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Manila para a Despedida

Depois da visita à simpática cidade colonial de Vigan, regressei à capital das Filipinas, Manila. Desta feita, não de passagem como em ocasiões anteriores, em que passava sempre com o objetivo de me dirigir  a outros destinos, desta vez vim para a despedida do país, após quase dois meses. 🙂 Quando cheguei à metrópole tive que apanhar um táxi do terminal de Cubao até à zona de Malate, local onde tinha marcado um poiso barato – Wanderers Guesthouse – e depois dessa travessia, em que discuti acesamente com o taxista  – que estava a tentar enganar-me – decidi que apenas voltaria a apanhar um táxi, no dia em que fosse para o aeroporto! :/

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Em Manila, passei quatro dias praticamente em modo de espera, uma vez que Myanmar, o meu último país desta viagem, estava ao “virar da esquina” e eu esperava ansiosamente por esse momento. 🙂 Nesses dias, conheci alguns backpackers italianos simpáticos; assisti a jogos de futebol; visitei o enoooooooooorme Robisson Mall; escrevi para o blog; atualizei o caderno; vi muita pobreza nas ruas, pedintes, prostitutas atiradiças, pessoas a dormir no chão, inclusivamente famílias inteiras! :/ ; visitei a antiga zona de Intramuros: a catedral de Manila, o Forte de Santiago, a muralha super robusta e muito bem conservada; encontrei um restaurante com comida deliciosa e cujo staff era muito prestável e bem disposto; na companhia de nativos fui até ao gigantesco mercado de Hangganon na zona de Baclaran; joguei algumas vezes computador com um rapaz filipino; rearrumei a mala; comprei mantimentos para a travessia para Myanmar; troquei pesos por doláres; e apanhei um táxi para o aeroporto, desta feita  para a despedida das Filipinas, calhou-me em rifa um taxista honesto e pacífico. 🙂

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Vigan. Charme Colonial

Depois da visita às múmias de Kabayan, os meus companheiros de viagem deixaram-me em Baguio e aí rapidamente apanhei um autocarro para a cidade colonial de Vigan, ainda mais a Norte, mas já junto à costa. Depois de cinco horas de viagem, cheguei à cidade – 20.00 – e uma vez que na cidade estava a haver uma convenção de Medicina, encontrar um quarto foi extremamente complicado! :/ Depois de duas horas de deambulações, lá conseguir arranjar um poiso na Residencial Mojica e finalmente nessa altura, consegui relaxar um bocado. Após uma semana de mudanças de poiso constantes na zona da cordilheira de Luzon, local de muitas montanhas e verdes florestas, chuva, rios e cascatas, e claro muitos terraços de arroz, mudei-me para Vigan. E nesta cidade, património da UNESCO, para além de encontrar muita tranquilidade, encontrei a arquitetura espanhola mais bem preservada de toda a Ásia! 😀

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Aqui, voltei literalmente ao passado: as casas de traços coloniais e de múltiplas cores, a “calçada”, as ruas, as igrejas, as praças, os jardins, as charretes a cavalo… 🙂 Em Vigan, tirei fotografias de dia e de noite; encontrei uma cidade escaldante; vi torneios de basketball (o desporto nacional das Filipinas) ao final da tarde, com multidões a assistir 🙂 ; comprei recuerdos religiosos; comi empadas deliciosas; visitei a igreja barroca de Santa Maria, onde me deparei com um casamento 🙂 e a playa d´ouro, onde encontrei uma areia negra em brasa e pescadores com quem puxei redes 😀 ; tomei múltiplos duches para refrescar; escrevi; deambulei sem pressas; e observei a bonita luz do final do dia e os habitantes a aproveitar as praças da cidade e a tranquilidade dos dias.

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Os Terraços de Banaue & as Múmias de Kabayan

Depois da visita à aldeia de Batad e aos seus terraços perfeitos, e do trekking do dia anterior, a visita aos terraços de Banaue afigurava-se como uma mera “formalidade” para concluir esses dias felizes na Região Administrativa da Cordilheira (RAC). Porém, mesmo estes revelaram bastante beleza e na travessia pelo seu interior, tive de contratar os serviços de dois miúdos de palmo e meio, Dave (doze anos) e Nick (seis anos) muito engraçados! 🙂 Com eles percorri aquela verde paisagem, em passo relativamente rápido (os miúdos tinham asas nos pés 😛 ), fui fazendo alguns equilibrismos e tirando algumas fotografias. Depois do passeio, voltei ao Sonafel Lodge e aí fiquei tranquilamente a escrever para o blog, até partir. Eram 17.00, quando apanhei o autocarro para Baguio (capital da RAC) e quando chegámos ao nosso destino eram 3.00! Nessa altura, já tinha falado com o simpático motorista, e desse modo ele deixou-me dormir dentro da nossa viatura até às 6.00. 😉

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O meu último destino, na RAC era Kabayan e as suas múmias. Desse modo, eram 6.30 quando voltei a apanhar um autocarro em direção a Sagada, porém desta feita, apenas fiz uma hora e meia de viagem, e numa interseção com a estrada principal, fui deixado pelo prestável motorista. De monstrinho às costas e sempre a subir em rampas muito inclinadas, andei durante meia hora! Até decidir que se continuasse naquele ritmo não iria conseguir chegar às grutas de Kabayan  ficavam a mais de cinco quilómetros da estrada principal. :/ Quando encontrei uma casa perdida naquela paisagem montanhosa, pedi aos seus donos para me guardarem a mochila e bem mais leve continuei a andar. 🙂 Passados poucos minutos, passou uma carrinha amarela a quem pedi boleia e a bordo deparei-me com um grupo de montanhistas filipinos – Chimbang, Autaun, Rodi, Jumpeet, Nilo e Hendeel que ia para o mesmo destino! Perfeito! 😀 Foi deste modo, que visita às múmias de Kabayan, foi realizada na companhia de um alegre grupo. Acompanhados de um nativo que protege o local, percorremos um curto e agradável trilho no meio de um pinhal, e numas pequenas grutas com portas fechadas a cadeado, que foram abertas para nós, encontrámos no interior de pequenos caixões, múmias em posição fetal – crença de voltarem à barriga materna. 🙂

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Com eles voltei a Baguio, mas antes de arrancarmos tirámos fotografias de grupo e parámos para ir buscar o monstrinho. Nessa altura, deixei a mala pequena (computador, máquina fotográfica, caderno…) na carrinha, e apesar de não ter sentido nenhum perigo e de nada se ter passado, hoje sei, que tal ação foi demasiado arriscada! Confiança nas pessoas, sim! Fé absoluta, não! 🙂 Ainda durante a viagem, voltámos a parar para almoçar (um balut e um porção de arroz Morning Star: ovo estrelado + vegetais + galinha + porco + arroz! Delicioso! 😀 ), sendo à mesa e com gastronomia tradicional filipina que terminei a minha visita à RAC. 😉

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Trekking Batad – Banaue: Aprendizagens com Jerr

No dia do trekking, às 5.45 já estava acordado e depois de arrumar a mala e antes de tomar o pequeno almoço, observei o sol a penetrar na montanha e a iluminar progressivamente, os terraços de arroz e aldeia de Batad! Extraordinário! Espetacular! Uma verdadeira ode celeste! 😀 Às 7.30 em ponto, o Jerr apareceu e juntos fomos em ritmo relativamente tranquilo de Batad até à aldeia de Pula, passando por Cambulo. Nesta primeira fase do percurso, demorámos aproximadamente cinco horas, parámos algumas vezes e passámos por uma paisagem cheia de socalcos de arroz muito verdes, encontrando um rio que deslizava suavemente abaixo de nós e algumas casas perdidas naquela imensidão. 🙂

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Durante o caminho fomos falando naturalmente e eu fui sentindo que estava a fazer mais uma caminhada com um amigo, do que com um guia! 😀 Da nossa conversa, confirmei que realmente o valor do Jeepney do dia anterior estava inflacionadíssimo para não nativos – três vezes superior! E fiquei a saber que Jerr estava na universidade, e que o seu trabalho como guia, era um trabalho de verão que servia para pagar os estudos; que o facto de ele ser o terceiro filho, significava que era o primeiro dos que não herdava nada! :/ (o varão recebe a terra; o segundo um dote; daí em diante… 0!); que nos cargos ligados ao governo, só se consegue entrar pelo “fator C!” e que de pouco ou nada vale o mérito! :/ ; recebi informações sobre as múltiplas fases que as plantação de arroz nos terraços, exigem: limpeza de ervas; expansão das fronteiras dos terraços; processo de queima e mistura com terra; alagar o terreno e alisar a superfície; plantar o arroz. E já em Pula, tirámos um retrato juntos, trocámos e-mails e devido ao seu profissionalismo e dedicação, dei-lhe de grojeta o valor que no dia anterior tinha conseguido retirar do valor inicial do trekking. 🙂

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Perto da escola, despedimo-nos com um abraço. Ele voltou para Batad e eu continuei para Banaue. Quase instantaneamente, começou a chover com alguma intensidade e enquanto lutava para “escalar” uma looooooooooonga subida, senti-me um pouco cansado. Felizmente, a chuva teve uma curta duração e depois de ultrapassada essa última dificuldade, o caminho mudou e até ao final a paisagem mudou drasticamente de registo. Floresta e mais floresta, sempre muito verde e densa! O que valia, era que não havia dúvidas, relativamente ao trilho a seguir! 😉 Até ao final andei durante mais quatro horas e quase, quase no final senti-me saturado de andar. :/ O meu objetivo nessa altura, era acabar o trilho, o mais rapidamente possível.

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Quando desemboquei na estrada de alcatrão, ainda estava a nove quilómetros de Banaue, mas como aquela era uma estrada principal, não me “acobardei” e demonstrei aos condutores de tuk-tuk, que lá estavam estacionados que não precisava deles (semi-bluf). Desse modo, o valor desceu dos 150P iniciais para 20P! E eu fiquei contente pelo excelente negócio efetuado! 🙂 Na chegada à cidade, fui buscar o “monstrinho” ao posto de turismo, dirigi-me para o Sonafel Lodge e passados poucos minutos de ter chegado, começou a chover torreeeeeeeencialmente! O eclético trekking entre Batad e Banaue foi concluído mesmo à pele! 5*! 😉  

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Os Terraços de Maligcong

Do reino do culto dos mortos, parti bem cedinho (7.00) para a cidade de Bontoc, onde rapidamente arranjei uma guesthouse. Resolvida a questão do poiso, apanhei um jeepney montanha acima, até à aldeia de Maligcong que ficava apenas a cinco quilómetros de distância, mas que fruto da estrada muito esburacada e da topografia acidentada, demorou mais de meia hora a ser alcançada. 😛

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Nessa aldeia, estive toda a manhã em deambulações e aí tive a oportunidade de observar pela primeira vez, e verdadeiramente uns terraços de arroz made in Filipinas. 🙂 Aqui encontrei terraços muito verdes e simultaneamente, cheios de água e reflexos. A paisagem era muito tranquila, serena e bonita, e para além de mim, só se viam camponeses nos seus afazeres: cortar erva, reconstruir terraços com lama, plantar arroz..

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Por volta das 11.30 parti de Maligcong a andar, uma vez que apenas existia transporte de regresso às 14.00. 😛 Durante uma hora e meia, andei montanha abaixo até Bontoc, que vista do alto, era bastante maior do inicialmente supusera. Aí, visitei o interessante museu da cidade, onde pude ver a fantástica multiplicidade de tribos existentes no norte da ilha. 😀 Durante a tarde e à semelhança do dia anterior, aproveitei para descansar um pouco na guesthouse, escrever para o blog e já ao final da tarde vi umas extraordinárias nuvens que pairavam em redor das colinas circundantes. 🙂

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O Culto dos Mortos em Sagada

Em Sagada num dia solarengo e de céu azul, fiz um trekking interessante na companhia de Mr. Ingo, um guia local com quem fui até ao vale do Eco. Durante o percurso passámos por algumas paisagens bonitas e agradáveis: pinheiros, plantações de café, um rio subterrâneo, uma caverna, uma mini-cascata, arrozais, sobe e desce em colinas, zonas escorregadias de rocha e lama, formações calcárias, cursos de água e à semelhança do que encontrei em Tana Toraja, caixões suspensos em grandes paredes de rocha. 🙂

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Depois de regressarmos ao centro da vila, enveredei sozinho estrada fora até encontrar a fantástica entrada da Semeangui Cave (caverna grande) e daí parti em busca da Lemagui Cave (caverna dos enterros), onde encontrei múltiplos caixões antigos de madeira a apodrecer e onde já começavam ossos a despontar. Para encontrar este local de culto, demorei duas horas, uma vez que falhei a interseção no trilho. 😛 De qualquer modo, durante esse tempo, andei por estradas tranquilas e fui observando a rural e agradável paisagem em redor de Sagada, os arrozais, as montanhas, os pinheiros, as aldeias e os aldeões. Desse modo, a manhã e o início de tarde foram passadas em deambulações. 🙂

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No regresso à vila, parei para almoçar no simpático, Sagada Brew  bastante arranjado, para os padrões asiáticos habituais – e daí voltei à guesthouse onde aproveitei para escrever um par de textos para o blog. Enquanto fazia isso, comecei a ouvir um som muito intenso e ao olhar pela janela, vi que estava a chover torreeeeeeeencialmente e que inúmeros raios rasgavam o céu, de forma quase contínua! Automaticamente, abortei a utópica “missão” de ver o pôr do sol e fui a uma pequena casa de impressões, onde encontrei uma internet supeeeeeeeeer-lenta, mas que foi suficiente para enviar um e-mail de parabéns e publicar mais um texto no blog. 🙂 Ao despedir-me de Sagada, pensei: “Adeus, vila tranquila e serena. Adeus, inesquecíveis cavernas. Adeus, antigo culto dos mortos.”

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Coron. Mergulho nas Trevas

De El Nido parti com a Maiju e o Steow em direção à ilha de Coron. Durante as oito horas que durou a travessia marítima, observei a bonita paisagem que nos rodeava (as múltiplas ilhas, o céu azul, as nuvens brancas, o sol radioso e escaldante, o mar de infinitos azuis e verdes…) e falei com os meus companheiros de viagem durante algum tempo. Já na pequena vila e capital da ilha, ficámos hospedados na agradável Marley´s Guesthouse, onde conhecemos um staff impecável que nos contou histórias impressionantes do super tufão – que apesar da longa distância percorrida, ainda chegou a atingir Coron – e que partilhou connosco o seu gosto por música ritmada e tribalista. 🙂

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Nos arredores da ilha, tive dois dias de mergulho intenso num ambiente pesado e sombrio de navios japoneses afundados durante a Segunda Guerra Mundial e aí senti um nervoso acrescido por ter entrado pela primeira vez debaixo de água, em espaços realmente confinados. Neste mundo submerso, senti o lado “negro” do mergulho, principalmente no navio Irako onde atingi a minha profundidade máxima (trinta e oito metros e meio). Porém, mesmo naquele mundo de trevas, existia luz e sempre que esta penetrava pelas frinchas e buracos existentes naquelas estruturas de aço gigantes, parecia que estava numa catedral sub-aquática! Fenomenal! Inesquecível! 😀 Para além disso, observar “algo” feito pelo homem, onde se pode ver vestígios da sua presença (as cargas inalteradas dos navios afundados) e onde ainda existem componentes que funcionam (tais como válvulas e torneiras…) é algo de inolvidável. Ao largo de Coron, foi ainda possível mergulhar nas águas escaldantes (38 ºC) de um lago de água doce. Aí, vi de forma perfeita as linhas térmicas onde a água mudava drasticamente de temperatura, sentindo em simultâneo metade do corpo quente e metade fria! Tirei as barbatanas e fiz “escalada” sub-aquática, atravessei troncos de árvore qual equilibrista e em slide, e senti possivelmente o que sente um astronauta ao pisar solo lunar.

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Em Coron, para além desses mergulhos míticos, tive serões animados, regados a rum e cola, na companhia dos meus companheiros de viagem e de dois engenheiros Irlandeses (Donald e Richard); vi procissões noturnas onde as velas dos fiéis iluminavam e espalhavam uma luz mortiça pelas ruas escuras da vila; visitei de barco uma praia de sonho, rodeada de rochas mágicas, negras como o breu e repleta de águas cristalinas e transparentes que brilhavam como safiras e esmeraldas; tive um delicioso jantar festivo onde o caranguejo e o camarão foram reis e senhores; e tive um reencontro com o passado

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Numa daquelas noites festivas, ao sair dum bar na companhia de Arnold  gerente de um resort que trabalhava na ilha – encontrámos um nativo, que o conhecia e que nos convidou a ir até ao cemitério, para fazer uma homenagem fúnebre. Arnold imediatamente e de uma forma rude, declarou que não ia, mas eu naquele momento senti algo que me impeliu a acompanhar o nativo. Comprei umas velas, ele umas cervejas, montámos um tuk-tuk e quando estávamos prestes a partir, o Arnold acabou por se dignar a acompanhar-nos. Na escuridão da noite, seguimos estrada fora e depois de uma viagem que não sei precisar quanto demorou chegámos à entrada do cemitério. Aí, passo a passo e silenciosamente, penetrámos naquele espaço vasto, negro e sereno, até chegarmos à campa. Assim que chegámos, Arnold deitou-se na campa do lado e adormeceu pesadamente. O seu ressonar competia em decibéis, com a pirosa música de discoteca que era projetada pelo seu telemóvel.

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Como estátuas de mármore e alheios a esse facto, acendemos uns cigarros e as velas, abrimos as cervejas e fizemos uma homenagem fúnebre e sentida à sua esposa e ao seu filho – que tinham falecido há um ano. Depois desse momento, dentro de mim, algo se quebrou. Repentinamente, lembrei-me do meu pai e das saudades que sentia dele. Longe de Portugal, longe de todas as pessoas que conhecia, um pouco tocado pelos copos bebidos e sem filtros e barreiras de espécie alguma, comecei a chorar… De joelhos agarrado àquela campa, larguei um peso que carreguei durante quase dezassete anos. Chorei, chorei, chorei. Chorei baba e ranho. Chorei durante largos minutos e não houve nenhum travão que parasse as lágrimas. Apenas quando senti uma leveza a ressoar dentro de mim, parei. Nesse momento, passei as mãos pelos olhos, desajoelhei-me e abracei o nativo. Naquele cemitério perdido das Filipinas, dois “orfãos” de lados opostos do nosso planeta, foram irmãos durante momentos. Juntos partilharam uma dor comum. A dor da perda e juntos reencontraram um calor e uma luz humana, que aqueceu e iluminou a escuridão da noite e o frio da morte…

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Em trânsito: Boracay – Sabang. Travessia para Palawan

Depois do party Bum de Boracay, eu e o Denis tentámos seguir para a ilha de Coron, via San Jose (ilha de Mindoro), porém como apenas tínhamos barco dali a três dias, optámos por seguir para Iloilo no extremo sul da ilha de Panay e aí apanhar um barco para Puerto Princesa, já na ilha de Palawan. Contudo, depois de uma viagem bem apertada de aproximadamente sete horas, fomos informados já no cais, que barcos só no dia seguinte! :/ Foi assim que fomos obrigados a ficar vinte e quatro horas em modo de espera, na pouca interessante Iloilo.

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A travessia marítima para Puerto Princesa durou aproximadamente trinta e oito horas, porém o tempo até passou bastante rápido, fruto de termos conhecido algumas pessoas, com as quais passámos bastante tempo – Isabela (senhora Filipina), Steow (inglês), Maiju (Finlandesa), Yannick e Aline (um casal belga); de dormirmos duas noites a bordo; e da agradável paragem que fizemos na bonita ilha de Cuyo  aproximandamente oito horas – que psicologicamente fez uma enorme diferença positiva! 😀 Durante a travessia, para além de dormir e passar bastante tempo a conversar com as pessoas, aproveitei para atualizar o caderno e comi pela primeira vez uma famosíssima iguaria Filipina, o Balut  ovo cozido com um embrião de pato, parcialmente desenvolvido – conseguindo fazer rir alguns Filipinos com o meu entusiasmo e enojar o Steow com o que acabara de comer. 😛

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Quando chegámos a Puerto Princesa, já na ilha de Palawan, o grupo manteve-se unido (exceto a simpática Isabela) e junto seguiu para Sabang. Essa viagem, que durou apenas duas horas e uns pozinhos, foi uma das mais loucas e memoráveis até à data, pois todos sem execeção fomos sentados/deitados no tejadilho do jeepney (autocarro típico das Filipinas)! 😀 A partir desse espaço aberto em andamento, pudemos começar a observar a beleza da ilha (selva verde e densa) e já nas imediações de Sabang, vi bastantes arrozais viçosos, e colinas a emergir do solo, recordando imediatamente a paisagem maravilhosa e singular de Yangshuo/Xin Ping na China.

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Uma vez que imaginava uma vila “perdida” no meio da selva, fiquei admirado por ver que Sabang afinal se localizava na costa, tendo o mar azulado/acinzentado a banhá-la e múltiplas montanhas em redor. 🙂 Quando saímos do autocarro, fomos recebidos por Mr. Horward, um americano que geria o Alport Resort e que nos levou aos nossos aposentos – um quarto tão “minúsculo” que apenas tinha quatro camas de casal no seu interior e uma casa de banho ensuite. À nossa frente, tínhamos o mar e um ambiente bastante sereno! 😉 À noite, todos juntos jantámos um delicioso e gigantesco red snapper grelhado, arroz, salada e fruta; e passámos o serão com Bob, um rastamen e guia local, com quem fomos beber uma cervejas e falar com alguns nativos. O final de dia perfeito, na chegada à ilha mágica de Palawan.     

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Boracay. Party Bum!

Antes de chegar à ilha de Boracay, sabia de antemão que a mesma era super turística e confesso que isso me preocupava um pouco, uma vez que receava encontrar uma miniatura de Bali, mas sem a possibilidade de escapar para zonas tranquilas, uma vez que a ilha era bastante pequena. Por outro lado, queria um pouco de animação e festa, algo que não encontrava há meses, foi assim que fruto de uma “pééééééssima” estadia acabei por ficar seis noites! 😀

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A ilha apesar de muito turística, felizmente não se revelou nenhum inferno e de Boracay vou guardar vários momentos na memória e no coração: a muito movimentada (tanto de dia como de noite) e turística White Beach com areia em pó, mar de águas frescas -comparando com a Indonésia… 😛 – e azuis lindíssimos, palmeiras e inúmeras embarcações tradicionais – as bancas (algumas a vela, outras a motor); o meu paraíso tranquilo e “privado” de águas de infinitos azuis e verdes, Puka Beach, localizada no norte da ilha, onde estive três ocasiões, onde conheci uma simpática família filipina com quem almocei, uma vez e fiz alguns jogos de voleibol com os nativos ao final da tarde; as múltiplas festas, entre elas a minha primeira festa noturna numa piscina aquecida 😉 ; os passeios apelas praias e pela ilha que me deram a oportunidade de pela primeira vez, comer um delicioooooooso halo halo (gelo picado, leite condensado, açúcar e “topings”) e de ver quão simpático e caloroso o povo Filipino pode ser – mesmo numa ilha tão turística como Boracay; a extraordinária panorâmica do ponto mais elevado da ilha, o monte Luho; as múltiplas e fabulosas refeições num restaurante super escondido, que nos foi mostrado por Jason (um dos elementos do staff do MNL) 😀 ; o fabuloso hostel MNL (excelentes camas, bom pequeno almoço, terraço porreiríssimo para relaxar; o staff caloroso e atencioso que faziam sentir as pessoas como se estivessem entre amigos, enfim… mesmo “à maneira” e sem dúvida um dos melhores hostels de toda a viagem! 😀 ).

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Mas de Boracay, a ilha do party Bum, o que guardarei com mais carinho será sempre as múltiplas pessoas que conheci, tanto os simpáticos nativos, entre eles Jason, como os turistas: o argentino Matias; a chilena Sofia; os canadianos Justine e Derek; a sul coreana Yang; as alemãs Ann e Yann, o americano Tadd, o israelita Denis (com quem acabei por sair de Boracay), as belgas Kathlynee e Sonya, o espanhol Carlos, a chinesa Ni Ni, os inúmeros ingleses “loucos” 🙂 , mas principalmente o colombiano Filipe – com quem estive durante mais de duas horas, sentados no mar a falar sobre a Austrália – os fantásticos brasileiros Bruno e Bárbara, o porreiríssimo alemão Alex, o médico inglês, John com quem falei inúmeras vezes, durante horas e que me fez ficar com vontade de ir até à ilha de Palawan 😀 e a simpatiquíssima chinesa Jessie. Uma autêntica sociedade das nações! 😀 

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Em “Torajilândia”

Ato VI – Dia de Surpresa? Dia de…

No meu último dia em Tana Toraja, apanhei um bemo para Lemo e enquanto caminhava para o local dos túmulos, encontrei crianças vestidas com trajes tradicionais e instantaneamente pensei: “outro funeral!?”, mas depois de ver dois jeeps enfeitados com flores, respondi automaticamente em pensamento: “Naaaaaaaa… casamento!” Sorri, uma vez que no dia anterior tinha estado a falar sobre o assunto. Tirei um retrato às crianças e segui andando. No local dos túmulos fiz uma visita agradável, mas não vi nada que não tivesse visto anteriormente, “apenas” a uma escala maior. De qualquer modo, a paisagem era realmente bonita e ao abandonar o local senti-me satisfeito. Quando estava a regressar à estrada principal para ir até Landa, voltei a passar pelas crianças e a parar para lhes tirar mais umas fotografias. Nesse momento, fui convidado por um membro da família a assistir ao casamento e foi me dito para dirigir-me à igreja/capela da vila. Do nada, estava a caminho de um casamento em Tana Toraja! 😀

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A cerimónia durou hora e meia e tratou-se de uma cerimónia protestante, simples mas bonita, falada em dialeto local. O padre/pastor era bastante carismático e pôs quase toda a plateia a escutá-lo com atenção, enquanto os noivos estavam bastante felizes mas nervosos. 🙂 Depois da cerimónia, fui convidado a juntar-me à parte dos “comes e bebes” e fiquei admirado com a quantidade de pessoas que estava presente, parecia que toda a aldeia tinha sido convidada! 😉 Aí, vi o desfilar de um loooooooongo cortejo de casamento, o ambiente da festa, as danças e as dançarinas, o bolo a ser cortado pelos noivos – que nessa altura já envergavam trajes tradicionais – os múltiplos retratos com os convidados – iguais em qualquer parte do mundo – e comi uma vez mais a deliciosa, comida tradicional de Tana Toraja. Assistir a tal momento e ver um casamento por terras do Oriente, fez-me sentir um privilegiado e deixou-me realmente feliz! 😀

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Em jeito de súmula, nos cinco dias que estive em Tana Toraja tive o prazer de confraternizar com pessoas super hospitaleiras e genuínas, tendo o privilégio de observar um pouco as suas tradições. No meio daquela paisagem bela: arrozais, montanhas e vales, florestas de bambu, sol, nevoeiro, chuva, muitas nuvens… encontrei cavernas cheias de túmulos, caixões e ossos… um funeral com sacrifícios de búfalos e porcos, trajes, música e cânticos tradicionais, um casamento… na despedida, senti-me realmente uma pessoa com sorte! 😀 Na Indonésia, ilha de Sulawesi, em “Torajilândia”, fiquei com a certeza que nesta tribo o funeral é o mais importante de todos os rituais. Mais importante que o casamento. Mais importante que o nascimento. Este é o reino, onde os mortos são mais importantes do que os vivos.

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