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Tratado como um Príncipe em Xi´an

Quando regressei da minha deambulação noturna, re-encontrei Chen (o gerente) e uma vez que estávamos na primeira semana de vida do hostel, resolvi dar-lhe umas sugestões para possíveis melhoramentos.

A partir daí, a conversa desenrolou-se com naturalidade e percebi que afinal Chen não era gerente, antes um amigo do dono e que tinha vindo de Xangai para o ajudar no início do negócio (Chen é dono de um hostel em Xangai). A conversa foi fluindo, cervejas internacionais e cigarros foram oferecidos. Falou-se sobre negócios, hostels, China (sociedade e locais a visitar), família, viagens… 😀

No final do serão, fui convidado a jantar com o staff do hostel (no dia seguinte) e a aparecer em Xangai para uma estadia no seu hostel. Quando nos despedimos, não me senti um simples hóspede, senti-me um amigo de longa data, um amigo que durante umas horas foi tratado como um príncipe em Xi´an. 😀

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Características enquanto Povo

Quando os chineses nos enganam e se forem “encostados à parede”, não existe tendência para a mentira ou para o confronto.


Quando paguei o bilhete turístico global, entreguei 200Y mas como estava distraído, não me apercebi que a senhora não me deu o troco (50Y). Quase no final da visita ao templo de Confúcio, comecei a remexer na carteira e dei conta que me faltava o dinheiro. Nesse momento, pensei que mesmo que ficasse sem ele (e nesta situação as percentagens estavam claramente contra mim), pelo menos a senhora da bilheteira ia perceber que eu sabia que ela me tinha enganado e que fora desonesta. Qual não foi o meu espanto, quando ao bater ao vidro e lhe mostrar o bilhete ela automaticamente abriu uma gaveta e tirou de lá o troco, abriu a janela e entregou-mo sem dizer uma palavra.

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Era uma vez…Um Americano, Um Palestiniano e um Português

O dia do Festival do Kabum ou da Lanterna se preferirem terminou em beleza numa conversa monumental sobre política, religião, dinheiro, economia, sociedade, etc. A dada altura o português diz-lhes: “ Não sou religioso, mas tento ser o melhor possível”, ao que Ryan responde: “ So, you are a Goodeist”. O português sorri, ora aí esta uma boa religião! Fazer o bem. O mundo não seria melhor se o “Goodeísmo” fosse a religião Universal? Talvez… 😀

Os 3 Mosqueteiros

Talvez a utopia não seja assim tão utópica, quando pessoas de três continentes distintos se sentam à mesa e no final tudo se resume ao ser humano na sua essência mais pura: ao seu sangue, aos seus ossos, músculos e vísceras, ao seu pensamento e à sua natureza na forma mais cristalina.

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Pato à Pequim ou será Pato à Brasileira?

No dia anterior quando conheci o Alex combinámos jantar em Pequim, a ementa essa já estava previamente escolhida – Pato à Pequim. “Hoje” era o dia. De manhã trocámos e-mails a combinar o local e o horário e agora restava esperar que ele não falhasse, uma vez que não havia telemóvel da minha parte que nos pudesse valer (ainda com problemas).

À hora marcada lá estava eu sob o pórtico de entrada em Qianmen e fui esperando, esperando, esperando e quando estava quase para me ir embora (a pensar ok, não tinha de ser) o Alex apareceu, dizendo: “Puxa, não percebi que o local do encontro era aqui, ainda bem que vim para a superfície”. Imediatamente começámos a andar e a falar sobre as nossas experiências do dia anterior, eu da minha quase “fatalidade” e ele dos amigos que acabaram por cair no esquema das casas de chá, para além de serem enganados na base da Muralha quando pediram um chá.

Da rua Qianmen passámos para umas ruas laterais mais pequenas e que “cheiravam” a restaurantes de boa comida e não excessivamente dispendiosos. Enquanto procurávamos o nosso poiso continuámos a conversar, acerca da Muralha e do que tínhamos feito durante estes dois dias. Passados 15-20 minutos de busca escolhemos o nosso restaurante, fizemos o nosso pedido e começamos a beber as nossas cervejas. A partir desse momento, foi sempre a abrir em boa língua de Camões ou de Vinicius de Moraes. E meus amigos, nada como encontrar uma pessoa do nosso idioma para a conversa fluir. Se ambos gostarem de praguejar, melhor ainda. Nos entretantos, o Pato chegou e à medida que foi sendo devorado (refira-se que o sacaninha era bastante gostoso), a cerveja escorregou e a conversa seguiu expressiva “pra cacete”. O jantar foi avançado e o Pato mudou de nacionalidade, passando de Chinesa (mais especificamente Pequinesa) para Brasileira, tal a expressividade durante o repasto.

Após o jantar o Alex, meteu na cabeça que queria ir beber uma cerveja comigo e começámos a nossa cruzada em busca do Sagrado Bar. Andámos às voltas pela área e não vimos nenhum local que se assemelhasse a um bar e enquanto o Alex insistia que na zona do hotel dele havia bares, o facto de eu depois não ter metro para voltar faziam-me não querer ir. A verdade é que na busca pelo bar fomos andando, andando e quando demos por nós estávamos na estação de metro mais próxima do meu hostel (Wangfungji). Neste momento, virei-me para ele e disse: “Tens duas opções. Na primeira apanhas o metro e segues até ao teu hotel; na segunda vens até ao meu hostel que tem bar, mas nessa situação tens de voltar de táxi. Como queres fazer?”. Ele acabou por optar pela segunda opção e passados 10 minutos estávamos sentados com uma caneca de Draghtbeer à frente.

Após uns momentos a falar e a beber, um americano, uma americana e uma mexicana que estavam sentados na nossa mesa meteram conversa connosco e a partir daí o nosso idioma mãe foi abandonado para continuarmos num idioma mais “democrático”, o sacrossanto Inglês. A restante noite continuou animada, à volta de canecas de draghtbeer e de palavras até o bar do hostel fechar e nós sermos semi-expulsos de lá. No final da noite o Alex acabou por ter sorte porque ganhou companhia para o táxi e eu só tive de me deslocar até à minha câmara para dormir o sono dos bravos.

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Despedidas

As despedidas para esta odisseia (para já) chinesa. Começaram logo no dia quinze em Rio Maior e prolongaram-se até dia dezanove no aeroporto da Portela. Entre estes duas datas, muitas lágrimas foram soltas, muitos abraços foram dados e muitas palavras de conforto foram ditas. Agradeço profundamente  à minha família e aos meus amigos a bela despedida que me proporcionaram nestes dias e o respeito que todos demonstraram perante a minha decisão. Obrigado por tudo. Levo-vos no coração e na memória! Até à volta um abraço apertado. 😀