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Party Dili

A minha estadia em Timor Leste, estava quase, quase a terminar e depois de voltar da “via sacra” à montanha Ramelau fiquei em Dili mais um par de dias. Porém, antes de partir, fiz uma visita ao interessante e didático museu/arquivo da Resistência Timorense – onde aprendi bastante sobre a história deste jovem país -, tentei encontrar uma loja especializada de fotografia sem resultados práticos – mas recebi informações acerca de uma loja existente em Bali -, mandei imprimir algumas fotografias da família Nicolau, voltei ao centro comercial Plaza onde ao visitar o Burger King e um super-mercado me “ri” com a disparidade gritante de preços no país entre a economia dos cidadãos comuns e dos mais endinheirados, pensei em duas rotas possíveis tendo em conta o tempo e o dinheiro disponíveis até regressar a Portugal (Rota 1: Sulawesi, Bali, Java, Vietname, Cambodja, Laos e Myanmar | Rota 2: Bali, Sulawesi, Kalimantan, Java, Filipinas e Myanmar) e principalmente, falei com a família Nicolau para saber a disponibilidade que eles tinham para se fazer uma festa de despedida. 😀

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Com o aval geral, pusemos mãos à obra e na companhia do meu amigo Gregório andei em Dili a comprar tudo o que era necessário para uma despedida em grande: carne de vaca, galinhas, vegetais, especiarias, vinho tinto, coca-cola, sumo de laranja, batatas… o meu último dia em Timor Leste foi assim, um dia de preparação para a festa e por coincidência foi também nessa altura que se terminou a instalação elétrica lá em casa… 😉

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Com a ajuda de todos – ou fazendo a comida ou arranjando a casa – a festa foi montada e antes de começarmos o jantar fizeram-se discursos de agradecimento e trocaram-se ofertas de despedida – eu recebi um thai com as cores do país e os membros da família receberam fotografias. Houve comida em quantidades abundantes e a mesma estava deliciosa! 😀 E na hora da despedida fizeram-se brindes, tiraram-se retratos, trocaram-se beijos e abraços. Foi uma despedida FELIZ, uma despedida calorosa e emocionante, uma despedida que me ficará para sempre no coração e na memória. Como últimas palavras, quero dizer que foi uma honra e um privilégio conhecer-vos, e quero deixar um agradecimento muito profundo e especial a toda a família Nicolau, a família que me abriu as portas da sua casa, do país e que me fez sentir durante o tempo que estive em Timor Leste, não um mala´e – estrangeiro -, ou um turista, mas sim mais um membro da família Nicolau. BARAK OBRIGADU! 😀 😀

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Ramelau. Via Sacra

Prólogo

Regressar a Dili foi um “processo” muito looooooooooooongo e demorou um dia inteiro de viagens! Primeiro, caminhei de regresso a Tutuala, depois tive um compasso de espera atribulado – informações contraditórias sobre a existência de autocarros para sair da vila – de mais duas horas até conseguir apanhar uma boleia para Los Palos, numa rápida e confortável carrinha strakar de uma empresa do governo. 🙂 Já na cinzenta e desinteressante cidade, mais uma loooooooooonga espera antes de começarmos a percorrer as ruas à procura de passageiros e pouco tempo depois, de realmente partirmos parámos numa aldeia onde estivemos a carregar cocos durante quase uma hora. 😛 Felizmente o resto da viagem decorreu com muito mais normalidade e tranquilidade e se às 19.30 já estavámos em Baucau, a chegada a Dili ocorreu por volta das 22.00, onde andámos a distribuir pessoas durante uma hora como se a carrinha fosse um táxi coletivo – nada de novo em tantas outras viagens que fizera, na Ásia.

Antes de partir para a montanha Ramelau, fiz um compasso de espera de um dia em Dili para ir buscar o meu passaporte já com o visto da Indonésia impresso e quando o abri, vi que existia uma gralha na data de nascimento! Ao relatar este facto, a funcionária disse que não havia qualquer problema e que o importante era o nome estar correcto! :/ Na despedida desta embaixada surreal, se dúvidas ainda existissem, fiquei com a certeza que para além desta ser um templo da burocracia, também o é da incompetência! :/


Dois dias depois de ter dito adeus ao paraíso terrestre de Jaco, estava no mercado de Halilarau na companhia do Gregório às sete e pouco da manhã. Antes de partir comprei água, sumos, pão e bolos para partilhar com os outros passageiros e com as crianças – sujas, ranhosas, esfarrapadas e pobres – e constatei uma falta de educação geral, por não existir um simples agradecimento na hora da partilha. Depois do Gregório se despedir, esperei que a carrinha de caixa aberta/autocarro enchesse durante hora e meia e só quando as pessoas estavam todas umas em cima das outras qual gado humano, o nosso “jarbas” decidiu arrancar.

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A viagem até à junção da estrada que seguia para Hatubuilico foi um verdadeiro “massacre” – temporal – cinco horas para percorrer oitenta quilómetros!! E de desconforto, pois a estrada estava em péssimas condições, a carrinha estava super lotada e era muito, muito desconfortável -, a ponto de na última hora apenas desejar chegar ao meu destino! 😛 Quando finalmente pus os pés no chão e comecei a andar a pé, a paisagem era bastante bonita – verdes vales e serras, nuvens de vários cinzentos, sol e pedacitos de céu azul.

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A estrada de dezoito quilómetros que me levou até à vila de Hatubuilico, já nas imediações da montanha Ramelau foi percorrida sensivelmente em três horas e durante a caminhada aproveitei para fotografar a bonita paisagem isto nas alturas que a chuva deu tréguas: as transições do céu cinzento e neblina para chuva, as plantações, as casas tradicionais, os cavalos, as vacas, as cabras; sentir o ambiente fresco e cheio de água; e pensar que os meus amigos e amigas vão tendo filhos, outros casando… e que eu seguia a andar para o sopé da montanha mais alta de Timor Leste. 😀

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Quando finalmente cheguei à vila, a minha primeira preocupação foi arranjar um poiso para dormir e depois deste assunto estar resolvido, lá consegui com alguma “dificuldade” arranjar um guia, para fazer a ascensão da montanha. Em rifa saiu-me um miúdo minorca que aparentava dez anos – ele dizia que tinha treze – com quem combinei começar a ascensão por volta das 3.30. Durante a noite choveu torrencialmente, eu fui acordando inúmeras vezes e pensando se o meu guia ia cancelar a subida devido a más condições atmosféricas. Felizmente as minhas preocupações revelaram-se infundadas e às 3.40 partimos no meio da escuridão. A viagem para o topo demorou duas horas e meia e posso classificá-la de: escorregadia, escura, molhada, por vezes irritante – o meu “guia” tinha a minha lanterna e andava, muitas vezes demasiado à minha frente, ficando eu no meio das trevas -, “tropeçante”, ventosa e na chegada vimos uma estátua de Nossa Senhora – oferecida pelo exército português – envolta num denso nevoeiro. 😛 À medida que fomos descendo o dia foi clareando e apesar da neblina reinante, o Ramelau mostrou-se uma montanha verde, de árvores místicas e mágicas! 😀 A descida apesar de um pouco escorregadia, foi muito mais fácil, interessante, rápida e deu finalmente para tirar algumas fotografias.

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Na chegada à pousada fiz os meus pagamentos, tomei banho e o pequeno-almoço, arrumei a minha pequena bagagem e falei durante um par de minutos com o viajante mais stressado que alguma vez conheci – a forma dele falar com as pessoas era tão acelerada que chegava a ser aflitiva. Às nove da manhã e na altura em que estava de saída de Hatubuilico, a máquina fotográfica deu um erro de mau contacto entre a lente e o corpo! – “Ok! Vamos relaxar, também está de chuva.” – à semelhança do dia anterior, percorri a pé quase todo o caminho até à junção, pois quase no final apanhei uma boleia de uma carrinha das obras. Desse local, comecei a descer caminhando em direção a Maubisse e passado um quilómetro, apanhei uma nova boleia desta feita para o centro da vila. Quando cheguei à zona do mercado, reparei numa carrinha de uma ONG que estava estacionada com pessoas a bordo e sem complexos fui pedir boleia para Dili, moral da história? Poupei tempo, dinheiro e principalmente o meu corpo! Já chegava de vias sacras, o dia e a noite anteriores tinham sido pródigos nelas… 😉    

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Rei do Ilhéu

A chegada à praia de Valu revelou-me uma praia de areia branca semi-deserta, um mar de múltiplos azuis e a visão do verde e esticadinho ilhéu de Jaco. Porém, apenas depois de tratar das questões práticas – arranjar poiso para dormir, local para comer e transporte para o ilhéu – é que consegui finalmente relaxar. Nessa altura estava contente, porque para além de ter conseguido encontrar as opções mais económicas, acabei por distribuir de forma bastante equitativa o dinheiro pelos intervenientes locais – o que é sempre benéfico. 🙂

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Acampado nas imediações da praia, fruto da escuridão reinante, vi um mágico céu hiper/mega estrelado e no dia seguinte bem cedo, depois de ver nascer o dia, de tomar um saboroso pequeno-almoço, dirigi-me ao local de embarque como previamente combinado, com um dos pescadores – porém e como o meu “barqueiro” não apareceu tive de acertar a travessia com outro. Na curta distância que separa o “continente”, de Jaco conseguimos ver simpáticos golfinhos e no desembarque combinámos o horário de regresso – Jaco é considerado, uma reserva natural e um ilhéu sagrado e como tal passar a noite no mesmo é proibido.

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Depois de me despedir, a primeira visão que tive foi MÁGICA! 😀 Virado de frente para a costa este de Timor Leste, vi montanhas a sul, a linha do horizonte coberta de verde – um oceano de árvores e vegetação em todas as direções -, um mar de infinitos azuis, verdes – lindo, lindo, lindo! – e tive contacto com uma areia branca finíssima que em alguns locais parecia pó – nesta altura lembrei-me de Maya beach na Tailândia e do tour que fizera há uns meses nas ilhas Phi Phi. Estava num local de beleza natural virgem e um deserto absoluto! Cheirava a mar… era a única pessoa na ilha… o rei do ilhéu! 😀

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Durante uma hora e tal percorri parte do ilhéu à beira mar – devido à existência de algumas paredes de rocha, não foi possível percorrer todo o seu perímetro e como estava sozinho, fui aconselhado previamente pelos nativos a não penetrar no interior da ilha -, tirei fotografias àquela paisagem de sonho, aos cómicos caranguejos e senti paz, serenidade, alegria e que estava a andar para o “fim do mundo”. O local era de facto único e singular e para além do som do mar, o som do vento a passar nos pinheiros era uma constante e fazia parte da ilha e da sua identidade.

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Em Jaco acompanhado dos elementos e dos animais – águias, andorinhas, caranguejos, moscas, formigas, abelhas, peixinhos – atualizei o caderno, continuei a ler Bukowski – “(…) an intelectual is a man who says a simple thing in a dificult way, an artist is a man who says a difficult thing in a simple way.” -, tomei banhos de sol e mar, estive deitado a dormitar, a sonhar e a fruir o local. Nessa altura tomei a resolução de não querer passar mais dias no ilhéu, para não partir totalmente “cheio” e desse modo guardá-lo de forma mais cuidada e carinhosa, no meu coração e senti-me um privilegiado por aí estar.

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Na hora do almoço, cheguei a pensar se o pescador se teria esquecido de mim e pensei que ficar no ilhéu só com água e bolachas, apesar do local ser um paraíso não teria muita graça… e a verdade é que o almoço chegou via marítima – um peixe inteiro, grelhado apenas com sal. A deliciosa simplicidade, servida numa praia de uma beleza comovente! 😀

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Ao longo do dia, existiram muitas variações da forma e cor das nuvens – escuras e claras – e desse modo ver as transições de luz foi um dos meus “desportos” favoritos; andei e tomei banho nu e fiquei na dúvida se algum dia estaria noutra praia/ilha assim! Também pensei que este local, seria com quase toda a certeza, o meu extremo Oriental da viagem e o mais afastado de Portugal – diga-se em abono da verdade, que independentemente de ser ou não o extremo oriental, Jaco seria sempre um digníssimo marco da viagem.

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O meu dia no paraíso, terminou quando o sorridente pescador me veio buscar e o céu estava coroado com nuvens muito densas de prata – chuva – a sul e nuvens brancas – tipo algodão doce – a norte. Eu mantive-me no meio e a partir do caminho da virtude, vi todas as metamorfoses dos elementos de Timor Leste e na despedida a natureza presenteou-me com as dádivas e visões dos Deuses e da sagrada ilha de Jaco.

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Em trânsito: Viagem ao Fim do Mundo? Não… ao de Timor Leste

No dia em que me despedi de Com, acordei às 4.00, ainda de noite cerrada para apanhar o mikrolet – autocarro. Esperei, esperei, esperei, durante uma, duas, três horas… até ter a certeza que ao Domingo não existia ligação para Asalainu! :/ Durante o looooooooooooooooongo tempo em que aguardei, foi chovendo, vi estrelas a iluminarem o céu, fui presenteado com o nascer do astro-rei, tomei um pequeno-almoço reforçado e tentei negociar um táxi-mota na guesthouse. Devido ao valor que me pediam ser excessivamente elevado, não chegámos a consenso e às 7.30 estava de saída da vila de Com, a andar.

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Após percorrer dois/três quilómetros sempre em sentido ascendente, passou por mim uma mota que parou. Com o condutor, numa mistura de gestos e palavras consegui negociar, um valor razoável… e em boa hora o fiz, pois a viagem mesmo montado, ainda demorou 40 minutos e fiquei com a ideia que se tivesse feito todo o caminho a pé até ao meu destino teria demorado entre quatro e cinco horas!! :/ Em Asalainu fui deixado na estrada que seguia para Tutuala e depois de aguardar quinze-vinte minutos por um mikrolet, parou novamente um rapaz de mota, que me “ofereceu” transporte. Passados dez minutos de viagem, parámos em casa dele para arranjar um capacete para mim e aproveitámos para visitar a sua família. 🙂 A viagem de trinta quilómetros, demorou quase três horas!! Pois o rapaz – Lázaro – conduziu muito devagar, de qualquer modo e uma vez que não estava com pressa aproveitei para observar a paisagem – lago de Ilaralo, planícies, casas povoações e pessoas, montanhas calcárias… e ir falando em português – para ele foi uma boa oportunidade para praticar e para mim de aprender um pouco mais sobre o país.

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A última fase da viagem, ligou a vila de Tutuala à praia de Valu, oito quilómetros que foram percorridos a pé. Nas alturas em que o sol brilhava, foi duro, pois ao calor associavam-se dores no ombro direito – pele sensível – e nesse momentos só pensava em andar, andar… andar. A “estrada” era horrível, estando cheia de pedras roladas e se a pé ainda dava para escolher as zonas que eram pisadas, de carro/jipe não me parece que existam muitas alternativas. À minha volta apenas se via floresta, coqueiros, pequenas aldeias e cada passo associava-se ao desejo de querer chegar”! Quando vi uma pontinha do verde ilhéu de Jaco no mar fiquei realmente feliz, estava a percorrer a pé a estrada que me conduzia ao extremo leste do país. Estuguei o passo em direção à irrealidade, acabara de chegar à praia quase deserta de Valu…o “fim” de Timor Leste! 😀       

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Watabo & Com. Praias de Timor Leste

Do mundo tranquilo de Laclubar voltei a Baucau para reencontrar o Gregório como “prometido”. Primeiro apanhei um autocarro/carrinha de caixa aberta até Manatuto por entre serras, colinas, montes, florestas, plantações e ao longo da viagem, fizemos várias paragens para carregar mercadorias – lenha, vegetais, motorizadas… – e passageiros, muitos passageiros. 🙂 Já em Manatuto e na estrada principal do país, esperei que passasse um autocarro/carrinha para Baucau e à semelhança do primeiro “troço”, tive que acertar o preço do transporte sem inflações turísticas. 😛

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Na cidade fiquei mais um par de dias tranquilos com o Gregório e durante esse tempo continuei a visitar a família Nicolau, a falar com pessoas muito simpáticas e hospitaleiras, dormi sestas, mostrei as fotografias que tirei previamente tanto em Baucau como em Laclubar e visitei a famosa praia de areia branca e mar de múltiplos verdes e azuis de Watabo – coco.

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Daí segui para Com e a viagem durou sensivelmente três horas, no primeiro troço segui até Lautém e nessa vila apanhei um novo transporte que me levou por mais vinte quilómetros até finalizar a viagem. Durante todo o trajeto vi arrozais, aldeias, búfalos bem gordinhos, cabras e vacas, atravessei pontes, enseadas, colinas, coqueiros, campos de pasto, observei o céu azul e as nuvens brancas que corriam alegremente e senti a temperatura a ficar mais agradável à medida que me aproximava do meu destino.

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Na rudimentar “estância balnear” de Com, tentei dividir o “bem” pelas aldeias e desse modo, fiquei hospedado na Kati guesthouse e tomei todas as refeições na guesthouse da Dona Rosa. Aí para além de ter tido refeições agradáveis, fui informado que apenas existia um autocarro por dia para Asalaiunu e que o mesmo era de madrugada, negociei e acabei por comprar um lindo e colorido thai, e conheci a doce e educada Agnes – neta da Dona Rosa – que me pediu dinheiro para comprar cadernos para a escola.

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Em Com passeei ao longo da costa – tanto para este como para oeste da vila -, tirei múltiplas fotografias; fascinei-me com a areia muito fina, com uma zona mágica de manguezais, com aquele mar de incontáveis azuis, com o silêncio reinante em praias completamente desertas; vi múltiplos cemitérios que misturavam motivos religiosos católicos – cruzes, Nossas Senhoras, Cristos – com animistas – múltiplas ossadas de animais; observei búfalos a banharem-se em charcos de lama; fiz praia e tomei belas banhocas – tanto de mar, como de sol; atualizei o caderno; vi filmes – The Third Man e The Man who shot Liberty Valance; apanhei um par de boleias de mota e constatei que nas estradas em redor da vila circulam mais cabras, vacas, galinhas, porcos e búfalos que automóveis e motorizadas :D; e houve uma situação em que tive de furar literalmente por uma vegetação muito densa e verde de coqueiros, bananeiras, campos e cercas até chegar a uma praia deserta, estrondosa! 🙂 Nesse momento ao observar o mar apaixonei-me definitivamente por Com e pelas praias de Timor Leste.           

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Laclubar. O Irmão e o Ateu

A longa e “saltitante” viagem entre Baucau e Laclubar foi feita numa carrinha strakar, na companhia do Irmão Vitor, catequistas, freiras, um seminarista e antes de arrancarmos, houve uma oração a pedir proteção divina. Das cinco horas que durou a viagem, os momentos que mais recordo foram a paragem em Laleia onde visitámos o centro paroquial e a bonita igreja da vila, que foi restaurada com bastante bom gosto e que conserva os seus traços originais; as condições da estrada que foram piorando progressivamente, pois o asfalto estava cheio de crateras; a bonita paisagem, muito verde por entre vales e montanhas e a temperatura bastante fresca que encontrámos, na chegada ao nosso destino.

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Quando chegámos ao centro João de Deus em Laclubar fiquei instalado num quarto individual, que segundo os meus padrões de viagem era super-luxuoso! 🙂 E ao jantar conheci os nomes dos “aprendizes” do Irmão Vitor: Marcos, Mateus, Emílio, Álvaro e Bosco, uns rapazes muito simpáticos, educados e gentis, e perante eles assumi-me como ateu, devido à minha falta de fé e tivemos algumas conversas interessantes à volta do tema.

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Durante os cinco dias em que estive na pacífica e tranquila vila de Laclubar, senti que estava a fazer uma pausa dentro da viagem e aí, tive a oportunidade de parar um pouco, antes de recomeçar o ciclo do movimento. Tive por isso, a oportunidade rara de estar “fora do mundo, dentro do mundo”. 🙂

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Ao longo do tempo, conheci as diferentes seções que compõem o centro – a casa dos irmãos, a hospedaria, a parte hospitalar, a cozinha, a lavandaria, as hortas, as casas dos animais, o centro de internet, a receção, a capela, a biblioteca… – e as fantásticas pessoas que por lá “habitam”, tanto o staff como os pacientes. Pela primeira vez em longos anos tive contacto com literatura cristã/católica e li: Bento XVI, visto de perto – gostei da coerência demonstrada, ao longo da obra, pelo ex-papa e pelo jornalista, Peter Seewald – e Olhar para Cristo, Exercícios de Fé, Esperança e Caridade. Tive bastantes conversas muito interessantes com o Irmão Vitor sobre vários assuntos – sociedade e mudanças observáveis – não necessariamente para melhor, “excessos”, religião, Timor Leste, Portugal, Mundo… atualizei o caderno e escrevi textos para o blog. Tentei curar duas feridas incómodas que tinha abertas no pé direito – peito e entre os dedos. Conheci o Bruno e a Carolina, dois simpáticos portugueses que estavam a trabalhar no centro na parte hospitalar. Visitei o bonito Monte Maubère, donde pude observar panorâmicas da vila e da paisagem envolvente – muito, muito verde -, ver cavalos, vacas, aldeias, plantações, cercas sagradas e campas. Acompanhei o Irmão Vitor até à aldeia de Hadulas, onde houve uma reunião sobre as jornadas da juventude. Fui até ao concorrido e tradicional mercado de Domingo, onde comprei um farri – porquito, neste caso uma porquita – para oferecer ao Irmão Vitor/centro e poder assim retribuir um pouco, a generosa e inesquecível hospitalidade que me ofereceram.

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Muito obrigadu, Irmão Vitor e todos os demais, por me darem a oportunidade de vos conhecer e de partilharem o vosso tempo comigo e na despedida de Laclublar guardarei para sempre no coração e na memória o vosso carinho e bondade. 😀

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Família e Luta de Galos em Baucau

Inesperadamente parti para Baucau, na companhia de Gregório e de Cirilo, e mesmo antes de partirmos de Díli tivemos alguns problemas com a “malta” das carrinhas/autocarros, pois quando quisemos mudar de veículo, não nos queriam deixar tirar as bagagens. Durante a discussão, houve momentos em que pensei que iria haver pancadaria, pois o Gregório normalmente sempre calmo, estava passado! Felizmente o Cirilo, resolveu a questão com um misto de “tomates” e muita serenidade. 🙂

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Durante as três horas da viagem, colina abaixo, colina acima, fui alvo da curiosidade geral dos outros passageiros e fui observando a bonita costa timorense: o mar, as rochas, as árvores, as praias…, as aldeias muito simples e humildes, e as pessoas sempre sorridentes.

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Em Baucau, deixei o “monstrinho” em casa do irmão de Gregório e andámos até Yatua, uma pequena aldeia localizada nas imediações da cidade, no meio da serra, rodeada de vegetação e coqueiros, e onde chegámos já ao anoitecer. Aí, fomos extraordinariamente bem recebidos e pude sentir uma vez mais todo o calor, simpatia e grande coração do povo timorense, neste caso da família Nicolau! 🙂 Na aldeia conheci mais membros da família: os pais do Cirilo – o Sr. Joaquim e a Sra. Joaquina, os pais do Gregório – o Sr. Ricardo e a Sra. Isabel, o avô Júlio e mais tios, tias, sobrinhos e sobrinhas – e com eles tive um jantar, e serão muito animados, conversando sobre os nossos países em bom português.

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No dia seguinte, depois do pesado pequeno-almoço – folhas de papaia com arroz – e de nos despedirmos dos pais de Gregório e de Cirilo, voltámos ao centro de Baucau onde continuei a visitar a família Nicolau 🙂 e tive a oportunidade de ver as tradicionais e sangrentas lutas de galos. Em Timor Leste, estas lutas estão profundamente enraizadas na cultura do país e no mercado da cidade, vi a “loucura” que envolve esta tradição. A multidão frenética, o ruído, as apostas, as regras dos combates – vitória em caso de morte ou fuga -, os prémios – dinheiro e galo do perdedor, vivo ou morto -, a arena, os galos garbosos, as lâminas afiadíssimas presas nas patas, a “dança” mortal, os golpes na carne, o sangue espesso, os olhos dos animais no seu último fôlego e a morte a reclamar a vida dos vencidos…

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P. S. – Ainda em Baucau, despedi-me do Gregório com um abraço de até breve e reencontrei o irmão Vitor com quem parti para Laclubar…   

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Dias em Díli? Dias em Família

Nos dias que permaneci em Díli em casa do Garey, tive a oportunidade de viver com ele, com os seus primos espetaculares  o Cirilo, a Amélia, a Digani, a Jenny e todos os demais… – e de conhecer outros membros da sua magnífica e simpática família… a família Nicolau. 😀

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Com eles tive a oportunidade de aprender muito, muitíssimo sobre o país e falámos sobre muitos assuntos: os fatídicos e negros episódios de 1999 relatados na primeira pessoa pelo Sr. Nicolau e com os quais me emocionei – as perseguições, os assassinatos, as mortes, as fugas para as montanhas/colinas em redor da cidade, a fome existente em 2000… -; os motivos que levaram a Austrália a intervir na invasão – exclusivamente económicos!; a evolução bastante positiva que o país tem tido, apesar das dificuldades existentes – sendo a corrupção generalizada um dos maiores entraves ao desenvolvimento sustentado -; o ensino e as dificuldades da adoção do português como língua oficial – principalmente para a geração de transição, que viveu entre o ensino obrigatório da língua indonésia e da língua portuguesa -; o enorme poder detido pela igreja católica e os sonhos, desejos e anseios destas pessoas tão boas e de coração tão grande.

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Durante aqueles dias, li bastante; escrevi textos para o blog e passei a gerir o mesmo de um modo distinto; falei muito com as pessoas – tradição Timorense/Ocidental – número de filhos; relações; casamento; família e dos “modelos imperfeitos” existentes em cada sociedade -; ganhei ideias sobre que locais deveria visitar no país; mostrei fotografias da minha viagem e contei episódios que vivi; comprei pela primeira vez um cartão SIM fora de Portugal; corrigi o português da monografia do Cirilo; fui em alegre “romaria” com os primos Nicolau até à zona do Cristo Rei já fora do centro da cidade e fiquei com ideia que Díli se assemelha a um senhor alto e magrinho – como a cidade se encontra entre o oceano e as colinas, não existe praticamente margem para crescer em largura, apenas em comprimento – e concluí que a cidade é bastante humilde, pacata, sem grandes locais turísticos a visitar e que a pouco e pouco se está a refazer e modificar, mas que tem no seu interior uma população com um coração ENORME! 😀

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Em Díli vivi dias lentos, mas regra geral tranquilos, tirando os momentos surreais que tive quando me desloquei três vezes para aplicar um novo visto na caótica e burocrática embaixada da Indonésia! O caos na parte exterior da entrada; a falta de organização, informação e cortesia; as portas com gradeamentos – parecia que estava numa prisão -; as cinquenta senhas diárias que se esgotavam em menos de nada; o preço exorbitante do visto – quando comparado com outros países da região -; as regras ridículas, nunca antes vistas em nenhuma embaixada – formulários preenchidos exclusivamente com canetas de tinta preta, fotografias tipo passe com fundos vermelhos! – Ahhhhhhhhhhhh! “Preciso” gritaaaaaaaaaaaaaar! Exasperante… horrível… uma experiência a nunca mais repetir! :/

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Na cidade vivi verdadeiramente em família e senti-me um felizardo por ter essa oportunidade. Obrigado família Nicolau, pelo carinho e amor… seguramente que vou voltar… mas “agora” seguirei para Baucau na companhia do Garey e do Cirilo! 😀

P.S. – Se tiverem de obter o visto da Indonésia – com antecedência – aconselho vivamente a fazerem-no noutro país. Fazê-lo em Timor Leste revelar-se-á um duro teste à vossa paciência e sanidade mental.

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Em trânsito: Oecussi – Dili. À Flor da Pele

De manhã acordei às 4.30 para comprar o bilhete de barco para Dili no porto. Depois duma curta boleia, numa carrinha de pedreiros e serventes, e assim que cheguei ao destino, deitei-me em frente da bilheteira no chão, onde dormi durante cerca de uma hora na companhia de outros vultos noturnos. Assim que o dia começou a clarear, as pessoas começaram a despertar e eu sentado aguardei, aguardei, até que…. perto das 7.00 se começaram a vender os bilhetes. A fila que parecia estar criada desapareceu, gerou-se um enorme caos  empurrões, safanões, apertos – e senti que estava no meio de animais a lutarem pela sobrevivência! :/ No meio desse estrafego, conheci Garey  um estudante de Dili – e combinámos que quem chegasse primeiro ao guichet compraria o bilhete do outro. Depois de uma hora de “luta” e já depois de entregarmos o dinheiro e os documentos de identificação, os “diligentes” funcionários chamaram-nos para nos entregarem os bilhetes num guichet lateral.

Ao Garey entregaram-lhe o bilhete e a mim devolveram-me o passaporte, o dinheiro e disseram: “Já não há bilhetes de classe económica” – atenção, nesse momento todas as pessoas que estavam em “luta” na “fila” estavam a comprar esse mesmíssimo bilhete. Passei-me! Já com uma postura física de quem podia cometer uma loucura, de dedo apontado em riste e com a voz meio alterada, disse-lhes: “Há sim senhor! Estas pessoas estão a comprá-lo e o senhor vai vender-mo! Senão faço queixa de si em Dili!”. Nesse momento o Garey agarrou-me o braço, disse para eu ter calma e de dentro da bilheteira disseram para eu não preocupar e aparecer no porto à tarde. Entretanto o Garey ficou a falar com um funcionário, enquanto eu fiquei parado, desolado e a pensar: ” FDP! Eu não acredito que isto me está a acontecer!” Saí do porto revoltado com aquela corrupção gritante! No regresso à cidade combinámos reencontrar-nos ao meio dia para voltarmos ao porto juntos e ele me ajudar a apanhar o barco para Dili.

À hora marcada, na residência dos profissionais de saúde encontrei-me com Garey – Gregório -, Benny – Bendito -, outros médicos e enfermeiros timorenses e contei-lhes a história do porto e o motivo da minha fúria momentânea: “Não é o dinheiro em si que me revolta, mas o falta de princípios destes “tipos”, roubarem impunemente, quando existem pessoas que trabalham arduamente e que não ganham um caracol!”. Depois destas palavras, Benny apenas disse: “Não se preocupa, não Tomás. Fica comigo que tudo vai correr bem.”

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Já no porto, entrámos por um portão lateral e não houve nenhum funcionário “diligente” ou segurança que se atreveu a pedir-nos, “propina”. Durante uma hora e enquanto esperávamos, falei tranquilamente com eles sobre vários assuntos, sendo um deles a possibilidade de ficar na casa da família de Garey em Dili. Até que… soaram as buzinas e se gerou rapidamente um grande aglomerado de pessoas na zona de embarque, que estava rodeada de arame farpado e de um contingente de polícia militar e civil! À medida que íamos andando lentamente – e eu pensava no exagero de tal aparato -, o Benny ia dizendo: “Mantêm-te, junto a mim Tomás” e no controlo de bilhete graças aos seus “conhecimentos” entrámos sem pagar nada. De um momento para o outro e sem esperar, tive a minha recompensa… estava a bordo do barco para Dili, sem pagar bilhete e/ou “propina”. 😀

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Durante as doze horas de viagem para Dili, observei a bonita paisagem na saída do enclave, tirei fotografias, atualizei o caderno, distribui sorrisos, cumprimentei muitas pessoas – e vice-versa – e falei com um rapaz Timorense – Raimundo – sobre vários temas: binómio – Timor/Ásia, Portugal/Europa e os contrastes abissais das sociedades – explosão demográfica Vs. envelhecimento da população; riqueza primária do país – petróleo, gás, minérios, sândalo… e a inexistência de um setor secundário – fábricas e produção; desemprego; emigração. Para além disso, falei com um senhor português – Vitor – que tinha visto anteriormente na Timor Telekom, que fazia parte dos irmãos São João de Deus, que estava em Timor Leste há dez anos, a fazer trabalho na área dos doentes mentais em Laclubar e fui convidado a fazer-lhe uma visita 😀 , continuei a falar com o Benny e o Garey e dormi umas horas deitado no deck, até chegarmos a Dili por volta da uma da manhã. Depois do enclave de Oecussi, estava a desembarcar na capital de Timor Leste. 😀

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Oecussi. Por Timor com Amor

Tal como em outros destinos – Laos, Tailândia e Malásia -, em Timor Leste passei a fronteira, de mochila às costas, a caminhar. Quando encontrei o primeiro controlo e comecei a falar com os polícias em português, emocionei-me por ouvir a nossa língua passados tantos meses e comecei a chorar de alegria e emoção, parecia uma Maria Madalena. 😛 Foi como sentir-me em casa, sem realmente estar em casa! 😀 No segundo controlo de passaporte, já no posto de fronteira tudo correu com sorrisos e com um carimbo vermelho a marcar 90 “diaz” segui a caminhar, desta feita já na companhia de um tímido rapaz timorense.
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Na pequeníssima aldeia de Bobometo, esperei uma hora por um mikrolet – carrinha/bus – e quando este chegou, rapidamente ficou apinhadíssimo de pessoas muito sorridentes e simpáticas. Durante a viagem, de cerca de duas horas, segui primeiro até Tono e daí até Oecussi e ao longo do trajeto a paisagem mostrou um misto de verdes colinas, montanhas, arrozais e estradas esburacadas e poeirentas. Oecussi revelou-se uma vila muito mais “rudimentar” e pequena do que esperava, mas envolvida por uma paisagem natural bela, serena – entre o mar azul e colinas/montes verdejantes, muitas vezes cobertos de nuvens nos topos – e nos três dias que aí estive, comecei a descobrir Timor Leste, a simpatia do seu povo e o lado mais obscuro do país.

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Na vila e nas suas imediações, passeei à beira-mar encontrando praias de areia clara e outras de areia negra, zonas de arvoredo, manguezais, campos de cultivo, cabras, vacas e galinhas; disse olá a muitas pessoas e crianças e senti uma energia super-positiva e contagiante; vi muitas crianças a banharem-se no mar nuas com uma pureza cristalina; em mais do que uma ocasião houve nativos que se aproximaram, que me tentaram dar beijos e me apalparam a “salada” – “mas o que é que se se passa em Oecussi!?” -; visitei Linfau e o seu monumento histórico – local onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez em Timor em 18 de Agosto de 1515; estive alguns momentos no bonito e tranquilo café das irmãs Dominicanas, onde bebi sumos extraordinários, entre os quais de papaia e abacate 😀 ; fui até à colina de Fatusaba, onde encontrei vestígios de um antigo forte e pude observar a vila do topo; estive na Timor Telekom  único local com internet – a enviar e-mails para a minha família; visitei a longa praia de Mahata; atualizei o caderno e escrevi textos para o blog; percebi que o país é bastante mais caro que outros aqui no Sudeste asiático e que existe um aumento generalizado de preços – comida, alojamento, transportes, etc… – mas que tal é natural, uma vez que tudo ou quase tudo é importado – maioritariamente da Indonésia; tive um serão na “cavacada” a beber tuasabo  vinho timorense, feito de palma – e a esfumaçar com timorenses, entre os quais Benny – um médico que esteve a estudar em Cuba e no Brazil e que agora estagia no enclave – e senti na pele algo que nunca tinha sentido antes…
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