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Taman Negara? Selva Antiga!

Taman Negara é o maior e o mais importante parque natural de toda a Malásia, pois é aqui que se localiza a floresta primária – selva – mais antiga de todo o planeta!! Uma vez que o degelo que há milénios “tocou” quase todas as áreas do globo não atingiu esta zona. Quando cheguei a Kuala Tahan, não tinha nenhum plano específico para visitar o parque natural, mas como conheci um nativo que me “ofereceu” um bom preço para um trekking de três dias e duas noites na selva com tudo incluído, acabei por aceitar a sua “oferta”. Depois de dormir uma noite num hostel barato nas imediações do parque, fui levado até à casa do meu guia e aí conheci os meus companheiros de jornada – dois rapazes austríacos e um rapaz chinês – e preparei uma mochila, com alguma roupa, um saco de cama, uma esteira e alguns mantimentos. A bordo de um barquito de madeira, atravessámos o rio e fomos até ao HQ fazer o controlo mais ridículo que alguma vez vi na vida, uma vez que tivemos de contar quantos plásticos, baterias, etc… cada um de nós possuía antes de entrar na área do parque – o controlo até poderia ter alguma lógica se fosse efetuado na entrada e na saída, mas como estamos na Ásia, obviamente isso não veio a acontecer! :/

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Terminado o “controlo”, seguimos rio acima até chegarmos à zona da canopy, onde a 45 metros do solo pudemos observar a verde e pernaltuda floresta em redor. Finalizado o emocionante passeio nas alturas, voltámos a embarcar e durante duas horas continuámos até Kuala Trenggan, sendo a travessia de tal modo agradável – permitindo-me observar pequenos mamíferos e enormes e exóticas árvores – que senti um imenso prazer a viajar – “como é possível que viajar não seja das melhores coisas/experiências desta vida?” Antes de penetrarmos na selva e começarmos realmente o trekking, parámos para almoçar.

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O trekking levou-nos para o reino da humidade elevadíssima, das sanguessugas, do suor abundante, da lama, dos riachos e das travessias em estreitas pontes, da clorofila, das árvores milenares, das serpentes venenosas, das rochas estranhas e belas, da selva antiga e primitiva de Taman Negara! 😀 Durante a tarde percorremos em ritmo elevado um trilho de oito quilómetros, colina abaixo, colina acima, atravessando cursos de água, saltando por cima de grandes troncos que bloqueavam o caminho, acompanhados de uma chuva intermitente, penetrando cada vez mais profundamente na selva, até chegarmos ao nosso destino, a caverna de Kepayang Besar. Nessa enoooooorme caverna absolutamente deserta, pernoitámos e foi aí que tive uma das noites mais primitivas e memoráveis de toda a viagem – os morcegos, as sombras projetadas nas paredes da caverna, a fogueira, a comida, a partilha durante o serão, o ambiente íntimo e a solidão de estarmos sós naquele pedaço de selva! 😀

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No segundo dia, acordámos bastante cedo e depois de arrumarmos tudo e tomarmos o pequeno-almoço, seguimos até uma pequena caverna, que existia nas imediações para observar centenas de morcegos. 🙂 Durante a manhã a aventura continuou: maissanguessugas, mais leitos de rio – naquela altura sem água, mas lamacentos e escorregadios – partes de selva muito densa, atravessamentos de riachos com a ajuda de cordas e pontes improvisadas, mais humidade e transpiração, já falei das sanguessugas!? 😛 Mais selva! Depois daquela manhã em alta-rotação, a tarde passou-se tranquilamente na companhia de uma tribo onde pudemos observar, casebres de madeira e palha e nativos com características africanas!? – pele escuríssima, cabelo negro e encarapinhado – e fiquei admiradíssimo, pois foi a primeira vez que vi alguém naÁsia com aquelas características físicas. Nas imediações da aldeia, tomei banho num rio completamente lamacento e ao submergir nas suas águas, senti-me estranho, uma vez que não conseguia ver NADA!

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No terceiro e último dia a viagem foi tranquila e serena, pois o regresso a Kuala Tahan foi novamente realizado no barquito de madeira. Já na vila, arrumei as mochilas e depois de um almoço simples apanhei um autocarro praticamente deserto para regressar a Jerantut. Obrigado Taman Negara! Deixaste-me o coração cheio e o corpo com menos uns mililitros de sangue. 😉

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P.S. – Para chegar ao parque nacional de Taman Negara não há um caminho direto e por essa razão a viagem foi feita em alguns passos. A primeira parte da viagem ligou Tanah Rata  ainda nas terras altas – a Jerantut e a mesma foi feita numa mini-van. Na chegada a Jerantut fui deixado na agência de viagens NKS, que parecia ter o monopólio de toda a região e aí aguardei durante algumas horas – durante esse tempo percebi que havia outras alternativas ao barco que acabei por apanhar, o único problema foi que o pacote vendido em todas as agências de viagens nas Terras Altas não oferecia alternativas ao mesmo. :/ Passado esse tempo fiz uma curtíssima viagem – novamente de mini-van – até ao jetty de Kuala Tembelling e aí apanhei um barco que me levou rio acima, durante três horas até Kuala Tahan, uma pequena vila colada à entrada do parque natural. A verdade é que a viagem no rio foi bastante agradável – sol, chuva torrencial, suave neblina na floresta… observei búfalos, macacos e aves e apreciei a paisagem envolvente do rio e da floresta. Deste modo não posso considerar a compra forçada, como grave! A única questão que se levanta, é o mau princípio que esta situação cria e que impossibilita as pessoas de escolherem livremente que tipo de viagem pretendem – barco ou autocarro.

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Crónicas

Trilhos de Bako

Para chegar ao parque nacional de Bako, primeiro apanhei um autocarro local para um cais que fica nos arredores de Kuching e seguidamente um barco que seguiu primeiro num rio de águas barrentas e depois no oceano. A viagem durou aproximadamente meia hora e na chegada à praia de Tanjung – local do HQ – vi uma paisagem dramática e surreal de árvores já secas e mortas, mas com a água do mar a submergir grande parte dos seus troncos… Belo! Trágico! Inesquecível! 😀 

Nos dois dias que estive no parque, maravilhei-me com o meu último pedaço de selva do Bornéu e todas as caminhadas que fiz nos múltiplos trilhos mostraram-me diferentes faces da ilha. 🙂 Aliás, em Bako foi fascinante observar como num espaço tão curto, existem tantas variações de paisagem, tanto em termos de vegetação, como de geologia! Na ilha existem florestas tropicais, manguezais, locais que se assemelham a florestas mediterrânicas! Praias desertas e selvagens – Paku, Tajor, Besar e mais bonita de todas, Kecil; enseadas, baías, falésias de rocha negra, formações rochosas que brotam do mar, rochas areníticas: castanhas, cinzentas, brancas, bordôs. 😀

Para além da fantástica paisagem vi muitos tipos diferentes de animais:  macacos – silver leaf, proboscis – a menos de um metro de distância 🙂 , cauda longa; porcos selvagens mas inofensivos; serpentes – uma verde, uma castanha e pequena e outra negra e amarela; pássaros – King Fish; escorpiões; aranhas, peixes; e um sapo minúsculo, mas altamente venenoso; e ao final de cada dia falei com diferentes pessoas, sobre diferentes assuntos. Dias de Bako? Dias muito felizes! 😀


P.S. – O único senão na experiência da ilha de Bako, foi observar a “marosca” legal na venda de bilhetes para o barco, uma vez que no cais somos “forçados” a comprar bilhetes de ida e volta! :/ O ideal mesmo é embarcar com pessoas que voltem no mesmo dia, para se poder dividir a despesa.

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Mulu. Back to the Primitive

Ato II – Viagem Espiritual ao Coração de Mulu

A visita guiada começou pontualmente às 14.00 e no início andámos durante aproximadamente uma hora até às imediações das cavernas: Lang e Veado (“Deer”). Durante esse tempo, atravessámos um passadiço de madeira e pudemos ver alguma fauna (insetos: borboletas, uns que pareciam pequenos galhos, libelinhas (verdes) e outros não identificados; lagartos e um camaleão); flora (flores, incontáveis tipos de árvores, vegetação e fungos) e a mescla entre a vegetação e a rocha (sendo este o príncipio que está na génese dos Pináculos). 🙂

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Mas mais importante do que tudo isso, foi ouvir a nossa guia falar da floresta como um ser vivo, sagrado e energético onde tudo está interligado existindo uma teia de ligações e dependências entre todos os seres que a habitam. Foi muito especial ser guiado floresta adentro por esta pessoa e o meu sentimento geral é que estava a penetrar no coração e na alma de Mulu, acompanhado de uma guru espiritual! Fascinante! 😀

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A primeira caverna que visitámos foi a Lang e aqui estivemos cerca de meia hora. Apesar de na mesma existirem formações geológicas magníficas, não senti que estava num local verdadeiramente especial, uma vez que no Laos em redor de Vang Vieng já tinha visto muitas formações deste género. Quando saímos desta gruta, dirigimos os nossos passos para a caverna do Veado (que tem a maior passagem do mundo) e à medida que íamos penetrando, fui ficando siderado com a sua monumentalidade. A paisagem era esmagadora e eu senti-me uma pequena partícula no meio da mesma. Ao continuar a andar fui sentindo que estava a entrar num mundo perdido e completamente primitivo e se por acaso nesse momento visse um dinossauro a passar-me à frente do nariz, podia acreditar que o mesmo era real e que não era fruto da minha imaginação ou uma alucinação! 😀

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Quanto mais nos embrenhávamos na caverna, mais o ar se ia tornando pesado, fruto do cheiro criado pelas fezes dos milhões de morcegos que a habitam e a paisagem era surreal, pois para além de sentir que estava a penetrar num espaço cada vez maior, mais amplo e profundo, o cenário à nossa volta era desértico fruto das rochas que se fundiam com as fezes. A certa altura do percurso a nossa guia parou e convidou-nos a olhar para trás, para cumprimentarmos o Presidente Lincoln, pois na entrada/saída da caverna via-se na perfeição o perfil do mesmo. A natureza é realmente uma criadora inesgotável! 😀 O mundo à nossa volta ia-se tornando uma massa de escuridão e trevas e a única coisa que descortinava era o trilho marcado com discretas luzes de presença. Até que chegámos a um miradouro onde vislumbrámos a outra entrada da caverna, que marcava o início do “Garden of Eden Valley” e neste ponto fizemos inversão de marcha e voltámos para trás pelo mesmo caminho.

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Esta caverna magnífica, sedutora e exótica, esmagou-me, triturou-me, deixou-me boquiaberto e transportou-me para uma realidade natural, pura e primitiva! Quando saí da mesma estava maravilhado e pensei que mesmo que não visse mais nada, a viagem para Mulu já tinha valido a pena e se tivesse de regressar à “civilização” naquele instante, o faria de coração e alma cheios 😀 , porém… a história não acaba aqui!

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Depois de abandonar a caverna e já sentado no observatório dos morcegos na companhia de cerca de cinquenta almas, tive a oportunidade, o privilégio e a felicidade de observar um dos mais espetaculares eventos da vida animal que presenciei na vida! 😀 Durante uma hora, vi milhões de morcegos a sair das cavernas para caçarem insetos ao entardecer. Porém, os morcegos não saíram todos em debandada ao mesmo tempo, saíram sucessivamente e à vez, ordenados em nuvens negras de milhares, formando no céu imagens tridimensionais – espirais de morcegos no interior de “serpentes”! ESPETACULAR! E eu regressei já no lusco-fusco à entrada do parque a desejar:  “espero conseguir guardar esta tarde no coração e na memória por muitos, muitos, muitos… anos”. 😀

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Crónicas Fotografia

Criar Mabul´s

Depois de três dias muito intensos de mergulho e de tantas emoções vividas, virei as minhas agulhas para outras prioridades: fazer praia e descansar numa ilha paradisíaca, ao mesmo tempo que atualizava o meu caderno e fruto do acaso a minha escolha acabou por recair na ilha de Mabul.

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Quando inicialmente parti, apenas tinha o palpite que talvez lá ficasse três/quatro dias. Mas exatamente, quantos? Não o sabia. Primeiro, desconhecia a ilha e seguidamente não estava certo do ambiente que ia encontrar no lodge, uma vez que os comentários encontrados na internet eram bastante díspares.

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A realidade é que fruto de algumas circunstâncias, acabei por ficar em Mabul, uma semana! 🙂 A ilha per si não tinha nenhuma praia de sonho, mas tinha habitantes sorridentes e afáveis; crianças aos magotes; grandes lagartos (alguns com cerca de dois metros!), morcegos e até um macaco; águas límpidas, cristalinas e onde se podiam encontrar uma enorme variedade de pequenos e raros seres sub-aquáticos; um sol abrasador que às nove da manhã me punha a destilar sem parar… 😛

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Em Mabul transformei-me em escriba e consegui finalmente atualizar o caderno que estava cerca de um mês atrasado! Fiz pela primeira vez um muck dive e o meu primeiro mergulho noturno, onde entrei nas trevas, no vazio, no vácuo absoluto! Onde só faltava aparecer o Alien! SURREAL! 🙂 Relaxei. Bebi uns copos e fumei uns cigarros. Tive conversas super-interessantes e mentalmente estimulantes. Conheci muitas pessoas e fiz amigos, com especial destaque para o Moo (um nativo que tinha uns calções da nossa seleção), James (inglês e instrutor da escola), Kyle (australiano) e Stefanie e Nicole (duas raparigas suiças).

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Na despedida de Mabul, parti com alguma tristeza. O Moo emocionado chorava sem parar e os abraços dados a quem ficou, foram apertados e sentidos. Em Mabul fui verdadeiramente FELIZ e senti-me verdadeiramente em casa… uma casa que raras vezes tive durante esta viagem. De tal modo que decidi que não quero regressar! E Mabul ficará para sempre no meu imaginário como um local onde se é FELIZ! Mas ao qual é impossível regressar… a única coisa que se pode fazer é continuar a viver, continuar a sonhar… para no futuro criar mais Mabul´s, essa ilha paradisíaca que existe no coração de cada um de nós. 😀

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Sipadan. Paraíso na Terra

O primeiro mergulho em Sipadan – e o quarto do curso – decorreu em Mid Reef e foi o meu mergulho profundo – deep dive. Aí senti a “estupidez” de estar a trinta metros de profundidade e olhar para cima e só ver água e olhar para baixo e ver ainda mais… água! Em Sipadan a parede de coral é ABSURDA e em algumas zonas a sua profundidade, chega aos seiscentos metros! A sensação de flutuar nesse ambiente foi… ESPECTACULAR! 😀

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No segundo mergulho, estivemos no famosíssimo Barrucada Point e assim que começámos a “afundar” entrámos num ENORME turbilhão de peixes: escola gigante de Jack fish, muitos Giant Trevally´s – peixes maiores do que seres humanos – e tubarões de recife pelo meio! FASCINANTE! Parecia que estávamos numa tempestade… 😀 Ainda nesse mergulho, vi incontáveis tartarugas, um peixe escorpião e quando saí do mar estava com um enorme sorriso nos lábios e com a certeza que sentia cada vez mais prazer em mergulhar.

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No último mergulho do dia – Turtle Cave – finalizei o meu AOW com um engraçado mergulho de identificação de peixes, no qual tive de desenhar dentro de água! – Kiri em condições normais já é um “portento” do desenho, estão a visualizar dentro de água, não estão!? 🙂 Mas principalmente entrei pela primeira vez numa caverna subaquática  – apenas vinte metros – e quando nos voltámos para sair, vi a luz a penetrar na entrada, a água de incontáveis verdes azuis a brilhar e a silhueta negra de peixes a nadar em espiral. Lindo… lindo… lindo!

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No terceiro e último dia de mergulhos – segundo dia em Sipadan – o primeiro mergulho decorreu em South Point e aqui vi uma enorme quantidade de tubarões de recife, tartarugas, um éden de corais – luz, cor, vida… e mesmo no final e “às portas” da enorme parede, um TORNADO PERFEITO de barracudas! A cerca de três metros de nós! Se a PERFEIÇÃO existe… este foi um desses momentos! 😀

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No segundo mergulho, a corrente ao longo da parede estava de tal modo intensa que acabámos por fazer dois spots num único mergulho – Hanging Garden e Lobster Lair – e vimos tantas, tantas, tantas tartarugas – algumas bem grandes – que a partir de certo momento desisti de as contar! 😛 E na despedida de Sipadan, mergulhei pela segunda vez em Barracuda Point e incrivelmente foi aqui… que tive o mergulho menos PERFEITO de todos os que fiz na ilha. E atenção porque isto não é uma queixa, é só uma constatação que em Sipadan é quase IMPOSSÍVEL fazer um mau mergulho! 🙂

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No final do dia, tive a oportunidade de falar com a minha irmã via Skype e a experiência de mergulhar em Sipadan foi de tal modo intensa que durante a conversa, uma das coisas que lhe disse foi: “Mana, se por acaso morrer hoje… Morro uma pessoa FELIZ! Não acredito no paraíso divino, mas nestes dois últimos dias, vi o PARAÍSO na Terra!” 😀

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Sepilok. Inchaço, Floresta e Orangotangos

Depois da ascensão da montanha Kinabalu, as pernas ressentiram-se do esforço despendido, principalmente o tornozelo esquerdo que ficou com um inchaço considerável e como tal, antes de partir para Sepilok tive dois dias mais repousados na base da montanha e nas imediações do lodge.

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Durante a semana e como o inchaço não desapareceu com o tempo, os dias em Sepilok ficaram marcados por uma ida ao médico em Sandakan que me revelou que a causa deste inchaço, era um agente externo – possivelmente algum inseto ou bactéria. Por esse motivo, apesar dos dias serem fisicamente mais tranquilos, foram mentalmente mais stressantes, pois tinha um segundo curso de mergulho já marcado em Semporna – nas imediações das ilhas de Sipadan e Mabul – e o médico não me aconselhava a mergulhar, caso o tornozelo não voltasse ao normal. :/

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De qualquer modo e nos quatro dias passados em Sepilok ainda deu para ver nas imediações do lodge uns crocodilos “velhacos” e uma bonita e elegante ave branca; fazer duas visitas ao RDC (Rainforest Discovery Center) onde tive novamente contato com uma floresta tropical e com o seu ambiente verde, quente e extremamente húmido – cheirinho a selva; mas principalmente fazer duas visitas ao centro de proteção dos Orangotangos, onde tive a oportunidade de observar pela primeira vez estes bonitos primatas. 🙂 Neste centro, a maioria são órfãos e como tal, têm de ser ensinados a alimentarem-se e a tornarem-se independentes. O problema é que de todos os primatas, os orangotangos são os mais dependentes da progenitora e como tal o caminho para a completa reabilitação é moroso e exigente.

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Apesar de alguns deles parecerem bastante debilitados, foi bom observar e aprender que estes animais estão a ser tratados com toda a dignidade possível. Mas o melhor de tudo, foi sem dúvida ter a oportunidade de ver as traquinas crias juntamente com as extremosas mães. Comovente… encantador! 🙂 Saí de Sepilok, muito FELIZ e a sentir que estava num sonho. Sonho esse, que tinha o nome… Bornéu! 😀

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Koh Tao e o Mergulho

Depois da “manhã animada“, chegámos finalmente a Koh Tao, a nossa primeira ilha da Tailândia. Na chegada ao quarto, estava um calor dos diabos, o mesmo parecia o Inferno!? Naaaaaaaaa… o Inferno era capaz de ser mais fresco! 😛 O quarto e a guesthouse até eram “porreiritos”, mas este “pequeno“ detalhe estragou o que de bom ambos podiam ter. :/

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Em Koh Tao, encontrámos a nossa primeira praia com areia fininha, água de diferentes azuis – escuro na zona de rochas e corais, e clarinho, quase transparente na zona da areia – e vegetação luxuriante. Até na praia havia árvores e estas não eram apenas coqueiros e palmeiras. 🙂

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Aqui e passados tantos meses, voltei a comer, um pouco de comida ocidental tal a oferta variada e os preços convidativos e principalmente… enquanto a M. aproveitou para relaxar na praia, eu tive a minha primeira experiência subaquática e mergulhei literalmente nas profundezas oceânicas e num mundo totalmente diferente e singular. 🙂

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Na ilha de Koh Tao, tirei um curso de mergulho certificado. Um curso que me permitirá mergulhar em qualquer local do planeta até uma profundidade máxima de vinte metros e vi um mundo rico e variado em seres, cores e acima de tudo muito silencioso e sereno. E na despedida fiquei com a certeza que o “fundo do oceano” é o paraíso, mas que exige muita paz de espírito, respeito e serenidade para que não se torne numa autêntica tormenta. 🙂

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P.S. – Durante os três dias que o curso durou, fiz um mergulho em águas rasas e quatro no oceano e após cada mergulho senti-me mais confortável, menos concentrado na respiração e mais relaxado com o ambiente que me rodeava. E no final, fiquei com a certeza que esta experiência seria para repetir muito mais vezes. A cada mergulho, felicidade em estado puro… 😀

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Khao Yai!? Na Selva!

Ato III – A Cereja

Tiradas umas fotografias e filmado o encontro, seguimos viagem e o trilho continuou sedutor e exótico! Selva! Estávamos na selva! 😀 Era isso que sentíamos e até deu para fazer uma travessia de rio em cima de um tronco, com um auxílio de uma corda. Ao andar, fomo-nos maravilhando com tanta vegetação luxuriante. Espetacular! Até que nas imediações de uma pequena cascata, começou a chover torrencialmente e a luz do dia a esmorecer. Nessa altura seguimos o mais rápido que conseguíamos, mas o terreno acidentado e completamente alagado não ajudava muito a nossa progressão! De qualquer modo e passados vinte minutos chegámos ao final do trilho, completamente encharcados e de nada ou pouco valeram as nossas capas “impermeáveis”. 😛

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No Orchid Campsite procurámos abrigo e nessa altura a M. respirou de alívio pois soube que não iria ficar “perdida” na selva, sem a luz do dia. Aliás, apenas nesse momento percebi o quão stressada ela tinha estado, porque no trilho limitámo-nos a andar depressa. De qualquer modo eram apenas cinco da tarde, não havia motivos para alarme! Mas concordo que no meio de uma vegetação densa e debaixo de uma chuva torrencial, a luz esbatida induzia a uma distorção da realidade. Nessa altura apenas queríamos voltar ao HQ para comermos algo e seguir para a nossa “suite” repousar, quando…

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Num golpe de sorte apanhámos boleia de um casal, que nos falou da possibilidade de fazer um safari noturno no parque e ficámos entusiasmados com essa possibilidade e assim que fomos deixados no HQ fomos tentar inscrever-nos no mesmo. Marcado o safari para as 19.00, fomos jantar e tentámos manter-nos o mais confortáveis que conseguimos – as roupas estavam encharcadas e não tínhamos tempo ou possibilidade para as mudar – enquanto esperávamos.

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À hora marcada, entrámos numa carrinha de caixa aberta, equipada com um foco poderoso e partimos pelas estradas de alcatrão do parque à “caça” de animais. O ambiente era engraçado e misterioso, uma vez que estávamos na escuridão absoluta e apenas víamos o local que o foco iluminava. Durante o safari, vimos muitos veados, um animal que parecia um furão ou dessa família, ouvimos o coaxar incessante de rãs e sapos e… a cereja no topo do bolo. Um elefante! É verdade! 😀 À semelhança do crocodilo, foi espetacular, ver este animal no seu habitat e ver a sua forma e dimensão na escuridão da noite.

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Khao Yai ao longo do dia passou de besta a bestial e a “salvação” foi operada por um fantástico trilho, um crocodilo e um elefante! Experiência inesquecível e sem dúvidas um dos grandes momentos desta viagem! 😀

P.S. – Khao Yai é um parque natural de selva e esta deve ser tratada com respeito! Fazer trilhos – exceto os que não necessitam de guias – por iniciativa própria pode parecer uma ideia muito romântica, mas não passa de uma idiotice que pode realmente acabar mal – por exemplo, alguém  perder-se na selva e não sair de lá tão depressa.

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Khao Yai!? Na Selva!

Ato II – A Redenção   

Depois do almoço e de recarregarmos um pouco as baterias, partimos a caminhar para o Orchid campsite, uma vez que era aí que começava o trilho número 2 – um dos dois, que se podia fazer sem guia. Porém e quando seguíamos pela estrada de alcatrão, voltámos a apanhar boleia de uma carrinha do parque natural e esta largou-nos na Haew Suwat Waterfall. Como já estávamos no final do trilho resolvemos visitar primeiro a cascata e depois seguir no mesmo no sentido inverso. Posso afirmar que a cascata não desiludiu, pois o seu caudal era realmente massivo e a sua altura imponente! Rugia como um tigre, selvagem! 🙂

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Daí partimos então para o trilho e às três da tarde começou a redenção de Khao Yai! O caminho estava bem marcado e era de facto no meio da selva, lamacento, havia alguns troncos caídos, a vegetação era abundante e cerrada por vezes. Sentia-se finalmente o sabor da selva e o seu toque exótico, mas uma selva que podíamos penetrar sem ajudas de terceiros. À medida que progredíamos sentia o meu estado de espírito a modificar-se e nesta altura já estava a achar que a vinda a Khao Yai não tinha sido nenhum desperdício. 🙂

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Chegámos então às imediações de um rio e do primeiro aviso: “Beware of Crocodile”. Prosseguimos e uns minutos mais à frente, novo aviso: “No Swimming”, mais uns metros e novamente: “Beware of Crocodile”, a cada passo sentíamos que estávamos a aproximar-nos, até que… o trilho lamacento tornou-se mais lamacento e a sua direção virou completamente para o rio! Para além disso havia uma curva muito fechada e que nos cortava completamente a visibilidade. “Oh diabo! Tanto aviso ao crocodilo e agora somos encaminhados para os seus domínios!? Ainda para mais num terreno tão escorregadio e empapado!? Mau!” Parámos e ficámos a olhar um para o outro. :/

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Alternativas? Subir uma ladeira íngreme e embrenhar-nos no meio da selva? Não! Não era opção. Aliás não havia muito a fazer, ou voltávamos para trás ou seguíamos em frente. Foi o que fizemos. Muni-me com um pau grosso, de dois metros de comprimento e segui em frente, com a M. logo atrás de mim. Pé ante pé… Tum, Tum… Tum, Tum… o meu coração batia mais acelerado fruto da adrenalina e logo a seguir à curva, estancámos! Ali estava ele! Em cima de um tronco, no meio do rio a apanhar um banho de sol. Naquele momento relaxámos um pouco, pois soubemos onde estava o nosso “bichano” e qual o seu tamanho – aproximadamente três metros – e aparência – verde claro e olhos dissimulados, que nunca sabemos para onde estão a olhar. Foi realmente emocionante ver um predador no seu habitat e tão perto de nós – cerca de oito metros! Muito mesmo! E Khao Yai podia ter acabado ali que a redenção já estava feita! 😀 Porém a história não acaba aqui

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Khao Yai!? Na Selva!

Ato I – Carrossel

De Pak Chong para uma das entradas do parque natural distam apenas vinte e seis quilómetros, mas os mesmos foram feitos de forma muito… muito vagarosa num dos famosos táxis coletivos do país. Já no pórtico de entrada, pagámos o bilhete e assim que metemos o pé na estrada, pedimos boleia a uma carrinha do staff que estava de passagem. 🙂 Os últimos dez quilómetros da viagem – que começara nessa manhã em Ayutthaya – já em direção ao HQ (Headquarters) foram desse modo, feitos numa carrinha de caixa aberta e com um sentimento profundo de felicidade e liberdade. 😀

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Quando aí chegámos marcámos duas noites num dos bungalows e recebemos mapas e informações gerais sobre o parque e o seu funcionamento: horários, regras, trilhos… Do HQ até à zona do nosso alojamento, distavam dois quilómetros e os mesmos foram feitos de mochilas às costas, num ambiente quente e húmido numa estrada de alcatrão, que ficava no meio de uma paisagem vasta e muito verde. Belo! Senti que estava num lugar “mesmo” natural e esse sentimento foi acentuado pela presença de macacos e de “bambis” que fomos vendo à medida que caminhávamos. 🙂

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O segundo dia, foi um carrossel de emoções. Mas vamos aos factos. De manhã eu e a M. decidimos fazer uns passeios em trilhos marcados mas por conta própria, porque desconfiámos da informação que referia que apenas dois dos trilhos existentes no parque, poderiam fazer-se sem recurso a guias/rangers – achámos que aquela era mais uma tentativa de “sacar” dividendos e uma armadilha made in Tailândia, para turistas – porém…

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A manhã foi passada nas imediações do HQ a ser atacados por exércitos de mini sanguessugas muito persistentes e a andar para trás e para a frente sem conseguirmos quase sair do mesmo sítio! Os trilhos no início pareciam claros e óbvios, mas bastavam apenas cinco minutos, para mudarmos de opinião e voltarmos para trás. O ambiente era quente, húmido e a vegetação muito, muito, muito densa… pela primeira vez vimos e sentimos o que era a SELVA! Aos poucos caímos na realidade e percebemos que a informação que recebêramos não era nenhuma “balela” para “papalvos”, mas uma verdade cristalina! Só com o acompanhamento de alguém experiente e devidamente treinado se poderia chegar a bom porto.

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Nessa altura, senti um misto de irritação e desilusão. Sentia-me preso e confinado a um espaço muito pequeno e com alternativas muito reduzidas, num local tão vasto como é o parque. Naquele momento pensei que a visita não estava a valer o investimento – tanto em termos de tempo, como de dinheiro – e que seria necessário algo realmente especial, para haver uma mudança no meu estado de espírito e eu modificar a minha opinião acerca de Khao Yai.