A urbe de Kunming – pode encontrar mais aqui – ficará na memória como o local onde finalmente, consegui resolver os meus problemas informáticos e ter pela primeira vez uma animada noite de festa nas terras do Império do Meio.
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Na cidade antiga de Lijiang e um dos locais que melhor nos transporta de volta aos tempos da China clássica – pode encontrar mais aqui – para além de turistas chineses às “pazadas”, ruas minadas de hostels, bares, cafés, restaurantes e lojas de comércio… felizmente também pude observar pequenos canais, múltiplas pontes, casas antigas, flores, frondosas árvores e este belo e altivo galo.
Chegar ao cume da montanha de Niubeishan (牛背山) – pode encontrar mais aqui – foi uma verdadeira e longa aventura. Passando por uma viagem de autocarro até ao interior da China profunda, uma travessia adrenalizante num táxi mota e um trekking até ao topo, tudo valeu a pena… para chegar ao anfiteatro das montanhas e me deparar com uma extraordinária valsa celestial.
Na sagrada montanha taoista de Huashan – pode encontrar mais aqui e aqui – tive o privilégio de dormir na companhia de humildes e nobres construtores. O senhor presente na fotografia era o mais idoso de todos eles e o único que tive a oportunidade de registar.
Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Xi´an
Xi´an uma das antigas capitais do Império do Meio é casa dos afamados soldados de terracota, de altas e graciosas pagodas, muralhas bem conservadas, ricos e interessantes museus, de um quarteirão islâmico sensorial… é assim uma cidade repleta de ossos vivos do passado – pode encontrar mais aqui – mas simultaneamente voltada para o presente. Na fotografia pode observar-se o movimento de uma rua, num rotineiro final de tarde.
Rota SW
Ato X – Em trânsito: Regresso a Norte
Depois de uns momentos felizes no “Fim do Mundo”, era altura de voltar a tomar decisões! Sabia que para regressar a Norte teria sempre de passar por Lagos, uma vez que em Sagres apenas existem alternativas durante o Verão. Como ainda me encontrava a seis quilómetros do centro da vila, me sentia cansado e já tendo concluído o meu objetivo – percorrer a pé a Rota Vicentina entre Porto Covo e o Cabo de São Vicente – aproveitei a presença de alguns turistas estrangeiros para lhes pedir boleia. Desse modo, foi a bordo de um Audi A6 novinho em folha e na companhia de uma prestável família espanhola que percorri a estrada até ao centro. 😉
Na chegada, ao falar com uma jovem nativa, confirmei onde se apanhavam os autocarros regionais para Lagos e recebi uma dica de um local abrigado onde poderia passar a noite. Porém, ao dirigir-me à paragem para confirmar os horários da manhã seguinte, reparei que apesar de já serem 19.30, daí a poucos minutos ainda iria haver um autocarro para Lagos. Nesse momento, quase sem bateria e saldo, consegui falar com a M. recebendo a informação que em Lagos existia um expresso que partiria à 1.30. Rapidamente e sem margem para indecisões, resolvi embarcar.
A travessia para Lagos realizou-se já de noite e o único momento que vale a pena relatar foi a conversa que tive com o motorista, na qual recebi a informação que a bilheteira em Lagos já estaria fechada e que na rede de expressos só poderia embarcar caso tivesse bilhete válido! Não havendo a possibilidade de comprar o bilhete “físico”, não tendo computador e internet, perguntei-lhe se existiam alternativas, ao que ele respondeu que podia sempre ligar o 707 22 33 44 e comprar o bilhete via telefónica. Pareceu-me uma boa ideia, aliás não havia outra opção. 😛 O pequeeeeeeeeeeeno problema era que não tinha: saldo, bateria e o número supostamente estaria ativo até às 21.00 – nessa altura eram 20.40!
Na chegada ao pequeno e pouco convidativo terminal rodoviário, apontei o número de telefone e parti em busca de um local onde pudesse pôr o telemóvel a carregar. Felizmente, a cerca de 300 metros da estação encontrei um pequeno café que ainda estava aberto. Perguntei à dona se podia deixar o telemóvel a carregar, larguei o monstrinho e estuguei o passo até uma caixa MB. Já com saldo, regressei rapidamente ao café, liguei o telemóvel e comecei a ligar – eram 21.05! Pensei: “Vá lááááááááááá! Funciona!”. Depois de marcar os dígitos para falar com uma operadora, alguém me atendeu. Ufff! Em menos de um minuto, estava a receber uma mensagem com informações para o pagamento por multibanco. Apontei os dados num papel e voltei a sair do café. Novamente na caixa MB, paguei. Quando regressei ao café já tinha duas mensagens no telemóvel, uma delas era o bilhete! “CONSEGUI”! 😀
Eram 21.15, quando finalmente me sentei tranquilo à mesa com uma bica à frente. Nessa altura, sabia que o café poderia fechar a qualquer momento, mas como na esplanada ainda se encontrava um trio de Ucranianos a beber aguardentes de penalty e a brindar, fiquei mais descansado. 😉 Enquanto lia, chegou uma grande família e posteriormente um senhor que me pareceu cliente habitual. “Nada mau! Parece que me vou manter aqui sossegado, por mais uns tempinhos”. 🙂 A realidade é que apenas me despedi da simpática dona, quase há meia noite, isto depois dela negar pela décima vez, bebida ao trio “Odemira”. “Há profissões, em que se precisa uma paciência de Jo!”
Regressado ao terminal, aproveitei finalmente para comer e depois de mais um compasso de espera, embarquei finalmente no expresso para Lisboa. Na viagem, calhou-me em sorte um motorista realmente simpático e apesar do cansaço que sentia e enquanto não estava mais ninguém a bordo, aproveitámos para falar durante cerca de uma hora. A partir das 2.30 os meus olhos começaram-se a fechar e só os voltei a abrir, já na chegada ao terminal de Sete Rios – 5.50 – onde voltei a aguardar na companhia do meu livro, até embarcar no expresso para Rio Maior – 7.00.
Na chegada à minha cidade natal, resolvi passar por casa de um grande amigo para falar com ele sobre esta magnífica travessia. 🙂 Depois de uma hora de conversa animada e de um pequeno almoço reconfortante, ele ofereceu-me boleia para casa, e foi aí, mesmo à porta que… ao sair do carro, deixei cair a máquina fotográfica e ganhei como “prenda” um filtro completamente estilhaçado. Tudo fora perfeito, até esse momento! Sendo caricato que foi precisamente na chegada, que o verdadeiro percalço desta viagem aconteceu – mais uma evidência que controlamos muito pouco na nossa vida.

Rota SW
Ato VIII – Reencontro no Pontal
Por volta das 4.00, com o amainar do “louco alquimista”, os pinheiros e a tela de nylon diminuiram finalmente o seu frenético e incessável oscilar, concedendo-me uma doce trégua. Já ao amanhecer, depois da arrumar o estaminé e tomar o pequeno almoço, tirei a selfie da praxe e rumei à praia do Canal onde pude observar a famosa pedra da Agulha mais de perto e o mar derramando-se sobre antigas falésias rumo a sul. Ao longo do trilho encontrei eucaliptais, serras intocadas, matos coloridos e aromáticos, serenos bosques de sobreiros, zambujeiros e carvalhos, várzeas cultivadas… a Primavera em ebulição. 🙂
Cinco horas e meia depois de me ter posto ao caminho, estava na pequena aldeia da Bordeira e a cinco quilómetros da Carrapateira. A última fase do trilho, foi um autêntico carrossel levando-me por longas descidas e subidas no meio de serras e mato, até regressar à costa e finalmente poder contemplar toda aquela grandiosa paisagem: os múltiplos verdes da serra, os diferentes azuis do céu e do mar, os amarelos do gigantesco areal da praia da Bordeira. Fabuloso! Na chegada ao centro da vila, dirigi-me ao “Mini-Mercado Irene” para comprar mantimentos e informar-me onde poderia pernoitar. Prontamente, a simpática dona disse que podia dormir no telheiro da escola primária, mas que apenas para confirmação iria ligar ao Presidente da Junta. 😉 Com a chegada da “benção” oficial, ficou definido o local de dormida e quando finalizei o abastecimento, perguntei à senhora Irene se me podia guardar o monstrinho, enquanto percorria o circuito do Pontal da Carrapateira.
Foi assim, que pela primeira vez fiz um trilho da Rota Vicentina aliviado do peso da “carapaça” extra. 🙂 Sendo com uma energia e alegria redobradas que trilhei aqueles fantásticos dez quilómetros! Na praia da Bordeira pude apreciar como o mar e o vento esculpiram harmoniosamente as dunas que estão em constante mutação e a exuberante vegetação – tomilho, perpétua, alecrim, rosmaninho, esteva… no pontal pude ver o contraste entre as nuvens cinzentas que cobriam a serra a Este e o céu azul que dominava a costa, e simultaneamente observar a Norte a Ponta da Atalaia e a Sul o Cabo de São Vicente. ESPETACULAR! 😀
À medida que caminhava para Sul em direção à praia do Amado, as falésias e arribas começaram a ganhar novas formas, uma vez que pela primeira vez apareceram rochas calcárias – buracos, cavernas, arcos e colunas – que contrastavam com os depósitos rubros de argilas vermelhas. Toda a paisagem era uma palete rica e variada, uma verdadeira explosão de cores: azuis – do céu e do mar; verdes – das serras e da vegetação; ocres – das argilas; castanhos e brancos – do solo; alaranjados, pretos, cinzentos e brancos – das falésias e arribas; roxos, amarelos, rosas – das flores. Que beleza! 😀 Quando estava a chegar à praia do Amado, passou por mim uma carrinha azul escura e de relance, pareceu-me conhecer a cara da condutora. Instantaneamente olhei para trás, vendo o veículo parado na estrada, o Freddy a correr na minha direção, e a Merriake e a Anette a sorrir! 😀 Foi deste modo, que no pontal, voltei a reencontrar a simpática família alemã, que conhecera no parque de campismo do Serrão! O Mundo é mesmo uma ervilha! 😉 Depois de alguns minutos de conversa animada, voltámos a despedir-nos com amizade e seguimos em direções opostas.
Na última parte deste circuito, o trilho afastou-se ligeiramente da fantástica costa e everedou por uma verde paisagem de montes, colinas, arbustos, flores e árvores até avistar no horizonte a alva aldeia, recortada no azul do céu e do mar. Um final em beleza para este loooooooongo dia, no qual percorri trinta e dois quilómetros entre a serra e o mar, me despedi de um viçoso pinhal nas imediações da praia da Arrifana e “atraquei” bem no centro da aldeia da Carrapateira.

































