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Uma Geografia. Uma Fotografia: Jakarta

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A minha estadia em Timor Leste, estava quase, quase a terminar e depois de regressar da “via sacra” à montanha Ramelau fiquei em Dili mais um par de dias, onde fiz uma festa de despedida especial com a familia Nicolau. De Díli para Jakarta, tive a odisseia derradeira, depois de mais de quarenta horas de viagem consecutivas e quatro dias seguidos a dormir em autocarros. Aqueles dias em Jakarta, foram dias para resolução de assuntos pendentes – arranjar a máquina fotográfica e aplicar o visto das Filipinas. Jakarta não é conhecida por ser uma cidade turística, aliás até existem pessoas que detestam a cidade, porém e sem nada poder fazer para acelerar o tempo, aproveitei para conhecer um pouco melhor aquela megalópolis. O coração do turismo situa-se à volta da praça Fatahilah e da antiga zona de Kota, onde nos arredores se encontram edifícios antigos parcialmente destruídos, degradados e abandonados, um canal de águas sujíssimas, ruas cheias de lixo, pessoas pobres mas dignas, um tráfego caótico, uma poluição sonora e atmosférica bastante incómodas. Tudo somado resulta numa cidade “bruta” e realíssima, como poucas vezes presenciei na vida, tal como em Haikou e Semporna. Na capital, também passei nas imediações da gigantesca e branca Masjid Iqtal, visitei o monumento nacional MONAS e o Museu Nacional. Na cidade comi a deliciosa e baratíssima comida local e no dia previamente acordado fui buscar o passaporte e a objetiva, despedi-me de Jakarta e parti para Pontianak, a aventura no Bornéu Indonésio – Kalimantan -, estava prestes a começar.

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Em trânsito Fotografia

Uma Geografia. Uma Fotografia: Kefa

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Na cidade de Kefa – pode encontrar mais aqui – conheci o Sr. Jorge, um senhor muito sereno, que era simultaneamente tradutor e guia turístico. Depois de uma conversa profícua, acordámos que ele me transportaria até à fronteira com Timor Leste junto ao enclave de Oecussi, ajudar-me-ia a arranjar dólares e durante a minha estadia na cidade seria simultaneamente meu guia e ojek.  Na manhã seguinte, na sua companhia rumei à pequena aldeia de Bitauni, onde visitei uma gruta/santuário, que albergava uma estátua de Cristo. Na gruta, a escuridão não era total pois existia luz natural que penetrava por algumas frinchas, existiam morcegos a voar e no ar sentia-se um odor pesado às suas fezes. Em frente à estátua da Nossa Senhora e do Redentor, o Sr. Jorge acendeu umas velas e rezou durante alguns momentos, enquanto eu observava silenciosamente.

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Crónicas Em trânsito

Uma Geografia. Uma Fotografia: Kupang

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Da  capital de Timor Oeste – pode encontrar mais aqui – não guardo especiais memórias, a não ser os “taxistas” trapaceiros que consegui evitar na chegada ao porto, a viagem numa carrinha coletiva que me levou até ao centro e a “passeata” forçada que fiz durante um par de horas até sair de Kupang, uma vez que a carrinha/autocarro andou às voltas na habitual tentativa de angariar passageiros. A tradição indonésia, ainda continua a ser o que era!

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Em trânsito Fotografia

Uma Geografia. Uma Fotografia: Pulau Lembata

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Na partida da ilha de Lembata – pode encontrar mais aqui  esse paraíso tropical, antes de embarcar num ferry, tirei fotografias à cor da água de múltiplos azuis e verdes e sorri com a pureza infantil das crianças que nadavam nuas, nas imediações do cais. Durante a travessia escrevi alguns textos para o blog, atualizei o caderno, tirei fotografias à bonita paisagem e ao sereno pôr do sol, continuei a ler a “loucura” de Bukowski e pensei que na manhã seguinte iria estar na ilha Timor

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Fotografia

Uma Geografia. Uma Fotografia: Wulandoni

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A caminho da aldeia de Wulandoni – pode encontrar mais aqui – percorri uma estrada plana e de topografia suave, observando o mar e algumas praias com areia. Durante o trajeto, encontrei um grupo de jovens nativos que celebravam o novo ano e devido ao abafado calor suei abundantemente, ao ponto de quase sonhar com uma cola-cola fresca, no regresso a Lamalera.

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Fotografia

Uma Geografia. Uma Fotografia: Tapobali

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A oeste de Lamalera, visitei a aldeia de Tapobali – pode encontrar mais aqui – e durante hora e meia caminhei em constante regime de sobe e desce, estive com crianças e tirei-lhes alguns retratos, senti o sossego, o calor abafado e vi a paisagem envolvente: a verde vegetação, o azul do mar, as enseadas e falésias de rocha vulcânica negra e castanha. Já na igreja de Tapobali, senti-me um autêntico alien ao ser observado por aproximadamente vinte pessoas, que estavam  especadas a olhar para mim. Porém, passado esse momento lost in translation, tudo regressou à normalidade, os pedidos de retratos sucederam-se e aprendi a desejar Bom Ano, na língua indonésia – Salamat Tahun Baru.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Lamalera

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Depois do longo périplo e de uma noite dormida na sonolenta e poeirenta Lewoleba, rumei à aldeia piscatória de Lamalera – pode encontrar mais aqui – um dos únicos locais do nosso planeta onde se podem pescar livremente baleias, tubarões e golfinhos. Na mesma tive a oportunidade de observar “rituais” de desmembramento de cetáceos e desse modo, vi golfinhos a serem cortados osso a osso, víscera a víscera, pedaço a pedaço até não sobrar nada… e a areia ficar coberta de sangue… coberta de morte… coberta de vida; e passei um dia inteiro no mar, a bordo de um barco onde observei o que é a pesca tradicional sem recurso a tecnologia, apenas o homem Vs. natureza… após tudo o que presenciei em Lamalera, fiquei com a certeza que estes pescadores têm uma vida bastante dura, de muito trabalho físico e não consegui encontrar nenhum motivo válido para se parar com a pesca tradicional, nesta aldeia. Os nativos apanham o que conseguem de uma forma justa e limpa, sem destruírem o ecossistema, não existindo extermínios em massa, como acontece por exemplo no civilizadíssimo Japão. Estas pessoas pescam para sobreviver e respeitam o mar com veneração, ou pelo menos sentem-lhe temor e sabem que se abusarem dele, no final não sobrará NADA! A não ser um deserto de ossadas…

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Em trânsito Fotografia

Uma Geografia. Uma Fotografia: Pulau Adonara

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Já a bordo, percebi que o barco onde me encontrava estava afinal em rota para a ilha de Adonara – pode encontrar mais aqui – e não Solor, como esperava. Instantaneamente desisti de visitar Wureh e Lahoyang e o plano imediato, passou a ser dormir em Waiwerang e na manhã seguinte continuar para a ilha de Lembata, porém… assim que desembarquei no porto, voltei a embarcar noutro barco que estava de partida. Para? A ilha de Lembata! Mais precisamente para a capital, Lewoleba e foi aí que acabei por ficar… depois de um longo périplo nestas terras orientais.

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Crónicas Em trânsito Reflexões

Uma Geografia. Uma Fotografia: Larantuka

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Depois de uma travessia de aproximadamente três horas, pela acidentada topografia da verdejante ilha das Flores surgiu no horizonte, Larantuka  pode encontrar mais aqui – e as ilhas de Solor e Adonara, que fruto da sua proximidade com a costa faziam com que o mar se assemelhasse a um lago rodeado de montanhas. Nesta cidade, que se localiza no extremo oriental das Flores, tentei informar-me acerca das ligações marítimas com Timor Oeste, porém devido ao mau tempo as mesmas estavam canceladas. Em Larantuka senti uma vez mais, o facto de ser visto “apenas como dinheiro andante” e sem muitas opções, resolvi partir para Pulau Solor, onde em Lahayong encontraria as ruínas de um forte português do século XVII. A fortaleza construída pelos descobridores lusos como entreposto militar, servia de apoio e defesa aos seus barcos que faziam o transporte de madeira de sândalo de Timor para Malaca. Na partida da ilha das Flores e enquanto esperava pelo barco, pensei no desgaste de viajar, na sua beleza, no seu desafio e improviso constantes…

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Em trânsito Fotografia Reflexões

Uma Geografia. Uma Fotografia: Maumere

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A cidade de Maumere  pode encontrar mais aqui – que se situa entre o mar e as montanhas, mostrou-se à semelhança de tantas outras cidades indonésias: suja, pobre e abandonada à sua sorte mas com habitantes incrivelmente sorridentes e calorosos. Porém, a maior memória que guardo da cidade é o encontro que tive com um “verdadeiro viajante” – um senhor de mais idade, cheio de sentimentos de soberba, por nunca apanhar aviões e que à primeira opinião contrária que ouvia, se afastava imediatamente. Depois de assistir ao seu triste comportamento, desejei nunca me vir a tornar nele e no seu slogan: “eu é que sou o verdadeiro Viajante!”.