Depois da visita à ilha de Tanahmasa o regresso a Sumatra – pode encontrar mais aqui – fez-se pelo ar. E se é verdade, que na maioria das vezes as travessias aéreas são meras distorções temporais, algumas delas têm o condão de nos mostrar o nosso planeta de um ângulo totalmente diferente e refrescante. Neste caso específico, uma paisagem “tipo postal” das Maldivas, onde os corais, os bancos de areia e os múltiplos azuis desenhavam formas belas e requintadas, apenas visíveis do céu. Belíssimo! Arrepiante! A natureza a mostrar uma vez mais, todo o seu esplendor! Tanahmasa foi uma história que começou com uma odisseia e terminou com uma ode triunfal da natureza…
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Terminada a longa odisseia cheguei finalmente ao meu destino, a ilha de Tanahmasa – pode encontrar mais aqui – onde na praia fui recebido por crianças sorridentes e curiosas. Na ilha fiquei alguns dias na companhia de Luke e durante esse tempo, deambulei sem objetivos; vi e tirei algumas fotografias a uma paisagem bela de selva, coqueiros, praias de areia branca, dourada e coral partido, reflexos de céu espelhados em pequenas piscinas naturais, mar de múltiplos azuis e verdes; barcos; canoas e pescadores; senti tranquilidade e sossego; passei por pequenas aldeias, onde cumprimentei muitas pessoas amistosas e curiosas; visitei escolas, repletas de crianças às quais tirei retratos e senti a sua alegria infantil; fiz snorkeling algumas vezes e vi a beleza do sol a penetrar na água e a espalhar reflexos e cores, a perfeição dos tubos das ondas a serem formados, alguns peixes coloridos… a ilha de Tanahmasa, ficará para sempre guardada no meu coração como um paraíso escondido, um local dentro do mundo, mas que praticamente foi esquecido por este.
Para regressar à ilha de Sumatra, voei num pequeno avião a partir da zona norte da ilha de Tanahmasa, porém para lá chegar, tivemos de fazer um espécie de triangulação de barco: Tanahmasa – Telo – Tanahmasa, uma vez que a ilha não tem estradas. À medida que nos afastávamos da ilha, tomei consciência que a primeira linha está coberta de coqueiros e a partir daí, existe apenas selva “pura”. A primeira parte da viagem foi bastante agitada, o céu estava bastante carregado e uma vez que as ondas estavam orientadas contra o proa do nosso barquito, tivemos imensos ressaltos na água. Apesar de ter chegado à ilha de Telo completamente ensopado, não houve problemas de maior, tirando o banho forçado que o passaporte sofreu.
Quando chegámos a Telo e apesar da curta distância, o céu estava azul e com nuvens brancas e depois de um curto compasso de espera, durante o qual almoçámos partimos novamente para Tanahmasa, desta feita para a zona do aeroporto. A segunda parte da viagem, realizou-se sob o signo de um tempo quente e agradável, e a chegada ao cais foi espetacular, uma vez que existia um bonito contraste entre as nuvens cinzentas, espessas e carregadas e o mar de múltiplos verdes e azuis.
No aeroporto mais pequeno e rudimentar que vi na vida, tivemos que esperar três horas, fruto de um atraso do nosso avião, mas felizmente graças à conversa, o tempo voou. À semelhança do aeroporto, o avião no qual fiz a viagem para Padang era “minorca” – apenas doze lugares – e para além disso, posso afirmar que essa viagem valeu todos os cêntimos investidos, pois a paisagem revelou ser deslumbrante.
Uma paisagem tipo postal das Maldivas, onde os corais, os bancos de areia e os diferentes azuis desenhavam formas belas e requintadas, que apenas eram visíveis do céu! Belíssimo, arrepiante e a natureza a mostrar uma vez mais, todo o seu esplendor! Este, foi o perfeito “Happy Ending”, para esta história inesquecível que foi Tanahmasa. Uma história que começou com uma odisseia e terminou com uma ode triunfal da natureza… 😀
Na praia fomos recebidos por crianças sorridentes e curiosas, que assim que atracámos começaram logo a desmontar o motor do nosso barco. Fizemos uma pequena caminhada até à “catedral” construída pelo “Luke the builder” e a cada passo dado, fui sentindo um respeito quase “sagrado” pelo local. Entrei lentamente e subi ao primeiro andar, para por a bagagem no quarto. Era simples, mas limpo e sólido e o colchão e a almofada um “luxo”! 🙂 Quando voltei ao piso térreo, disse-lhe o quanto apreciava aquela casa e o respeito que tinha por ele e pela sua criação.
Em pulau – ilha – Tanahmasa fiquei alguns dias e durante esse tempo, deambulei sem objetivos; vi e tirei algumas fotografias a uma paisagem bela de selva, coqueiros, praias de areia branca, dourada e coral partido, reflexos de céu espelhados em pequenas piscinas naturais, mar de múltiplos azuis e verdes; barcos; canoas e pescadores; senti tranquilidade e sossego; passei por pequenas aldeias, onde cumprimentei muitas pessoas amistosas e curiosas e senti o seu calor humano; fui convidado para discursar num funeral!? – agradeci, mas não o fiz -; visitei escolas, repletas de crianças às quais tirei retratos e senti a sua alegria infantil e joguei voleibol, noutra escola com miúdos um pouco mais velhos e espertalhões, sentindo que a sua pureza infantil, já se tinha ido.
Para além disso, fui apelidado de turista pela primeira vez por crianças e não gostei nada – depois “caí” em mim e percebi que a conotação negativa estava em mim e não nelas, ao mesmo tempo que percebi que eu era mesmo isso, um turista, quer o aceitasse ou não! E lembrei-me das palavras de Klaus em Xing Ping: “Serás sempre um turista, a menos que estejas na tua terra natal!” -; fiz um pouco de praia e escolhi pequenos corais para guardar; acabei de atualizar o caderno; li o “The Great Gatsby” e apreciei a sua simplicidade lírica, bem como o excelente retrato que traça de uma sociedade, que ainda hoje se mantém atual; ajudei o Luke em pequenos biscates – canalização, montagem de um esquentador… -; fiz snorkeling algumas vezes e vi a beleza do sol a penetrar na água e a espalhar reflexos e cores, a perfeição dos tubos das ondas a serem formados, alguns peixes coloridos, o Luke a pescar com arpão e num dos dias… também tentei pescar com ele, mas não correu muito bem devido a alguns fatores: forte corrente, demasiado próximos, coral raso e ondas, algum cansaço físico, não ter força suficiente para armar o arpão, que mais parecia uma arma para elefantes! 😛 E nesse momento pensei que não pode correr sempre bem, desde que não acabe mal! 😉 E a ilha de Tanahmasa, ficará para sempre guardada no meu coração como um paraíso escondido, um local dentro do mundo, mas que praticamente foi esquecido por este. 😀
E você caro leitor, já teve a felicidade de estar num local do mundo, praticamente esquecido por este?
Prólogo
Quando estive em Georgetown, fui convidado por Luke a visitá-lo na ilha (pulau) de Tanahmasa. Esta crónica relata a viagem, aliás a odisseia que foi trilhada.
Na ilha de Samosir, o dia acordou prateado e em Tuk-Tuk apanhei um ferry para a tristonha vila de Parapat. Do cais, segui andando de mochila às costas até encontrar a estrada principal e após um pequeno compasso de espera, passou uma carrinha que “supostamente” estava a caminho de Sibolga. Pelas estradas esburacadas de Sumatra, segui empacotado no meio de sacas e caixas, até à pequena vila de Parsea Jaya, onde todos os outros passageiros saíram e daí segui até Siborong-Borong, sozinho com o motorista, qual co-piloto de um carro de ralis. Durante esse “troço”, fizemos sinais de comunicação, fumámos, vi uma frase que é o resumo perfeito da condução Indonésia: “I do my best, God do the rest!” (eu faço o meu melhor, Deus faz o resto) e assisti in-loco à bestialidade da corrupção da polícia quando fomos mandados abrandar e o senhor agente depois de receber em mão uma notinha, lá nos mandou seguir… 😦
Na cidade de Siborong – Borong a carrinha estancou e fui mandado sair da mesma. Com alguns sinais e poucas palavras, lá consegui perceber que naquele local iria mudar de veículo e passados vinte minutos de espera, seguimos viagem. Durante o trajeto, assisti a mais corrupção “policiana”, mandei uns quantos saltos, fruto da estrada estar completamente partida em alguns troços e voltei a sentir na pele a imaginação laosiana, uma vez que a carrinha que tinha inicialmente capacidade para doze pessoas, chegou ao destino com dezasseis! 😛
Já em Sibolga e graças ao telemóvel de um rapaz indonésio – Ronald – contactei Beng Beng, um amigo de Luke, que durante o dia se tornou no meu “anjo da guarda” e que para além de me ajudar a comprar o bilhete para o ferry, foi meu condutor na cidade. Depois de me despedir de Beng Beng com um forte abraço e uma hora antes da partida – 20.00 – estava a entrar no ferry para a ilha de Nias, rodeado de crianças que queriam guiar-me até ao meu assento, para depois tentar vender-me comida e água de forma insistente. Nesse momento só queria que me deixassem em paz! E a minha expressão devia transmitir esse sentimento. Depois de colocar a bagagem no meu espaço da plataforma, uma rapariga indonésia que estava ao meu lado sorriu e depois de ouvir algumas crianças a gritar: “Hei Mister! I love you!”, comecei aos poucos a sorrir e a “máscara” da cara séria caiu por terra.
Durante a viagem noturna, dormitei algumas horas, escrevi no caderno, vi as plataformas encherem de pessoas e bagagens e senti aquele ambiente barulhento, quente e fumarento a tomar conta do espaço. Tal como o Luke me tinha “avisado”, esta viagem só por si, já é uma experiência! 😉 Cheguei à ilha de Nias – cidade de Gunung Sitoli – ainda o dia não tinha nascido e ainda antes de sair do ferry, já tinha arranjado uma carrinha para Teluk Dalam, uma pequena vila piscatória, na parte sul da ilha. A viagem durou cerca de duas horas em ritmo prega fundo e durante a mesma, foram-me oferecidos cigarros pelo motorista e por passageiros, vi centenas de crianças em uniformes a caminho da escola e uma paisagem que misturava selva, plantações e praias e senti-me bastante FELIZ pois naquele momento sabia que iria conseguir apanhar o barco para a ilha de Telo. 🙂
À semelhança do que aconteceu em Sibolga, em Teluk Dalam tive que esperar pela partida do barco e durante esse tempo a minha prioridade foi tentar avisar o Luke que estava a caminho, uma vez que da ilha de Telo para a ilha de Tanahmasa, não há transportes! E o caminho apenas pode ser feito pequenas embarcações privadas. Tentei ligar-lhe. O telemóvel estava desligado! Tentei ir a um cyber café. Não havia internet! Decidi então, enviar-lhe uma SMS e como uns minutos depois ele acabou por responder, relaxei a “molécula” pois soube que na ilha de Telo, ele estaria lá para me receber. Depois de aproximadamente três horas em waiting mode, estava finalmente de partida e num pequeno barco fiz uma travessia que durou cerca de seis horas. Durante a viagem, dormitei um pouco, escrevi no caderno, tirei fotografias à paisagem e às pessoas, observei os nativos e a pesca de um atum, falei com um rapaz que trabalhava num resort da ilha e pensei várias vezes que estava a chegar, antes de realmente chegar! Pois estava no meio do arquipélago de Batu e não conseguia identificar onde se localizava o meu destino. 😛
Na chegada, o Luke estava à minha espera e depois de nos abraçarmos, dirigimo-nos para o seu bote a motor. A looooooooooooooooooooonga odisseia – quatro barcos e duas carrinhas – estava a chegar ao seu final e bastou apenas mais meia hora de viagem, através de uma paisagem de manguezais, nuvens e reflexos cor de prata e cinza no oceano, para chegarmos ao nosso destino. Às 18.00, já no lusco-fusco estava a desembarcar na praia, tinha acabado de chegar ao paraíso escondido de Tanahmasa… 😀
P.S. – Contactos de Beng Beng em Sibolga. E-mail: beng2nge@yahoo.co.id; Telemóveis: +62 81361077406; +62 81262265233.