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Monges Açafrão? Grande Desilusão!

No nosso primeiro dia inteiro em Luang Prabang, acordámos às quatro da manhã para ir ver os monges no seu ritual diário, de pedir comida. Porém ao sairmos da guesthouse não se via ninguém nas ruas, a não ser uns vendedores ambulantes que estavam a montar os seus estaminés e aos quais perguntei a que horas começava o ritual. Fomos então informados que apenas começava às 5.45 e como tínhamos muito tempo, percorremos a cidade deserta com o objetivo de escolher um bom local. Em frente ao Wat May, sentámo-nos num banco e ficámos a aguardar.

IMG_7204 (FILEminimizer)Enquanto esperávamos, ouvimos as vozes dos monges a recitar surdas e a sua voz era profunda, ritmada e quente. A noite foi progressivamente dando lugar ao dia  e muito timidamente começaram a aparecer outros turistas. Comecei a perguntar-me se estaríamos no local correto e quanto mais o relógio se aproximava da hora marcada, mais a sensação de que algo não batia certo se acentuava. Às 5.45 uma dúzia de turistas, comigo e com o Zhou incluídos, viu cerca de vinte monges a dar a volta ao mosteiro, a recolher comida e a desaparecer instantaneamente. Fiquei a olhar e a esperar por mais monges, mas ninguém apareceu. Vi as senhoras a recolher os cestos onde tinham a comida para os monges e tive a certeza que tinha acabado. Encolhi os ombros e perguntei ao Zhou: “É só isto?”, ao que parecia era. Monges açafrão? Grande desilusão! :/

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Em trânsito: Nong Khiaw – Luang Prabang. Uma Questão de Imaginação

Na saída de Nong Khiaw tentámos apanhar boleia, mas como em meia hora não passou nenhum carro e como já estávamos a prever o que iria acontecer, quando o autocarro passou por nós fizemos sinal para ele parar. O Zhou ficou a olhar e disse: ”Mas isto não é um tuk-tuk?” e eu respondi: “Isto é mesmo o autocarro!”. Assim que entregámos as bagagens ao motorista estas foram imediatamente postas no tejadilho, pagámos e embarcámos num autocarro mixado de tuk-tuk para Luang Prabang. 🙂

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Só que para além de se assemelhar a um tuk-tuk, o nosso autocarro já estava quase lotado! 😛 Assim, tive de me sentar na chapa, encostar-me e fazer figas para não haver muitos buracos e solavancos, se não ia ficar todo partido. Nessa altura a preocupação principal foram as costas e a coluna e tentei ao máximo criar amortecimento para elas, quanto ao rabo… paciência! 😛 O que ia valendo é que a estrada não era nada má. E quanto à lotação? É tudo uma questão de relatividade, pois quando pensamos que a carrinha está cheia, arranja-se sempre espaço para mais alguém. Mesmo que os nossos olhos não vejam esse lugar, é porque a nossa imaginação é limitada e ainda não atingiu o estágio de desenvolvimento da imaginação Laosiana! 😀 Assim, a viagem foi passada entre conversas com um casal de neozelandeses e mudanças de lugar constantes, pois à medida que o autocarro parava alteravam-se o número das peças de Tetris, que éramos todos nós. 🙂

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Shall We Start the “Game”?

Antes de iniciarmos o “jogo”, decidimos que queríamos pagar no máximo 30.000 kip por cada thai, por isso e uma vez que ninguém falava inglês, escrevi na terra 3 → 90.000, escolhi o meu thai – azul e dourado – e esperei que o Zhou escolhesse os outros dois. Porém, quando ele começou a olhar para eles, disse-me que eram todos tão bonitos que não era capaz de escolher. Passados dois ou três minutos estávamos a dialogar:

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Zhou: – “E se eu comprar muitos?”

Kiri: – “O que são muitos? Ou melhor, quantos são muitos?”

Zhou: – “Dez!? E tu ficas com um!?”

Kiri: – “Agora, estamos a falar!” 😉

Preparei-me, respirei fundo e lancei um preço “canhão”. No solo escrevi, por baixo do preço anterior, 10 → 200.000, a rapariga olhou para nós e exclamou: “Ohhhh!” e acenou que não com a cabeça. Primeiro apontei para o 3 → 90.000 e depois destaquei o 10 (círculo à volta) e olhei para ela. Ela olhou para nós e voltou a acenar que não. Olhei para o Zhou e perguntei-lhe o que queria fazer. Ele disse-me para subir o preço. No solo apaguei então o primeiro valor e escrevi 250.000 e acenei triunfante! 🙂 Qual não foi o meu espanto, quando a rapariga apagou o valor e escreveu 300.000. Eu acenei que não com a cabeça e apontei novamente 3 → 90.000, 10 (apaguei os números dela) → 250.000 e apontei várias vezes para o 10, algo do género: “Estás a vender dez de uma vez, o que queres mais?”.

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Porém ela manteve-se intransigente e nós também, por isso acabámos por comprar-lhe os três lenços por 90.000 kip. A partir desse momento, eu já estava satisfeito e por isso limitei-me a fotografar a aldeia e os seus habitantes, os seus thais e teares, o processo de execução de cestos, a paisagem envolvente… 🙂 enquanto o Zhou insatisfeito continuou a perguntar preços e a fazer negociações, acabando por ter “sorte” pois conseguiu comprar mais quatro lenços por 100.000 kip… Abandonámos a aldeia e o “tabuleiro de jogo” satisfeitos, presumo que os aldeões também, pelo menos aqueles que fizeram negócio, com a equipa Luso – Chinesa. 😉

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Crónicas Fotografia

Muang Ngoi. Paraíso na Terra

Na pequena vila de Muang Ngoi e que parece já não ser deste século eu e o Zhou ficámos quatro dias e regressámos a uma era, em que tudo parou. Tudo se passa devagar e com tranquilidade. 🙂 Aqui a rua principal ainda é de terra e lama e as casas construídas principalmente com madeira e chapas de zinco.

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Durante o tempo que aqui estivemos passeámos em redor da vila, visitámos uma gruta negra como breu e bonitos arrozais, vi pela primeira vez monges de vestes laranjas, atualizei o caderno e escrevi para o blog, comi um par de vezes um delicioso caril de abóbora e múltiplas vezes um divinal arroz doce feito com leite de coco e… cheguei ao Paraíso. 😀

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Num desses dias, fomos pescar com um nativo – Bino – e posso dizer que foi uma experiência extraordinária e magnífica. 😀 Num barco muito estreito, partimos em direção a norte e no meio do largo rio, senti-me minúsculo com a monumentalidade da paisagem que a minha vista abarcava: o rio castanho e barrento; as colinas verdes erguendo-se de ambas as margens, coroadas com fiapos de nuvens; o nevoeiro nas copas das árvores. A viagem durou cinquenta minutos e em algumas zonas, a topografia das margens era mais aberta e menos acentuada, noutras as montanhas e colinas não estavam totalmente cobertas de vegetação, vendo-se as faces expostas da rocha – branca, preta e avermelhada – e nas restantes áreas via-se uma floresta densa, verde e luxuriante. 🙂

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Mesmo com chuva e à medida que subimos o rio, fui pensando que mesmo que não fizéssemos mais nada o passeio já estava pago! 🙂 E que se não o tivéssemos feito íamos perder muito, muitíssimo do que este lugar é. O corpo está na vila e arredores. A alma está aqui! No rio a norte. 😀

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Quando Bino atracou o barco estávamos num banco de lama e areia e não foi preciso muito para eu e o Zhou nos enterrarmos acima do tornozelo – claro que o nosso guia como bom nativo, não se sujou um pingo sequer. 🙂 Com os pés cheios de lama fomos até à aldeia de Banvattanatam e aí vimos pela primeira vez, bonitos thais artesanais, os quais fizeram o Zhou apaixonar-se perdida e imediatamente. Quando perguntámos o preço pediram-nos 50.000 kip (5€) por cada um deles e começámos as negociações… 😉

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Laos. A Primeira Semana

Durante a primeira semana no Laos para além de andar em modo de aprendizagem; estive um par de dias em Luang Nam Tha onde passeei de bicicleta pelos seus verdes arredores, e onde ao observar o ambiente semi-decadente do seu mercado noturno, regressei à década de 70-80; o meu corpo foi completamente “massacrado” pelas estradas do país, numa viagem de aproximadamente duzentos e trinta quilómetros até Nong Khiaw; fiz travessias de barco pela primeira vez no país, no rio Nam Ou – viagens entre Nong Khiaw e Muang Ngoi; entrei pela primeira vez em contacto com os extraordinários habitantes do Laos – gente quente, acolhedora e afável; fui polícia sinaleiro de pintainhos e visitei Muang Ngoi, o local onde o tempo perde sentido e significado. 😀

Luang Nam Tha

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Em trânsito: Luang Nam Tha – Nong Khiaw

IMG_6396 (FILEminimizer)Nong Khiaw

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Em trânsito: Nong Khiaw – Muang Ngoi

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Crónicas Em trânsito Fotografia Reflexões

Em trânsito: Xishuangbanna – Luang Nam Tah. Goodbye China. Hello Laos!

Antes de começar a minha travessia para o Laos estava um bocadito nervoso, pelo recomeço de tudo: língua, preços e dinheiro, pessoas, cultura… de qualquer modo penso que sentir esse nervoso miudinho, foi natural, positivo e sinal que aguardava a mudança com expetativaA viagem entre a China e o Laos começou num Sábado, depois de almoço e com a despedida de Jinghong que foi uma agradável surpresa. Saí da cidade acompanhado pelo Zhou Fan Chou  o “caramelo” já tem nome – e antes de começarmos a pedir boleia, andámos dois quilómetros para chegar ao perímetro exterior da cidade. Em menos de dez minutos já estávamos numa carrinha a caminho de Mèngla, vila que fica a cento e trinta quilómetros de Jinghong e à qual chegámos a meio da tarde. Decidimos não prosseguir para Mohan, não por falta de tempo, mas porque essa é uma cidade fronteiriça e seguramente com preços inflacionados. Desse modo, acabámos o dia a dormir em Mèngla, a cinquenta quilómetros da fronteira, numa espelunquinha. 😛

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No Domingo, acordámos cedo e andámos novamente dois quilómetros para chegar à estrada principal e aí ficámos à espera que alguma alma caridosa nos desse boleia para Mohan, a última cidade/vila chinesa antes da fronteira. Finalmente, passado uma hora e pouco alguém parou e não é que foi um carro com matrícula do Laos?! 😛 Metemos a bagagem na carrinha de caixa aberta e durante a viagem não conseguimos comunicar com o nosso condutor. Bonito… no entanto na chegada à vila ao parar o condutor do bólide fez-nos sinal de dinheiro. Eh lá! Com esta não contávamos. Ok, my friend no problem, toma lá uma ajudinha e não digas que vais daqui. Antes de sairmos de Mohan troquei os yuans que tinha por kips e mandei um e-mail a contar as novidades.

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A última parte do trajeto até à fronteira foi feita a caminhar e poucos minutos depois estava com o passaporte carimbado. Zheijiè (adeus) China! Até ao regresso. Seguimos o caminho sem ninguém por perto e nos últimos metros de China fomos “abençoados” por uma chuva suave. 🙂 No posto de fronteira do lado do Laos (Boten), preenchi o formulário, entreguei uma fotografia e paguei trinta e cinco doláres pela impressão do visto e mais uma “taxa de fim-de-semana” (10.000 kips ou 2 doláres). “Ok, ok! Leva lá um euro (10.000 kips) e não me peças mais dinheiro, ou levantes problemas”. 😛 Sem mais taxas manhosas entrei oficialmente no Laos pelo próprio pé. Hello! 🙂

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Passámos pela vila de Boten sempre a andar na Nacional 13 e na saída da vila estávamos a cinquenta e cinco quilómetros de Luang Nam Tha, nosso destino. Durante duas horas fomos andando, parando e tentando pedir boleia e passado todo esse tempo andámos quatro quilómetros! :/ Não estava fácil a nossa vida, quando… um carro com matrícula chinesa parou e nos deu boleia até ao nosso destino. 🙂 A estrada estava em excelentes condições – pelo menos para as minhas expetativas – e após uma hora de viagem ao aproximarmo-nos da cidade, apareceram montanhas, arrozais, nuvens…lindo! 😀

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Jinghong. Jardins e Cheirinho a Cultura Thai

Durante o dia na cidade decidi visitar os seus múltiplos jardins e parques e abrigar-me um pouco do calor semi-tropical da região – Xishuangbanna. A caminho do jardim botânico, passei por inúmeros mercados e bancas de fruta e o que me ficou mais entranhado na memória, foi o cheiro doce e frutado que exalava das ruas: mangas, papaias, abacaxis, linchas, bananas, uvas e cerejas… 😀

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Nos jardins da cidade (botânico e das plantas medicinais) passeei tranquilamente por debaixo de copas frondosas, palmeiras, bungavílias, borracheiras, vi laranjas gigantes, jacas, abacaxis. 🙂 Depois visitei o parque Minzu Feng Qing e o seu ambiente semi-decadente e o parque Manting onde encontrei um templo que só me fez lembrar a Tailândia e a cultura Thai – o estilo arquitectónico, os dourados, os pináculos, a representação dos Deuses…

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Ao entardecer tirei umas fotografias ao magnífico céu e ao rio Lancang (nome dado pelos chineses ao Mekong) – que vi pela primeira vez, aqui em Jinghong – e na despedida da cidade, posso afirmar que a mesma tem um cheiro que já não é da China e se me dissessem que estava na Tailândia, em Myanmar, no Laos… acreditaria. 😀

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Crónicas O 1º Dia

Mas Quem é Este Caramelo?

Na chegada a Jinghong chovia e sem muitas certezas do caminho a seguir, comecei a minha demanda até ao North Bank Hostel, onde cheguei cansado e a suar. Na receção estava um rapaz que não falava uma palavra de inglês e um backpacker chinês que parecia estar a gozar comigo e eu automaticamente, pensei: “Olha este caramelo. Deves ter a mania que és muito engraçado!”.

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A verdade é que acabámos por ficar no mesmo quarto – espaçoso e com paredes altas, principalmente para duas pessoas – e houve uma mudança na minha visão ou na sua atitude e a antipatia inicial que senti, esvaneceu-se. Começámos a falar sobre nós, meditação, viagens e sem darmos por isso fomos parar ao nosso próximo destino: Laos. Entretanto, jantámos num restaurante de comida barata e deliciosa e ao voltarmos ao quarto decidimos que íamos tentar entrar no país juntos. 🙂

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Em trânsito: Beihai – Jinghong. Interminável

A viagem que ligou Beihai a Jinghong começou às 11.50 e terminou no dia seguinte às 17.30, com muito pouco de espera entre as ligações. Em traços gerais, a viagem decorreu em três partes: Beihai Nanning e Nanning – Kunming (comboios) e Kunming Jinghong (autocarro). Durante todo este tempo fui escrevendo no caderno, comi toda a comida que tinha comigo, dormi, comecei a ler e a filtrar informação sobre o meu novo destino – Laos  e observei a paisagem predominantemente rural – vilas minúsculas, plantações, bananeiras, cursos de água barrentos, colinas verdes, vegetação luxuriante e super-densa, a ponto de pensar se não estaria a ver, a selva. 🙂

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Aranhas & Silver Beach

Apesar do dia anterior ter terminado com alguns excessos, este começou com uma caminhada saudável em Guantauling Mountain, nas imediações de Beihai onde o mais impressionante foram as aranhas, o seu tamanho e as suas magníficas teias. 🙂

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Depois do passeio matinal, voltei ao centro da cidade (hostel) para trocar de indumentária e parti para Silver beach. E o que se pode dizer, acerca da mesma? Que não desiludiu, bem pelo contrário! 🙂 O seu areal era vastíssimo e de cor acinzentada (silver), a água estava de tal modo quente, que mais parecia uma sopa e fruto dum calor dos diabos fui cozendo ao longo da tarde. Para além disso, ainda deu para conhecer uns pescadores com os quais petisquei, bebi uma “zurrapinha” e para terminar em beleza, vi um final de tarde mágico proporcionado pelo pôr do sol, cor de sangue e por umas nuvens fabulosas que corriam no céu. Foi um dia muito agradável e o complemento ideal do dia anterior e só posso dizer: ”Saio de Behai de papo e alma, cheios!”. 😀

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