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Crónicas O 1º Dia

Pedalando em Phonsavanh

Ato III – Phonsavanh, Phonsavanh, Phonsavanh…

Vindo das trevas, o nativo atravessou-se à nossa frente, parou a lambreta no meio da estrada e abriu os braços para pararmos. Nós parámos e ele começou a gritar: “Phonsavanh, Phonsavanh, Phonsavanh…” qual um disco riscado e a acenar com o dedo nessa direção. :/ Percebemos que ele queria que voltássemos para trás e fruto da sua agressividade, apesar de contrariados, começámos a pedalar em direção da aldeia. Ele montou a lambreta, seguiu-nos durante um bocado a poucos metros de distância e assim que reentrámos na aldeia ele virou para uma casa e nós seguimos devagar a “discutir” as nossas opções, comigo a praguejar: “Filho da P&%@! Já viste aquele c”$#%zinho de &$#£@?” e nisto demos de caras com o que parecia ser a nossa solução, a área de um mercado, com um telheiro gigante e com mesas de madeira a servir de bancadas de venda. Perfeito! 🙂 Estacionámos as bicicletas e prendemo-las com um cadeado. Nos entretantos fomos aliviar o peso das bexigas e sentámo-nos nas mesas prontos a descansar, quando…

Vimos a luz da lambreta e o nosso amigo a dirigir-se na nossa direção. “Ai a &$#£@, ãh! Marcação cerrada!?” :/ Assim que chegou recomeçou: “Phonsavanh, Phonsavanh, Phonsavanh…” e eu com a mão a acenar para ele ter calma e em inglês: “Yes, Yes… We go.. After. Now we need to rest”. Uns minutos depois ele voltou a montar na lambreta e desapareceu, mas foi sol de pouca dura, porque quase imediatamente voltou com o seu amigo tradutor. Este tentou dissuadir-nos de dormirmos ali: “Cuidado com a vossa segurança. Ai os assaltos. Ai os mosquitos. Vocês têm de ter cuidado, convosco” e eu a responder-lhe: “O Laos é um país muito seguro e com pessoas muito afáveis. Muito obrigado pela vossa preocupação. Não se preocupem que nós temos repelente. E nós vamos voltar a Phonsavanh, claro! Mas agora estamos a repousar e para além disso o Zhou, o meu amigo, tem medo de trovoadas”. 😛 Tudo isto com um sorriso irónico estampado. Entretanto apareceu um nativo mais velho a falar francês e embriagado, ao qual eu cravei um cigarro e ouvi durante cinco minutos, até ele desaparecer do mercado e da equação. 😛

Passados poucos minutos os nossos amigos começaram a falar em polícia e que tínhamos de sair dali porque podíamos ir presos ao que lhes respondi que se a polícia nos desse boleia para Phonsavanh sairíamos dali com todo o prazer. De outro modo, impossível, porque estávamos muito cansados. Voltaram a desaparecer e eu nesta altura só me ria e dizia ao Zhou: “Mas esta &$#£@ não acaba? Ai santa de paciência!” e claro que quem aparece e desaparece tantas vezes, não pode deixar a estória morrer aqui. Quando voltaram, traziam consigo um telefone portátil com eles. “Oh diabo! Mas para que raio querem aquilo?”, enquanto falava com o amigo tradutor, que entretanto já sabia tratar-se do professor da escola da aldeia – bem pelo menos foi o que ele disse – o cretino mor começou a falar em alta voz e pareceu-me que estava ao telefone com uma telefonista ou operadora de linha.

Quando o telefonema acabou fizeram-nos sinal para os seguirmos e o “professor” explicou-me que íamos ficar no centro de turismo, ao que respondi que não tinha nenhum problema com isso. Durante o trajeto, o “professor” desapareceu e nós seguimos o cretino mor até ao “centro”, estacionámos as bicicletas e ficámos sentados debaixo do telheiro. Nesse período, saiu de dentro do edifício um idiotazito a gritar-nos Phonsavanh e a enxotar-nos até que apareceu o cretino mor a fazer sinal que as bicicletas tinham de pagar “parque”. Eu no telemóvel pûs 5000 kip (0.50€) e mostrei-lhe, ele apagou o valor e pôs 3.000.000 kip (300€). Nessa altura não me contive e ri-me na cara dele, aquela era a confirmação que eu esperara a noite toda, o cretino mor não passava de um palhaço corrupto à procura de dinheiro. Nessa altura o pouco respeito que já lhe tinha desapareceu por completo.

Eu e o Zhou levantámo-nos e ele perguntou: “Phonsavanh?” e eu disse: “Sim. Sim. Phonsavanh”. Começámos a pedalar, com o cretino mor na nossa roda traseira e perguntei ao Zhou se íamos encenar a despedida ou se íamos diretamente para o mercado. A resposta foi-me dada, quando ao passarmos pelo mercado o Zhou cortou bruscamente para lá e eu segui na sua roda, enquanto o cretino mor, parado na estrada gritava de braços abertos: “Phonsavanh, Phonsavanh, Phonsavanh…” e eu a dizer para mim próprio: “Sim… sim… Phonsavanh…”     

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Pedalando em Phonsavanh

Ato I – A Desorientação e o Sítio número 1

Partimos de Phonsavanh pedalando em direção à planície dos Jarros, seguindo a N7 para Oeste. Ao sairmos da cidade passámos pela estação de autocarros Norte para verificarmos os horários para Vang Vieng, mas a estação estava… deserta!

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À medida que pedalávamos, tentávamos encontrar indicações na estrada, mas como não víamos nada fomos perguntando às pessoas o caminho para Xieng Khuang. Enveredámos então por uma estrada de terra batida, mas que se notava perfeitamente estar em construção – fase de terraplanagem – e com a companhia de um céu azul, das nuvens e do sol fomos apreciando a vastidão da paisagem, o silêncio e eu ia pensando que só no Laos mesmo, um caminho para um destino turístico não ter indicações absolutamente nenhumas. 😛

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Pedalámos até encontrarmos casas e, após umas deambulações nas redondezas  – uma hora para trás e para a frente – e de termos perguntado muitas vezes por Xieng Khuang e qual a sua direção, lá demos com uma placa que indicava: Plain of Jars → 500 m. Seguimos a estrada e passadas três horas de sairmos de Phonsavanh estávamos finalmente na entrada do Sítio número 1. 😛 Nessa altura pensei que mesmo que não visse mais nenhum local, pelo menos aquele ninguém mo tirava, bem como a estória para lá chegar. 😉

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Este sítio, que se encontra completamente desminado, é o maior e o mais vasto de todos os locais arqueológicos abertos ao público – área de vinte e cinco hectares, trezentos e trinta e quatro jarros entre os quais o maior deles tem um diâmetro de dois metros e meio e dois metros e cinquenta e sete centímetros de altura! – e é um local distinto, com um carácter muito particular e surreal. 🙂 Os jarros brotam do solo quais flores de pedra e os mais bem conservados têm tendência para ter água no seu interior. A paisagem é verde, cheia de erva, algumas árvores, campos de cultivo à volta, vêem-se crateras de bombardeamentos que entretanto estão cobertas de vegetação, montes, alguns charcos… um misto de pedra e vegetação que se funde, que se mescla, que se complementa. Estranho! Belo! 😀

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P.S. – Mas o que são os Jarros?

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Crónicas

Doente em Prabang

Depois de deambularmos mais um bocado pela cidade, voltámos à guesthouse e senti-me mole com o calor da rua. Deitei-me um bocado para repousar e durante horas fui dormitando. Por volta da 18.00 disse ao Zhou para ele ir jantar, que não me apetecia mexer e fui até à casa de banho onde fiz diarreia – pela primeira vez na viagem. Depois disso comi uma banana e em menos de cinco minutos estava a vomitar e fui à mala buscar o termómetro, para ver se tinha febre e tinha… 38.5 °C. Como sentia o corpo todo partido e  por uma questão de prevenção, decidi ir ao hospital  o que na Europa não nos mata, aqui nunca se sabe. :/

Já na rua e uma vez que o hospital ficava a quatro quilómetros do centro da cidade, fiz sinal para um tuk-tuk parar e mesmo cheio de febre consegui negociar o preço e baixar o mesmo para metade – de 30.000 kip passou para 15.000 kip – aliás parte da argumentação baseou-se em: “Estou doente e cheio de febre e você quer aproveitar-se da minha fragilidade”. Quando cheguei às urgências do hospital, sentei-me e esperei que alguém reparasse em mim e passados dez minutos duas enfermeiras vieram ter comigo. À medida que fui respondendo às questões de rastreio, fui sendo encaminhado para uma zona do hospital que estava deserta e aí numa sala, deitei-me numa maca até ao médico chegar.

Quando ele chegou começou a fazer-me perguntas, a apalpar-me – de um modo clínico… juízo! 🙂 – e depois de me medirem novamente a temperatura (39 °C), tiraram-me sangue para fazer análises. Antes de se ir embora o médico deu-me um paracetamol e disse-me que podia estar infetado com Dengue. :/ Enquanto estava sozinho na maca, a olhar para o teto branco e para a ventoinha que girava, pensei que não queria ser vencido por um mosquito e que caso estivesse infetado com Dengue, esperava poder resolver o problema no Laos! Após meia hora de espera, o médico apareceu com os resultados e disse que não tinha Dengue ou Malária – esta era difícil, uma vez que ando a fazer a sua profilaxia – e que tinha uma forte infeção bacteriológica, fruto muito possivelmente de alguma comida em piores condições. Fui medicado com os minha própria medicação (antibiótico – ciprofloxacina; imodium para a diarreia; e paracetamol até ficar sem febre) e na despedida agradeci várias vezes o bom auxílio prestado e saí do hospital bastante aliviado com o diagnóstico. 🙂

Para voltar ao centro da cidade tive que voltar a regatear o preço da viagem com o condutor do tuk-tuk e na chegada ao centro, ia-me espetando no chão quando tive a péssima ideia de saltar do veículo quando ele ainda não estava completamente parado. “Ai, Kiri, Kiri…não te armes em John Rambo! A bactéria já é suficiente para te dar uma sova!” 😛

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Crónicas Em trânsito

Em trânsito: Haikou – Beihai. Atribulações e Bondade

A viagem para Beihai correu de forma atribulada, primeiro de tudo o autocarro que deveria ter partido às 15.30, partiu às 19.30, “apenas” quatro horitas de atraso! 😛 De qualquer modo estou a ser injusto, pois às 16.30 avisaram-nos desta mudança. Merci! 🙂 Durante esse tempo, coloquei músicas no telemóvel, escrevi no caderno e conheci um casal de chineses que se preocuparam comigo e que mesmo sem falarem inglês me ajudaram durante a viagem. 🙂

Quando finalmente apanhámos o autocarro… fizemos uma viagem de cinco minutos, até ao porto onde fomos largado e aí tivemos que esperar, desta feita pelo ferry até às 21.00. Durante a travessia que durou aproximadamente duas horas aproveitei para comer com eles: dois ovos, gelatinas, sementes para mascar, frutos secos, uma maçaroca de milho e uma perna de frango do KFC. 🙂 Às 23.00 e já na China continental entrámos finalmente no autocarro e eu preparei-me para dormir até ao amanhecer, porém… Nova surpresa, o “amanhecer” foi às 3.15 e nessa altura fomos largados em Beihai! Ups! :/

O que valeu foi que eles, bondosamente, não me abandonaram, meteram-se num tuk-tuk comigo e pediram ao motorista para nos conduzir até ao hostel. O problema é que o mesmo… era numa rua “quaternária” 😛 e depois de meia hora às voltas e de um telefonema não atendido, nada de hostel! Por volta das 4.00, voltaram a revelar toda a sua bondade e disseram – linguagem gestual – para não me preocupar, pois ficaria a dormir em casa deles. 😀

Antes de partirmos dei dinheiro ao nosso motorista, pedi-lhe desculpa pelo sucedido e arrancámos a todo o gás até ao KFC mais próximo. Quando aí chegámos, o rapaz saltou primeiro do tuk-tuk e depois um separador central e em menos de nada estava de volta com um saco de papel nas mãos, sorridente e triunfante. Na chegada à casa deles comemos cada um, um belo hambúrguer e depois de um banho, dormimos o merecido sono dos heróis. 😀

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Em trânsito: Ping´an – Haikou? Naaaaaaa… Sanya!

A longa viagem começou às 9.30 em Ping´An com a team da noite anterior a apanhar um pequeno autocarro completamente apinhado – tanto de turistas como de camponeses. Assim que chegámos à estrada principal, apanhámos um novo autocarro, desta feita para Guilin, que apesar de bem preenchido ainda tinha lugar para nós – mas mesmo à conta, pois a partir daí só sentados em bancos de plástico! 😛 Na chegada à cidade despedimo-nos, pois os quatro “magníficos” estavam todos de partida para destinos diferentes, e felizmente para mim ainda fui a tempo de comprar o bilhete para HaikouQuando entrei no autocarro, fiquei contente porque o mesmo tinha camas e apesar de ter apanhado vários meios de transporte na China, esta era a primeira – e possivelmente a última – vez que iria viajar deste modo. Antes de entrar tive de descalçar-me e o ambiente era gelado – fruto de um A/C fortíssimo – em contraste com o ar extremamente abafado da rua.

IMG_5147 (FILEminimizer)Durante a viagem aproveitei para escrever no caderno, observar a verde paisagem e dormir três ou quatro horas, pois pensava que o autocarro iria ser conduzido até ao destino final, porém… às duas da manhã estancámos e fomos mandados sair. Neste momento pensei que íamos mudar de autocarro e por gestos pedi ao motorista para abrir a bagageira para tirar a mala, mas nada. Voltei  a apontar e a fazer sinal de bagagem e… nada! Nesta altura comecei a ficar um bocado stressado e voltei a insistir que queria a bagagem. Com cara de caso, lá levantou o cu do seu assento “real” e contrariado lá abriu a bagageira. Tirei a mala, pû-la às costas e nos entretantos o motorista estava a gozar comigo em chinês. :/ Olhei para ele e para os outros passageiros e transmiti corporalmente algo do género: “Ahahahahaha! Realmente uma graça do c@&%#$£!”.

Depois deste acontecimento, um casal de jovens universitários pôs conversa comigo e então lá me explicaram que a bagagem continuava no autocarro porque íamos apanhar um ferry para a ilha de Hainan e depois já na “outra margem” voltaríamos a seguir viagem no mesmo. A espera pelo ferry foi longa e nesta altura estava cansado e sentia os olhos a quererem fechar, mas lá me consegui ir aguentando. A viagem propriamente dita durou apenas uma hora e uns pozinhos e quando chegámos finalmente ao porto de Haikou eram quase seis da manhã. Quando apanhei um autocarro para o hostel, pensei que a história acabava aí, porém… havia um detalhe muito importante! Para sair da ilha de Hainan em direcção a Beihai teria que marcar um ferry com um par de dias de antecedência… e com esse “pequeno” detalhe tudo mudou. Decidi que não queria ficar a “secar” em Haikou  quando voltasse daí a uns dias, marcaria o famoso ferry e visitaria a cidade nessa altura – por isso e ainda no hostel marquei uma cama em Sanya e segui para uma das estações de comboios da cidade. Aí comprei o meu bilhete para o ”TGV” – não havia outro tipo de comboio – e às 10.35 parti qual uma bala, rumo ao extremo sul da ilha, rumo a Sanya.

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Em trânsito: Xing Ping – Ping´an. O Dia da Água

No dia anterior fruto do tempo carregado, eu e o Greg não chegámos a sair da vila, tão pouco conseguimos ver o nascer do sol e a nossa despedida foi efetuada no corredor do hostel. Estavam lançados os dados para o que seria este dia. Às 8.55 eu e a Zheng apanhámos o autocarro para Guilin e depois de percorrido meio caminho, começou a chover. A chegada à cidade foi abençoada por uma chuva torrencial e da estação de autocarros onde parámos – que mais parecia um depósito de autocarros – para a estação Oeste percorremos o caminho num pequeno autocarro local. Aí apanhámos um novo autocarro e durante o trajeto continuou a chover com intensidade.

Ao sairmos do autocarro, perguntaram-nos se queríamos seguir viagem num dos famosos “táxis manhosos”, ao que respondemos que não estávamos interessados e que íamos esperar pelo autocarro regular. O problema é que esse autocarro, deveria ser invisível pois nunca mais aparecia 😛 e depois de muita chuva, um almoço à base de doces, perguntas de quando o autocarro viria, conversas sobre música, muita chuva e… duas horas depois rendemo-nos à fatalidade que tínhamos de apanhar o “táxi”.

O último troço, foi realizado numa estrada esburacada e lamacenta, serpenteando montanha acima com visões de um rio a correr com pujança e vigor e de zonas onde tinham ocorrido deslizamentos de terras. :/ Para ajudar à festa, continuou a chover mas diga-se em abono da verdade, nunca mais tinha parado de chover. Nunca! A chegada a Ping´An foi feita sob o signo da chuva e da névoa e naquele final de tarde quase que podia jurar que estávamos numa vila fantasma, onde apenas circulavam dois ou três “fantasmas” de capas plásticas transparentes e um silêncio tão pesado que se ouvia cada passo dado.

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A Compra do Telemóvel

Antes de ir comprar o telemóvel, muni-me de “artilharia pesada” e preparei-me para o “combate”, trocado por miúdos, pedi à rapariga do hostel para me escrever num papel (em caracteres, pois claro): a) “Este cartão tem de ser detetado pelo telemóvel”; b) “Venda-me o telemóvel, mais barato que tiver na loja”. Com o papel mágico, comecei a minha peregrinação por todas as “capelinhas” de Xing Ping, antes de decidir que “vela” comprar. No final a escolha recaiu sobre um dual-SIM laranja e a cores, uma autêntica pérola do Oriente! 😛 Ou como me disse a rececionista do hostel: “Esse é um telemóvel para velhos”. Sim minha querida, sem dúvida, mas o importante é que este assunto está encerrado e eu tenho novamente acesso a um relógio, a um despertador e a algo que possa ser utilizado numa eventual emergência. Mission accomplished! 🙂

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Percalços Matinais

Acordei às seis da manhã com o objetivo de fazer um trekking até Shawan – três horas num sentido – porém para o iniciar havia que cruzar o rio e devido à inexistência de barcos – pelo menos àquela hora – e de informações manhosas – novamente? onde eu que já vi este filme? Ah! Isso mesmo no dia anterior – andei uma hora para trás e para a frente. Irritante! :/

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Para aliviar a irritação que sentia, decidi subir a colina Laozhai e em boa hora o fiz pois a luz matinal estava de facto bela. 🙂 A colina é bastante íngreme mas o problema principal é mesmo a falta de aderência dos degraus e a sua antiguidade, por isso… cuidados redobrados! De qualquer modo, a chegada ao topo da colina compensa o risco – que não é assim tão grande – pois a paisagem bem “aberta” sobre o rio e a vila é de facto majestosa e memorável. 😀

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Quando regressei à vila, vi que finalmente o barco já andava a cruzar o rio e finalmente lá o consegui atravessar, não sem antes o “capitão” me tentar cobrar um preço inflacionado e eu me rir à medida que lhe entregava o valor real. Claro que fruto do percalço com o barco, percebi que já não tinha tempo para ir até Shawan e decidi por isso ir até Tungjiao Tunnery – três horas em ambos os sentidos. Claro que falar é mais fácil do que fazer e por entre trilhos, pomares e campos de cultivo consegui perder-me. Andando junto ao rio, fui até onde me foi permitido pelo terreno. Aí o rio invadiu a terra e eu fui automaticamente travado, mas antes desse momento, ainda tive oportunidade de ver uma cascata, desbravar caminho por entre a floresta e ver um templo parcialmente construído numa caverna. 🙂 Fruto deste novo percalço percebi que não tinha tempo para mais improvisos e regressei a Xing Ping, com um novo objetivo em mente…  

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Xing Ping e o Campo

Na chegada à pequena vila de Xing Ping dirigi-me ao hostel e aí recebi um briefing sobre o que podia fazer na mesma e nos seus arredores. Depois de um pequeno almoço à base de dumplings, aluguei uma bicicleta montanha e parti rumo à descoberta das pequenas aldeias e campos de cultivo que rodeiam a vila.

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Durante o trajeto e devido à existência de múltiplos trilhos, tive que parar várias vezes e “perguntar” – apontar para o mapa – se estava na direcção certa e fruto das estradas de terra, lama e esburacadas qual um queijo suíço, das múltiplas plantações, dos camponeses com quem me fui cruzando e da paisagem coberta de verde, senti-me completamente embrenhado na China profunda, ou pelo menos na China rural. 🙂

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Quando regressei a Xing Ping entreguei a bicicleta e como ainda era cedo (16.00) resolvi fazer um pequeno trekking até à vila dos pescadores. Para encontrar o início do trilho ainda demorei algum tempo, pois para além da pouca clareza do caminho, na altura de pedir informações houve muitas opiniões contraditórias, um pandemónio! :/ Passada meia hora, lá dei com o trilho e a partir daí foi sempre a subir, com cuidado – aliás muito cuidado – pois as rochas eram extremamente escorregadias, por entre uma vegetação verdejante e uma paisagem envolvente bela. 🙂 Por essa altura reparei que o telemóvel estava com problemas e resolvi desligá-lo, por um bocado.

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Quando cheguei ao topo, o céu estava azul e eu desci um pouco a colina para ver como era a paisagem do outro lado: a larga curva do rio, a água a refletir os raios de sol, as nuvens, a aldeia com os seus barcos nas margens e belas as colinas de pedra, cobertas de vegetação. 🙂 No caminho de regresso confirmei que de facto o telemóvel não se ligava e fiquei irritado com a situação – gastar mais dinheiro, sem “necessidade”  aparente – mas lá relativizei a questão e percebi que a única coisa que havia a fazer era resolver o “problema”. Passado esse momento de frustração momentânea, voltei a apreciar a paisagem mas sempre concentradíssimo, para garantir que não haveria nenhum acidente na descida até Xing Ping, a vila do rio, a vila das verdes colinas de pedra, a vila do… campo. 😀

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Crónicas Em trânsito

Em trânsito: Hong Kong – Macau. Run Forrest… Run!

Em quase três meses de viagem e todos os dias despertei sem problemas de maior, porém e logo neste dia em que tinha encontro marcado com o diretor do jornal a Tribuna de Macau, o despertador não tocou e quando abri os olhos já eram 10.30! “Ai f#$@-&%! É preciso pontaria.” :/ Meio em pânico, liguei o computador para consultar o e-mail e enquanto ele se ligava, engoli o pequeno-almoço. Quando abri o e-mail e depois de ler a mensagem respirei de alívio, ele só podia encontrar-se comigo depois das 16.00. “Uff! Salvo pelo gongo!” 🙂 De qualquer modo, saí do hostel apressadamente pois os ferries para Macau partem de meia em meia hora e demoram uma hora a efetuar o percurso. Por isso e uma vez que ainda estava dentro da barreira, fisicamente possível, corri para apanhar o ferry do meio dia com todas as minhas forças. Run Forrest… Run! 😛