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Em trânsito: Bangkok – Koh Tao. Máfia Legal

Na estação de comboios de Bangkok, tanto no dia em que comprámos o bilhete, como no dia em que partimos da cidade, houve sempre um funcionário “diligente” a querer vender-nos um bilhete para um barco rápido e para os transfers entre a estação de comboios e o cais. Aliás, no dia da compra esse bilhete até estava combinado com o bilhete de comboio. :/

Chegar à ilha de Koh Tao revelou-se um verdadeiro e exasperante quebra-cabeças. Depois da viagem de comboio noturna – que desta feita não teve surpresas, “chocantes”, pois comprámos um bilhete para segunda classe – chegámos à cidade de Chumphon onde nos deparámos e enfrentámos o maior lobby, aliás máfia legal que já vi(mos) até ao momento na viagem. :/ Mas vamos aos factos…

Os nossos problemas começaram logo ao sair da estação, pois ao perguntar a um condutor de tuk-tuk quanto ele cobrava para nos levar até ao cais, ele perguntou-nos pelo bilhete do barco rápido! Respondemos-lhe que não o tínhamos e ele disse-nos para o comprarmos na estação de comboios, fizemos sinal que não e ele devolveu-nos o mesmo. “Ridículo!” (pensei na altura).

Seguimos de mochilas às costas caminhando por Chumphon na tentativa de apanharmos um meio de transporte (autocarro, tuk-tuk, táxi…) para o cais tudo servia desde que o valor que nos pedissem não fosse “estapafúrdio”. Já na avenida principal da cidade, fomos perguntando por barcos, ferries, cais… mas ninguém parecia muito interessado em ajudar-nos, nem sequer os condutores de tuk-tuk, que costumam ser muuuuuuuuuuuuuuito voluntariosos e “altruístas”, queriam nada connosco. Estranho! :/ Parecia que tínhamos uma doença altamente contagiosa e perigosa.

Até que um tuk-tuk parou perto de nós e quando dissemos a fórmula mágica: “Pier, ferry, Koh Tao”, pegou no telemóvel, começou a fazer uma chamada e depois passou-mo para a mão, encostei-o ao ouvido e disse: “Yes?”. Na resposta: ”Lomprayah assistance. Today you still have a boat at 1PM. Do you want to buy the ticket?”, tirei o telemóvel do ouvido, devolvi-lho e fiz sinal ao motorista que não. Estava chocado! :/ E contei o episódio à M.

Tudo começava a fazer sentido, a companhia Lomprayah controlava todo, ou quase todo mercado e estendia os seus tentáculos desde Bangkok – no momento da compra de um simples bilhete de comboio – até aos transportes locais de Chumphon! Quando um peixinho sai da rede, convém apanhá-lo o quanto antes e este “pescador” estava a revelar-se implacável e a encostar-nos ao fundo…


 Notas Finais

Nunca tinha visto, nada assim! Uma empresa, com a conivência das autoridades, a tomar conta duma cidade e ter o monopólio de um negócio, que neste caso é o negócio de transportes, entre Bangkok e as ilhas da costa Este: Koh Tao, Koh Pha-ngan e Koh Samui. Impressionante! 😦

Depois de encostados ao fundo, tivemos mais umas horas de odisseia em Chumphon e arredores. No final acabámos por chegar a Koh Tao… no famoso barco rápido, da Lomprayah! Mas pagando mais e perdendo mais tempo do que se o tivéssemos feito em Bangkok! Caricato! Mas serviu de aprendizagem!

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Em trânsito: Nakhon Ratchasima – Bangkok. Shocking Train

Para chegar a Bangkok, apanhámos um comboio noturno em Nakhon Ratchasima e na estação encontrámos um ambiente soturno, mas que pareceu seguro. Quando o comboio chegou à plataforma, dirigimo-nos à nossa carruagem: Número 11,  3ª classe. Quando entrámos sentimos um calor abrasador, vimos que estava bem apinhada e que os olhos dos nativos não descolavam de nós, parecíamos ET´s e o planeta onde aterrámos revelou-se demasiado chocante para a M.

Depois de eu colocar as bagagens por cima das “nossas cabeças” e de nos sentarmos nos nossos lugares com as mochilas pequenas, protegidas entre as pernas, olhei para a M. que estava com lágrimas nos olhos e dizia: “Nunca mais. Nunca mais, uma viagem destas em terceira classe”. Os lugares eram de facto minorcas e o espaço reduzido, mas acho que o que lhe fez confusão foi ver as pessoas completamente coladas umas às outras e saber que durante a viagem não se podia mexer, porque não havia um espaço individual! Não havia a mínima fronteira na ausência de contacto. Penso que foi isto que a chocou!

Quanto a mim, não posso dizer que foi uma viagem agradável, mas fruto de todas as experiências que já tive na Ásia penso que relativizei facilmente a situação, isto apesar de poder dizer que foi o comboio mais sujo onde já andei e no qual o espaço disponível o mais reduzido. Com base nesta experiência fiquei a acreditar que a mesma, foi uma ligeira amostra do que posso encontrar futuramente na Índia, tais os relatos que me chegam aos ouvidos.


P.S. – Apenas uma curiosidade relacionada com os hábitos dos nativos. Quase todos tinham consigo kits  com um pano húmido – para limparem a cara assim que chegassem ao destino; e estavam munidos com panos/mini-toalhas para porem na cara e protegerem os olhos da luz. Estes pequenos detalhes levaram-me a pensar que os nossos “companheiros” de carruagem estão muito habituados a fazer viagens longas regularmente e como tal já criaram mecanismos de “trânsito” altamente aperfeiçoados! 🙂

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No Templo de Phimai

Para chegar ao último destino cultural a Norte de Bangkoknecessitámos de fazer a viagem a partir de Khao Yai em alguns passos. Primeiro, apanhámos boleia de um Mitsubishi Lancer Evolution VII completamente “kitado” de regresso à cidade de Pak Chong  mas em vez de um acelera maluco, estivemos na companhia de uma família pacata que era amante das pérolas musicais da década de 90, nomeadamente Céline Dion mas numa cover de qualidade duvidosa 😛 ; depois embarcámos num comboio que se atrasou quarenta minutos e durante a viagem mais vinte; e para finalizar, fizemos uma viagem desastrada de sessenta quilómetros a bordo de um autocarro em que no interior da cidade de Nakhon Ratchasima íamos a 20 km/h! E já no exterior duvido que tenhamos passados dos 40 km/h! O motorista, até falhava o tempo de entrada das mudanças. 😛

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Phimai foi o nosso último vértice dos antigos reinos. Diz-se que o local serviu de modelo para Angkor Wat no Cambodja e apesar de não ter a dimensão de Sukhothai, nem a magnificência de Ayuttaya, o seu estado de conservação é muito superior. 🙂 Acredito que o mesmo, está relacionado com o material da construção. Aqui a pedra é rainha e senhora, ao contrário dos locais anteriores onde o tijolo reinava. Aqui não precisamos de imaginar ou tentar visualizar como seria. Em Phimai vemos realmente como era! 😀

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Para além de conservada, a sua área é muito verde e cuidada e existem locais realmente singulares, tais como o Santuário Central e a Ponte das Najas, onde a profusão de detalhes é espetacular. A luz, fruto de uma magnífico dia de sol, que iluminava todo o espaço estava no “ponto” e deu o impulso final para uma bela experiência e uma visita memorável. 😀

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Em trânsito: Viagens Malucas no Norte da Tailândia

Durante a segunda semana no país, mas a primeira em trânsito as viagens transformaram-se sempre em momentos surreais e amalucados. Na saída de Chiang Mai para Sukhothai os autocarros matinais foram suprimidos, sem qualquer aviso ou explicação! 😛

Na viagem para Ayutthaya eu e a M. fomos largados na berma da auto-estrada a cinco quilómetros do nosso destino, o centro da cidade! Pelos vistos na Tailândia quando se compra um bilhete de autocarro convém perguntar se este pára no centro da cidade! No final acabámos por sobreviver aos lobos humanos – taxistas – e com algum esforço e sorte à mistura lá conseguimos chegar à nossa guesthouse. 🙂

Na viagem para Pak Chong apanhámos uma carrinha e durante duas horas andámos pelas estradas do país às voltas sem sabermos para onde íamos. Quando a carrinha parou estávamos numa estação de autocarros com o motorista a mandar-nos sair da mesma sem nos dizer mais nada. :/ Estávamos completamente aos papéis e apontámos para os bilhetes que tínhamos, foi então que ele apontou para uma segunda carrinha e aí entregámos os bilhetes a outro motorista. Passados cinco minutos estávamos a arrancar  e apenas nessa altura percebi que estávamos em Saratobi. Desta feita a viagem apenas demorou quarenta e cinco minutos e nessa altura não havia dúvidas estávamos em rota para Pak Chong e consequentemente para o Parque Natural de Khao Yai, nosso destino. Três viagens, três viagens malucas… 100% de eficácia! Bem vindos à Tailândia! 😛

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Em trânsito: Huay Xai/Chiang Khong – Chiang Mai. Nervoso Miudinho!

Quando apliquei o visto da Tailândia em Vientiane havia uma questão que ninguém me tinha conseguido esclarecer: quanto tempo podia ficar no país com o visto que tinha impresso no passaporte? As opiniões dividiam-se: havia os que afirmavam 60 dias, uma vez que era esse o número máximo permitido pelo visto turístico; havia quem referisse, que como estava a cruzar a fronteira por terra esse valor seria reduzido para 30 dias; e havia ainda quem dissesse que dependia do oficial de emigração, enfim… Nada claro! :/ E neste caso específico eu necessitava de clareza, pois estava prestes a receber uma visita muito especial, que já se sabia, teria direito a estar 30 dias no país sem precisar de visto – entrada via aérea. Portanto o número de dias a que teria direito, iria traçar não apenas o meu futuro imediato, mas também o de “alguém”, que estava prestes a viajar milhares de quilómetros para me acompanhar durante um mês por terras do Oriente.

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Ainda no Laos fomos levados ao controlo de emigração e aí tivemos de pagar mais uma vez a famosa “taxa de fim-de-semana”, ou como eu gosto de chamar-lhe corrupção encapuçada! Desta feita a taxa era 10.000 kips ou um dólar – eles são corruptos e espertalhões, uma vez que na saída do país já quase ninguém tem dólares e os dez mil kips valem mais do que um dólar. Paga a taxa e carimbado o passaporte, apanhámos o barquito que nos fez cruzar o Mekong e pisei pela primeira vez solo tailandês.

Na posto de entrada, estava uma grande confusão e concentração de pessoas e para não me separar do resto do grupo pedi a um homem que parecia monitor de um grande grupo de miúdos, se podia passar à frente deles. De óculos escuros, cara inexpressiva e séria disse que não com uma voz seca e gelada e depois de um grande compasso de espera, lá afirmou que estava a brincar. Enfim o axioma da estupidez a funcionar, mais uma vez! Adiante. Na janela do oficial de emigração entreguei o meu passaporte e quando ele me perguntou quanto tempo pretendia ficar no país, expliquei que na próxima sexta feira iria receber uma visita e que por esse motivo os 60 dias seriam muito bem aceites. Ele olhou para mim e começou a folhear o passaporte e passado um minuto, ouvi o som de carimbos a bater. O veredito estava dado, eu é que ainda não sabia o resultado. Recebi o passaporte e enquanto ele fazia o gesto para seguir, senti o nervoso miudinho da incerteza e tinha esperança que a burocracia e o tempo despendidos tivessem valido a pena.

Abri o passaporte e vi o carimbo azul… admitted untill… e a data carimbada a vermelho! Consegui! Tudo valeu a pena! 😀 De sorriso nos lábios dirigi-me ao resto do grupo, que já estava pronto e disse-lhes que tudo correra bem. Juntos esperámos pela nosso táxi/carrinha e passado meia hora arrancámos estrada fora pelas paisagens verdes do norte da Tailândia, rumo a Chiang Mai… a capital dourada do Norte. 🙂

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Em trânsito: Luang Prabang – Huay Xai. Pelo Mekong Acima

Ato II – Pak Beng – Huay Xai. Pânico Matinal  

A viagem entre Pak Beng e Huay Xai, já na fronteira com a Tailândia decorreu com normalidade e foi em tudo uma fotocópia, do dia anterior. Mesma paisagem, mesmo preço do bilhete, mesmo número de horas de viagem, mais conversa com as mesmas pessoas, procura da guesthouse e jantar em grupo. 🙂

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(Através do olhar do Kristian)

Porém, houve um momento que ativou o meu modo de pânico e fez esta viagem ficar ainda mais memorável. Mas vamos aos factos: estava já no interior do barco a falar com um casal de americanos sobre fronteiras e vistos quando mecanicamente pus a mão no bolso lateral dos calções e… caiu-me tudo ao chão! Principalmente as bolas! Não tinha comigo as bolsas dos cartões e documentos – passaporte, cartões MB e de crédito – e onde estava todo o dinheiro tailandês que tinha arranjado no Laos – 35.000 Bath! Cerca de 875€!. Tinha ficado tudo debaixo da almofado no quarto! Fiquei em pânico e disse ao meus companheiros de viagem para não deixarem sair o barco enquanto não regressasse – isto com as mochilas a bordo. :/

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Larguei a correr encosta acima até ao local da guesthouse e quando lá cheguei as portas estavam todas fechadas! “Eu não acredito nesta m#%£@! Logo hoje é que tinha de encontrar uma guesthouse que funciona a meio gás!?”. Dirigi-me ao piso do quarto… Tudo fechado! Entrar pela janela? Impossível. Grades na mesma! “Ai a P%#@ da minha vida!”. Voltei a descer ao piso térreo e mesmo com um cadeado na porta – metálica e de correr – comecei a tentar abrir a mesma. Passados dois minutos desisti, nada feito! “E agora?”. Quando me preparava para procurar alguém nas redondezas, chegou uma carrinha com parte da família que geria a guesthouse. Muito rapidamente e freneticamente tentei explicar-lhes que me tinha esquecido do passaporte no quarto e num minuto deram-me a chave do mesmo. Galguei os degraus à velocidade da luz, abri a porta, dirigi-me à cama e ao levantar a almofada… lá estavam as famosas bolsas! 🙂 Deitei-lhes uma mirada rápida e pû-las no bolso. Tranquei o quarto, desci as escadas a voar, entreguei as chaves e voltei a correr desalmadamente encosta abaixo. Desta feita com a “santa” gravidade a ajudar-me no caminho de regresso ao barco.

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Quando lá entrei, disse aos meus companheiros de viagem que estava tudo bem e sentei-me dez minutos num banco, sozinho, a respirar e a deixar o meu corpo regressar a um ritmo normal. Durante esses minutos o barco acabou mesmo por partir e agradeci à boa sorte o facto de quase todos os transportes no Laos, atrasarem. Ai boa sorte, fortuna, estrela, destino, fado… ou outro nome que tenhas. Agradeço-te novamente, salvaste-me o pêlo! 😀

P.S. – A viagem de dois dias foi longuíssima, mas perfeita e o Mekong merece uma viagem destas. Porém ouvi relatos que a viagem feita na direção inversa, Tailândia – Laos, pode por vezes transformar-se num verdadeiro inferno e tormento, devido à lotação completamente esgotada dos barcos. 

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Em trânsito: Luang Prabang – Huay Xai. Pelo Mekong Acima

Ato I – Luang Prabang – Pak Beng. O Grupo Reúne-se

Na chegada a Prabang apanhei um tuk-tuk para o centro da cidade e durante a viagem conheci uns nativos que me informaram que para apanhar o barco para Huay Xai, deveria ir até um cais que ficava a doze quilómetros – geralmente, a informação fornecida pelos habitantes locais é imbatível. 🙂 Às sete da manhã estava no cais, à espera que a bilheteira abrisse e depois de esperar uma hora, comprei finalmente o bilhete rumo a Pak Beng.

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O barco partiu numa manhã de cinza e prata e ao longo do dia, fomos zingue-zagueando Mekong acima. Durante a longa viagem, que durou quase dez horas, observei a paisagem e a vida a bordo: as margens estavam cheias de vegetação e a inexistência de aldeias era quase total; o desembarque das pessoas era feito com estas a saltar para as margens cheias de lama; o rio era largo, castanho e barrento e nalgumas zonas cheio de rochas; de vez em quando viam-se os famosos e mortíferos barcos rápidos a passarem por nós quais balas – eu diria que fazer a viagem num barco desses e num rio com tantas rochas submersas é quase uma loucura; no barco havia uma mescla de turistas e nativos, as crianças sorriam e famílias inteiras dormiam no soalho; o barco estava carregado com sacas, caixas de cartão, bagagens e mochilas; os assentos eram muito confortáveis – poltronas de dois lugares – e em abundante número. Mas principalmente conheci e falei com muitas pessoas entre as quais um casal de estudantes polacos (Marcin e Agata), um assistente de cirurgia e aspirante a cirurgião alemão (Kristian) e um advogado israelita, quarentão e solteiro (Niro).

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Antes de desembarcarmos, convidei o Kristian para partilhar quarto e na chegada a Pak Beng, o grupo que se formou durante a viagem manteve-se unido. Juntos procurámos uma guesthouse, juntos jantámos num restaurante indiano, juntos passámos o serão num barzito em animada converseta. Estava feliz! E penso que essa felicidade provinha de depois de ter viajado com o Zhou durante tanto tempo, estava grato por continuar a encontrar outros viajantes com os quais podia partilhar experiências e aprendizagens. 🙂

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Em trânsito: Luang Prabang – Huay Xai. Pelo Mekong Acima

Prólogo. Autocarro Noturno para Prabang

Em Vientiane apanhei um autocarro noturno para regressar a Luang Prabang e logo no início da viagem fruto da barafunda reinante, partimos com meia hora de atraso. Preparei o meu kit “dormida”: palas para os olhos, tampões para os ouvidos, a minha rica almofada de ar e encostei-me à janela preparado para dormir.

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A viagem foi passada quase toda a dormitar, mas mesmo assim ainda tive tempo para experienciar duas epifanias. Ambas ocorreram na paragem em Nathong, a primeira quando o autocarro estacionou e chovia torrencialmente. Nesse momento, fiquei a pensar se devia ou não sair do autocarro e balancei entre o sentimento de conforto vS a experiência de vida e os momentos experienciados, ou metaforicamente falando, da possibilidade de ver a vida a passar pela janela ou “saltar” para a estrada. 🙂 A segunda aconteceu no pequeno restaurante onde jantei. Aí encontrei um relógio pregado na parede, parado e tive a certeza que aquela era a metáfora perfeita do país, um local onde o tempo parou e se cristalizou, algures na década de 70 do século XX. 😉

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Em trânsito: Nong Khiaw – Luang Prabang. Uma Questão de Imaginação

Na saída de Nong Khiaw tentámos apanhar boleia, mas como em meia hora não passou nenhum carro e como já estávamos a prever o que iria acontecer, quando o autocarro passou por nós fizemos sinal para ele parar. O Zhou ficou a olhar e disse: ”Mas isto não é um tuk-tuk?” e eu respondi: “Isto é mesmo o autocarro!”. Assim que entregámos as bagagens ao motorista estas foram imediatamente postas no tejadilho, pagámos e embarcámos num autocarro mixado de tuk-tuk para Luang Prabang. 🙂

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Só que para além de se assemelhar a um tuk-tuk, o nosso autocarro já estava quase lotado! 😛 Assim, tive de me sentar na chapa, encostar-me e fazer figas para não haver muitos buracos e solavancos, se não ia ficar todo partido. Nessa altura a preocupação principal foram as costas e a coluna e tentei ao máximo criar amortecimento para elas, quanto ao rabo… paciência! 😛 O que ia valendo é que a estrada não era nada má. E quanto à lotação? É tudo uma questão de relatividade, pois quando pensamos que a carrinha está cheia, arranja-se sempre espaço para mais alguém. Mesmo que os nossos olhos não vejam esse lugar, é porque a nossa imaginação é limitada e ainda não atingiu o estágio de desenvolvimento da imaginação Laosiana! 😀 Assim, a viagem foi passada entre conversas com um casal de neozelandeses e mudanças de lugar constantes, pois à medida que o autocarro parava alteravam-se o número das peças de Tetris, que éramos todos nós. 🙂

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Laos. A Primeira Semana

Durante a primeira semana no Laos para além de andar em modo de aprendizagem; estive um par de dias em Luang Nam Tha onde passeei de bicicleta pelos seus verdes arredores, e onde ao observar o ambiente semi-decadente do seu mercado noturno, regressei à década de 70-80; o meu corpo foi completamente “massacrado” pelas estradas do país, numa viagem de aproximadamente duzentos e trinta quilómetros até Nong Khiaw; fiz travessias de barco pela primeira vez no país, no rio Nam Ou – viagens entre Nong Khiaw e Muang Ngoi; entrei pela primeira vez em contacto com os extraordinários habitantes do Laos – gente quente, acolhedora e afável; fui polícia sinaleiro de pintainhos e visitei Muang Ngoi, o local onde o tempo perde sentido e significado. 😀

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Em trânsito: Luang Nam Tha – Nong Khiaw

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Em trânsito: Nong Khiaw – Muang Ngoi

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