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Sepilok. Inchaço, Floresta e Orangotangos

Depois da ascensão da montanha Kinabalu, as pernas ressentiram-se do esforço despendido, principalmente o tornozelo esquerdo que ficou com um inchaço considerável e como tal, antes de partir para Sepilok tive dois dias mais repousados na base da montanha e nas imediações do lodge.

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Durante a semana e como o inchaço não desapareceu com o tempo, os dias em Sepilok ficaram marcados por uma ida ao médico em Sandakan que me revelou que a causa deste inchaço, era um agente externo – possivelmente algum inseto ou bactéria. Por esse motivo, apesar dos dias serem fisicamente mais tranquilos, foram mentalmente mais stressantes, pois tinha um segundo curso de mergulho já marcado em Semporna – nas imediações das ilhas de Sipadan e Mabul – e o médico não me aconselhava a mergulhar, caso o tornozelo não voltasse ao normal. :/

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De qualquer modo e nos quatro dias passados em Sepilok ainda deu para ver nas imediações do lodge uns crocodilos “velhacos” e uma bonita e elegante ave branca; fazer duas visitas ao RDC (Rainforest Discovery Center) onde tive novamente contato com uma floresta tropical e com o seu ambiente verde, quente e extremamente húmido – cheirinho a selva; mas principalmente fazer duas visitas ao centro de proteção dos Orangotangos, onde tive a oportunidade de observar pela primeira vez estes bonitos primatas. 🙂 Neste centro, a maioria são órfãos e como tal, têm de ser ensinados a alimentarem-se e a tornarem-se independentes. O problema é que de todos os primatas, os orangotangos são os mais dependentes da progenitora e como tal o caminho para a completa reabilitação é moroso e exigente.

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Apesar de alguns deles parecerem bastante debilitados, foi bom observar e aprender que estes animais estão a ser tratados com toda a dignidade possível. Mas o melhor de tudo, foi sem dúvida ter a oportunidade de ver as traquinas crias juntamente com as extremosas mães. Comovente… encantador! 🙂 Saí de Sepilok, muito FELIZ e a sentir que estava num sonho. Sonho esse, que tinha o nome… Bornéu! 😀

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Crónicas Em trânsito

Em trânsito: Koh Phi Phi – Pulau Pangkor. Cruzando Fronteiras

Ato I – Tailândia Side

O último dia passado na Tailândia foi um dia extenuante, todo passado em viagens e tudo por culpa do bilhete vendido pela minha “amiga”. Esse famoso bilhete levou-nos até Had Yai  a cerca de quarenta quilómetros da fronteira! – mas a realidade é que para entrar na Malásia existem transfers diretos – geralmente até à ilha de Penang – por um valor semelhante ao que pagámos! Moral da história?

Na viagem para Had Yai os únicos factos que merecem destaque foi constatar que o desaparecimento de comprovativos de bilhetes no bolso dos motoristas é prática corrente e visualizar a mudança de ambiente religioso – o Budismo desaparece e dá lugar ao  Islamismo. Na chegada com muita dificuldade lá conseguimos comprar bilhetes para Padang Besar – cidade que fica na fronteira entre a Tailândia e a Malásia – e a curta viagem demorou uma eternidade, porque a estrada não era muito boa e o autocarro mais parecia um táxi coletivo! :/ Na chegada o nosso motorista, prestavelmente, quis deixar-nos na fronteira, mas como já eram 18.00 e consequentemente 19.00 na Malásia, pedimos para ele nos deixar num hotel barato.

Mas o que significa exatamente, ficar num hotel barato numa cidade de fronteira? Significa que o rececionista não fala convosco, emite alguns ruídos e grunhe, mas percebe-se que ele está a pedir o dinheiro e o passaporte. 😛 Após esta espécie de comunicação subimos ao quarto para largar as mochilas e quando entrámos o ar cheirava a bafio, “midades” e havia um espelho ao longo da cama! OK?! Abrimos a janela para ver se o cheiro desaparecia e entretanto desaparecemos nós daquela suite magnífica em busca de comida. Demos uma volta pela cidadezita, feia e desinteressante mas que em termos gastronómicos nos satisfez, apesar de alguns vendedores nos tentarem enganar nos preços! Pensei: ”Realmente é mais forte do que eles, nem numa terriola sem turistas perdem a oportunidade! ” Ai a felicidade de sair da Tailândia e do seu sul cheio de esquemas e m#$%@&!”

Já com o farnel voltámos ao nosso hotel e nas escadas da entrada, sentámo-nos para comer. À medida que comíamos, começámos a observar a nossa rua com mais atenção. Do outro lado, existiam dois bares de karaoke com luzes vermelhas acesas e algumas thais na entrada e perante este cenário virei-me para a M. e comentei: “Cá para mim, estes bares de karaoke são a Kikas cá do sítio.” A confirmação veio passado uma hora quando já estávamos no lobby do hotel a tentar marcar um hotel para os dias seguintes e vimos uma “menina” de vestido vermelho choque, acompanhada de um nativo, a sair da zona dos quartos com A/C. Não restavam dúvidas estávamos no hotel das _____ (espaço para darem a resposta). Exatamente! E gozámos com situação, principalmente por elas terem melhores quartos do que aquele onde ficaríamos a dormir… na nossa última noite, na romântica Tailândia. 😛

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Koh Phi-Phi. Do Purgatório ao Paraíso

A chegada às Koh Phi Phi, já na costa oeste, ficou ensombrada por uma enorme desonestidade na venda de um bilhete – não o que nos foi vendido em Koh Samui e que nos permitiu chegar ao nosso destino, mas sim o bilhete para a viagem posterior – e pela cobrança de uma taxa ridícula para entrar na ilha, utilizando o argumento de “taxa ecológica”,  que eu chamo – corrupção governamental. Refira-se que não foi o valor da taxa que me irritou – cerca de 0.50€ – mas o péssimo princípio associado à mesma. :/

          

Quando chegámos àquele paraíso tropical o meu estado de espírito era soturno e esta soturnidade acentuou-se depois de indagarmos algumas agências de turismo. Confirmámos então, que a compra antecipada para sair da ilha tinha sido um péssimo negócio! – não tanto pelo dinheiro associado, mas pela má rota, o que nos forçaria a perder mais tempo e mais dinheiro! :/ – Naquele momento a minha vontade era vaporizar a minha “querida” e desonesta vendedora ou alternativamente torcer-lhe o seu “delicado” pescoço. De qualquer modo e não havendo nada a fazer, decidimos fazer um tour no dia seguinte, pois caso contrário estaríamos confinados a uma área minúscula e pouco paradisíaca. Quando o dia terminou o meu estado de espírito já estava mais leve, fruto da digestão/aceitação da má “entrada” e da visualização de uns “anjos” de fogo e luz. 🙂

       

O dia amanheceu esplendoroso e o nosso Phi Phi Tour foi abençoado por um sol radioso e pelo céu azulíssimo. Partimos então à descoberta das Phi Phi e “arredores” num barco de madeira, na companhia do timoneiro/capitão “boa onda” e outros turistas de várias nacionalidades. Durante o dia vimos múltiplas ilhas a partir do mar e admirámos a sua vegetação luxuriante, as praias de areia branca, alguns resorts espalhados pelas colinas de Phi Phi Don; fiz snorkeling pela primeira vez e pude ver muitos peixes de múltiplas cores, corais e ouriços do mar; parámos na “ilha do Bambo” onde vimos praias que eram um autêntico cartão postal: areia branca e arvoredo, mar de múltiplos azuis – claro, escuro, claro, escuro! – e fizemos praia 😀 ; vimos magníficas e bizarras formações rochosas – fruto da sua natureza cársica – ao largo das Phi Phi Lei  que é uma reserva natural, à semelhança da “ilha do Bambo”; visitámos a magnífica e famosíssima Maya Beach  celebrizada com o filme: A Praia – com as suas enormes paredes de rocha cinzenta cobertas de vegetação, um cheiro a marisco profundo, uma areia tão fina, tão fina, tão fina que bastava um suave movimento da água para ela ficar em suspensão e que a M. fez questão de trazer como recuerdo! E uma água transparente. Quente! Bela! Grandiosa! E… já de regresso a To Long Beach um pôr do sol para guardar na memória e no coração… As cores de ouro e prata fizeram as Phi Phi entrar no paraíso e já no final fomos benditos com uma chuva celestial. 😀

     

     

       

      

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Koh Samui e Paciência de Jo

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Entre Koh Tao e Koh Samui conseguimos evitar a empresa mafiosa da Lomprayah e fizemos a viagem com a empresa concorrente – a Seatram. Na chegada a Koh Samui e uma vez que o nosso destino, Chaweng Beach ficava no lado oposto do cais dos barcos, apanhámos pela primeira um táxi na Tailândia.

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Se Koh Tao já era relativamente turística, Koh Samui era muito mais e a existência de dois Macdonald´s comprovou isso mesmo. :/ A nossa estadia na ilha ficou marcada por alojamentos simpáticos; dias de bastante calor com ciclos de molhagem e secagem associados; atualizações no caderno; hordas invasoras de italianos que não respeitavam o espaço das outras pessoas; gelados; uma praia muuuuuuuuuuuito comprida, com pouca areia, infestada com espreguiçadeiras de resorts e que não era particularmente bela; incontáveis massagistas muitooooooo solícitas e vendedores ambulantes que não se calavam e paravam de “pregar”! 😛 Ai, paciência de Jo!

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Em trânsito: Bangkok – Koh Tao. Máfia Legal

Na estação de comboios de Bangkok, tanto no dia em que comprámos o bilhete, como no dia em que partimos da cidade, houve sempre um funcionário “diligente” a querer vender-nos um bilhete para um barco rápido e para os transfers entre a estação de comboios e o cais. Aliás, no dia da compra esse bilhete até estava combinado com o bilhete de comboio. :/

Chegar à ilha de Koh Tao revelou-se um verdadeiro e exasperante quebra-cabeças. Depois da viagem de comboio noturna – que desta feita não teve surpresas, “chocantes”, pois comprámos um bilhete para segunda classe – chegámos à cidade de Chumphon onde nos deparámos e enfrentámos o maior lobby, aliás máfia legal que já vi(mos) até ao momento na viagem. :/ Mas vamos aos factos…

Os nossos problemas começaram logo ao sair da estação, pois ao perguntar a um condutor de tuk-tuk quanto ele cobrava para nos levar até ao cais, ele perguntou-nos pelo bilhete do barco rápido! Respondemos-lhe que não o tínhamos e ele disse-nos para o comprarmos na estação de comboios, fizemos sinal que não e ele devolveu-nos o mesmo. “Ridículo!” (pensei na altura).

Seguimos de mochilas às costas caminhando por Chumphon na tentativa de apanharmos um meio de transporte (autocarro, tuk-tuk, táxi…) para o cais tudo servia desde que o valor que nos pedissem não fosse “estapafúrdio”. Já na avenida principal da cidade, fomos perguntando por barcos, ferries, cais… mas ninguém parecia muito interessado em ajudar-nos, nem sequer os condutores de tuk-tuk, que costumam ser muuuuuuuuuuuuuuito voluntariosos e “altruístas”, queriam nada connosco. Estranho! :/ Parecia que tínhamos uma doença altamente contagiosa e perigosa.

Até que um tuk-tuk parou perto de nós e quando dissemos a fórmula mágica: “Pier, ferry, Koh Tao”, pegou no telemóvel, começou a fazer uma chamada e depois passou-mo para a mão, encostei-o ao ouvido e disse: “Yes?”. Na resposta: ”Lomprayah assistance. Today you still have a boat at 1PM. Do you want to buy the ticket?”, tirei o telemóvel do ouvido, devolvi-lho e fiz sinal ao motorista que não. Estava chocado! :/ E contei o episódio à M.

Tudo começava a fazer sentido, a companhia Lomprayah controlava todo, ou quase todo mercado e estendia os seus tentáculos desde Bangkok – no momento da compra de um simples bilhete de comboio – até aos transportes locais de Chumphon! Quando um peixinho sai da rede, convém apanhá-lo o quanto antes e este “pescador” estava a revelar-se implacável e a encostar-nos ao fundo…


 Notas Finais

Nunca tinha visto, nada assim! Uma empresa, com a conivência das autoridades, a tomar conta duma cidade e ter o monopólio de um negócio, que neste caso é o negócio de transportes, entre Bangkok e as ilhas da costa Este: Koh Tao, Koh Pha-ngan e Koh Samui. Impressionante! 😦

Depois de encostados ao fundo, tivemos mais umas horas de odisseia em Chumphon e arredores. No final acabámos por chegar a Koh Tao… no famoso barco rápido, da Lomprayah! Mas pagando mais e perdendo mais tempo do que se o tivéssemos feito em Bangkok! Caricato! Mas serviu de aprendizagem!

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Crónicas Em trânsito

Em trânsito: Nakhon Ratchasima – Bangkok. Shocking Train

Para chegar a Bangkok, apanhámos um comboio noturno em Nakhon Ratchasima e na estação encontrámos um ambiente soturno, mas que pareceu seguro. Quando o comboio chegou à plataforma, dirigimo-nos à nossa carruagem: Número 11,  3ª classe. Quando entrámos sentimos um calor abrasador, vimos que estava bem apinhada e que os olhos dos nativos não descolavam de nós, parecíamos ET´s e o planeta onde aterrámos revelou-se demasiado chocante para a M.

Depois de eu colocar as bagagens por cima das “nossas cabeças” e de nos sentarmos nos nossos lugares com as mochilas pequenas, protegidas entre as pernas, olhei para a M. que estava com lágrimas nos olhos e dizia: “Nunca mais. Nunca mais, uma viagem destas em terceira classe”. Os lugares eram de facto minorcas e o espaço reduzido, mas acho que o que lhe fez confusão foi ver as pessoas completamente coladas umas às outras e saber que durante a viagem não se podia mexer, porque não havia um espaço individual! Não havia a mínima fronteira na ausência de contacto. Penso que foi isto que a chocou!

Quanto a mim, não posso dizer que foi uma viagem agradável, mas fruto de todas as experiências que já tive na Ásia penso que relativizei facilmente a situação, isto apesar de poder dizer que foi o comboio mais sujo onde já andei e no qual o espaço disponível o mais reduzido. Com base nesta experiência fiquei a acreditar que a mesma, foi uma ligeira amostra do que posso encontrar futuramente na Índia, tais os relatos que me chegam aos ouvidos.


P.S. – Apenas uma curiosidade relacionada com os hábitos dos nativos. Quase todos tinham consigo kits  com um pano húmido – para limparem a cara assim que chegassem ao destino; e estavam munidos com panos/mini-toalhas para porem na cara e protegerem os olhos da luz. Estes pequenos detalhes levaram-me a pensar que os nossos “companheiros” de carruagem estão muito habituados a fazer viagens longas regularmente e como tal já criaram mecanismos de “trânsito” altamente aperfeiçoados! 🙂

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Khao Yai!? Na Selva!

Ato I – Carrossel

De Pak Chong para uma das entradas do parque natural distam apenas vinte e seis quilómetros, mas os mesmos foram feitos de forma muito… muito vagarosa num dos famosos táxis coletivos do país. Já no pórtico de entrada, pagámos o bilhete e assim que metemos o pé na estrada, pedimos boleia a uma carrinha do staff que estava de passagem. 🙂 Os últimos dez quilómetros da viagem – que começara nessa manhã em Ayutthaya – já em direção ao HQ (Headquarters) foram desse modo, feitos numa carrinha de caixa aberta e com um sentimento profundo de felicidade e liberdade. 😀

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Quando aí chegámos marcámos duas noites num dos bungalows e recebemos mapas e informações gerais sobre o parque e o seu funcionamento: horários, regras, trilhos… Do HQ até à zona do nosso alojamento, distavam dois quilómetros e os mesmos foram feitos de mochilas às costas, num ambiente quente e húmido numa estrada de alcatrão, que ficava no meio de uma paisagem vasta e muito verde. Belo! Senti que estava num lugar “mesmo” natural e esse sentimento foi acentuado pela presença de macacos e de “bambis” que fomos vendo à medida que caminhávamos. 🙂

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O segundo dia, foi um carrossel de emoções. Mas vamos aos factos. De manhã eu e a M. decidimos fazer uns passeios em trilhos marcados mas por conta própria, porque desconfiámos da informação que referia que apenas dois dos trilhos existentes no parque, poderiam fazer-se sem recurso a guias/rangers – achámos que aquela era mais uma tentativa de “sacar” dividendos e uma armadilha made in Tailândia, para turistas – porém…

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A manhã foi passada nas imediações do HQ a ser atacados por exércitos de mini sanguessugas muito persistentes e a andar para trás e para a frente sem conseguirmos quase sair do mesmo sítio! Os trilhos no início pareciam claros e óbvios, mas bastavam apenas cinco minutos, para mudarmos de opinião e voltarmos para trás. O ambiente era quente, húmido e a vegetação muito, muito, muito densa… pela primeira vez vimos e sentimos o que era a SELVA! Aos poucos caímos na realidade e percebemos que a informação que recebêramos não era nenhuma “balela” para “papalvos”, mas uma verdade cristalina! Só com o acompanhamento de alguém experiente e devidamente treinado se poderia chegar a bom porto.

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Nessa altura, senti um misto de irritação e desilusão. Sentia-me preso e confinado a um espaço muito pequeno e com alternativas muito reduzidas, num local tão vasto como é o parque. Naquele momento pensei que a visita não estava a valer o investimento – tanto em termos de tempo, como de dinheiro – e que seria necessário algo realmente especial, para haver uma mudança no meu estado de espírito e eu modificar a minha opinião acerca de Khao Yai.

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Em trânsito: Viagens Malucas no Norte da Tailândia

Durante a segunda semana no país, mas a primeira em trânsito as viagens transformaram-se sempre em momentos surreais e amalucados. Na saída de Chiang Mai para Sukhothai os autocarros matinais foram suprimidos, sem qualquer aviso ou explicação! 😛

Na viagem para Ayutthaya eu e a M. fomos largados na berma da auto-estrada a cinco quilómetros do nosso destino, o centro da cidade! Pelos vistos na Tailândia quando se compra um bilhete de autocarro convém perguntar se este pára no centro da cidade! No final acabámos por sobreviver aos lobos humanos – taxistas – e com algum esforço e sorte à mistura lá conseguimos chegar à nossa guesthouse. 🙂

Na viagem para Pak Chong apanhámos uma carrinha e durante duas horas andámos pelas estradas do país às voltas sem sabermos para onde íamos. Quando a carrinha parou estávamos numa estação de autocarros com o motorista a mandar-nos sair da mesma sem nos dizer mais nada. :/ Estávamos completamente aos papéis e apontámos para os bilhetes que tínhamos, foi então que ele apontou para uma segunda carrinha e aí entregámos os bilhetes a outro motorista. Passados cinco minutos estávamos a arrancar  e apenas nessa altura percebi que estávamos em Saratobi. Desta feita a viagem apenas demorou quarenta e cinco minutos e nessa altura não havia dúvidas estávamos em rota para Pak Chong e consequentemente para o Parque Natural de Khao Yai, nosso destino. Três viagens, três viagens malucas… 100% de eficácia! Bem vindos à Tailândia! 😛

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Em trânsito: Luang Prabang – Huay Xai. Pelo Mekong Acima

Ato II – Pak Beng – Huay Xai. Pânico Matinal  

A viagem entre Pak Beng e Huay Xai, já na fronteira com a Tailândia decorreu com normalidade e foi em tudo uma fotocópia, do dia anterior. Mesma paisagem, mesmo preço do bilhete, mesmo número de horas de viagem, mais conversa com as mesmas pessoas, procura da guesthouse e jantar em grupo. 🙂

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(Através do olhar do Kristian)

Porém, houve um momento que ativou o meu modo de pânico e fez esta viagem ficar ainda mais memorável. Mas vamos aos factos: estava já no interior do barco a falar com um casal de americanos sobre fronteiras e vistos quando mecanicamente pus a mão no bolso lateral dos calções e… caiu-me tudo ao chão! Principalmente as bolas! Não tinha comigo as bolsas dos cartões e documentos – passaporte, cartões MB e de crédito – e onde estava todo o dinheiro tailandês que tinha arranjado no Laos – 35.000 Bath! Cerca de 875€!. Tinha ficado tudo debaixo da almofado no quarto! Fiquei em pânico e disse ao meus companheiros de viagem para não deixarem sair o barco enquanto não regressasse – isto com as mochilas a bordo. :/

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Larguei a correr encosta acima até ao local da guesthouse e quando lá cheguei as portas estavam todas fechadas! “Eu não acredito nesta m#%£@! Logo hoje é que tinha de encontrar uma guesthouse que funciona a meio gás!?”. Dirigi-me ao piso do quarto… Tudo fechado! Entrar pela janela? Impossível. Grades na mesma! “Ai a P%#@ da minha vida!”. Voltei a descer ao piso térreo e mesmo com um cadeado na porta – metálica e de correr – comecei a tentar abrir a mesma. Passados dois minutos desisti, nada feito! “E agora?”. Quando me preparava para procurar alguém nas redondezas, chegou uma carrinha com parte da família que geria a guesthouse. Muito rapidamente e freneticamente tentei explicar-lhes que me tinha esquecido do passaporte no quarto e num minuto deram-me a chave do mesmo. Galguei os degraus à velocidade da luz, abri a porta, dirigi-me à cama e ao levantar a almofada… lá estavam as famosas bolsas! 🙂 Deitei-lhes uma mirada rápida e pû-las no bolso. Tranquei o quarto, desci as escadas a voar, entreguei as chaves e voltei a correr desalmadamente encosta abaixo. Desta feita com a “santa” gravidade a ajudar-me no caminho de regresso ao barco.

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Quando lá entrei, disse aos meus companheiros de viagem que estava tudo bem e sentei-me dez minutos num banco, sozinho, a respirar e a deixar o meu corpo regressar a um ritmo normal. Durante esses minutos o barco acabou mesmo por partir e agradeci à boa sorte o facto de quase todos os transportes no Laos, atrasarem. Ai boa sorte, fortuna, estrela, destino, fado… ou outro nome que tenhas. Agradeço-te novamente, salvaste-me o pêlo! 😀

P.S. – A viagem de dois dias foi longuíssima, mas perfeita e o Mekong merece uma viagem destas. Porém ouvi relatos que a viagem feita na direção inversa, Tailândia – Laos, pode por vezes transformar-se num verdadeiro inferno e tormento, devido à lotação completamente esgotada dos barcos. 

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Pedalando em Phonsavanh

Ato V – O Kiri também Voa

A estrada onde pedalávamos estava em boas condições, mas as rampas inclinadas e a impossibilidade de pormos mudanças, fazia com que existissem momentos em que tivéssemos que desmontar das “biclas” e levá-las pela mão colina acima. O facto positivo é que depois das subidas, geralmente seguiam-se descidas e foi numa delas que voei qual super-homem. 😛 Mas vamos aos factos…


Depois da compra de dois ananases e quase no final de uma mega descida, seguia montado na bicla, quando ouvi um pequeno ruído metálico e senti a roda da frente a ficar ligeiramente presa. Quando olhei para perceber o motivo, já era tarde demais! :/ A roda dianteira bloqueou completamente enquanto a traseira continuou a girar. O resultado foi a bicicleta empinar bruscamente para a frente, qual uma égua selvagem e catapultar-me – nesse momento pensei: “ Ai, F#$@-$%! Já foste!” – por cima da bicicleta, fazendo-me aterrar violentamente de peito num dos ananases. Prostrado e com a face colada ao solo, estive aproximadamente dois minutos, porém esse tempo esticou e pareceu uma eternidade. Nessa altura, pensei: “Que tralho FDP! Espero não ter nada partido”.

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Finalmente, levantei-me e pus-me a observar os estragos causados no impacto: pára-sol da máquina fotográfica partido em dois, um dos ananases esmagado – o outro sobreviveu – a mão direita sangrava e o pulso esquerdo tinha escoriações. A T-shirt cinzenta/creme e os calções estavam sujos de terra e por fim a bicicleta ficou com a roda da frente praticamente bloqueada. Depois de a observar, percebi finalmente, o que aconteceu. O barulho metálico que ouvi, foi causado pelos parafusos que prendiam o cesto que caíram e isso provocou uma reação em cadeia:  o cesto descaiu, pressionou o guarda-lamas contra a roda, esta parou de girar e… PUM, CATRAPUM! Kiri a voar, mas sem se magoar… muito! 😛

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Nessa altura, o Zhou não estava no horizonte e fui andando com a bicicleta pela mão até uma casa, onde por gestos consegui comunicar e lavar o sangue da ferida da mão direita. Para além disso e por sorte em frente da casa, estava uma carrinha de uma oficina e ao mostrar a bicicleta ao mecânico, este resolveu-me o problema com um sorriso na face… 🙂

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Voltei a montar a bicla e quando cheguei ao pé do Zhou – que me aguardava numa curva mais adiante – estava bastante irritado pois não conseguia perceber porque é que ele não tinha voltado atrás para me ajudar. Foi então que ele me explicou que não tinha visto nada pois já estava muito para a frente do local, onde voei qual águia imperial… 😛

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