Depois do ocorrido em Qianmen e ainda meio abananado, dirigi os meus passos a Norte rumo à Praça de Tianmen e cada vez mais fico com a impressão, que esta capital não foi construída para os filhos da Terra mas para os filhos do Céu. Tudo é monumental, tudo é gigante. Os nossos passos assemelham-se ao dos insectos e ao invés de sentir a monumentalidade da praça a libertar-me, sinto-a a esmagar-me. Tal e qual um inseto.
Não sei se sou de algum modo influenciado negativamente, pelas imagens da repressão ocorrida na praça em finais da década de 80 no reinado de Diao Xiao Ping, mas o espaço não me é amistoso. Nos entretantos, o mistério da glorificação de Mao em termos populares – um pequeno exemplo, todas as notas de Yuans têm a sua face gravada – e a pouca visibilidade dada a Diao Xiao Ping – pelo menos quando comparado com o grandioso e “solar” Mao – continuam a intrigar-me. Uma vez que em termos históricos, Mao foi um desastre que ocorreu na história Chinesa do século XX e Diao Xiao Ping a figura que fundou as bases para a China contemporânea.
Na praça os símbolos continuam lá, os soldadinhos de chumbo a marchar, a bandeira Chinesa, o retrato do patriarca Mao. Tudo está no seu lugar, imutável, tal e qual uma petrificação histórica. Mas fico a pensar ao que me refiro… se aos Deuses que governam o Céu ou aos Deuses que governam a Terra.