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Tanjung Puting. No Reino dos Orangotangos 

Ato II – Partida para o Reino e o Campo 1

O barco onde “aterrei” juntamente com o Andreas era grande, espaçoso e tinha dois andares, para além disso, tinha uma WC com chuveiro e duas zonas para observação de animais (uma na proa e outra na popa). Logo no início da travessia, percebi que de facto era necessário um barco para visitar o parque natural, pois de Kamui até entrarmos na área oficial do parque, necessitámos de hora e meia e até chegarmos ao campo 1, duas horas.

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Durante a viagem, vimos palmeira e outros tipos de vegetação semi submersa, pequenos barcos de transporte de mercadorias, de pescadores, barcos turísticos de médio porte (como o nosso), muitas espécies de pássaros, alguns macacos probuscius e dois orangotangos muito disfarçados no meio da folhagem 🙂 ; recebemos um briefing do nosso guia (Mr. Supian Hadi, ou simplificando Mr. Uzo) e ficámos a perceber o plano de “festas” para os próximos dias; deliciámo-nos ao almoço (arroz + tempe + vegetais + peixe); e comecei a perceber que o dinheiro investido iria trazer bastantes regalias! 😀 (tripulação: mecânico, capitão, cozinheira e guia).

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Quando chegámos ao campo 1, Uzo levou-nos por um trilho alternativo até à plataforma dos orangotangos e durante o mesmo, deu para ver ninhos de orangotango (frescos e mais antigos), insectos e um pouco de selva. Quando desembocámos na zona da plataforma, havia uma fêmea a comer, de costas para os turistas e cerca de duas dezenas de pessoas a observar. Comparando este local, com Sepilok (Sabah, Bornéu Malaio) nunca tinha estado tão próximo como aqui (existe uma área delimitada, mas muito mais próxima) e visto uma fêmea tão grande. 🙂 Depois dela desaparecer, vimos mais um ou dois vultos nas árvores (mas bastante afastados) e um pequeno esquilo muito engraçado. Antes de voltarmos ao barco, ainda demos um pequeno passeio na selva com o nosso guia e deu para ver árvores espinhosas, fungos, insectos e muita vegetação.

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Já de regresso ao barco e até atracarmos, fomos percorrendo o rio e vendo muitas espécies de macacos: cauda longa, probuscius (principalmente), folha prateada, e os reflexos das árvores e das nuvens no rio enquanto o dia caminhava para o seu ómega. Antes de jantar, puseram uma grande rede mosquiteira branca a proteger os nossos fantásticos colchões! 😉 e o jantar, à semelhança do almoço, voltou a ser à grande: camarões panados, Mie Goreng (massa frita), vegetais, arroz, tudo isto à luz das velas! 🙂 Depois de jantar descemos ao “piso térreo”, onde dentro do barco (altura muito baixa, tínhamos de andar de cócoras) estivemos a falar com o nosso guia e com o capitão do barco até às 22.00, hora em que todos foram dormir, bem quase todos… 🙂 uma vez que, fiquei acordado a fazer um backup de fotografias… a ouvir o barulho dos insectos, da selva, a ver as estrelas e a pensar que a “aposta” de ficar, tinha sido totalmente acertada! A verdade é que nesta vida, há experiências únicas que valem mesmo o investimento! 😀

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Lanjak & Danau Sentarum. Sob o Signo da Vida Feliz

Em Lanjak fiquei alojado na companhia de Doni e de Yuda (o seu braço direito), numa casa do parque natural e durante aqueles dias, o denominador comum foi a boa disposição. 😀

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No primeiro dia, fui na companhia de Doni até à aldeia de Souah, onde visitámos uns amigos seus no meio de um arrozal. Aí, para além de conversarmos com as pessoas, tirei vários retratos e comi um babi (porco selvagem) delicioso, confeccionado de duas maneiras distintas – o primeiro tinha sido grelhado nas brasas, o segundo foi cozinhado em lume brando dentro de um tubo de bambo, com ervas (a carne era tenra, ligeiramente salgada e temperada) – Ponsoh. No regresso à vila, acabámos de organizar toda a logística necessária para o término do torneio de futebol organizado pelo parque natural do Danau Sentarum e assistimos à grande final, onde a equipa de Putussibau acabou por se sagrar campeã (3-1 contra a equipa da casa). Este primeiro dia, terminou com uma festa noturna no arrozal, bem regada com o tradicional tuak (vinho de arroz) e comigo a conduzir a carrinha no regresso! 😉

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No segundo dia, tive a minha primeira incursão no Danau (lago) Sentarum e esta foi uma experiência única, uma vez que nunca tinha andando de mota dentro de um lago! A vastidão da paisagem era surreal e assombrosa, parecia que estava num deserto de lama. Na companhia de Safary (um dos trabalhadores do parque) fiz motocross com uma moto de estrada, aliás, ao longo do dia fomos fazendo patinagem na lama. 😛 A caminho do topo de uma das colinas, da ilha de Semitau e de repente, o corpo da minha máquina avariou (recordei-me imediatamente de Mulu e da montanha Ramelau), mas felizmente desta vez, pude utilizar o corpo da máquina do parque natural! 🙂 Daí pude observar uma panorâmica do lago: as rochas, as zonas secas, as “ilhas” de árvores e fiquei estupefacto por o lago em plena época das chuvas, estar tão seco!! (Ainda dizem que não há aquecimento global!? :/ ). Antes de regressarmos a Lanjak, fizemos uma visita a uma vila piscatória, onde as casas estão construídas sobre estruturas de madeira, ou chegam a ser casas flutuantes (como se de barcas se tratassem), atravessámos riachos barrentos, vimos peixes a secar, outros mortos em decomposição e nativos a pescar… este dia tão perfeito, acabou quando conheci e tive a oportunidade de ter Oscar ao colo, um orangotango bebé de nove meses ainda muito frágil e delicado.

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Sábado foi muito semelhante ao dia anterior, porém desta feita, eu e o Safary fomos mesmo montados numa mota de cross. Neste dia, em que a paisagem estava mais realçada fruto do céu azul, conseguimos chegar à ilha de Malaiu (na primeiro dia, bem tentámos, mas foi de todo impossível lá chegar, tal a quantidade de lama existente) mas para isso, tive que desmontar da mota vários vezes. Nesses momentos, em que andava a pé descalço na lama mole e quente (por vezes enterrado até aos joelhos), senti-me bem… senti-me feliz e livre! Estava fascinado com aquela paisagem, com aquele enoooooooooooooooooorme lago sazonal, situado no coração do Bornéu. 😀 Da ilha, seguimos e visitámos a enorme aldeia piscatória de Selimbau/Labaoyan, onde acabei por ter a oportunidade de observar o dia-a-dia dos nativos e aí acabámos por almoçar. Quando cheguei a Lanjak, parecia um bonequinho de lama! 😛 Mas este dia só acabou depois de uma festa, onde houve um gigante peixe grelhado, karaoke, tudo regado com cerveja, animação, cantorias, cigarros e boa disposição.

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No Domingo, regressei a Sintang, na companhia de Doni, esse mágico da vida 😀 e de Yuda, mas antes de partirmos não nos livrámos de um susto, pois deflagrou um incêndio nas imediações do parque natural e só partimos depois da situação estar controlada (o Doni, apesar de muito brincalhão é um funcionário profissional, diligente e preocupado). Depois do fogo da manhã e ironicamente, na viagem de regresso (passada a dormitar, a falar e a ser massacrado pela estrada) apanhámos uma grande tempestade tropical, que nos atrasou (chegámos ao nosso destino por volta das 3.00). Deste modo, o dia da partida do coração do Bornéu ficou marcado pelos elementos. Pelo signo do fogo e da água.

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Pontianak. Dia de Sorte na Linha do Equador

Sem grandes demoras e depois de comprar o bilhete, parti para Pontianak às 6.50 já com o contacto de Awi (um nativo que Sonja conheceu, aquando da sua passagem pela cidade). Na chegada, recolhi a bagagem, tentei ligar-lhe (sem sucesso) e comecei a andar na direção de Pontianak, para evitar os taxistas locais. Nesse momento, tive um momento de sorte, pois apanhei boleia de Surat (um senhor que trabalhava como engenheiro, na manutenção de aviões) para o centro. Para além dessa boleia, Surat ajudou-me a encontrar um hotel barato (Rahayu) e levou-me a tomar o pequeno-almoço no Hajis (um local famoso da cidade, principalmente pelo seu Rujak Juhi). 😀 Na despedida, deixou-me no cais turístico, com a indicação do preço a pagar ao barqueiro.

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Na travessia, a minha boa sorte continuou, pois conheci uma rapariga (Theresia) e as suas amigas, com quem fui até ao Tugu Khatulistiwa  (monumento do local, onde fica a linha do equador) sob o signo da sua “proteção”. 🙂 No regresso ao centro, encontrei-me com Awi, com que visitei uma casa tradicional da tribo Dayak, falei sobre Kalimantan (comecei a perceber, que o meu plano de cruzar a ilha de costa a costa, era demasiado ambicioso), almocei um Gado Gado, absolutamente divinal e combinei um reencontro para jantar.

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Quando voltei ao hotel, fiz o check-in e fiquei agradavelmente surpreendido com o quarto, pois este era amplo e arejado. Naquela tarde tranquila, quando procurava um local com internet, novamente a sorte a ajudar. Conheci MS., um simpático rapaz que me deixou usar a sede do seu partido político e que se prontificou a ajudar-me a apanhar o autocarro para Singkwang (nessa altura, graças novamente a Sonja já tinha o contacto de Supriadi, um professor de inglês que vivia nessa cidade! 🙂 ) durante a madrugada (ficou combinado que iria ter comigo ao hotel, dormiria lá e depois me levaria de mota até ao local da paragem).

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Entretanto, como combinado fui jantar com o Awi e fiquei com a certeza que a cidade de Pontianak, pode não ser um destino turístico, mas comida deliciosa? Essa existe em abundância! 😀 Para além da sua gastronomia, senti que esta, é uma cidade muito viva e cheia de movimento. Quando regressei ao hotel, apesar de anteriormente não ter “sentido” nada de estranho relativamente ao MS., comecei a pensar na disponibilidade que ele manifestou tão rapidamente. Assim, para me precaver de eventuais problemas, falei com a recepcionista para quando ele chegasse, ela lhe pedir a identificação. No serão, dormi um pouco e ao falar com ele percebi tudo, MS. era gay e queria “algo mais” do que amizade. Eu agradeci-lhe a disponibilidade, a coragem demonstrada, mas disse que não podia “ajudá-lo” nesse campo e depois de ele me dar boleia, despedimo-nos com um sorriso envergonhado.

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Yogyakarta. Cultura Javanesa

Depois da noite passada no comboio – onde fui dormindo aos bocados – cheguei a Yogyakarta às 6.30. Depois de percorrer parte da cidade, encontrei o Edu hostel, possivelmente um dos melhores hostels de toda a viagem (bem decorado; staff eficiente e prestável; bons serviços; zona de estar confortável – puff´s, sofás, televisão, wifi; cama com um bom colchão, ar condicionado e água quente). Pedir mais era de facto difícil! 😀    

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Depois de guardar a bagagem, parti de autocarro para o templo hindu de Prambanam e pelo caminho conheci um rapaz indonésio com quem entrei no complexo. Graças a esse facto, tive conhecimento da gritante diferenças de preços paga pelos turistas ocidentais em relação aos nativos (de 30.000 IDR, o preço passa para 210.000 IDR, “apenas” sete vezes mais!!) e fiquei a saber que quem faz a exploração deste templo, bem como o de Borobudur é uma empresa privada! Diga-se, que esta situação é demonstrativa da corrupção existente na Indonésia, uma vez que temos o património público a ser explorado em benefício de privados. Uma vergonha!

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Relativamente ao complexo de templos propriamente dito, o principal deles é de facto impressionante em termos de área e construção “sólida”, porém tendo em conta a minha visita ao “triângulo” da Tailândia (Sukhothai, Ayutthaya e Phimai) não posso dizer que tenha ficado deslumbrado. Tal, não quer dizer que não valha a pena visitar o local, apenas que não houve nenhuma “magia” associada. Continuei a minha deambulação pelo complexo e quando estive sozinho no Wat Sewu (segundo maior templo budista do país, depois do de Borobudur) e na zona do museu, senti então uma atmosfera tranquila e serena. 🙂

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Quando voltei ao centro da cidade, fui deixado na rua mais turística da cidade, a Jalan Malioboro. Aí almocei um excelente Bakso (sopa com “almôndegas”), fui interpelado à vez e por três indivíduos que pela conversa me pareceram burlões e quase no final visitei o museu Vredeburg (antigo forte holandês e que na atualidade é o museu da história da Independência da Indonésia). Daí segui para as imediações da Masjid Gedhe Kauman e do Keraton (palácio do sultão) que tentei visitar, mas que já estava fechado.

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Depois de jantar dirigi-me para o museu Sonobudoyo, para assistir a um espetáculo de marionetas (Wuyang Kulit) e antes do início pude admirar o trabalho dos artesãos quem fazem aquelas pequenas obras de arte (marionetas feita em pele e pintadas com cores muito vivas). A verdade é que fiquei de tal modo, impressionado, que fui “levado” a comprar uma delas, pensando que quando chegasse Portugal a ia colocar num quadro. 🙂 Dirigi-me então para o interior da sala onde assisti pela primeira vez a uma performance de Wuyang Kulit e depois do que vi, posso afirmar que mesmo não percebendo nadinha de sânscrito, gostei bastante do ambiente envolvente (o som dos instrumentos de percurssão, as vozes femininas e a do narrador, os gestos lentos e delicados do “jogo” de sombras e a possibilidade de ver o lado reverso) e fui transportado para um mundo mágico, mítico e mitológico de Deuses e Deusas do Oriente.  

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Jakarta Days

Após a looooooooooooonga odisseia, já na saída da estação negociei com um motorista a minha ida para o hotel Syariah, que para os meus padrões era bastante luxuoso (ar condicionado, água quente, casa de banho privada, jantar e pequeno-almoço incluídos, wifi) e que tinha a localização ideal para ir à embaixada das Filipinas (a partir do momento que decidi ir até Jakarta arranjar a máquina fotográfica, aplicar o visto para entrar posteriormente naquele país passou a ser uma prioridade).

Desse modo, aqueles dias em Jakarta, passaram a ser dias para resolver assuntos pendentes. Primeiro fui aplicar o visto à embaixada e fiquei bastante agradado com a rapidez e eficiência do serviço (ainda para mais, depois da péssima experiência que tive em Timor Leste). Depois mudei-me para uma guesthouse mais modesta, mas com ótimas condições nas imediações da Jalan Jaksa (Nina house, Tel. 0812 1233 0026) e seguidamente apanhei um ojek para o centro de reparações da Canon, onde fiquei a saber que a objetiva, estava com o diafragma avariado e fiz um pouco de pressão, para o arranjo demorar o menos possível. Tanto a máquina, como o visto estavam prometidos para dali a quatro dias (terça feira).

Jakarta não é conhecida por ser uma cidade turística, aliás até existem pessoas que detestam a cidade, porém e sem nada poder fazer para acelerar o tempo, aproveitei para conhecer um pouco melhor aquela megalópolis. O coração do turismo situa-se à volta da praça Fatahilah e da antiga zona de Kota, onde nos arredores se encontram edifícios antigos parcialmente destruídos, degradados e abandonados, um canal de águas sujíssimas, ruas cheias de lixo, pessoas pobres mas dignas, um tráfego caótico (como em toda a cidade), uma poluição sonora e atmosférica bastante incómodas. Tudo somado resulta numa cidade “bruta” e realíssima, como poucas vezes presenciei na vida, tal como em Haikou e Semporna.

Na capital, também passei nas imediações da gigantesca e branca Masjid Iqtal, visitei o monumento nacional MONAS (um enorme obelisco de cento e trinta e dois metros de altura, coroado no topo, com trinta e cinco quilogramas de ouro maciço em forma de chama) e o Museu Nacional (onde pude comprovar a enorme multicularidade do país e a enorme singularidade de tribos que existia no arquipélago, que se foram perdendo – habitações, vestuário, escultura, religião, artefactos…). Outra zona da cidade que visitei, foram as grandes avenidas de M.H. Thamrim e Jend Sudirman, onde pude ver o lado moderno da cidade, as torres de aço e vidro, sedes de bancos e agências de seguros, hotéis de luxo e enormes centros comerciais em contraste com os bairros circundantes (dialética da cidade).                

Na cidade, uma vez que o ritmo foi mais lento e relaxado, aproveitei para falar via skype com a minha família e alguns amigos, escrevi bastantes textos para o blog, comecei a procurar informações sobre voos de regresso a Portugal, percebi que para chegar às Filipinas, só voando mesmo (não existem barcos que liguem os dois países) e comi deliciosa e baratíssima comida local (tal como Bangkok a comida nesta capital é deliciosa). 😀 Na terça feira, como previamente acordado fui buscar o passaporte e a objetiva, despedi-me de Jakarta e apanhei um comboio noturno na direção do coração da cultura JavanesaYogyakarta antiga capital do sultano de Mataram, seria o meu primeiro destino.

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Party Dili

A minha estadia em Timor Leste, estava quase, quase a terminar e depois de voltar da “via sacra” à montanha Ramelau fiquei em Dili mais um par de dias. Porém, antes de partir, fiz uma visita ao interessante e didático museu/arquivo da Resistência Timorense – onde aprendi bastante sobre a história deste jovem país -, tentei encontrar uma loja especializada de fotografia sem resultados práticos – mas recebi informações acerca de uma loja existente em Bali -, mandei imprimir algumas fotografias da família Nicolau, voltei ao centro comercial Plaza onde ao visitar o Burger King e um super-mercado me “ri” com a disparidade gritante de preços no país entre a economia dos cidadãos comuns e dos mais endinheirados, pensei em duas rotas possíveis tendo em conta o tempo e o dinheiro disponíveis até regressar a Portugal (Rota 1: Sulawesi, Bali, Java, Vietname, Cambodja, Laos e Myanmar | Rota 2: Bali, Sulawesi, Kalimantan, Java, Filipinas e Myanmar) e principalmente, falei com a família Nicolau para saber a disponibilidade que eles tinham para se fazer uma festa de despedida. 😀

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Com o aval geral, pusemos mãos à obra e na companhia do meu amigo Gregório andei em Dili a comprar tudo o que era necessário para uma despedida em grande: carne de vaca, galinhas, vegetais, especiarias, vinho tinto, coca-cola, sumo de laranja, batatas… o meu último dia em Timor Leste foi assim, um dia de preparação para a festa e por coincidência foi também nessa altura que se terminou a instalação elétrica lá em casa… 😉

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Com a ajuda de todos – ou fazendo a comida ou arranjando a casa – a festa foi montada e antes de começarmos o jantar fizeram-se discursos de agradecimento e trocaram-se ofertas de despedida – eu recebi um thai com as cores do país e os membros da família receberam fotografias. Houve comida em quantidades abundantes e a mesma estava deliciosa! 😀 E na hora da despedida fizeram-se brindes, tiraram-se retratos, trocaram-se beijos e abraços. Foi uma despedida FELIZ, uma despedida calorosa e emocionante, uma despedida que me ficará para sempre no coração e na memória. Como últimas palavras, quero dizer que foi uma honra e um privilégio conhecer-vos, e quero deixar um agradecimento muito profundo e especial a toda a família Nicolau, a família que me abriu as portas da sua casa, do país e que me fez sentir durante o tempo que estive em Timor Leste, não um mala´e – estrangeiro -, ou um turista, mas sim mais um membro da família Nicolau. BARAK OBRIGADU! 😀 😀

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Oecussi. Por Timor com Amor

Tal como em outros destinos – Laos, Tailândia e Malásia -, em Timor Leste passei a fronteira, de mochila às costas, a caminhar. Quando encontrei o primeiro controlo e comecei a falar com os polícias em português, emocionei-me por ouvir a nossa língua passados tantos meses e comecei a chorar de alegria e emoção, parecia uma Maria Madalena. 😛 Foi como sentir-me em casa, sem realmente estar em casa! 😀 No segundo controlo de passaporte, já no posto de fronteira tudo correu com sorrisos e com um carimbo vermelho a marcar 90 “diaz” segui a caminhar, desta feita já na companhia de um tímido rapaz timorense.
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Na pequeníssima aldeia de Bobometo, esperei uma hora por um mikrolet – carrinha/bus – e quando este chegou, rapidamente ficou apinhadíssimo de pessoas muito sorridentes e simpáticas. Durante a viagem, de cerca de duas horas, segui primeiro até Tono e daí até Oecussi e ao longo do trajeto a paisagem mostrou um misto de verdes colinas, montanhas, arrozais e estradas esburacadas e poeirentas. Oecussi revelou-se uma vila muito mais “rudimentar” e pequena do que esperava, mas envolvida por uma paisagem natural bela, serena – entre o mar azul e colinas/montes verdejantes, muitas vezes cobertos de nuvens nos topos – e nos três dias que aí estive, comecei a descobrir Timor Leste, a simpatia do seu povo e o lado mais obscuro do país.

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Na vila e nas suas imediações, passeei à beira-mar encontrando praias de areia clara e outras de areia negra, zonas de arvoredo, manguezais, campos de cultivo, cabras, vacas e galinhas; disse olá a muitas pessoas e crianças e senti uma energia super-positiva e contagiante; vi muitas crianças a banharem-se no mar nuas com uma pureza cristalina; em mais do que uma ocasião houve nativos que se aproximaram, que me tentaram dar beijos e me apalparam a “salada” – “mas o que é que se se passa em Oecussi!?” -; visitei Linfau e o seu monumento histórico – local onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez em Timor em 18 de Agosto de 1515; estive alguns momentos no bonito e tranquilo café das irmãs Dominicanas, onde bebi sumos extraordinários, entre os quais de papaia e abacate 😀 ; fui até à colina de Fatusaba, onde encontrei vestígios de um antigo forte e pude observar a vila do topo; estive na Timor Telekom  único local com internet – a enviar e-mails para a minha família; visitei a longa praia de Mahata; atualizei o caderno e escrevi textos para o blog; percebi que o país é bastante mais caro que outros aqui no Sudeste asiático e que existe um aumento generalizado de preços – comida, alojamento, transportes, etc… – mas que tal é natural, uma vez que tudo ou quase tudo é importado – maioritariamente da Indonésia; tive um serão na “cavacada” a beber tuasabo  vinho timorense, feito de palma – e a esfumaçar com timorenses, entre os quais Benny – um médico que esteve a estudar em Cuba e no Brazil e que agora estagia no enclave – e senti na pele algo que nunca tinha sentido antes…
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Labuan Bajo & Parque Nacional de Komodo

Em Labuan Bajo às portas do parque Nacional de Komodo acabei por ficar mais de uma semana. A principal razão? Mergulhar num dos locais mais fascinantes do nosso planeta, onde existem dezenas de pequenas ilhas e o oceano Índico e Pacífico se encontram. Claro que os dragões de Komodo também eram um importante chamariz e como tal, nada como fazer-lhes uma visitinha. 🙂

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Na verde e quente ilha de Rintja, na companhia de um grupo, de Max e de um guia fiz um trekking agradável, onde pude observar parte da ilha e da sua fauna, mas principalmente os famosos dragões. E este “meninos” não desiludiram. Nadinha! 🙂 Durante o tempo que estivemos em Rintja, tivemos a sorte de ver pelo menos nove deles e pudemos admirar o seu tamanho e envergadura, as suas garras, a sua língua serpenteante, a sua falsa lentidão… sem dúvida um momento National Geographic.

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Tal como em Sipadan, o mergulho é de sonho, mas aqui fruto da enorme área que abrange o parque, a quantidade de locais de mergulho é “infinita”, ou quase. 🙂 Em Komodo, o Natal chegou mais cedo e passei de dezoito mergulhos para a idade de Cristo – trinta e três. Para além disso, foi aqui que tirei o curso Rescue e de EFR, ficando um passo mais perto de um dia poder fazer o curso de Divemaster e eventualmente tornar-me instrutor de mergulho. 

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A variedade das condições e o que se pode ver é infinito. Existem enormes paredes de coral cheias de formas requintadas e cor, que mais parece que estamos num sonho; há zonas sem qualquer corrente, outras em que as correntes são perfeitas para se fazer drift dive e outras em que as correntes são um verdadeiro “cavalo selvagem” e que nos podem levar a galope até aos infernos; a vida marinha é extraordinária e exuberante: peixe-leão, peixe-pedra, peixe-escorpião, pelo menos duas espécies de tartarugas, várias espécies de tubarões, lagostas, escolas de peixes massivas e incontáveis, napoleões gigantes e claro as formosas mantas… 🙂

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Desta semana guardo vários momentos no coração e na memória. Mas os mais especiais serão sempre: os múltiplos mergulhos em Manta Point, onde tive a oportunidade de ver estes animais de enorme envergadura – algumas com sete metros de diâmetro – a “voar” no oceano e de observar os detalhes dos seus corpos graciosos e os seus olhos curiosos, a menos de trinta centímetros de distância! Mágico! :D; o mergulho em Crystal Rock, onde estive agarrado a uma pequena rocha a ver toda a ação de escolas gigantes de múltiplos peixes e tubarões a caçar, tal como num ecrã gigante! E onde houve um momento em que olhando para o local onde tinha a mão e vendo a enorme quantidade de pequena vida marinha que aí estava, pensei: “Ninguém vos dá atenção, não é verdade? Com tanta ação a acontecer à nossa volta!” e que “O Mundo era um local belo, onde tudo faz sentido!” :D; o enorme susto em Batu Balong onde fui apanhado por uma corrente descendente e arrastado num ápice dos cinco para os dezassete metros de profundidade e onde tive de acalmar-me ao máximo, recuperar o sangue frio e escalar uma parede de coral para sair daquele ambiente hostil e demoníaco – tal como na selva, nas imediações de Belaga, aqui senti-me realmente em perigo de vida  e o espectacular, memorável, divertido e delicioso jantar de Natal onde estive verdadeiramente FELIZ! E partilhei a mesa com dez pessoas maravilhosas, de oito países e quatro continentes diferentes! 😀

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Crónicas Fotografia

As Crianças de Kuta

Terminado o maravilhoso périplo no Rinjani, no norte da ilha, o nosso grupo seguiu para locais distintos. O Mark e a Rahel para Senggigi, eu e a Monika para Kuta, no sul. E felizmente a única semelhança entre Kuta´s – Bali e Lombok – era mesmo o nome. 🙂 

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Durante um par de dias, estivemos tranquilamente nesta zona de praias e surf. A praia que ficava em frente à pequeníssima vila era uma enorme “salada russa”: a água não era tão límpida e cristalina como nas Gili, mas a areia era confortável e parecia grãos de pimenta; podiam-se encontrar rochas vulcânicas, cheias de óxidos e sulfatos e uma zona com manguezais; existiam macacos e cabras; muitos adolescentes a fazer as “célebres” entrevistas – como em Sumatra -, vendedoras muito insistentes – à semelhança de Koh Samui – e principalmente, muitas crianças alegres e sorridentes – tal como em Mabul. Para além de visitarmos a praia, comprámos saborosa e dulcíssima fruta – abacaxis, mangas e fruta da serpente -, comemos comida e sumos deliciosos; preparei algumas coisas para enviar para Portugal, entre as quais os tradicionais sarongs – como prendas -, publiquei textos no blog, atualizei o caderno e conhecemos Max, um surfista alemão com quem decidi seguir para a ilha das Flores

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Crónicas Fotografia

Gunung Rinjani. Essa Maravilha!

Ato III – Montanha Russa e o Grande Final

Depois da ascensão ao reino da beleza, regressámos ao acampamento base onde reencontrámos a Rahel que estava desolada por ter desistido e por esse motivo refreámos as nossas demonstrações de entusiasmo com a paisagem memorável que acabáramos de presenciar. Às 8.15 estávamos sentados a tomar o delicioso pequeno almoço dos “super-heróis” e depois de arrumarmos a bagagem e desfazermos o acampamento, partimos.

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A viagem encosta abaixa levou-nos até ao Danau Segara Anak, que está à cota dos 2000 m e durante o trajeto, que durou sensivelmente três horas, vimos os nossos carregadores quase a “correrem” encosta abaixo de flip-flops nos pés – impressionante! – e penetrámos num mundo de nevoeiro e neblina, encostas pedregosas e escorregadias, árvores e erva verde.

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Na chegada ao lago, pudemos maravilhar-nos com a beleza do local: um lago azul entre verdes florestas e montanhas de faces grandiosas e uma imponente cratera e desiludir-nos com a face negra do Rinjani  nas zonas dos acampamentos, principalmente, vê-se muito lixo! Uma pena! – No lago descansámos um pouco, almoçámos e partimos para o momento ZEN do dia, as fontes de água quente naturais. Relativamente a estas, só posso dizer que foi um deleite relaxar imerso naquelas águas e estar debaixo de cascatas, sentindo a pressão da água a massajar-me os músculos! Magnífico. 🙂

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Quando recomeçámos a andar, começou a chover e a última secção do dia foi uma “luta” a solo com a ascensão de uma encosta bastante inclinada, pedregosa e por vezes muito escorregadia. Durante esta “travessia” molhada, a única coisa positiva era mesmo a visão magnífica do lago e da cratera. Na chegada ao acampamento base, tal como dia anterior estava um nevoeiro cerradíssimo e o meu primeiro passo foi colocar alguma roupa molhada num saco, outra a secar na medida do possível e vestir roupa seca para me manter quente. No resto do dia dormitei, jantei, falei um pouco com a Monika – que estava esgotada – e adormeci bastante cedo, fruto do cansaço.

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Ao acordar, o sol brilhava no céu azul e via-se perfeitamente o lago Segara Anak e a cratera, as ilhas Gili no oceano e o pico do vulcão Agung em Bali, envolto em nuvens suaves. Depois do pequeno-almoço e de desfazermos o acampamento partimos para a última fase do trekking. Neste último dia, a nossa rota foi sempre em sentido descendente e levou-nos de uma cota de 2641 m até aos 601 m e do reino do sol e céu azul para o da neblina. Primeiro, percorremos vales secos, depois verdes florestas e terminámos na selva, já com uma temperatura de um país tropical. Durante o caminho fizemos múltiplas paragens e fruto ritmo lento, o trekking acabou depois de almoço e de uma foto de grupo. O Gunung Rinjani, essa MARAVILHA, estava conquistado! Ou melhor dizendo o Gunung Rinjani, essa MARAVILHA, conquistou-me completamente! 😀       

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