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Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Xing Ping

Xing-Ping_BlogEm Xing Ping – pode encontrar mais aqui – tive múltiplos momentos memoráveis, principalmente os passeios de bicicleta, a  e de barco pela vila e verdes arredores onde despontavam colinas singulares e o encontro com pessoas muito amistosas, entre elas uns camponeses que eram um perfeito retrato vivo da China rural.

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Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Yangtze

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No rio Yangtze, o mais extenso da Ásia – pode encontrar mais aqui – tive a oportunidade de navegar durante aproximadamente seiscentos e quarenta quilómetros, e observar a beleza serena das três Gargantas.

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Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Garganta do Salto do Tigre

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Nas imediações da Garganta do Salto do Tigre – pode encontrar mais aqui – fiz um trekking bastante agradável, mas principalmente, tive a oportunidade de conhecer Andy, um escocês que é um autêntico “mago” das viagens.  

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Uma “Geografia”. Uma Fotografia: Dujiangyan

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Em Dujiangyan – pode encontrar mais aqui – visitei a obra hidráulica mais antiga do planeta. Na fotografia pode observar-se a área envolvente ao rio Min (um dos principais afluentes do Yangtze), repleta de serenos pavilhões, esbeltas pagodas, jardins floridos e verdes florestas.  

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Mandalay – Bagan. Dia a Bordo

Se a viagem de madrugada para o cais decorreu com toda a tranquilidade o mesmo já não posso dizer da venda do bilhete para o barco, uma vez que ao tentar pagar em Kyat  e depois da minha insistência, os “diligentes” funcionários do governo, tornaram-se agressivos! :/ Quando embarquei, estava “puto da vida”! E nessa altura conheci uns bascos com quem comecei a falar.

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O dia foi tranquilo e durante as mais de quinze horas de viagem (5.30 – 20.00) observei os nativos, falei com os meus companheiros de travessia – Ekhi, Jon e Aritxu – escrevi um bocadinho no caderno, dormitei, alimentei-me e vi a paisagem a mudar, a tornar-se mais seca à medida que viajávamos para sul.

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Na chegada a Bagan, mantivemo-nos juntos e depois de pagarmos o bilhete de entrada para a zona dos templos, fomos deixados numa guesthouse que tinha quartos quádrupulos. Perfeito! 🙂 Depois de jantarmos qualquer coisa, fomo-nos deitar, afinal o dia tinha sido longo e o dia seguinte iria começar de madrugada…

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Crónicas Fotografia

Sabang. O Dia do Rio

Depois da longa e memorável travessia até Sabang, este era o dia em que visitaríamos o famoso rio subterrâneo de Puerto Princesa (apesar de estarmos em Sabang, este é nome oficial! 😉 ) e para mim o mesmo começou bem cedo, uma vez que acordei antes do nascer do sol, tendo a oportunidade de ver o dia clarear e de observar, uma suave neblina. Depois do pequeno-almoço, o nosso grupo dirigiu-se para a zona do cais, onde se pagava o bilhete de entrada no parque natural e o barco.

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Ao embarcarmos fiquei surpreendido, pois vi que a bordo, para além do nosso capitão estava um casal de americanos (pergunta retórica, se o barco foi pago por seis pessoas, porque motivo embarcaram oito? Pois é caro leitor, isso mesmo! As terras do oriente são pródigas em “maroscas”, umas mais evidentes e claras, outras mais obscuras). O dia estava solarengo e de banca, partimos para as imediações do rio subterrâneo. À medida que nos afastávamos da vila, pudemos apreciar a beleza da costa: as colinas e montanhas, a vegetação, o mar de múltiplos azuis e  verdes, as rochas negras de calcário, semelhantes ao que vira anteriormente em Mulu. Devido a esta paisagem natural, a viagem foi de facto fascinante. 😀

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Quando chegámos à costa, desembarcámos num bonito areal e depois de dois ou três minutos a andar num trilho rodeado de uma vegetação densa e luxuriante, apanhámos um novo barco, desta feita um pequeno bote de madeira. Desde o local onde se embarca neste barquito, até à entrada da caverna, a água é super cristalina e tem uma cor espetacular, uma mescla de verdes esmeralda e azuis. O rio tem oito quilómetros de comprimento, mas nestes passeios turísticos nem sequer se chega a percorrer metade do mesmo e apesar do passeio ter sido engraçado, graças ao nosso guia, politicamente incorrecto, não posso dizer que tenha sido mágico. Bonito e divertido, sim, mas não mais do que isso. Inclusivamente, posso afirmar que depois do regresso à vila/aldeia de Sabang, o melhor desta visita foram mesmo as travessias de banca naquele lindíssima paisagem.

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Depois de regressarmos, Maiju e Steow partiram para El Nido enquanto eu, o Denis, o Yannick e a Aline fomos fazer um trekking até à nascente do rio subterrâneo, com Bob (o guia local que conhecêramos na noite anterior) e Maria (uma amiga dele, de Manila). Todos juntos, fizemos uma viagem de um quarto de hora num apinhadíssimo tuk-tuk, até ao local onde começaria a nossa caminhada. No início do trilho, vimos verdes campos, colinas de rocha a emergir do solo e agradáveis montanhas. Depois embrenhámo-nos por uma selva, não demasiado densa, mas muito bonita, repleta de árvores com formas bastante originais, riachos e formações rochosas. Até que chegámos a um local que se assemelhava a uma colina, e com cuidado começámos a trepar, pois a mesma era bastante íngreme e as rochas muito afiadas.

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Quando chegámos ao topo, estanquei maravilhado, estávamos numa entrada de uma gruta que parecia saída dum mundo perdido e primitivo! No ar podia-se observar uma ligeira névoa, fruto do ar saturadíssimo e da humidade reinante e tal como em Mulu quase que acreditei em dinossauros! 😀 Depois de uns minutos de contemplação, descemos com cuidado – fruto do piso bastante escorregadio – até ao interior da gruta e daí pudemos observar toda a beleza da entrada, mas do interior para o exterior e todas as rochas e plantas que aí habitavam. Espetacular! Memorável! 😀 Novamente, pé ante pé subimos até à entrada e voltamos a descer a íngreme colina.

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Pela selva, regressámos ao local onde começáramos o trekking três horas antes, com os olhos, o coração e alma cheios! 😀 O regresso a Sabang, foi feito novamente num tuk-tuk apinhadíssimo e desconfortável, mas com um estado de espírito leve e alegre. Já na vila, demos um mergulho naquele mar de múltiplos azuis, que mais parecia uma sopa e deitado a flutuar naquele líquido quente, vi o dia a desfilar na minha mente qual uma película perfeita. De manhã a foz, à tarde a nascente. Em Sabang, o dia do rio! 😀

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Crónicas Fotografia Reflexões

Taman Negara? Selva Antiga!

Taman Negara é o maior e o mais importante parque natural de toda a Malásia, pois é aqui que se localiza a floresta primária – selva – mais antiga de todo o planeta!! Uma vez que o degelo que há milénios “tocou” quase todas as áreas do globo não atingiu esta zona. Quando cheguei a Kuala Tahan, não tinha nenhum plano específico para visitar o parque natural, mas como conheci um nativo que me “ofereceu” um bom preço para um trekking de três dias e duas noites na selva com tudo incluído, acabei por aceitar a sua “oferta”. Depois de dormir uma noite num hostel barato nas imediações do parque, fui levado até à casa do meu guia e aí conheci os meus companheiros de jornada – dois rapazes austríacos e um rapaz chinês – e preparei uma mochila, com alguma roupa, um saco de cama, uma esteira e alguns mantimentos. A bordo de um barquito de madeira, atravessámos o rio e fomos até ao HQ fazer o controlo mais ridículo que alguma vez vi na vida, uma vez que tivemos de contar quantos plásticos, baterias, etc… cada um de nós possuía antes de entrar na área do parque – o controlo até poderia ter alguma lógica se fosse efetuado na entrada e na saída, mas como estamos na Ásia, obviamente isso não veio a acontecer! :/

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Terminado o “controlo”, seguimos rio acima até chegarmos à zona da canopy, onde a 45 metros do solo pudemos observar a verde e pernaltuda floresta em redor. Finalizado o emocionante passeio nas alturas, voltámos a embarcar e durante duas horas continuámos até Kuala Trenggan, sendo a travessia de tal modo agradável – permitindo-me observar pequenos mamíferos e enormes e exóticas árvores – que senti um imenso prazer a viajar – “como é possível que viajar não seja das melhores coisas/experiências desta vida?” Antes de penetrarmos na selva e começarmos realmente o trekking, parámos para almoçar.

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O trekking levou-nos para o reino da humidade elevadíssima, das sanguessugas, do suor abundante, da lama, dos riachos e das travessias em estreitas pontes, da clorofila, das árvores milenares, das serpentes venenosas, das rochas estranhas e belas, da selva antiga e primitiva de Taman Negara! 😀 Durante a tarde percorremos em ritmo elevado um trilho de oito quilómetros, colina abaixo, colina acima, atravessando cursos de água, saltando por cima de grandes troncos que bloqueavam o caminho, acompanhados de uma chuva intermitente, penetrando cada vez mais profundamente na selva, até chegarmos ao nosso destino, a caverna de Kepayang Besar. Nessa enoooooorme caverna absolutamente deserta, pernoitámos e foi aí que tive uma das noites mais primitivas e memoráveis de toda a viagem – os morcegos, as sombras projetadas nas paredes da caverna, a fogueira, a comida, a partilha durante o serão, o ambiente íntimo e a solidão de estarmos sós naquele pedaço de selva! 😀

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No segundo dia, acordámos bastante cedo e depois de arrumarmos tudo e tomarmos o pequeno-almoço, seguimos até uma pequena caverna, que existia nas imediações para observar centenas de morcegos. 🙂 Durante a manhã a aventura continuou: maissanguessugas, mais leitos de rio – naquela altura sem água, mas lamacentos e escorregadios – partes de selva muito densa, atravessamentos de riachos com a ajuda de cordas e pontes improvisadas, mais humidade e transpiração, já falei das sanguessugas!? 😛 Mais selva! Depois daquela manhã em alta-rotação, a tarde passou-se tranquilamente na companhia de uma tribo onde pudemos observar, casebres de madeira e palha e nativos com características africanas!? – pele escuríssima, cabelo negro e encarapinhado – e fiquei admiradíssimo, pois foi a primeira vez que vi alguém naÁsia com aquelas características físicas. Nas imediações da aldeia, tomei banho num rio completamente lamacento e ao submergir nas suas águas, senti-me estranho, uma vez que não conseguia ver NADA!

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No terceiro e último dia a viagem foi tranquila e serena, pois o regresso a Kuala Tahan foi novamente realizado no barquito de madeira. Já na vila, arrumei as mochilas e depois de um almoço simples apanhei um autocarro praticamente deserto para regressar a Jerantut. Obrigado Taman Negara! Deixaste-me o coração cheio e o corpo com menos uns mililitros de sangue. 😉

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P.S. – Para chegar ao parque nacional de Taman Negara não há um caminho direto e por essa razão a viagem foi feita em alguns passos. A primeira parte da viagem ligou Tanah Rata  ainda nas terras altas – a Jerantut e a mesma foi feita numa mini-van. Na chegada a Jerantut fui deixado na agência de viagens NKS, que parecia ter o monopólio de toda a região e aí aguardei durante algumas horas – durante esse tempo percebi que havia outras alternativas ao barco que acabei por apanhar, o único problema foi que o pacote vendido em todas as agências de viagens nas Terras Altas não oferecia alternativas ao mesmo. :/ Passado esse tempo fiz uma curtíssima viagem – novamente de mini-van – até ao jetty de Kuala Tembelling e aí apanhei um barco que me levou rio acima, durante três horas até Kuala Tahan, uma pequena vila colada à entrada do parque natural. A verdade é que a viagem no rio foi bastante agradável – sol, chuva torrencial, suave neblina na floresta… observei búfalos, macacos e aves e apreciei a paisagem envolvente do rio e da floresta. Deste modo não posso considerar a compra forçada, como grave! A única questão que se levanta, é o mau princípio que esta situação cria e que impossibilita as pessoas de escolherem livremente que tipo de viagem pretendem – barco ou autocarro.

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Kaput em Kapit     

No dia seguinte parti com a Valentina para Kapit, uma cidade que fica a meio caminho entre Belaga e Sibu, e ai reencontrámos uma família que Valentina conhecera na sua rota para Belaga. Assim que desembarcámos fomos guardar as mochilas na receção de um pequeno hotel, que Valentina conhecia e depois fomos ao encontro deles. 🙂

Por coincidência nesse dia, estava a decorrer na cidade uma corrida de barcos rápidos e depois de encontrarmos parte da família e de comprarmos alguma comida, partimos para as margens do rio para fazer um piquenique e ver as corridas. 😉 Durante a tarde brincámos com e como crianças, aprendemos malaio, rimos, fumámos, comemos qualquer coisa e fomos bebendo uma bebida tradicional que as senhoras da família diziam ser fraquinhaaaaaaaaa…

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A partir de certo momento senti que estava a ficar “carregado” e a última coisa que me lembro dessa tarde foi de já estar preparado para embarcar. E depois? O vazio… o sonho… a escuridão! Quando acordei eram 3.30, não sabia onde é que estava e quando comecei a tomar consciência, pensava que estava em Portugal! Ao abrir os olhos, não reconheci o local, parecia uma sala e depois de ver a Valentina a dormir ao meu lado, percebi o que acontecera… Tinha apanhado uma “carga” descomunal e não me lembrava das últimas onze horas! Ora, bolas! Antes de voltar a adormecer apenas pensei: “espero não ter feito muitos estragos”… 😛

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No dia seguinte às 6.00 e enquanto bebia um chá, Valentina iluminou-me o espírito sobre o que tinha acontecido e pelos vistos não fiz nada de muito idiota! Ao que parece, consegui embarcar e desembarcar sozinho e sem cair ao rio 😛 ; no acesso à casa da família fui dizendo que não precisava de ajuda, mas acho que alguém me ajudou a subir a imensa escadaria; e já em casa deles, felizmente na varanda, comecei a vomitar e depois de o fazer durante um bocado, puseram-me a dormir… Pela descrição não foi demasiado mau! Mas, não me orgulho e gostaria de ter estado consciente para aproveitar a companhia desta alegre família. Bebida tradicional de Kapit? Kaput!

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Crónicas

Viagem ao Coração do Bornéu por Palavras

Ato V – A Italiana e o Coração do Bornéu

No regresso a Belaga e na casa/hostel/guesthouse do Daniel conheci Valentina, uma rapariga italiana que viveu na Austrália durante dois anos, aproveitando a oportunidade (que certas nacionalidades podem usufruir) de poder viajar no país enquanto trabalhava (working holiday visa) e durante horas falámos de experiências de viagem, planos, opções para o futuro… 🙂

Por volta das 15.00 partimos com o Rowdy, um amigo dele e os dois cães da família para pescar, bem… quer dizer… apanhar peixes, pois a técnica de pesca daqueles “meninos” consistia em dar um choque elétrico localizado na água e depois só tinham de apanhar os peixes mortos ou inconscientes! 😛

Partimos da pequena e sonolenta cidade pelo rio Rajang rumo a sul e depois de duas interseções com outros rios (um deles o Belaga), atracámos o barco partindo à aventura! No início eu e a Valentina fomos acompanhando o desenvolvimento da “pescaria”, mas passado um bocado começámos a andar mais depressa e quanto mais penetrávamos nas margens do rio e mais víamos, mais queríamos ver! 🙂

O local estava a revelar-se um mini-desafio físico de equilíbrios e encontrar passagens escondidas. Quanto mais andávamos, mais selvagem a paisagem era. 🙂 Às rochas, pequenas cascatas e piscinas naturais, iam-se juntando bancos de areia que formavam ilhas cobertas de vegetação luxuriante, troncos e árvores centenárias, lianas. Surreal, eletrizante, magnético… estávamos a ser atraídos para o olho do furacão, mas queríamos mais! 😀 Queríamos trespassar o coração do Bornéu com uma faca afiada e ao romper o seu tecido, ficar cobertos de sangue, cobertos de vida.

E eis que conseguimos chegar à sua alma! 😀 Depois de escalarmos mais umas rochas, “batemos” de frente com uma cascata que era quase uma parede vertical e ao ter tal visão, senti que este era o meu final feliz, o meu final perfeito para a minha viagem ao coração do Bornéu por palavras! 😀

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Crónicas O 1º Dia

Viagem ao Coração do Bornéu por Palavras

Nota: Uma vez que a máquina fotográfica estava avariada e eu nesta altura viajava sozinho, a viagem ao coração do Bornéu, apenas pode ser “ilustrada” por palavras.


Ato I – Belaga e as Longhouses

Chegar a Belaga, já bem no interior de Sarawak foi uma longa viagem. Primeiro, apanhei um avião de regresso à cidade de Miri e aí apanhei um autocarro noturno que me levou até à cidade de Sibu (sete horas de viagem). Assim que lá cheguei e como não tinha nenhum interesse em visitar o burgo, comprei o mais rapidamente possível, um bilhete para um barco que me levou pelo larguíssimo Rajang, durante nove horas! Uma maratona de três meios de transporte: ar, terra e água! 🙂

Na chegada à pequena e sonolenta cidade depois de encontrar um pequeno quarto para dormir, procurei Daniel, um senhor que tem contactos com pessoas de tribos das redondezas e com quem defini um “plano” para os próximos dias. Em Belaga, encontrei pessoas muito afáveis e simpáticas, acabando o primeiro dia a comer porco selvagem na grelha e a beber cervejas com Daniel e com os seus filhos (principalmente Rowdy). 🙂

De manhã cedo, parti para a aldeia de Lang Liteu num barquito de madeira e durante a viagem senti uma enorme felicidade por estar ali naquele momento (no meio do todo-poderoso Rajang com o sol a bater-me na cara). 😀 Na longhouse fui recebido na casa de Mandam e Gemate um casal que tem quatro filhos e duas filhas e presentemente seis netos.

Ao longo do dia, “recolhi” mais informações: estava na companhia de uma tribo Kajeman e nesta as mulheres mais idosas têm tatuagens no peito dos pés e nos braços, abaixo da linha dos cotovelos; quase todas as pessoas mascam umas raízes vermelhas, enroladas numas folhas que estão untadas com baba de caracol e que deixam a boca completamente vermelha (parece que a boca está toda ensanguentada), apesar do efeito visual bastante estranho, estes “ingredientes” em conjunto funcionam como prevenção contra infeções 😉 ; percebi que uma longhouse é uma casa de rés-de-chão muito comprida com um alpendre em todo o seu comprimento e comum a todas as famílias. Esta grande casa está dividida em casas individuais mais pequenas e que estão alinhadas lado a lado, permitindo uma vida muito próxima e em comunidade.

Para além de “recolher” informações, passeei ao longo da longhouse, dos seus arredores e vi casas de madeira e telhados de zinco, trilhos de terra vermelha, plantações de arroz, selva em redor da aldeia em todas as direções (exceto a do rio). Encontrei duas camponesas com as quais fumei um cigarro de enrolar em forma de cone e cheio de um tabaco mais forte. 😛 Falei com o Mandam e todas as minhas refeições foram com a sua família. Diverti-me a observar as suas netas que ainda estão a aprender a andar e que fazem birras para lhes darem atenção – como todas as crianças/bebés do nosso planeta 🙂 – e a expressão terna de Mandam, como avô babado. 😀 Vi-o no processo de cozer/arranjar uma rede de pesca. Fui pescar com ele e nesse final de tarde vi uma gloriosa transição entre o dia e a noite (as cores, os relâmpagos, o rio na penumbra e na escuridão, o sentimento de uma experiência única…) 😀 . Tomei banho com água de um barril. E o meu dia terminou quando assisti a um serão em família à porta de casa (bebés a dançar, avôs babados, nativos a fumar)… vida simples, vida tranquila, vida serena! 😀

P.S. – Num dia tão pacífico apenas houve uma nota negativa, porém a mesma foi suficiente para ensombrar, um bocadinho, toda a experiência. Esse momento ocorreu quando fui pressionado pelo meu anfitrião a comprar duas garrafas de vinho de arroz. Apesar de fazer parte da tradição (que eu desconhecia), a sua atitude não me pareceu bonita e eu não gostei do seu comportamento de cobrança! :/