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3 Dias e 2 Noites no Tour dos Vulcões

Ato II – Kawah Ijen e as Chamas Azuis

De regresso ao jeep fui reconduzido ao hotel, onde tomei o pequeno-almoço e recolhi a bagagem, antes de voltar à cidade de Probolinggo, onde o grupo que tinha vindo comigo no dia anterior se fragmentou todo. Nesse momento, fiquei apenas na companhia de um casal bastante simpático de franceses (Guillaume e Marianne), com quem parti numa pequena carrinha, até às “imediações” de Kawah Ijen. Durante cinco horas, estivemos sempre acompanhados por música indonésia e uma condução acelerada e amalucada. 🙂 Inicialmente seguimos junto à costa, vendo arrozais e pequenas vilas, e depois à medida que subimos na direção de Bondowoso, observando árvores gigantes, pinheiros muito antigos, plantações de café, vegetação verdejante e sentindo uma temperatura fresca e agradável. A paisagem era de facto espetacular, e fiquei com a certeza que esta era uma das estradas mais bonitas, que percorri durante os meses que estive no país. Na aldeia de Jampit, ficámos hospedados na Arabic Homestay e tal como no dia anterior, fiquei alojado num quarto agradável e no qual me deitei bastante cedo.

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À 1.00, já com as mochilas no carro partimos para o Ijen, onde conhecemos Mr. Bain que ao longo da noite, revelou ser um dos melhores guias que tive no país! E possivelmente em toda a viagem! 😀 Os três quilómetros, a subir até à cratera foram feitos em ritmo Plan Plan (devagar) e até esse momento, pouco ou nada há que relatar. Porém, quando chegámos à cratera tudo mudou e do local onde nos encontrávamos víamos ao longe um fogo azul bruxuleante, fruto da extração do enxofre! Entusiasmados, seguimos o Mr. Bain, cratera abaixo e nessa altura recebemos máscaras, do género “Darth Vader” para suportarmos o fumo e os gases tóxicos – caso fosse necessário. À medida que nos fomos aproximando, fomos vendo as chamas cada vez maiores e quando chegámos às proximidades, vi algo único e singular à minha frente. Fogo azul, no meio da escuridão a arder! Espetacular! Belo! Na altura, em que observávamos aquele “fogo de artifício” natural, tivemos bastante sorte pois o vento estava a soprar o fumo noutra direção, ou será que não foi sorte, mas antes um feitiço do Mr. Bain, o feiticeiro branco do Ijen!? 🙂

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No caminho de regresso ao topo da cratera, vimos alguns grupos de turistas a descer qual uma centopeia luminosa e ficámos muito satisfeitos porque enquanto os outros grupos iam a caminho, nós já estávamos a regressar. 🙂 Na cratera, fomos para um ponto mais elevado e aí, no silêncio quase absoluto da noite, vimos o progressivo aparecimento da luz do dia, as chamas azuis a arderem, o fumo a sair da cratera , o lago azul a ganhar cor, as estrelas a desaparecerem e o vulcão a passar do negro absoluto para vermelhos e castanhos! Belo! Belíssimo! Grandioso! 😀 E se o Bromo no dia anterior, já tinha sido bom, o Ijen neste dia deu “cabazada”. 😉 No caminho de regresso, o amanhecer estava carregado de cores suaves, e na despedida do Ijen, vimos outros vulcões à nossa volta, entre eles o Gunung Raung, que na primeira vez que estive em Yogyakarta, fez kabuuuuuuum! Obrigando-me a seguir mais cedo do que o previsto para a ilha de Kalimantan.

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P.S. Java é de facto uma ilha abençoada, pelos deuses dos vulcões e o Kawah Ijen é um local magnífico. Observar as chamas azuis noturnas, foi sem dúvida, uma das MAIORES experiências que tive na Indonésia e em toda a viagem! 😀 E se existe algum lado negro a apontar, só se pode referir do lado “social” do vulcão e dos homens que carregam, cestos de cerca de oitenta quilogramas de enxofre aos ombros e às costas, mais do que uma vez por dia!! Recebendo cerca de 0,50€ por cada quilograma transportado! Trabalho pesadíssimo, que não dá saúde a ninguém… 😦

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3 Dias e 2 Noites no Tour do Vulcões

Ato I – O Monte Bromo e a Bruma

Em Surakarta, como previamente combinado, passou uma carrinha para me ir buscar e do primeiro dia do tour não há muito a dizer. Apenas, que fiz uma longa viagem de cerca de dez horas pelas estradas meio loucas da Indonésia, entre Surakarta e Ngadisiri (onde ficava o hotel Sion View, já nas imediações do vulcão Bromo e ao qual cheguei por volta das 21.00).

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Às 3.00 já estava acordado, à espera que passasse um jeep que me levasse até ao miradouro de Pananjakan (2706 m) e quando lá cheguei, depois de uma viagem bastante apertada e cheia de solavancos, encontrei um nevoeiro espesso que cobria todo a paisagem. “Oh diabo!” De qualquer modo, acabei por não ficar irritado com a situação, afinal a natureza é soberana e aguardei pelo nascer do dia.

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A verdade, é que com um cenário inicial tão “negro”, as minhas melhores expectativas foram largamente superadas! 😀 Uma vez que a visibilidade apesar de não ser perfeita, permitia ver o grande Gunung Semaru (3676 m), a enorme cratera do Bromo (2392 m), o pico do Gunung Batok (2440 m), a bruma a correr velozmente no céu e a paisagem a alterar-se a cada segundo. Misterioso! Belo! A beleza do “mistério”!

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Quando deixei o miradouro voltei a montar o jeep e parti para as proximidades da enooooooooorme cratera do Bromo. Quando chegámos, já existiam inúmeros jeep´s estacionados na bela e desolada planície de areia negra, com montes verdes seco em redor. Saí de dentro do veículo, partindo em alegre romaria rumo à cratera, juntamente com outros turistas que se deslocavam a pé ou a cavalo e subi os degrau que levavam ao topo.

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Aí, apesar do vulcão não ser muito alto, encontrei uma cratera larguíssima e fumegante, e vi múltiplas dunas de areia negra e belas! Os muito turistas que se encontravam no vulcão, ajudavam a perceber a grandiosidade e a dimensão da paisagem! E quando me preparava para subir ao ponto mais elevado da cratera, o vento começou a soprar vapores sulfurosos, obrigando-me a voltar para trás, sendo relembrado pela natureza e pelos deuses do fogo, que um vulcão é isso mesmo! Um vulcão! E não um parque de diversões montado, para nosso belo prazer.

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A Face Certa do Merapi

Quando voltei ao hostel, soube que havia um rapaz chinês de Xangai (Zhang Lu) interessado em escalar o Merapi, mas como desta feita não queria mais surpresas e aventuras, combinámos que iríamos fazer a ascensão com um guia! 🙂 Desse modo, e como a mesma iria ser realizada de noite, combinei com o staff do hostel para me guardarem a mala durante todo o dia e que apenas faria o check-in, depois do meu regresso. Durante a tarde, repousei fisicamente na área comum e comecei a investigar voos para as Filipinas. Quando o nosso “Jarbas” nos veio buscar, eram 22.00 e da cidade até à base do vulcão demorámos cerca de uma hora de viagem. Assim que chegámos, bebemos um café e esperámos pela uma da manhã (durante essas duas horas, adormeci fruto do cansaço e da falta de horas de sono dormidas na noite anterior). Durante o trekking tivemos muita sorte, pois estava uma enorme lua cheia que nos iluminava o trilho e um céu bastante estrelado. 🙂

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A ascensão foi quase sempre feita em rampas muito inclinadas e existiram poucos momentos, em que o vulcão nos deu tréguas! Fruto disso, o Zhang ficou para trás com o nosso guia e eu segui com um casal de americanos e o guia deles. Para chegar ao pico não foram necessárias muitas horas, mas foi preciso alguma estamina e endurance, principalmente depois de chegarmos ao último posto de controlo de atividade vulcânica e na zona em que a ascensão é feita numa rampa hiper inclinada de areia muito densa, pesada e escorregadia (dois passos para a frente e um para trás). Nessa altura, cheguei a pensar se iria conseguir chegar ao topo, mas passo a passo, lá fui avançando até chegarmos a uma zona de rocha firme, onde o caminho se tornou mais acessível. 🙂 Durante a ascensão até ao pico apenas existiram dois pequenos percalços, o primeiro quando o nosso guia nos tentou sacar mais dinheiro, dizendo que se quiséssemos chegar ao cume teríamos de pagar mais 100.000 IDR cada um, ao que respondi prontamente: “Nem pensar! O dinheiro que pagámos foi para chegar ao pico! E tu vais-nos lá levar, porque é essa a tua obrigação!” e o segundo quando quase no pico fiquei sem luz  – a pilha da lanterna, esgotou-se – e tive que fazer o resto da ascensão meio às “apalpadelas”.

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Quando atingimos a zona da cratera eram quase 5.00, e se durante a noite apenas se via o que a lua e as estrelas iluminavam, à medida que os minutos foram passando e o dia vencendo a noite, começámos a ver a plenitude do local. E o mesmo era belo! Muito belo! A cratera, com os seu fumos que corriam no céu azul e se fundiam com algumas das nuvens existentes, as nuvens cheias de cor e densidade – existia uma que se assemelhava a uma explosão atómica, tal a sua densidade – o sol a despontar e banhar a face nascente (onde nos encontrávamos) de dourado, e com isso o castanho e o negro das rochas destacaram-se, os verdes nos vales em nosso redor, a grandiosidade da montanha Merbabu, à nossa frente! Espetacular! E tal como no Rinjani, fiquei com a certeza que adoro vulcões e as suas belas paisagens naturais. 😀

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No caminho de regresso, pude ver e sentir melhor a monumentalidade, a grandiosidade do Merapi, sentindo-me minúsculo e “deliciando-me” com a riqueza e beleza natural da paisagem: o vulcão, as árvores e a vegetação, o céu azul, as nuvens, os vales… A descida foi feita pé ante pé, pois a mesma era bastante escorregadia (terreno meio argiloso) e com pedras pequenas e roladas. Quando chegámos à base, reencontrei o Zhang – que mesmo sem ter chegado ao cume estava esgotado – e juntos tomámos o pequeno almoço, antes de arrancarmos de regresso a Yogyakarta. Depois do desafio físico da subida e da beleza do que observei, fiquei com a certeza que o regresso, valeu realmente a pena! À segunda tentativa, desta feita na face certa, o vulcão Merapi estava conquistado! 😀

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Tanjung Puting. No Reino dos Orangotangos

Ato IV – Despedidas e o Campo 2

No nosso último dia, no interior do parque natural de Tanjung Puting, voltei a acordar cedíssimo e a ver o nascer do dia. Depois do pequeno almoço fui até à proa tirar fotografias: as margens, a vegetação, os barcos, a água, os reflexos, os macacos, os tucanos, os kingfish e outras espécies de pássaros e um crocodilo bebé! 🙂

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Às 8.40 já estávamos no Campo 2 e passados quinze minutos na zona da plataforma. Neste dia tivemos muita sorte, pois vimos muita ação e interação! 😀 Um macho com vinte anos, bastante corpulento e com a cara mais gorda e chapada – efeito da testosterona nos machos dominantes; uma fêmea acompanhada da sua cria (já maiorzita) e o seu comportamento para afastar o grande macho da comida  – partir galhos e atirá-los, fazer barulho, mostrar-se “furiosa”; o transporte do leite para o topo de uma árvore – tentativa de dar de beber à cria); e finalmente um segundo macho também apareceu na plataforma. Depois de tanta ação, entrámos na floresta para continuar a seguir esta “algazarra”, um ambiente tal como dia anterior, totalmente National Geographic. 😀

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Voltámos a embarcar e partimos de regresso a Kumai, mas antes arrumei a mala, fiz um backup de todas as fotografias, falei mais um bocado com o Mr. Uzo e com Andreas (que estava de partida para Banjarmasin), almoçámos e antes de nos despedirmos daquela super tripulação, retribuímos o excelente serviço prestado com uma gorjeta geral. 🙂

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Já na vila/cidade, falei com o dono da agência de viagens (CV. Satria Majid Tour: +62 0532 61740) e transmiti-lhe a minha opinião acerca do tour (empregados super competentes, profissionais e que o serviço proporcionado tinha sido de excelência -apesar de não ter apreciado da maneira como começaram as nossas “negociações” – no final o serviço foi perfeito! 😀 ); paguei o voo que eles me marcaram -para o dia seguinte; liguei para a guesthouse de Jakarta (onde já tinha ficado); estive a repousar num quarto (que me arranjaram de borla) e combinei com o Mr. Ani as horas de regresso ao aeroporto de Pangkalanbun.

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Epílogo

No dia seguinte, bem cedo, estava a voar de regresso à ilha de Java de coração e alma cheios. Sei que Tanjung Puting, o reino dos orangotangos foi uma experiência única e singular, o meu final perfeito para o Bornéu! 😀 Na despedida de Kalimantan fiquei com a certeza, que esta ilha é de facto um local mágico e selvagem, com zonas bastante remotas e de acesso complicado. Mas, mais do que isso, para além dos extraordinários locais por onde passei, levo comigo no coração e na memória, todas as pessoas que partilharam o seu tempo comigo, principalmente o Supriadi em Singkawang e o Doni em Lanjak e Sintang. Até um dia, meus amigos! 😀

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Tanjung Puting. No Reino dos Orangotangos

Ato III – No Meio do Reino e o Rei de Camp Leakey

Às 5.30 já estava acordado, depois de dormir poucas horas mas bem “ferradas”! E tive a oportunidade de ver o dia a clarear, a neblina matinal, o céu prateado. O pequeno almoço iniciou-se à mesa e terminou na proa, em observações zoológicas. No caminho para o campo Leakey (o local de observação de orangotangos mais interior de todo o parque natural), como “prometido” fomos encontrando bastantes espécies de pássaros e alguns macacos, e vimos a água do rio a transitar de uma cor castanha e barrenta para o negro, como se tratasse do sangue da Terra. Este fenómeno ocorre, devido às raízes das árvores e à ausência total de poluição, e este é um dos dois únicos locais do mundo, onde ocorre.

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Por volta das 9.00 já estávamos no nosso destino e durante duas horas andámos pela floresta tropical e vimos insectos, fungos e cogumelos (azuis, branco e castanhos), uma vegetação luxuriante, troncos caídos, plantas carnívoras, zonas em que a floresta desaparecia e apenas se viam fetos! E quase, quase no final da caminhada mesmo à nossa frente e a poucos passos, uma mamã orangotango com a sua pequena cria! 😀 Espetacular! Um verdadeiro momento National Geographic! E senti que ter a oportunidade de ver estes animais, no seu habitat é de facto uma experiência única.

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Por volta das 11.30 estávamos de regresso ao barco e a deliciar-nos com o almoço. Depois de mais uns momentos de conversa com o nosso guia voltámos a partir para Camp Leakey, desta feita rumo à plataforma onde alimentam os orangotangos. Mas antes, fomos recebidos por macacos de cauda longa, estivemos no centro de visitantes, vimos uma fêmea orangotango a repousar e percorremos mais um trilho alternativo. Quando chegámos à zona da plataforma, a área envolvente já estava semi preenchida com turistas e passados poucos segundos pude observar o meu primeiro gibão! 😀 (cara cómica; corpo desproporcionado – braços muito longos; veloz como uma bala) e esse foi o único primata que vimos no local. Enquanto esperávamos, o céu foi ficando carregado, carregado e passado uns minutos começou a chover. Toda a gente partiu, mas nós ficámos e nessa altura fui até à plataforma comer uma banana e declarar-me “rei” de Camp Leakey  uma vez que o meu “oponente” não apareceu! 😛

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Depois de breves instantes, estávamos a reentrar novamente na selva, com o nosso guia mas o passeio foi curto. Já no caminho de regresso e do nada, surgiu-nos Oscar – um jovem orangotango  mesmo à frente! E mesmo com o guia a dizer que o seu tamanho era médio, deu para ver o seu porte poderoso e sentir a sua presença! 🙂 Já nas imediações do centro de informação, vimos desta feita uma jovem fêmea. No cais, embarcámos e partimos para Panduk Ambung, onde esperámos que ficasse de noite. Aí, durante quarenta e cinco minutos fizemos a nossa caminhada noturna, encontrando: um kingfish (pássaro), tarântulas, centopeias, insectos estranhos, um ninho vazio e vimos a luz de múltiplos relâmpagos, fazendo figas para não começar a chover.

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Tal como no dia anterior jantámos bastante cedo e depois do meu primeiro banho em três dias, ficámos a falar com o nosso guia, antes de irmos dormir. Quando me deitei, voltei a ficar fascinado ao ouvir o som da selva… 😀

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 P.S. – Em ambos os dias fui sempre mordido por uma formiga do fogo! Aiiiiiiiiiiii! 😛    
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Tanjung Puting. No Reino dos Orangotangos 

Ato II – Partida para o Reino e o Campo 1

O barco onde “aterrei” juntamente com o Andreas era grande, espaçoso e tinha dois andares, para além disso, tinha uma WC com chuveiro e duas zonas para observação de animais (uma na proa e outra na popa). Logo no início da travessia, percebi que de facto era necessário um barco para visitar o parque natural, pois de Kamui até entrarmos na área oficial do parque, necessitámos de hora e meia e até chegarmos ao campo 1, duas horas.

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Durante a viagem, vimos palmeira e outros tipos de vegetação semi submersa, pequenos barcos de transporte de mercadorias, de pescadores, barcos turísticos de médio porte (como o nosso), muitas espécies de pássaros, alguns macacos probuscius e dois orangotangos muito disfarçados no meio da folhagem 🙂 ; recebemos um briefing do nosso guia (Mr. Supian Hadi, ou simplificando Mr. Uzo) e ficámos a perceber o plano de “festas” para os próximos dias; deliciámo-nos ao almoço (arroz + tempe + vegetais + peixe); e comecei a perceber que o dinheiro investido iria trazer bastantes regalias! 😀 (tripulação: mecânico, capitão, cozinheira e guia).

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Quando chegámos ao campo 1, Uzo levou-nos por um trilho alternativo até à plataforma dos orangotangos e durante o mesmo, deu para ver ninhos de orangotango (frescos e mais antigos), insectos e um pouco de selva. Quando desembocámos na zona da plataforma, havia uma fêmea a comer, de costas para os turistas e cerca de duas dezenas de pessoas a observar. Comparando este local, com Sepilok (Sabah, Bornéu Malaio) nunca tinha estado tão próximo como aqui (existe uma área delimitada, mas muito mais próxima) e visto uma fêmea tão grande. 🙂 Depois dela desaparecer, vimos mais um ou dois vultos nas árvores (mas bastante afastados) e um pequeno esquilo muito engraçado. Antes de voltarmos ao barco, ainda demos um pequeno passeio na selva com o nosso guia e deu para ver árvores espinhosas, fungos, insectos e muita vegetação.

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Já de regresso ao barco e até atracarmos, fomos percorrendo o rio e vendo muitas espécies de macacos: cauda longa, probuscius (principalmente), folha prateada, e os reflexos das árvores e das nuvens no rio enquanto o dia caminhava para o seu ómega. Antes de jantar, puseram uma grande rede mosquiteira branca a proteger os nossos fantásticos colchões! 😉 e o jantar, à semelhança do almoço, voltou a ser à grande: camarões panados, Mie Goreng (massa frita), vegetais, arroz, tudo isto à luz das velas! 🙂 Depois de jantar descemos ao “piso térreo”, onde dentro do barco (altura muito baixa, tínhamos de andar de cócoras) estivemos a falar com o nosso guia e com o capitão do barco até às 22.00, hora em que todos foram dormir, bem quase todos… 🙂 uma vez que, fiquei acordado a fazer um backup de fotografias… a ouvir o barulho dos insectos, da selva, a ver as estrelas e a pensar que a “aposta” de ficar, tinha sido totalmente acertada! A verdade é que nesta vida, há experiências únicas que valem mesmo o investimento! 😀

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Tanjung Puting. No Reino dos Orangotangos

Ato I – Impacto na Chegada!

A viagem aérea foi curta, enevoada e pouco interessante. Na chegada a Pangkalabun estive à espera da bagagem durante quinze minutos e nessa altura aproveitei para perguntar o preço de alguns pacotes turísticos (5.000.000 IDR! Aproximadamente 320€ :/ ). No mesmo instante, um rapaz ocidental cheio de tatuagens veio ter comigo perguntar se queria juntar-me a ele num tour, pois desse modo seria mais barato, mas como me vinham buscar ao aeroporto, respondi-lhe que não podia ir com ele.

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Na saída do aeroporto, conheci o Mr. Ani e um colega seu, e numa carrinha do parque natural fui à boleia até à vila/cidade de Kumai, já nas imediações do parque de Tanjung Puting, ficando a saber durante a viagem, o valor do guia (mandatório) e dos spedboat. Na chegada ao edifício do parque, estava à minha espera uma mulher de vestido azul forte com quem comecei a falar. Ela apresentou-se como não fazendo parte de nenhuma agência de viagens (percebi imediatamente que essa informação era MENTIRA!) e começou a escrever num papel uma lista de itens: barco + taxas + guia + entrada + comida + … = 5.000.000 IDR (4dias/3noites) ou alternativamente  4.000.000 IDR (3dias/2noites)! Olhei para o preço, disse que era demasiado caro, que não estava interessado e que apenas queria contratar um guia para um ou dois dias. Ela respondeu-me que o parque natural apenas podia ser visitado com um barco. Nessa altura, em que me comecei a sentir como um animal encurralado e conduzido a uma armadilha, liguei ao Doni bastante zangado e irritado. Na chamada, tentei explicar-lhe o que se estava a passar e disse-lhe para conversar diretamente com minha “carrasca”, passado dois ou três minutos ela voltou a passar-me o telefone e o Doni disse que estava tudo incluído, etc… Quando desliguei senti-me injustiçado e completamente encurralado. De cabeça perdida e farto daquela “macacada”, decidi partir para Jakarta! Pedi então ao Mr. Ani para me levar de volta ao aeroporto.

Já na rua, antes de entrar na carrinha, comecei a pensar que já tinha gasto um milhão de rupias para ali chegar e que iria sair dali, sem ver absolutamente nada! Achei que tal era estúpido e acalmei-me um pouco (senti que tinha à frente um copo de veneno, agora “só” faltava beber!). Voltei ao balcão, recomecei a falar com a minha “amiga”, e nesse momento ela informou-me que havia outro turista para fazer o tour, que se quisesse me podia juntar a ele e desse modo o preço do pacote 3dias/2noites seria 2.350.000 IDR – valor “ligeiramente” inferior, não!? – sem olhá-la nos olhos, retorqui secamente: “2.000.000 IDR!” Ela disse que tinha de ligar ao marido e passado um minuto estava a confirmar que o preço podia ser esse, mas pediu para não falar disso com o outro turista, uma vez que estaria a arranjar-lhes problemas. Disse-lhe então que podia ficar descansada e que apesar de não gostar da situação, manteria a minha palavra. Entreguei-lhe então os famosos milhões e o passaporte, para ela formalizar os papéis do negócio.

Já com a burocracia tratada, partimos para o hotel da agência que ficava logo nas imediações do parque. No hall de entrada, sentei-me e pus o telemóvel a carregar, enquanto aguardava para partir. Durante uma hora e tal fui aguardando, até que finalmente o outro turista – Andreas –  apareceu, sendo esse momento caricato, uma vez que era o mesmo rapaz que tinha falado comigo no aeroporto. Já na companhia do nosso guia, partimos finalmente na direção do nosso barco que estava no cais. A  verdadeira aventura, estava prestes a começar! 😀

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Lanjak & Danau Sentarum. Sob o Signo da Vida Feliz

Em Lanjak fiquei alojado na companhia de Doni e de Yuda (o seu braço direito), numa casa do parque natural e durante aqueles dias, o denominador comum foi a boa disposição. 😀

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No primeiro dia, fui na companhia de Doni até à aldeia de Souah, onde visitámos uns amigos seus no meio de um arrozal. Aí, para além de conversarmos com as pessoas, tirei vários retratos e comi um babi (porco selvagem) delicioso, confeccionado de duas maneiras distintas – o primeiro tinha sido grelhado nas brasas, o segundo foi cozinhado em lume brando dentro de um tubo de bambo, com ervas (a carne era tenra, ligeiramente salgada e temperada) – Ponsoh. No regresso à vila, acabámos de organizar toda a logística necessária para o término do torneio de futebol organizado pelo parque natural do Danau Sentarum e assistimos à grande final, onde a equipa de Putussibau acabou por se sagrar campeã (3-1 contra a equipa da casa). Este primeiro dia, terminou com uma festa noturna no arrozal, bem regada com o tradicional tuak (vinho de arroz) e comigo a conduzir a carrinha no regresso! 😉

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No segundo dia, tive a minha primeira incursão no Danau (lago) Sentarum e esta foi uma experiência única, uma vez que nunca tinha andando de mota dentro de um lago! A vastidão da paisagem era surreal e assombrosa, parecia que estava num deserto de lama. Na companhia de Safary (um dos trabalhadores do parque) fiz motocross com uma moto de estrada, aliás, ao longo do dia fomos fazendo patinagem na lama. 😛 A caminho do topo de uma das colinas, da ilha de Semitau e de repente, o corpo da minha máquina avariou (recordei-me imediatamente de Mulu e da montanha Ramelau), mas felizmente desta vez, pude utilizar o corpo da máquina do parque natural! 🙂 Daí pude observar uma panorâmica do lago: as rochas, as zonas secas, as “ilhas” de árvores e fiquei estupefacto por o lago em plena época das chuvas, estar tão seco!! (Ainda dizem que não há aquecimento global!? :/ ). Antes de regressarmos a Lanjak, fizemos uma visita a uma vila piscatória, onde as casas estão construídas sobre estruturas de madeira, ou chegam a ser casas flutuantes (como se de barcas se tratassem), atravessámos riachos barrentos, vimos peixes a secar, outros mortos em decomposição e nativos a pescar… este dia tão perfeito, acabou quando conheci e tive a oportunidade de ter Oscar ao colo, um orangotango bebé de nove meses ainda muito frágil e delicado.

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Sábado foi muito semelhante ao dia anterior, porém desta feita, eu e o Safary fomos mesmo montados numa mota de cross. Neste dia, em que a paisagem estava mais realçada fruto do céu azul, conseguimos chegar à ilha de Malaiu (na primeiro dia, bem tentámos, mas foi de todo impossível lá chegar, tal a quantidade de lama existente) mas para isso, tive que desmontar da mota vários vezes. Nesses momentos, em que andava a pé descalço na lama mole e quente (por vezes enterrado até aos joelhos), senti-me bem… senti-me feliz e livre! Estava fascinado com aquela paisagem, com aquele enoooooooooooooooooorme lago sazonal, situado no coração do Bornéu. 😀 Da ilha, seguimos e visitámos a enorme aldeia piscatória de Selimbau/Labaoyan, onde acabei por ter a oportunidade de observar o dia-a-dia dos nativos e aí acabámos por almoçar. Quando cheguei a Lanjak, parecia um bonequinho de lama! 😛 Mas este dia só acabou depois de uma festa, onde houve um gigante peixe grelhado, karaoke, tudo regado com cerveja, animação, cantorias, cigarros e boa disposição.

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No Domingo, regressei a Sintang, na companhia de Doni, esse mágico da vida 😀 e de Yuda, mas antes de partirmos não nos livrámos de um susto, pois deflagrou um incêndio nas imediações do parque natural e só partimos depois da situação estar controlada (o Doni, apesar de muito brincalhão é um funcionário profissional, diligente e preocupado). Depois do fogo da manhã e ironicamente, na viagem de regresso (passada a dormitar, a falar e a ser massacrado pela estrada) apanhámos uma grande tempestade tropical, que nos atrasou (chegámos ao nosso destino por volta das 3.00). Deste modo, o dia da partida do coração do Bornéu ficou marcado pelos elementos. Pelo signo do fogo e da água.

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Crónicas Fotografia

A Face Errada do Merapi

Já depois do espetáculo, regressei ao hostel onde na zona do átrio, encontrei um grupo de australianos que iam tentar subir o vulcão Merapi nessa noite e ao falar com eles, decidi acompanhá-los. Assim, preparei uma pequena mochila para levar e sem dormir, aguardei pela hora da partida. Por volta da 1.00, tentámos arranjar um meio de transporte para a base do vulcão, mas não encontrámos nenhum táxi, carrinha ou carro, até que passados vinte-trinta minutos, apanhámos uma boleia negociada com dois miúdos, que não falavam inglês e que pareciam um “pouco alterados” (pelo menos uma garrafa de vodka estava no carro). 😛

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Começámos a nossa ascensão por volta das 3.00 e com as nossas lanternas fomos iluminando o caminho. Este, seguia pelo meio de vegetação densa e era íngreme, mas ao mesmo tempo claro e não dava azo a grandes dúvidas. Andando fomos encontrando pistas (construção humana) que nos levaram a crer que estávamos no bom caminho, principalmente duas zonas com pórtico e o dia foi clareando. Todos estávamos otimistas que chegaríamos ao topo! Por volta das seis e pouco já estávamos bastante alto, vendo à nossa frente o cume do vulcão e atrás de nós verdes montes e vales. Entretanto o caminho mudou, saímos da vegetação densa para uma zona de areia negra e pesada, onde o trilho estreitava e depois encontrámos faces verticais de rocha e areia compacta.

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No início fomos trepando/escalando sem grandes dificuldades, porém passado uma hora e já tendo subido um grande bocado, as faces começaram a ficar demasiado íngremes, instáveis (os pontos de apoio quebravam-se e desfaziam-se sem aviso) e a cota demasiado elevada. Comecei a ficar com medo e transmiti isso aos meus companheiros de ascensão, que me começaram a ajudar nalgumas partes. Durante mais meia hora fomos subindo, eu já mais relaxado pois sentia o apoio dos meus “companheiros de armas”, mas depois de atingirmos uma plataforma mais larga, parámos e ai ficámos a “discutir” sobre as nossas opções. Após um debate de dez minutos, optámos em voltar para trás com extremo cuidado! Pois se subir, já tinha sido complicado, a descida requeria concentração absoluta, a fim de evitar uma queda e consequente quebra de alguns ossinhos.

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Como as botas não ajudavam nada (a rigidez da sola era demasiado elevada), descalcei-me e aos poucos e poucos fomos descendo aquela parede de rocha e areia. Tudo correu muito bem, exceto um corte que fiz num dedo quando bati numa rocha mais afiada. Da base da parede, continuámos a descida e só quando olhei para trás, tive uma pequena noção onde tinha estado! Uma semi-loucura, que correu bem! E por isso entrou para o capítulo das aventuras, sem mazelas de maior (pequenas escoriações, esfoladelas e arranhadelas). Quando voltámos à zona da vegetação densa, tive a certeza que a parte mais difícil estava feita e que a partir daí apenas tinha de andar com alguma atenção, até chegar à base do vulcão. Da noite, passámos para um amanhecer suave, posteriormente para sol e céu azul e foi com um tempo radioso, que atingimos a base do todo poderoso Merapi, cansados mas felizes. Apesar de não termos atingido o topo, não havia ninguém desiludido com a experiência “maluca” que acabáramos de ter. 🙂

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Já na estrada de alcatrão fomos andando até à aldeia e durante esse período tentei entrar em contacto com os nossos “jarbas” (da noite anterior). Porém, passadas três horas de espera e de algumas sms´s trocadas desistimos, começando a andar na direção de Yogyakarta e pedindo boleia sempre que passava um carro por nós. A verdade é que tivemos sorte, pois apanhámos boleia de umas norueguesas e da sua guia. Com elas seguimos até Yogyakarta, onde almoçámos às cinco da tarde e depois do repasto, fomos deixados no hostel. Um final perfeito, para a tentativa de escalar o vulcão Merapi pela face errada! 😛

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Rei do Ilhéu

A chegada à praia de Valu revelou-me uma praia de areia branca semi-deserta, um mar de múltiplos azuis e a visão do verde e esticadinho ilhéu de Jaco. Porém, apenas depois de tratar das questões práticas – arranjar poiso para dormir, local para comer e transporte para o ilhéu – é que consegui finalmente relaxar. Nessa altura estava contente, porque para além de ter conseguido encontrar as opções mais económicas, acabei por distribuir de forma bastante equitativa o dinheiro pelos intervenientes locais – o que é sempre benéfico. 🙂

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Acampado nas imediações da praia, fruto da escuridão reinante, vi um mágico céu hiper/mega estrelado e no dia seguinte bem cedo, depois de ver nascer o dia, de tomar um saboroso pequeno-almoço, dirigi-me ao local de embarque como previamente combinado, com um dos pescadores – porém e como o meu “barqueiro” não apareceu tive de acertar a travessia com outro. Na curta distância que separa o “continente”, de Jaco conseguimos ver simpáticos golfinhos e no desembarque combinámos o horário de regresso – Jaco é considerado, uma reserva natural e um ilhéu sagrado e como tal passar a noite no mesmo é proibido.

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Depois de me despedir, a primeira visão que tive foi MÁGICA! 😀 Virado de frente para a costa este de Timor Leste, vi montanhas a sul, a linha do horizonte coberta de verde – um oceano de árvores e vegetação em todas as direções -, um mar de infinitos azuis, verdes – lindo, lindo, lindo! – e tive contacto com uma areia branca finíssima que em alguns locais parecia pó – nesta altura lembrei-me de Maya beach na Tailândia e do tour que fizera há uns meses nas ilhas Phi Phi. Estava num local de beleza natural virgem e um deserto absoluto! Cheirava a mar… era a única pessoa na ilha… o rei do ilhéu! 😀

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Durante uma hora e tal percorri parte do ilhéu à beira mar – devido à existência de algumas paredes de rocha, não foi possível percorrer todo o seu perímetro e como estava sozinho, fui aconselhado previamente pelos nativos a não penetrar no interior da ilha -, tirei fotografias àquela paisagem de sonho, aos cómicos caranguejos e senti paz, serenidade, alegria e que estava a andar para o “fim do mundo”. O local era de facto único e singular e para além do som do mar, o som do vento a passar nos pinheiros era uma constante e fazia parte da ilha e da sua identidade.

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Em Jaco acompanhado dos elementos e dos animais – águias, andorinhas, caranguejos, moscas, formigas, abelhas, peixinhos – atualizei o caderno, continuei a ler Bukowski – “(…) an intelectual is a man who says a simple thing in a dificult way, an artist is a man who says a difficult thing in a simple way.” -, tomei banhos de sol e mar, estive deitado a dormitar, a sonhar e a fruir o local. Nessa altura tomei a resolução de não querer passar mais dias no ilhéu, para não partir totalmente “cheio” e desse modo guardá-lo de forma mais cuidada e carinhosa, no meu coração e senti-me um privilegiado por aí estar.

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Na hora do almoço, cheguei a pensar se o pescador se teria esquecido de mim e pensei que ficar no ilhéu só com água e bolachas, apesar do local ser um paraíso não teria muita graça… e a verdade é que o almoço chegou via marítima – um peixe inteiro, grelhado apenas com sal. A deliciosa simplicidade, servida numa praia de uma beleza comovente! 😀

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Ao longo do dia, existiram muitas variações da forma e cor das nuvens – escuras e claras – e desse modo ver as transições de luz foi um dos meus “desportos” favoritos; andei e tomei banho nu e fiquei na dúvida se algum dia estaria noutra praia/ilha assim! Também pensei que este local, seria com quase toda a certeza, o meu extremo Oriental da viagem e o mais afastado de Portugal – diga-se em abono da verdade, que independentemente de ser ou não o extremo oriental, Jaco seria sempre um digníssimo marco da viagem.

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O meu dia no paraíso, terminou quando o sorridente pescador me veio buscar e o céu estava coroado com nuvens muito densas de prata – chuva – a sul e nuvens brancas – tipo algodão doce – a norte. Eu mantive-me no meio e a partir do caminho da virtude, vi todas as metamorfoses dos elementos de Timor Leste e na despedida a natureza presenteou-me com as dádivas e visões dos Deuses e da sagrada ilha de Jaco.