómico e triunfal; e quando apanhámos um ojek para regressar, no final da viagem tivemos uma discussão com o nosso condutor, devido ao preço hiper inflacionado, na qual Manu se mostrou irredutível e decidido.

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No lago, também falei muitas horas com Manu e vi quão semelhantes somos em tantas coisas, mas principalmente ouvi parte da sua história de vida e ganhei a noção de como as pessoas podem realmente mudar. Em tempos, ele foi um homem de negócios de sucesso da classe alta, tinha um belo apartamento, um grande descapotável, uma vida super confortável em que tinha bastante dinheiro para comprar o que quisesse, fumava muito e pesava cento e vinte quilos. Aos poucos, deixou de se sentir bem com a sua vida, começou a fazer desporto, foi emagrecendo, desistiu da carreira, vendeu o carrão e começou a viajar. Hoje sabe que naquela altura não era feliz e que não é a quantidade de bens materiais ou a carreira que se tem que trazem a felicidade! Quer continuar a viajar. Obrigado pela partilha Manu, mi amigo! 😀

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Reflexões

Reflexões Asiáticas

Outros momentos que guardo na memória, ainda da ilha de Tanahmasa foram as longas e interessantes conversas que tive com o Luke sobre a Indonésia, segundo ele um “sistema” caótico de regras, e outros países tropicais, e nas quais ouvi e retive algumas frases soltas: “Eles não aprendem por eles próprios”; “Eles querem que o coco lhes caia em cima da cabeça”; “Ao mesmo tempo com a televisão/internet aprendem que querem “coisas” – materiais -, mas não se apercebem que para ter essas “coisas” à que trabalhar e não se ficarem a queixar da sua “sorte” ou “má sorte”.

Outras ideias que discutimos relacionaram-se com a influência do sol e da temperatura, que permite ao ser humano usufruir de uma vida mais pacífica/amena – ao contrário dos países frios, uma pessoa senão trabalhar, ou não tiver uma casa robusta, dificilmente morrerá de frio, quanto muito poderá apanhar uma gripe – e como esses fatores – sol e temperatura – influenciam a nossa própria natureza humana, tornando-nos mais relaxados e indolentes; bem como a falta de visão/imaginação associada à ausência das pessoas terem de se preocupar demasiado, pois a própria natureza encarrega-se de lhes dar gratuitamente algumas “coisas”.

Com base em todas estas ideias e questões deixadas no ar, fiquei a magicar e penso que existe um misto de falta de oportunidades e uma ausência de imaginar algo diferente. Porém e devido à complexidade do ser humano e das suas motivações, não é fácil chegar-se a uma conclusão, mas não tenho dúvidas relativamente a uma coisa… é sempre o conjunto dos ingredientes que resulta na caldeirada.

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Odisseia para Pulau Tanahmasa

Prólogo

Quando estive em Georgetown, fui convidado por Luke a visitá-lo na ilha (pulau) de Tanahmasa. Esta crónica relata a viagem, aliás a odisseia que foi trilhada.


Na ilha de Samosir, o dia acordou prateado e em Tuk-Tuk apanhei um ferry para a tristonha vila de Parapat. Do cais, segui andando de mochila às costas até encontrar a estrada principal e após um pequeno compasso de espera, passou uma carrinha que “supostamente” estava a caminho de Sibolga. Pelas estradas esburacadas de Sumatra, segui empacotado no meio de sacas e caixas, até à pequena vila de Parsea Jaya, onde todos os outros passageiros saíram e daí segui até Siborong-Borong, sozinho com o motorista, qual co-piloto de um carro de ralis. Durante esse “troço”, fizemos sinais de comunicação, fumámos, vi uma frase que é o resumo perfeito da condução Indonésia: “I do my best, God do the rest!” (eu faço o meu melhor, Deus faz o resto) e assisti in-loco à bestialidade da corrupção da polícia quando fomos mandados abrandar e o senhor agente depois de receber em mão uma notinha, lá nos mandou seguir… 😦

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Na cidade de Siborong – Borong a carrinha estancou e fui mandado sair da mesma. Com alguns sinais e poucas palavras, lá consegui perceber que naquele local iria mudar de veículo e passados vinte minutos de espera, seguimos viagem. Durante o trajeto, assisti a mais corrupção “policiana”, mandei uns quantos saltos, fruto da estrada estar completamente partida em alguns troços e voltei a sentir na pele a imaginação laosiana, uma vez que a carrinha que tinha inicialmente capacidade para doze pessoas, chegou ao destino com dezasseis! 😛

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Já em Sibolga e graças ao telemóvel de um rapaz indonésio – Ronald – contactei Beng Beng, um amigo de Luke, que durante o dia se tornou no meu “anjo da guarda” e que para além de me ajudar a comprar o bilhete para o ferry, foi meu condutor na cidade. Depois de me despedir de Beng Beng com um forte abraço e uma hora antes da partida – 20.00 – estava a entrar no ferry para a ilha de Nias, rodeado de crianças que queriam guiar-me até ao meu assento, para depois tentar vender-me comida e água de forma insistente. Nesse momento só queria que me deixassem em paz! E a minha expressão devia transmitir esse sentimento. Depois de colocar a bagagem no meu espaço da plataforma, uma rapariga indonésia que estava ao meu lado sorriu e depois de ouvir algumas crianças a gritar: “Hei Mister! I love you!”, comecei aos poucos a sorrir e a “máscara” da cara séria caiu por terra.

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Durante a viagem noturna, dormitei algumas horas, escrevi no caderno, vi as plataformas encherem de pessoas e bagagens e senti aquele ambiente barulhento, quente e fumarento a tomar conta do espaço. Tal como o Luke me tinha “avisado”, esta viagem só por si, já é uma experiência! 😉 Cheguei à ilha de Nias – cidade de Gunung Sitoli – ainda o dia não tinha nascido e ainda antes de sair do ferry, já tinha arranjado uma carrinha para Teluk Dalam, uma pequena vila piscatória, na parte sul da ilha. A viagem durou cerca de duas horas em ritmo prega fundo e durante a mesma, foram-me oferecidos cigarros pelo motorista e por passageiros, vi centenas de crianças em uniformes a caminho da escola e uma paisagem que misturava selva, plantações e praias e senti-me bastante FELIZ pois naquele momento sabia que iria conseguir apanhar o barco para a ilha de Telo. 🙂

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À semelhança do que aconteceu em Sibolga, em Teluk Dalam tive que esperar pela partida do barco e durante esse tempo a minha prioridade foi tentar avisar o Luke que estava a caminho, uma vez que da ilha de Telo para a ilha de Tanahmasa, não há transportes! E o caminho apenas pode ser feito pequenas embarcações privadas. Tentei ligar-lhe. O telemóvel estava desligado! Tentei ir a um cyber café. Não havia internet! Decidi então, enviar-lhe uma SMS e como uns minutos depois ele acabou por responder, relaxei a “molécula” pois soube que na ilha de Telo, ele estaria lá para me receber. Depois de aproximadamente três horas em waiting mode, estava finalmente de partida e num pequeno barco fiz uma travessia que durou cerca de seis horas. Durante a viagem, dormitei um pouco, escrevi no caderno, tirei fotografias à paisagem e às pessoas, observei os nativos e a pesca de um atum, falei com um rapaz que trabalhava num resort da ilha e pensei várias vezes que estava a chegar, antes de realmente chegar! Pois estava no meio do arquipélago de Batu e não conseguia identificar onde se localizava o meu destino. 😛

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Na chegada, o Luke estava à minha espera e depois de nos abraçarmos, dirigimo-nos para o seu bote a motor. A looooooooooooooooooooonga odisseia  quatro barcos e duas carrinhas – estava a chegar ao seu final e bastou apenas mais meia hora de viagem, através de uma paisagem de manguezais, nuvens e reflexos cor de prata e cinza no oceano, para chegarmos ao nosso destino. Às 18.00, já no lusco-fusco estava a desembarcar na praia, tinha acabado de chegar ao paraíso escondido de Tanahmasa 😀

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P.S. – Contactos de Beng Beng em Sibolga. E-mail: beng2nge@yahoo.co.id; Telemóveis: +62 81361077406; +62 81262265233.

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Danau Toba. Dias Tranquilos

De Berastagi parti numa mini-van, acompanhado por Smiley e Margot – uma das raparigas francesas do trekking e que estava em Sumatra, a fazer um doutoramento sobre as “malfadadas” plantações de palmeiras – em direção ao porto de Tigaras, na parte norte do lago – danau – Toba. Para lá chegar tivemos de percorrer um longo caminho e penetrar lentamente no coração e na alma do povo Batak, uma antiga tribo canibal que foi convertida maioritariamente ao cristianismo.

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Pelo caminho, fomos parando e o nosso guia mostrou-nos vários tipos de plantas e árvores – canela, cravinho… – visitámos a pequena aldeia de Dokan e uma casa tradicional onde habitavam oito famílias!!! E aprendemos um pouco sobre os símbolos – osgas, cornos de búfalos… – que decoravam os exteriores das habitações e as protegiam dos maus espíritos 🙂 ; observámos a beleza natural – o lago azul, os verdes montes, os pinheiros, as pequenas aldeias, o céu a escurecer – que rodeava a pequena vila de Tanging; comemos um delicioso peixe na grelha com um piri-piri caseiro bombástico e descobri o “fabulástico” sumo de abacate, que se tornou uma espécie de revelação! 😀 ; ao percorrer parte da margem oeste do lago, vimos a neblina a correr nas verdes encostas, o processo de tecelagem de ikat´s tradicionais, visitámos pequenas aldeias, cheias de pessoas amistosas e alegres crianças, e assistimos a uma importante cerimónia Batak – que ocorre de dez em dez anos! – onde a dança e a música assumiam um papel fundamental – ritmo hipnótico. 😀

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Na manhã seguinte continuámos até ao porto de Tigaras, onde nos despedimos do relaxado e sorridente Smiley e aí apanhámos um pequeno ferry para Simanindo, uma povoação na ilha de Samosir – já no interior do lago Toba e que é a maior ilha do planeta existente no interior de uma ilha – e posteriormente uma mini-van para as imediações de Tuk-Tuk, onde Margot se despediu apressadamente. :/ Depois de apanhar uma boleia de scooter para essa vila, encontrei poiso na simples mas agradável Horas Sugary Guesthouse e aí junto ao sereno lago azul, fiquei alguns dias.

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Na ilha de Samosir, bem no coração da tribo Batak passei dias tranquilos e continuei a penetrar naquele mundo tribal, extraordinário e misterioso; percorri a pé as vilas de Tuk-TukTomok e Ambarita nas quais visitei casas tradicionais, museus, o túmulo do rei e zonas onde os anciões se reuniam antigamente para tomar decisões importantes – as cadeiras do “Poder” – observei e senti a tranquilidade da paisagem rural de campos de cultivo e arrozais, cascatas, enormes montes verdes e do grande Toba; escrevi e organizei textos para o blog e na despedida apenas posso dizer, Mao Lia Te – obrigado na língua Batak – pela estadia e simpatia, não vos esquecerei povo Batak… 😀

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Berastagi & Gunung Sibayak

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Nos dias em que estive em Berastagi e à semelhança de Medan, fui entrevistado umas quantas vezes; vi igrejas, mesquitas, camponeses e cenouras… muitas cenouras 😛 ; visitei a zona do mercado, onde encontrei uma grande variedade de frutas e produtos desconhecidos, sentindo o calor e simpatia dos “nativos”; subi à colina de Gundaling de onde observei a panorâmica da vila e já no topo, uma visão magnífica de… neblina e trevas! Berastagi também marca o meu primeiro encontro com o delicioso martabak de chocolate e amendoins. Huuuuuuuuuumm! 😀

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Já nas imediações da vila, na companhia de duas raparigas francesas e de um guia, tive a minha primeira oportunidade de escalar um vulcão ativo, mas adormecido, o Gunung Sibayak e diga-se que o trekking não desiludiu. Nadinha! 🙂 O nosso primeiro “passo” foi apanhar um pequeno autocarro – no qual observei, o motorista que fumava qual um dragãozinho – para as imediações da cascata de Sikulikap e depois de a contemplarmos a partir de um miradouro elevado, começámos a nossa ascensão.

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O trekking fez-se por uma encosta coberta de selva: lama e zonas barrentas, vegetação cerrada, muitos obstáculos e troncos caídos, períodos de chuva leve e uma temperatura agradável, assim foi a nossa ascensão. Quando chegámos à zona da cratera, nuvens corriam velozmente no céu, mudando rapidamente a nossa perceção, sendo a paisagem um misto de cinzentos, verdes e fumos. Passados apenas dez minutos de aí termos chegado, começou a chover torrencialmente.

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A partir desse momento tudo mudou, tornando-se a paisagem surreal: as rochas de múltiplas cores – cinzentas, esverdeadas, avermelhadas -, a formação de rios e cascata no meio do trilho, o contraste entre o vulcão “fumante” e o dilúvio! Belo e memorável. 😀 No meio daquela tempestade, fomos andando o mais rápido que conseguimos e quando chegámos à estrada o nosso guia contactou um amigo para nos ir buscar.

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Passados vinte minutos chegou uma pequena carrinha com um sorridente Rastman a bordo, Smiley o nosso “taxista” era  relaxado, simpático e muito “boa onda” e levou-nos até às hot springs, lá do sítio. Foi aí que o nosso trekking teve o seu final perfeito, todos de molho numa piscina a fumegar, a chuva a cair e o Gunung Sibayak no horizonte. 😉    

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Medan – Berastagi. Fórmula Zuuuum!!!

Em Medan e nas imediações do meu hotel de “sonho”, apanhei um tuk-tuk que me levou pelas caóticas e fumegantes ruas da cidade. O meu condutor foi tão Sócrates (“porreiro pá!”) que me deixou dentro do autocarro. Vá… quase… 😉

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O autocarro era um mini-bus de cerca de vinte lugares, bancos azuis e verde alface e carregadíssimo de bagagem no tejadilho. Quando me sentei, fiquei fascinado a observar as pessoas a deitar fumo pela boca, qual dragões! Ao mesmo tempo que ouvia um cascabulho altíssimo (saído das colunas roufenhas) que quase nos deixava surdos. Estava num psycotrance bus, só faltavam as luzes e os flashes a piscar. 😛

Durante a serpenteante viagem até às terras altas do Karo, saímos da humidade e calor da cidade, para um mundo mais fresco de selva, floresta e neblina e apenas notei que chegara ao meu destino quando me apontaram a saída já no interior de uma pequena e cinzenta vila, perdida nas nuvens. 🙂

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Ainda acerca da viagem, gostaria de referir que o meu condutor buzinou freneticamente, observei imensas pessoas a viajar nos tejadilhos dos mini-bus/carrinhas! E vi a minha vida a andar para trás em algumas situações, uma vez que as ultrapassagens eram efetuadas em todos os lados: subidas, descidas, curvas fechadas, pela direita, pela esquerda… nunca estive num local com uma condução tão louuuuuuuuca! Welcome to Indonesia. O país da fórmula Zuuuuum! 😛