Ato VI – Dia de Surpresa? Dia de…
No meu último dia em Tana Toraja, apanhei um bemo para Lemo e enquanto caminhava para o local dos túmulos, encontrei crianças vestidas com trajes tradicionais e instantaneamente pensei: “outro funeral!?”, mas depois de ver dois jeeps enfeitados com flores, respondi automaticamente em pensamento: “Naaaaaaaa… casamento!” Sorri, uma vez que no dia anterior tinha estado a falar sobre o assunto. Tirei um retrato às crianças e segui andando. No local dos túmulos fiz uma visita agradável, mas não vi nada que não tivesse visto anteriormente, “apenas” a uma escala maior. De qualquer modo, a paisagem era realmente bonita e ao abandonar o local senti-me satisfeito. Quando estava a regressar à estrada principal para ir até Landa, voltei a passar pelas crianças e a parar para lhes tirar mais umas fotografias. Nesse momento, fui convidado por um membro da família a assistir ao casamento e foi me dito para dirigir-me à igreja/capela da vila. Do nada, estava a caminho de um casamento em Tana Toraja! 😀
A cerimónia durou hora e meia e tratou-se de uma cerimónia protestante, simples mas bonita, falada em dialeto local. O padre/pastor era bastante carismático e pôs quase toda a plateia a escutá-lo com atenção, enquanto os noivos estavam bastante felizes mas nervosos. 🙂 Depois da cerimónia, fui convidado a juntar-me à parte dos “comes e bebes” e fiquei admirado com a quantidade de pessoas que estava presente, parecia que toda a aldeia tinha sido convidada! 😉 Aí, vi o desfilar de um loooooooongo cortejo de casamento, o ambiente da festa, as danças e as dançarinas, o bolo a ser cortado pelos noivos – que nessa altura já envergavam trajes tradicionais – os múltiplos retratos com os convidados – iguais em qualquer parte do mundo – e comi uma vez mais a deliciosa, comida tradicional de Tana Toraja. Assistir a tal momento e ver um casamento por terras do Oriente, fez-me sentir um privilegiado e deixou-me realmente feliz! 😀
Em jeito de súmula, nos cinco dias que estive em Tana Toraja tive o prazer de confraternizar com pessoas super hospitaleiras e genuínas, tendo o privilégio de observar um pouco as suas tradições. No meio daquela paisagem bela: arrozais, montanhas e vales, florestas de bambu, sol, nevoeiro, chuva, muitas nuvens… encontrei cavernas cheias de túmulos, caixões e ossos… um funeral com sacrifícios de búfalos e porcos, trajes, música e cânticos tradicionais, um casamento… na despedida, senti-me realmente uma pessoa com sorte! 😀 Na Indonésia, ilha de Sulawesi, em “Torajilândia”, fiquei com a certeza que nesta tribo o funeral é o mais importante de todos os rituais. Mais importante que o casamento. Mais importante que o nascimento. Este é o reino, onde os mortos são mais importantes do que os vivos.