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Gunung Rinjani. Essa Maravilha!

Ato I – A “Antecâmara” e o Início da Caminhada

Ainda em Gili e no Gecko Cafe comprei um pack de trekking  três dias e duas noites com tudo incluído – para escalar o todo poderoso Rinjani, o segundo vulcão mais alto da Indonésia – 3726 m. No dia em que me despedi do Manu e das maravilhosas pessoas que conheci, saí de Gili na companhia da Monika. O nosso objetivo era começar o trekking o mais rapidamente possível, porém, depois da curta travessia entre as ilhas e quando chegámos a Lombok fomos aconselhados pelo Mr. Suparman e a sua companhia a começar a ascensão no dia seguinte, bem cedinho. Como não tivemos despesas acrescidas, aceitámos a sugestão com naturalidade e acabámos por ter um dia tranquilo na base do vulcão em Senaru, vila onde ficámos a dormir e onde tivemos um pequeno briefing com o nosso guia Jo, um “miúdo” de vinte anos.

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O amanhecer do dia foi esplendoroso, o sol, os azuis fortes e carregados, as nuvens densas e douradas. Depois desse momento ZEN e do pequeno-almoço partimos numa carrinha, juntamente com um simpático casal – Rahel e Mark – de Suiços para o outro lado do vulcão e durante a viagem por estradas esburacadas e sinuosas, encontrámos uma paisagem muito verde de florestas e um grande mercado tradicional.

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Começámos a ascensão na companhia do nosso guia e dos nossos carregadores, que fruto da sua excelente condição física depressa desapareceram. 🙂 Na base, encontrámos pastores, uma bonita paisagem de múltiplos verdes – desde os mais vibrantes aos mais “secos” -, vales e colinas e aos poucos e poucos e à medida que subíamos começou a intensificar-se o nevoeiro, parecia que estávamos na Escócia.

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Durante o dia encontrámos Mark 🙂 que vinha em rota descendente, conversámos e rimos uns com os outros e na paragem para almoço, vimos alguns macacos. A partir desse momento, o caminho endureceu progressivamente, o nevoeiro aumentou consideravelmente e entrámos num mundo encantando de nevoeiro, sombras e vultos de árvores.

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Quando cheguei ao local do acampamento – 2639 m -, estava um nevoeiro cerradíssimo e a visibilidade era praticamente nula, porém e passados alguns minutos, quando o grupo se voltou a reunir as nuvens e a neblina já tinham desaparecido parcialmente e podemos ver pela primeira vez o altivo Rinjani. As diferentes cores: os múltiplos castanhos, amarelos e verdes, as nuvens a correrem velozmente no céu, o vale a nossos pés e o pico formavam uma “sinfonia” bela! E esta paisagem e um jantar delicioso de frango e arroz fritos, aconchegaram o corpo e a alma para “algo” que estava ao virar da esquina…

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Chill Out em Gili Air

De Bali, partimos para as Gili  três pequenas ilhas a Noroeste de Lombok – primeiro de carrinha até à baía de Padang, onde encontrámos uma paisagem “dominada” pelo vulcão Agung, por arrozais e pela costa de águas azuis e límpidas e depois de barco até Gili Air.

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Os dias em “Air” foram tranquilos e na ilha dormi todas as noites confortavelmente num dos dois hammocks do Manu, depois da minha primeira experiência em Sumatra ter sido desconfortável e gelada, em “Air” dormi literalmente no ar. 🙂

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A ilha ficará para sempre recordada como um local de pessoasCécile, Peter e Agus – dona e staff do Gecko cafe/parque de campismo; Cécile “II” – instrutora de mergulho, que conheci no barco para Gili Air; Francis  um rapaz de Singapura, amigo de Manu com quem travei longas conversas sobre a China, vida, cultura, mundo e juntos mergulhámos nas cristalinas águas em redor da ilha; Mark – neozelandês; Amza e Justine – um casal de seres livres; Monika – rapariga alemã, amiga do Manu; Bruno – um rapaz sul-africano e luso-descendente!; Debora – uma rapariga espanhola, muito cómica e espevitada – e Jason  um americano que já conhece as Gili há uns anos e que estava constantemente em estado Zen. 😛

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Durante os dias, fizemos snorkeling e vi bonitos e coloridos corais, muitos peixes, uma tartaruga e um peixe-leão; andei descalço; ri-me e diverti-me muito com o Manu, com a Debora e o corrosivo humor espanhol de ambos; comemos comida deliciosa e sumos divinais no pequeno restaurante Sabah; tive um primeiro e super-sónico encontro com portuguesas; percorri a ilha a pé na companhia do Manu, em todo o seu perímetro – ilha minorca – e observámos águas cristalinas de múltiplos azuis e a beleza do vulcão Agung que se assemelhava a uma pintura suave e delicada e tive longas e espetaculares conversas. Vida tranquila… vida simples… vida feliz! 😀 E foi em Gili Air, que me despedi do Manu, com um abraço apertado. Hasta un día destes Manu, non te olvidare, mi hermano mas viejo! 😀   

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Bali Days

Fruto do que fomos lendo e ouvindo, chegar a Bali nunca foi um sonho para nós. Aliás, posso até dizer que quando aterrámos na ilha, não estávamos com grandes expetativas, antes curiosos com o que iríamos encontrar. A nossa primeira experiência ocorreu logo na saída do aeroporto quando ao apanhar um táxi para o hostel, vimos que não existiam taxímetros, apenas preços tabelados inflacionados e inegociáveis, o monopólio do taxista a funcionar. :/

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Uma vez que em Bali, os transportes públicos estão escondidos dos olhares dos turistas, para percorrer a ilha e sairmos da zona da “Oura” – Kuta – todos os dias alugámos uma scotter, que o Manu conduzia no trânsito semi-caótico -principalmente, até sairmos das zonas mais densamente habitadas de Kuta e Denpassar – e eu seguia à pendura a “ler” o GPS e a tentar dar indicações.

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Nos dias que estivemos na ilha, fomos duas vezes até Bedugul em busca do templo – pura – Ulun Danu. Na primeira tentativa estava um nevoeiro tão espesso, que se revelou impossível fazer a visita. Na segunda, tivemos mais sorte mas o local revelou-se uma enorme deceção, que o Manu resumiu na perfeição: “este templo não merecia uma visita, quanto mais duas!”. Por sua vez a visita ao bonito Pura Taman Ayun, nas imediações da vila de Mengwi valeu muito mais a pena.

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Num dos dias, fomos até Ubud que é considerado o centro espiritual de Bali e aí visitámos o santuário sagrado da floresta dos macacos, que tem um nome muito longo e pomposo para atrair as pessoas para uma armadilha turística, cheia de macacos impertinentes e agressivos – como qualquer local da Ásia em que os macacos convivam com os turistas -, vimos bonitos e serenos templos, lojas de artesanato: esculturas em pedra e madeira, pintura, mobiliário, decoração, quinquelharia, e terraços de arroz que não se revelaram nada de extraordinário, quando comparados com os majestosos de Ping´an, mas nos quais tivemos a felicidade de observar uma cerimónia em que estudantes envergavam tradicionais trajes balineses.

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Mas as melhores recordações que guardo de Bali, foi partilhar o meu tempo com o Manu, ver verdes arrozais, à medida que seguíamos para norte; comer um magnífico porco no espeto de pele estaladiça! Uma delícia! 😀 , ir um dia ao Burger King “matar saudades”, observar os estéticos trajes tradicionais e a bonita arquitetura balinesa, em que as casas tem tantos elementos associados ao hinduísmo que se chegam a confundir com a incrível quantidade de templos existentes, contactar com os educados e simpáticos balineses – quanto mais fora de Kuta, melhor! –  e presenciar algumas das tradições, “procissões”, rituais e cerimónias religiosas profundamente embebidas no Hinduísmo.

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O Início de uma Amizade em Maninjau  

Como previamente combinado, depois do Manu regressar do lago de Singkarak partimos para o danau Maninjau, o único lago em Sumatra que “corre” para oeste e que à semelhança do todo-podereso Toba é vulcânico.

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Para chegar a Bayur, uma pequena vila nas imediações do lago demorámos mais tempo a esperar que o autocarro arrancasse – duas horas -, que a fazer o percurso e enquanto esperávamos, eu atualizei o caderno, o Manu atualizou o blog, comprámos bolos e Salak – fruta da serpente – para ir comendo e fomos falando. A viagem de aproximadamente quarenta quilómetros, durou hora e meia e quase, quase na chegada tivemos de fazer quarenta e quatro curvas, em sentido descendente! Nesse momento a paisagem era uma visão de prata dominada pelo lago azul escuro, pelas nuvens brancas que corriam entre as colinas e montanhas e por alguns arrozais em socalcos.

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Depois de almoçarmos e de falarmos com o dono de um pequeno restaurante, arranjámos já na saída da vila e junto ao lago um “chalé” com janelas a toda a volta e que antes de abrirmos as janelas, cheirava ligeiramente a mijo de gato. Perfeito, ou quase! 😛 Da nossa varanda, a paisagem era de facto bela, nuvens cinzentas muitas espessas e o lago com uma cor verde azeitona profunda.

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Como tínhamos ao nosso dispor umas canoas, a primeira coisa que fizemos foi vestir os calções de banho e tentar ir dar uma voltinha, porém as canoas de madeira tradicionais eram temperamentais e “equilibristas” e como em poucas remadas consegui afundar uma delas, rapidamente ganhei uma viagem de regresso até à margem a empurrá-la – tudo isto com o Manu a bater palmas. 😉 A temperatura da água era perfeita, fruto do aquecimento vulcânico e tal como no mar havia zonas mais quentes e zonas mais frias. Aliás, enquanto estivemos no lago um dos nossos rituais era mergulhar no mesmo, assim que acordávamos, tendo uma imensa sensação de frescura e liberdade.

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Nos dias em que estivemos em Maninjau, continuámos a comer martabaks – não tão deliciosos como em Bukittinggi; almoçámos e jantámos na Jeny´s, enquanto “pequeno-almoçámos” no pequenito café de Emiliano Chino; conhecemos Bob  um senhor australiano, já reformado e que tinha a mão esquerda amputada – que era uma pessoa impecável e tranquila; vimos a riquíssima dialéctica da paisagem junto ao lago, pois os dias amanheciam claros, radiosos e dourados e à medida que as horas passavam o céu começava a cobrir-se de nuvens e sombras, a ponto de parecer que estávamos num local, completamente distinto! 😀 Visitámos uma cascata no meio da floresta, na qual tomámos banho pelados – sensação refrescante, libertadora e de estar em comunhão com a natureza – e para lá chegar percorremos um caminho verde e lamacento, junto a um pequeno riacho 🙂 ; visitámos um pequeno mercado; andámos alguns quilómetros em redor do lago a ver a bonita e serena paisagem; estivemos a comunicar com camponeses no meio de um arrozal, graças ao i-phone do Manu – “vês, para que é que isto serve!?”, com um sorriso cómico e triunfal; e quando apanhámos um ojek para regressar, no final da viagem tivemos uma discussão com o nosso condutor, devido ao preço hiper inflacionado, na qual Manu se mostrou irredutível e decidido.

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No lago, também falei muitas horas com Manu e vi quão semelhantes somos em tantas coisas, mas principalmente ouvi parte da sua história de vida e ganhei a noção de como as pessoas podem realmente mudar. Em tempos, ele foi um homem de negócios de sucesso da classe alta, tinha um belo apartamento, um grande descapotável, uma vida super confortável em que tinha bastante dinheiro para comprar o que quisesse, fumava muito e pesava cento e vinte quilos. Aos poucos, deixou de se sentir bem com a sua vida, começou a fazer desporto, foi emagrecendo, desistiu da carreira, vendeu o carrão e começou a viajar. Hoje sabe que naquela altura não era feliz e que não é a quantidade de bens materiais ou a carreira que se tem que trazem a felicidade! Quer continuar a viajar. Obrigado pela partilha Manu, mi amigo! 😀

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Bukittinggi e Arredores

Depois da viagem inesquecível e de aterrar no aeroporto de Padang, apanhei uma carrinha para a cidade de Bukittinggi, onde cheguei já de noite. Depois de arranjar poiso na agradável Hello Guesthouse, conheci Manu, um rapaz espanhol que também estava a viajar a alguns meses na Ásia e com naturalidade começámos a falar sobre pequenos tudos e pequenos nadas, e uma vez que estávamos pela primeira vez no hemisfério sul fizemos uma pequena experiência sobre o efeito de coriolis. A verdade é que nos entendemos tão bem que combinámos ir juntos a um lago – danau Maninjau – e a um vulcão – Gunung Marapi – que ficavam nas imediações da cidade, quando ele regressasse do lago de Singkarak.

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Em Bukittinggi ademais de comer deliciosos martabaks tal como em Berastagi – e pequenos-almoços, fui acordado todas as noites as quatro da manhã com cânticos, não de uma, mas de duas mesquitas! 😛 E passeei na caótica e animada zona do mercado, em Kato Gadang  uma antiga muralha – em Siank Canyon rio entre vales – e no Panorama park, do qual tive uma visão mais elevada sobre verdes vales e montanhas.

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Para além de percorrer a cidade, fui até à vila de Batu Sangkar  a cerca de quarenta quilómetros de distância e coração da etnia matriarcal/patriacal dos Minangkabau – onde visitei o bonito palácio do rei em Pagaruyung, mas principalmente onde tive a oportunidade de conhecer Revi Suhendi, um ojek – condutor de táxi-mota – extremamente amistoso e caloroso que me levou a “passear” em redor da vila. Desse modo, tive a oportunidade de observar a bonita paisagem campestre e muito verde, cheia de plantações, arrozais e afáveis camponeses e no final do nosso pequeno tour, Revi ofereceu-me um refresco e meio maço de tabaco! Na despedida tirámos um retrato juntos e fiquei a saber que amigo, na língua Indonésia se diz SUKA! 😀

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Outra das visitas que fiz, aliás que tentei fazer, foi ir até ao vale de Harau, nas imediações da cidade de Payakumbuh. Porém o que à primeira vista parecia simples, revelou-se uma tarefa impossível devido aos múltiplos problemas que tive com os transportes: bilhetes hiper-inflacionados, longas discussões de preços, múltiplas conexões e desconexões, carrinhas/autocarros a cair aos bocados e longuíííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííssimas esperas, tudo somado resultou num passeio surreal passado na Indonésia, mais precisamente em Sumatra, onde a lógica se torna ilógica e o caos passa a comandar as situações do quotidiano. Neste dia esperei, irritei-me, praguejei, ri-me e aprendi uma lição: em Sumatra há que ter tempo para viajar e uma paciência de Jo, ou nas palavras mais sábias e perfeitas de Saramago: “Afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte”.

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Danau Toba. Dias Tranquilos

De Berastagi parti numa mini-van, acompanhado por Smiley e Margot – uma das raparigas francesas do trekking e que estava em Sumatra, a fazer um doutoramento sobre as “malfadadas” plantações de palmeiras – em direção ao porto de Tigaras, na parte norte do lago – danau – Toba. Para lá chegar tivemos de percorrer um longo caminho e penetrar lentamente no coração e na alma do povo Batak, uma antiga tribo canibal que foi convertida maioritariamente ao cristianismo.

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Pelo caminho, fomos parando e o nosso guia mostrou-nos vários tipos de plantas e árvores – canela, cravinho… – visitámos a pequena aldeia de Dokan e uma casa tradicional onde habitavam oito famílias!!! E aprendemos um pouco sobre os símbolos – osgas, cornos de búfalos… – que decoravam os exteriores das habitações e as protegiam dos maus espíritos 🙂 ; observámos a beleza natural – o lago azul, os verdes montes, os pinheiros, as pequenas aldeias, o céu a escurecer – que rodeava a pequena vila de Tanging; comemos um delicioso peixe na grelha com um piri-piri caseiro bombástico e descobri o “fabulástico” sumo de abacate, que se tornou uma espécie de revelação! 😀 ; ao percorrer parte da margem oeste do lago, vimos a neblina a correr nas verdes encostas, o processo de tecelagem de ikat´s tradicionais, visitámos pequenas aldeias, cheias de pessoas amistosas e alegres crianças, e assistimos a uma importante cerimónia Batak – que ocorre de dez em dez anos! – onde a dança e a música assumiam um papel fundamental – ritmo hipnótico. 😀

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Na manhã seguinte continuámos até ao porto de Tigaras, onde nos despedimos do relaxado e sorridente Smiley e aí apanhámos um pequeno ferry para Simanindo, uma povoação na ilha de Samosir – já no interior do lago Toba e que é a maior ilha do planeta existente no interior de uma ilha – e posteriormente uma mini-van para as imediações de Tuk-Tuk, onde Margot se despediu apressadamente. :/ Depois de apanhar uma boleia de scooter para essa vila, encontrei poiso na simples mas agradável Horas Sugary Guesthouse e aí junto ao sereno lago azul, fiquei alguns dias.

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Na ilha de Samosir, bem no coração da tribo Batak passei dias tranquilos e continuei a penetrar naquele mundo tribal, extraordinário e misterioso; percorri a pé as vilas de Tuk-TukTomok e Ambarita nas quais visitei casas tradicionais, museus, o túmulo do rei e zonas onde os anciões se reuniam antigamente para tomar decisões importantes – as cadeiras do “Poder” – observei e senti a tranquilidade da paisagem rural de campos de cultivo e arrozais, cascatas, enormes montes verdes e do grande Toba; escrevi e organizei textos para o blog e na despedida apenas posso dizer, Mao Lia Te – obrigado na língua Batak – pela estadia e simpatia, não vos esquecerei povo Batak… 😀

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Berastagi & Gunung Sibayak

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Nos dias em que estive em Berastagi e à semelhança de Medan, fui entrevistado umas quantas vezes; vi igrejas, mesquitas, camponeses e cenouras… muitas cenouras 😛 ; visitei a zona do mercado, onde encontrei uma grande variedade de frutas e produtos desconhecidos, sentindo o calor e simpatia dos “nativos”; subi à colina de Gundaling de onde observei a panorâmica da vila e já no topo, uma visão magnífica de… neblina e trevas! Berastagi também marca o meu primeiro encontro com o delicioso martabak de chocolate e amendoins. Huuuuuuuuuumm! 😀

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Já nas imediações da vila, na companhia de duas raparigas francesas e de um guia, tive a minha primeira oportunidade de escalar um vulcão ativo, mas adormecido, o Gunung Sibayak e diga-se que o trekking não desiludiu. Nadinha! 🙂 O nosso primeiro “passo” foi apanhar um pequeno autocarro – no qual observei, o motorista que fumava qual um dragãozinho – para as imediações da cascata de Sikulikap e depois de a contemplarmos a partir de um miradouro elevado, começámos a nossa ascensão.

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O trekking fez-se por uma encosta coberta de selva: lama e zonas barrentas, vegetação cerrada, muitos obstáculos e troncos caídos, períodos de chuva leve e uma temperatura agradável, assim foi a nossa ascensão. Quando chegámos à zona da cratera, nuvens corriam velozmente no céu, mudando rapidamente a nossa perceção, sendo a paisagem um misto de cinzentos, verdes e fumos. Passados apenas dez minutos de aí termos chegado, começou a chover torrencialmente.

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A partir desse momento tudo mudou, tornando-se a paisagem surreal: as rochas de múltiplas cores – cinzentas, esverdeadas, avermelhadas -, a formação de rios e cascata no meio do trilho, o contraste entre o vulcão “fumante” e o dilúvio! Belo e memorável. 😀 No meio daquela tempestade, fomos andando o mais rápido que conseguimos e quando chegámos à estrada o nosso guia contactou um amigo para nos ir buscar.

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Passados vinte minutos chegou uma pequena carrinha com um sorridente Rastman a bordo, Smiley o nosso “taxista” era  relaxado, simpático e muito “boa onda” e levou-nos até às hot springs, lá do sítio. Foi aí que o nosso trekking teve o seu final perfeito, todos de molho numa piscina a fumegar, a chuva a cair e o Gunung Sibayak no horizonte. 😉    

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Medan. Luz e Escuridão

O meu primeiro destino na Indonésia foi a cidade de Medan, no norte da ilha de Sumatra e na chegada ao aeroporto internacional, este era tão moderno, limpo e eficiente que cheguei a pensar se ainda estaria em Singapura! Porém, quando tive de esperar duas horas pelo comboio para chegar ao centro da cidade, as dúvidas desvaneceram-se, estava mesmo na Indonésia. 😛

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Na saída da estação de comboios, ao ser abordado por uma horda de taxistas que perguntavam: “Hei Mr.! Where you go?”, não pude deixar de pensar: “o mito urbano é verdadeiro! Welcome to the wild”. Felizmente nessa altura, um cidadão indonésio ajudou-me e apanhámos um táxi juntos. Na despedida, deixou a viagem paga e indicações claras para o taxista me levar até ao local que eu estava à procura, o Hotel Zakia, nas imediações da mesquita branca – Masjid Raya – e eu agradeci a sua extrema bondade. 🙂

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Depois de negociar o preço do quarto, visitei a bonita e branca Masjid Raya de sarong posto e a zona do palácio, onde fui pela primeira vez entrevistado na cidade por simpáticas estudantes – quando saí de Medan, tinha sido entrevistado três vezes. 😛

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Durante o tempo que estive na cidade, a mesma revelou ser suja e cinzenta, cheia de tráfego e fumo – motas, motorizadas, autocarros/carrinhas, carros – barulhenta, frenética, caótica, vibrante, autêntica e real, ah!… e cheia de comida deliciosa. 😀

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Ainda em Medan e num pequeno cyber-café senti um lado negro da Ásia que nunca presenciei antes, pois fui abordado por um estranho indivíduo que me ofereceu crianças – tanto do sexo masculino, como feminino, para sexo? – e perguntou-me se queria adotar/comprar um órfão!? Acenei que não, ainda meio aparvalhado, e depois de mandar rapidamente um e-mail, pus-me a milhas daquele ambiente bizarro e pesado, a pensar que o ser humano pode transformar-se numa besta, capaz de tudo. 😦

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A Organizada Singapura

Na fronteira entre a Malásia e Singapura, fui chamado à zona da alfândega para declarar bens. :/ A saber, uns maços de tabaco que foram comprados na ilha de Langkawi por cinco dólares e que nesse momento foram avaliados em cinquenta! 😛 Claro que face à situação criada, transmiti aos funcionários da alfândega que não estava interessado em pagar aquela taxa “absurda” e que podiam destruir os mesmos. Assim foi a minha entrada no pequeno país.

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Percebi então, que Singapura era necessariamente diferente dos países anteriores e não me enganei. Durante os dias que estive nesta Big Town Country houve características que sobressaíram: a limpeza, a organização, a meticulosidade, a eficiência, a riqueza… à medida que fui circulando no país/cidade, vi muitos cartazes de proibições – algumas delas bizarras, como o caso das pastilhas elásticas?! – e por esse motivo batizei Singapura, de Fine Country  o país das multas. 😛 Ao mesmo tempo observei um paradoxo interessante, o governo taxa de forma pesadíssima o tabaco, proíbe as pastilhas elásticas mas simultaneamente permite a prostituição! Enfim… há negócios que serão sempre inatacáveis.

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Na cidade voltei a encontrar o Rudy e com ele tive um jantar extraordinário: o delicioso e famosíssimo caranguejo picante de Singapura, lulas, ostras, arroz, doce de manga, água de coco e no final uma conta brutal, que ele fez questão de pagar! Merci, mon amie. 😀

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Nos dias que estive em Singapura, deambulei livremente e visitei a vibrante e colorida Little India; a zona de Chinatown, que me pareceu demasiado plástica e pouco autêntica; a moderna zona do centro financeiro onde quase “parti o pescoço”, de tanto olhar para cima 😀 ; os maravilhosos parques e jardins; a curiosa e “macabra” How Par Villa, onde muitos pais mostram aos filhos o que lhes pode acontecer se forem “más pessoas” – zona dos infernos chineses, extremamente gráfica e explícita – 😛 e a hiper turística ilha de Sentosa, onde se localiza o parque temático da Universal Studios e umas praias que até podiam ser agradáveis, mas com a linha do horizonte coberta de cargueiros, perdem todo o encanto.

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Para além das deambulações na cidade, mudei o “paradigma” do meu caderno e deixei de escrever nele como sendo um diário; continuei a provar deliciosa comida e relaxei no magnífico hostel – Green Kiwi  onde numa noites, tive um serão bastante animado e engraçado a jogar jenga – peças de madeira, que formam uma torre e que têm de ser removidas uma a uma, até alguém fazer a torre cair – com um grande grupo de australianos e canadianos. 🙂 A a ilha de Sumatra estava a um curto voo de distância…

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Viagem Sentimental a Malaca

A Malaca, essa histórica terra de sultões malaios, portugueses – durante centro e trinta anos: 1511 a 1641 – holandeses, britânicos e posteriormente chineses e indianos, cheguei às sete da manhã, depois de uma viagem noturna de comboio – a primeira e única que fiz no país – que ligou Jerantut a Tampin e de uma breve travessia de autocarro entre Tampin e Malaca.

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Nos três dias que estive na quente, sonolenta e turística cidade, que é património da UNESCO desde 2008, lavei toda a roupa que usei na selva de Taman Negara e que estava um “caco” 😛 ; desfiz toda a mala e decidi o que enviar para Portugal via correios; marquei o meu voo para entrar na Indonésia, via Sumatra; escrevi postais; vi muitos episódios de uma série, que tinha em atraso; marquei hostel em Singapura e combinei reencontrar-me com o Rudy  um rapaz Indonésio que conhecera no parque natural de Mulu; tive um jantar delicioso de comida tradicional de Malaca, na companhia de um rapaz britânico, um rapaz malaio e uma rapariga singapurense e deambulei pela cidade fazendo dois percursos pedestres, muito interessantes. 🙂

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O primeiro percurso chamava-se a herança holandesa e assim que vi essa denominação, pensei instantaneamente “que os portugueses também mereciam algum crédito”, afinal a Porta de São Tiago – “A Famosa” – e a Igreja de São Paulo foram construídas por nós bravos lusos! 😉 Durante o passeio, percorri a Jalan Kota, observando o exterior de bonitos museus de fachadas brancas – arquitetura, antiguidades, selos… – e o jardim da coroação. Na Porta de São Tiago, detive-me mais tempo e senti orgulho por ver um bocadinho de Portugal, num país que fica a tantos quilómetros de distância e segui até ao cemitério holandês – que na verdade de holandês tem muito pouco, uma vez que das trinta e oito campas existentes, apenas cinco são holandesas! As restantes são britânicas 😛 – e até às ruínas da Igreja de São Paulo – antiga igreja da Nossa Senhora da Conceição, mandada construir pelo capitão luso, Duarte Coelho em honra da Virgem Maria e que posteriormente foi rebatizada pelos holandeses. Do alto tive uma agradável panorâmica da cidade e segui andando até à margem oeste do rio.

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Nessa margem, a herança revelou uma faceta mais moderna de Malaca, pois aqui destacaram-se bonitas casas de fachadas coloridas – de antigas famílias chinesas -, grandes e belos antiquários, o hotel Puri; o fresco, delicioso e tradicional gelado malaio – cendol  e a rua da harmonia onde numa curta distância existe, o templo hindu mais antigo do país – Sri Poyyatha Vinayagar Maarthi, 1781 – a mesquita de Kampung Kling  1868 – e o templo chinês, das nuvens brilhantes – Cheng Haan Teng, 1654 – e de facto foi emocionante visitar esses locais tão distintos, mas ao mesmo tempo tão próximos entre si. 🙂

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Nestes percursos para além dos emblemáticos monumentos, vi a multiplicidade da decoração e riqueza que os tuk-tuk/riquexós ostentam: corações, flores, yellow kitty´s, motivos religiosos. Numa palavra? Kitch! Para além do forte impacto visual, quando estão em andamento provocam um impacto auditivo ainda mais estrondoso! 😛 Uma vez que há recurso a sistemas sonoros complexos e potentes que emitem decibéis de músicas de amor chorosas, hits em inglês, lambada e o chamado “cascabulho”. Sem dúvida que estes veículos se fazem notar, nas ruas da cidade e na minha opinião deviam fazer parte da lista da UNESCO, tal como os inúmeros monumentos… 🙂 E na despedida de Malaca e da Malásia, senti-me orgulhoso por ser Português!

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