Na viagem entre Wuxi e Suzhou demorei mais tempo entre o hostel e a estação de comboios e a comprar o bilhete que na viagem propriamente dita, uma vez que andei no meu primeiro “TGV” chinês e em vinte minutos estava em Suzhou. Vruuuuuuuum e nunca mais o vi… 😉
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Cheguei à bonita e clássica estação de Hankou por volta da 1.10 e depois de comprar o bilhete para a ligação final, fui até ao Macdonald´s onde comi e tentei apanhar wi-fi – sem sucesso. Uma vez que o comboio apenas estava marcado para as 4.20 aproveitei para organizar as fotografias de Fenghuang, atualizar o Excel, vi chover na rua e escrevi no caderno “em tempo real”. Quando finalmente me dirigi à estação de comboios senti-me esmagado pela monumentalidade do átrio superior e aí apanhei wireless e verifiquei que em Nanquim iria ter de improvisar – relativamente ao hostel – e quando vi as pessoas a apressarem-se para entrar no comboio, fiz o mesmo. Ao chegar dentro do comboio e quando verifiquei que tinha de ficar à espera para partir, pensei que fora um idiota, pois devia ter aproveitado a ligação para pelo menos ter tirado a morada de um hostel.
Às 7.00 da manhã acordei com o rabo a doer do assento rijo e com vontade de dar uns safanões ao vizinho do lado, pois ele estava a “abusar” do “meu” espaço, e momentos antes de chegar ao meu destino ainda deu para “assistir” a um assalto de uma bolsa. Aliás, não assistir, pois ali à volta ninguém viu nada e só percebemos o que aconteceu quando dono da mesma se começou a queixar que o tinham roubado! 😦 A minha estupada continuou na chegada à cidade, pois quando desembarquei não tinha nenhum hostel marcado, nem sequer uma simples morada onde dirigir-me! Por isso e antes de abandonar a estação de comboios andei a tentar arranjar uma ligação à internet. Após muito custo e algumas tentativas falhadas, encontrei um casal de espanhóis com um smartphone e estes lá me ajudaram. Finalmente, comecei a ver alguma luz ao fundo do túnel e um final à vista para esta odisseia, que ligou Fenghuang a Nanquim. 🙂
A Bondade dos Desconhecidos
Quando cheguei a Wuchang já passava da meia noite e meia e o senhor que conheci no comboio, levou-me até à estação autocarros e disse-me para aguardar ali. Estava frio, bastante frio e à minha volta havia muito “ruído de fundo” com chineses a tentar forçar “negócios” de transportes. Nesse local e enquanto esperava conheci outro chinês (Zhang Shu) que estava em camisa porque ofereceu o casaco à namorada e imediatamente abri a minha mala e ofereci-lhe um casaco. Ele ofereceu-me um cigarro! 🙂 E ficámos a conversar enquanto esperávamos pelo autocarro. Como estava muito frio, ele convenceu-me a apanhar um “táxi-carrinha” com eles para a estação de comboios de Hankou e durante aquela viagem noturna, cidade dentro falou-me dos seus problemas e da pressão exercida à sua volta: sociedade, família e tradição, o que esperam dele e eu tentei animá-lo. Na despedida ele pagou-me o táxi e eu senti mais uma vez a bondade dos desconhecidos a aquecer-me o coração e a alma. 😀
Desde o momento que comecei a preparar a minha viagem, sabia que havia uma zona da China onde as ligações eram uma incógnita completa. Esse momento acabara de chegar, pois a ligação entre a zona central do país e Nanquim – uma das únicas três cidades que foi a capital da China, para além de Xi´an e Pequim – e que não fica assim tão distante de Xangai era o meu próximo passo. E este, era um graaaaaaande passo! Pelo menos em termos de distância. 🙂
A primeira fase da viagem decorreu entre Fenghuang – partida às 12.30 – e Changsha e foi feita de autocarro. Durante a viagem escrevi no caderno, dormitei um pouco e observei a paisagem que se resume em poucas palavras: auto-estrada e tempo muito cinzento. Quando entrámos em Changsha, não fazia a mínima ideia para onde é que estaria a ser levado e mentalmente estava a tentar relaxar pois o tempo estava a passar muito rapidamente e o meu limite para apanhar o comboio estava a ficar muito reduzido. Quando saí do autocarro (18.30) chovia e fazia frio – em contraste ao dia anterior quente e abafado – e fiquei muito feliz porque ao ver que a estação de autocarros, estava mesmo “colada” com a de comboios, soube imediatamente que iria conseguir apanhar o comboio para WuChang o que me permitia a ligação posterior para Hankou e daí para Nanquim.
Uma vez que o comboio estava cheio, comprei o bilhete sem lugar marcado, e dirigi-me para a plataforma e… o comboio só apareceu às 19.50! Já dentro do comboio o atraso continuou a aumentar e só saímos da estação de Changsha às 21.00. Era a primeira vez que tal acontecia durante a viagem! E tinha de ser precisamente neste dia de ligações altamente intricadas! Nesse momento tive a certeza absoluta que não iria chegar a tempo, rosnei pragas e estava irritado, muito irritado: “Tanta m@§£€, para uma caganita!” Sem nada poder fazer relativamente a esse assunto, aproveitei a viagem entre Changsha e WuChang – uma das três cidades que forma a megalópole de Wuhan – para escrever no caderno, levantar-me para “esticar” o corpo, comer qualquer coisa e sentir os olhos a fechar fruto do cansaço. Pensei: “Quando lá chegar, logo se vê como mudo de estação” e conheci um chinês que era engenheiro informático (mas que parecia um rapazito) e em quinze minutos de conversa, ele informou-me que existiam autocarros que ligavam as diferentes estações de comboio de Wuhan, vinte e quatro horas por dia. 🙂
Reflexão: Aprende de vez… que sofrer por antecipação, não compensa! 😉
A minha viagem começou quando tive de ir a pé para a estação de autocarros, pois os autocarros locais apenas começam às 8.00!? E eu fiquei com a sensação que existe alguém – taxistas e condutores privados – que anda a aproveitar-se desta situação. Na viagem propriamente dita percorri duzentos e trinta e seis quilómetros, escrevendo no meu diário sobre os dias passados em WulingYuan. Ao longo do caminho vi arrozais em socalcos, plantações verdes, aldeias, florestas… e para além disso, durante a viagem coloquei umas meias a secar e pensei porque é que me tinha de calhar em rifa um motorista “buzinador”. 😛
Esta foi a primeira vez, que fiz uma viagem noturna sem ser num vagão-cama e quando me dirigi à carruagem, esta estava atulhada de pessoas e bagagens. As pessoas tinham as feições marcadas e vincadas, o que não me deixou dúvidas quanto à sua origem pobre e humilde e a maioria das bagagens não passavam de sacas gigantes. A viagem não foi serena, porque acordei muitas vezes ao longo da noite, inquieto com o facto de ter de sair na estação correta.O problema é que desta vez não tinha o revisor para me indicar se estava na mesma, ou não. A chegada a Zhangjiajie, ocorreu dez minutos antes da hora prevista – às 5.55 já estava de saída do comboio – e na chegada vi picos na bruma, belo! 🙂 Depois de deixar a estação, apanhei um autocarro para o centro da cidade e imediações de um hostel…
Compasso de Espera em Yichang
Quando cheguei a Yichang não tinha nenhum papel escrito em chinês que me auxiliasse – sim o famoso! O “my precious!” 😛 – mas com a ajuda dos meus companheiros de camarata, lá me consegui safar. No entanto, senti que no início não estavam com muita vontade de me ajudar, mas depois de colocar uma expressão facial, do género: ”Não estão a ser muito prestáveis…” lá foram comigo até à paragem de autocarros e me disseram qual o número que tinha de apanhar para chegar à estação de comboios Este.
Quando lá cheguei eram 18.00 e depois de comprar o bilhete para Zhangjiajie – partida à 1.34 – fui jantar. Felizmente a moderna estação, tinha uma zona de espera confortável, o que tornou a “tarefa de esperar” menos penosa, desse modo aproveitei para escrever no caderno e para reler alguns textos que escrevi para o blog. Depois de tudo isto e já bastante cansado dirigi-me para o comboio…
Ato III – Domingo, Etapa final
No último dia da viagem, acordei novamente bastante cedo e como às 6.20 já estava levantado, fui até à proa do barco a tempo de ver o Xiling Gorge e a espectacular paisagem natural, em que o rio vai correndo entre “montanhas” mais elevadas. Nessa altura o sol matinal modificou as cores do rio e dos prateados passou-se aos dourados. Quando a luz começou a intensificar-se, desloquei-me até à popa do barco e vi a luz doirada sobre a margem sul do rio, pequenos portos naturais de rocha branca, a água verde e florestas “douradas”. 😀
A manhã e tarde arrastaram-se e durante esse período, comi, arrumei a mala, tomei banho, tirei fotografias, observei a paisagem que se foi tornando mais banal, falei com os companheiros de camarata, dormitei um pouco e estive suspenso à espera do desembarque, que só aconteceu por volta das 15.00.
A viagem de barco pelo Yangtze terminou em Gezhou e daí para Yichang distam apenas trinta e oito quilómetros que foram percorridos de autocarro. No início a estrada estava em obras mas depois apanhámos uma autoestrada impecável e pelo caminho observei uma paisagem muito verde, coberta de árvores e pequenos pináculos de rocha, lembrando-me de WulingYuan – um dos próximos destinos – e reparei que o filme a Máscara – esse “clássico” – estava a passar nos ecrãs do autocarro. 😛
Ato II – Sábado? Loooongooooo dia…
O dia começou com a minha tentativa de ver nascer do sol, porém tal tentativa revelou-se infrutífera pois a neblina era de tal modo espessa que não se via uma réstia de sol. Aproveitei então para tomar o pequeno almoço e na exploração que fiz do barco percebi que havia quartos de seis pessoas – que eram mais baratos, mas que possivelmente quando comprei o meu bilhete já teriam esgotado – um refeitório/sala de refeições e uma zona para lavar a roupa.
Durante o dia aproveitei para fazer uma higiene pessoal mais profunda e aproveitei para lavar o softshell que por esta altura já estava um bocado encardido. Organizei as fotografias tiradas em Kunming e Chongqing, atualizei o excel, escrevi no caderno e almocei. Ao longo do dia e recorrentemente fui olhando para a paisagem do Yangtze e tirando notas: a manhã esteve coberta de nevoeiro, que depois foi progressivamente levantando e a partir das 14.00 o sol despontou. Percorridos duzentos e trinta e nove quilómetros, as encostas dos montes à nossa volta parecem acentuadas e o largo rio dá a sensação de “open space”. 🙂 Há sempre uma neblina embrenhada no ar. Passei uma barreira e do topo vi a proa do barco (16.40). Sentei-me de pernas cruzadas, acompanhado de chá na minha garrafa XPTO – encontrada no viagem entre Kunming e Chongqing – da máquina fotográfica e do computador finalmente operacional. Vista desafogada. Caderno a ser atualizado em tempo real. Lembrar-me volta e meia da M. Estar deitado no convés quente e com o sol a bater-me na face – tempo muito agradável e soalheiro. Vi o pôr do sol e voltei ao quarto, onde jantei cedo.
Durante e depois de jantar estive a conversar com os meus companheiros de camarata, fiquei a saber que todos andavam a viajar pelo seu país e fiquei encantado por ver pessoas tão ativas com aquela idade. 🙂 Quando passámos pela cidade de Yun Yuan vi a iluminação louca dos seus arranha-céus – prédios que mudavam de padrões luminosos – da sua ponte e ao mesmo tempo dos múltiplos raios que rasgavam os céus e fiquei tal como em Chongqing com a forte sensação de estar a ver uma típica cidade asiática.
Ato I – Sexta Feira? Partida!
A minha viagem de seiscentos e quarenta quilómetros pelo Yangtze começou em Chongqing cerca das 22.00, depois do “fabuloso embarque” e quando vi a embarcação, percebi que a mesma era muito mais pequena do que eu inicialmente imaginara. A boa surpresa veio quando cheguei ao quarto e vi que este tinha quatro camas e uma casa de banho ensuite. Excelente! 🙂 Uma vez que por esta altura, já fazia contas ao dias que iria estar sem tomar banho, contando que já vinha de Kunming e de uma viagem muito longa! Desse modo, aproveitei para tomar banho e para tirar fotografias antes da partida e no início da mesma. Quando voltei ao quarto conheci os meus companheiros de camarata, dois senhores e uma senhora todos já com idades na casa dos cinquenta e muitos e infelizmente quando me deitei para dormir, os roncos já faziam estremecer o beliche. 😛














