A cidade antiga de Pingyao – pode encontrar mais aqui – é possivelmente a cidade muralhada mais bem preservada de toda a China e enquanto passeei e pedalei no seu interior, fiquei com a sensação de ter recuado aos tempos da China Imperial. No templo taoista de Qing Xu, tive o privilégio de encontrar dois monges a jogar uma partida de Xiàngqí (xadrez chinês).
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Das múltiplas secções existentes e visitáveis da Grande Muralha da China – pode encontrar mais aqui – estive na secção de Mutianyu, nas imediações de Pequim, onde tive a felicidade de sentir a aura de um dos monumentos mais marcantes da História da Humanidade. Na fotografia pode observar-se um pouco da sua forma serpenteante, ao longo de colinas, montes e montanhas.
Ideias Soltas sobre o Império do Meio
1) A China é o país mais populoso do mundo (1.4 biliões de almas, aposto que muitas mais serão) e é o país do: “É tudo, à grande!”. A área foge à escala humana e a cultura à compreensão ocidental, pelo menos da maioria de todos nós. É um país de binómios e contrastes: desertos vS megalópole; ricos vS pobres; natureza vS obra humana; comunismo vS capitalismo; realidade vS fição; crença vS descrença; família vS indivíduo…
2) Antes de chegar ao país e com a informação que li, dava-me a sensação que os chineses eram quase robots inexpressivos, nada disso! São um povo caloroso, afável e que sabe receber de braços abertos… ah e já agora, copo numa mão e cigarros na outra… 😀
3) A comida é absolutamente divinal e deliciosa e é, na generalidade das províncias, bastante picante – principalmente em Sìchuān – e os cheiros do país expandem-se numa palete rica e variada que pode ir desde o fumo de escape das ruas de Pequim até aos doces e frutados de Jinghong.
4) Aqui Deus, tem o nome família e esta ainda é um dos pilares fundamentais da cultura chinesa, se bem que aos poucos e poucos as coisas comecem a mudar…
5) No país, o comunismo está intimamente relacionado com Confúcio, desse modo pode comparar-se o regime a um pai que educa com amor, mas que se for preciso também dará uns bons tabefes. Aqui não se fala de política, fala-se de interesse público o que por vezes choca com as liberdades individuais – por exemplo segurança vS liberdade.
6) O nome do regime que governa o país é Comunista, mas poderia ser outro que o resultado seria igual ou semelhante, uma vez que a alma do mesmo é Capitalista até ao tutano e o nome apenas serve para batizar um regime ditatorial, que é a cola que unifica o país. Caso um dia a ditadura desapareça, o país enquanto unidade fragmentar-se-á e a China dará origem a múltiplos países ou pequenos estados semi-independentes.
Dia de Festa
O dia começou com o meu personal Jesus a conduzir-me até Guizhou Lu, onde o dono do hostel me foi buscar e antes de nos despedirmos, dei-lhe um grande abraço e pedi-lhe o número de telemóvel. 😀 Depois de fazer o check-in, estive a falar sobre Beihai e recebi muita informação útil sobre a cidade – o que visitar, como me deslocar, onde comer… e antes de sair do hostel, pedi ao dono do hostel para ligar ao meu casal de “salvadores”, pois queria voltar a encontrar-me com eles. 🙂 Ficou então combinado que nos encontraríamos às 15.00 em frente ao hotel Shangri-la e como ainda tinha tempo aproveitei para visitar algumas zonas da cidade.
Comecei então pela Beibuwan Square, coração da cidade moderna e onde se encontra toda uma profusão de tuk-tuk´s, scooters e motas que a qualquer momento abrandam e nos “oferecem” os seus serviços. 😛 Sempre rumo a norte, percorri a Sichuan Lu até encontrar a Zhuhaixi Lu e a Zhunhaidong Lu que são por sua vez o coração da zona antiga de Beihai – muito semelhante à de Haikou. Porém aqui, as ruas estão fechadas ao trânsito e os negócios nos pisos térreos são turísticos, existindo por isso uma falta de realismo que abundava em Haikou. De qualquer modo as fachadas semi-degradadas são lindíssimas, em abundante número e revelam todo o charme do estilo Nanyang Qilou – mescla de arquitectura europeia colonial e elementos chineses. 🙂
Quando cheguei ao hotel Shangri-la o relógio marcava 15.05 e aguardei até às 15.30, hora em que eles apareceram. Seguimos então, para o seu mini-apartamento e aí mostrei-lhes fotografias de Sanya e Beihai, bebi uma deliciosa Tang Shui – água com mel – e aprendi finalmente os seus nomes: Li Jing Lei e Fu Xue Rui. De scooter (os três! 😛 ) partimos para o prédio da KTV, onde fomos até a um clube de snooker e aí tive a oportunidade de “jogar”, quer dizer, mandar umas tacadas numa mesa de snooker profissional – os quatro metros de comprimento, fizeram-me sentir a imponência da mesa e a extraordinária dificuldade do jogo. 🙂 Depois disso o Li, foi jogar com um amigo e como eles jogavam com classe e havia dinheiro envolvido, não me entediei nada e durante duas horas, observei as posições dos braços, ante-braços e dedos, a concentração espelhada no olhar e de como uma bola de sorte pode mudar o rumo de uma partida e decidir o vencedor da mesma.
Guangzhou. Calor e Tempestades
Nos dias que passei na terceira maior cidade chinesa, esclareci as minhas dúvidas relativamente à rota a tomar após deixar a cidade; visitei parques, jardins e tive dois encontros maravilhosos com as suas distintas faces (a Guangzhou clássica e a Guangzhou contemporânea); fui entrevistado via skype – ou foi mais uma conversa de amigos!? 🙂 ; bebi pela primeira uma refrescante e deliciosa água de coco 🙂 ; tirei múltiplas fotografias; fui abraçado “ternamente” pelo seu abafadíssimo calor e abençoado algumas vezes, por chuvas absolutamente torrenciais e por céus rasgados e iluminados por relâmpagos gigantes. 😉
Museu de Xangai
Dia do Tigre e do Leão
Prólogo
E aquela foi realmente a última vez que nos vimos, uma vez que Yue tinha mesmo que comparecer na faculdade no dia seguinte. Mesmo assim e com todo o trabalho que a rodeava, mandou-me um e-mail com um roteiro espetacular: nomes dos locais a visitar, números dos autocarros para cada destino e nomes das paragens! Foi mesmo querida e cuidadosa comigo e só lhe posso manifestar o meu mais profundo agradecimento. Duo Xiè (Muito Obrigado), Yue! 😀
Munido com a informação que recebi, parti para a Tigger Hill e apesar de na mesma não se poder subir à pagoda e observar Suzhou de um ponto mais elevado, diverti-me bastante no local. Para além da beleza e de todos os pormenores bonitos que vi na colina do tigre – edifícios, a pagoda, a zona dos bonsais chineses e do Penjing, das árvores e das flores – o que me deu mesmo mais prazer foi andar à “caça” de fotografias de uns pássaros brancos, grandes e graciosos que por lá voavam. 🙂
Durante o dia deambulei por mais uns locais de Suzhou, mas o qual eu quero mesmo destacar é o jardim The Lions Forrest. Aqui a floresta é feita de pedra e nunca vi uma tal complexidade de caminhos e trilhos por entre uma floresta de rochas. Pode não ser tão grande como o jardim do dia anterior, mas devido ao seu carácter tão particular e distinto, deu-me mais prazer visitar este local. Se bem que o conjunto dos dois – e apenas estes, pois Suzhou tem muito mais jardins – é um belo resumo da beleza dos jardins da cidade. 😀
Em Suzhou reencontrei a Yue – rapariga que conheci em WulingYuan – e o meu primeiro dia na cidade foi passado com ela. 🙂 Enquanto comíamos uns Sheng Jian Bao absolutamente divinais, falámos sobre distintos conceitos de beleza, por exemplo na China e outros países orientais associa-se a beleza das pessoas à cor branca e nos países ocidentais associa-se a beleza e a saúde das pessoas à cor morena.
Terminados os assuntos de beleza e gastronómicos rumámos ao belo museu de Suzhou e muito possivelmente última obra de I.M. Pei – único arquitecto de origem chinesa realmente famoso e que passou grande parte da sua infância nesta cidade – e daí seguimos até ao jardim mais afamado da cidade: The Humble Administrator´s e também o mais dispendioso… 😛 De qualquer modo foi uma bela visita e o jardim vale de facto a pena, e se existir algum defeito a apontar só o excessivo número de turistas e franceses… 🙂 Antes de nos despedirmos ainda passámos por Pingjiang Road que é uma zona da cidade bastante agradável, tranquila e que fica nas proximidades de uns canais, onde a Yue me mostrou um café/livraria/papelaria onde é possível enviarmos postais a nós próprios com anos de diferença, ou seja, podemos enviar um postal hoje e recebê-lo daqui a dez anos, por exemplo… o máximo! 😉
Como a Yue tinha uma festa de aniversário, não pudemos jantar juntos e quando demos um abraço sentido ficámos na dúvida se aquela era a nossa despedida definitiva e se seria a última vez que nos veríamos.
P.S. – Combinámos reencontrar-nos no dia seguinte mas apenas e caso ela conseguisse ter algum tempo disponível, uma vez que andava com prazos apertados na faculdade.
Em Wuxi apenas estive um dia, mas no tempo que aqui estive apreciei bastante a cidade e foi com uma certa pena que deixei a mesma. De qualquer modo e do que vi destaco a cidade antiga de Huishan e as suas bonitas casas brancas de telha negra e pátios incontáveis; os seus canais e reflexos; as suas pontes; os seus templos; as suas esplanadas e as texturas e rugosidades das suas paredes. 🙂
O museu de Terracota que gostei bastante e com o qual aprendi um pouco mais sobre o país, através das suas coloridas peças de terracota, mesmo com o segurança a andar quase em cima dos meus calcanhares. 😛 E um passeio noturno de bicicleta em redor do lago com a rececionista do hostel e no qual tive a oportunidade de aprender mais sobre a China: festivais (Lua e Primavera), feriados, binómio Mao/Diao Xiao Ping, família, tradição, viagens, o porquê de viajar. E devo referir que foi das poucas vezes que consegui ter uma conversa realmente aberta acerca do país, sem constrangimentos de qualquer ordem. 😀
Sleender Lake
Este lago e toda a sua área envolvente formam um local magnífico, que se localiza na periferia da cidade. Cheio de vegetação frondosa, água – lagos, riachos, cascatas, fontes – pontes, pavilhões, flores, um templo budista e uma estupa que imita Beihai, criaturas hediondas caídas do nada, vestígios arqueológicos e o museu de Penjing – arte que concilia a rocha, as árvores, o “vaso” e a base. 🙂 Foi um belo e longo passeio apesar do dia fresco e bastante cinzento.








































































