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Uma Geografia. Uma Fotografia: Gunung Merapi

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O Gunung Merapi foi o único vulcão que teve duas ascensões, uma pela “face errada” e outra pela “face certa”. Cada uma delas teve os seus percalços e momentos belos, cada uma delas iniciou-se de noite e realizou-se em rampas muito inclinadas. Na ascensão pela face certa, não foram necessárias muitas horas para chegar ao pico, mas foi preciso alguma estamina e endurance, principalmente depois de chegarmos ao último posto de controlo de atividade vulcânica e na zona em que a ascensão se fez numa rampa hiper inclinada de areia muito densa, pesada e escorregadia em que o mote era: “dois passos para a frente e um para trás”. Nessa altura, cheguei a pensar se iria conseguir chegar ao topo, mas passo a passo, lá fui avançando até chegarmos a uma zona de rocha firme, onde o caminho se tornou mais acessível. Quando atingimos a zona da cratera eram quase 5.00, e se durante a noite apenas se via o que a lua e as estrelas iluminavam, à medida que os minutos foram passando e o dia vencendo a noite, começámos a ver a plenitude do local. E o mesmo era belo! Muito belo! A cratera, com os seu fumos que corriam no céu azul e se fundiam com algumas das nuvens existentes, as nuvens cheias de cor e densidade – existia uma que se assemelhava a uma explosão atómica, tal a sua densidade – o sol a despontar e banhar a face de dourado, e com isso o castanho e o negro das rochas destacaram-se, os verdes nos vales em nosso redor, a grandiosidade da montanha Merbabu, à nossa frente! Espetacular! E tal como no Rinjani, fiquei com a certeza que adoro vulcões e as suas belas paisagens naturais.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Danau Sentarum

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Aquando da minha estadia em Lanjak, tive direito à minha incursão ao Danau Sentarum, sendo esta uma experiência deveras singular, uma vez que nunca tinha andando de mota dentro de um lago! A vastidão daquela paisagem surreal e assombrosa, transportou-me ao cenário de um “deserto” de lama. Na companhia de Safary fiz motocross com uma moto de estrada, aliás, ao longo do dia fizemos “patinagem” na lama. No topo de uma das colinas, da ilha de Semitau pude observar uma panorâmica do lago: as rochas, as zonas secas, as “ilhas” de árvores e fiquei estupefacto por observar o lago em plena época das chuvas, tão seco!! – ainda dizem que não há aquecimento global!? Ainda nesse dia, fizemos uma incursão a uma vila piscatória, onde as casas estavam construídas sobre estruturas de madeira, podendo ser casas flutuantes – como se de barcas se tratassem -, atravessámos riachos barrentos, vimos peixes a secar, outros mortos e em decomposição, nativos a pescar… no dia seguinte, em que a paisagem estava mais realçada fruto do sol e do céu azul, conseguimos chegar à ilha de Malaiu mas para isso, tive que desmontar do nosso “corcel” várias vezes. Nesses momentos, em que andava de pé descalço na lama mole e quente – por vezes enterrado até aos joelhos -, senti-me bem… senti-me feliz e livre! Estava fascinado com aquela paisagem, com aquele enoooooooooooooorme lago sazonal, situado no coração do Bornéu.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Lanjak

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Em Lanjak o denominador comum daqueles dias foi a boa disposição. No primeiro dia, fui até à aldeia de Souah, visitar uns amigos de Doni no meio de um arrozal e no regresso à vila, acabámos de organizar toda a logística necessária para o término do torneio de futebol no qual a equipa de Putussibau acabou por se sagrar campeã. Esse dia, terminou com uma festa noturna no arrozal, bem regada com o tradicional tuak – vinho de arroz – e comigo a conduzir a carrinha no regresso! Em Lanjak tive a oportunidade de conhecer Oscar, um orangotango bebé de nove meses ainda muito frágil e delicado, e de participar noutra festa, onde houve um gigante peixe grelhado e karaoke regados com cerveja a rodos, animação, cantorias e alegria…

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Putussibau

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À medida que me aproximava do meu destino, depois de uma maratona de autocarros – praticamente 24 horas em andamento – começou a chover, sentindo-se um intenso odor a terra molhada. O embalo do autocarro fazia-me quase, quase adormecer, até que ao passar por pontes de madeira os solavancos me faziam saltar do lugar – bump, bump! e na paisagem, viam-se pequenas aldeias e povoações, onde a maioria das casas estavam construídas sobre estacas e onde o acesso era feito por passadiços de madeira. O dia em Putissabau, foi um dia lento e de compasso de espera, porém como tinha contactos da ONG, WWF, passei por lá para conhecer os responsáveis daquela delegação – Albertus e Hermas – e saber detalhes acerca das áreas de intervenção…

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Singkwang

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Em Singkawang encontrei-me com Supriadi, um professor de inglês e se inicialmente, contava ficar três dias, acabei por ficar uma semana! E quais os motivos que me levaram a ficar? O calor humano, o carinho e a amizade com que fui recebido, por aquelas pessoas maravilhosas. Durante aqueles dias, que vivi verdadeiramente na cidade, recordo especialmente vários momentos: os instrumentos de música tradicional – Dayak – que vi e que ajudei a pintar; os longos serões que passei a jogar PES 2013 e a conversar; as vezes que fui ao mercado com Teti e que cozinhei com ela; os muitos cafés e cappucino´s deliciosos que bebi; mas principalmente, o facto de me ter tornado um “guru da motivação”, quando ao visitar várias escolas, tentei deixar os alunos com vontade de aprenderem inglês. Em Singkawang fui verdadeiramente FELIZ! E aceitei de vez, o facto de visitar poucos locais em Kalimantan, mas ter experiências que valem-se realmente a pena!

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Pontianak

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Na chegada ao aeroporto de Pontianak, para evitar os taxistas locais e os seus preços inflacionadíssimos, comecei a caminhar em direção à cidade, acabando por ser bafejado pela sorte, uma vez que apanhei boleia com Surat  um senhor que trabalhava como engenheiro, na manutenção de aviões – para o centro. Para além da boleia, Surat ajudou-me a encontrar um hotel barato e levou-me a tomar o pequeno-almoço no Hajis  um afamado local da cidade, principalmente pelo seu Rujak Juhi. Junto ao rio, a minha boa sorte continuou, uma vez que no cais conheci Theresia e umas amigas, com quem fui até ao Tugu Khatulistiwa  monumento do local, onde fica a linha do equador, tendo nesse momento tido a oportunidade de ter um pé em cada hemisfério do nosso planeta. No regresso ao centro, encontrei-me com Awi, com que visitei uma casa tradicional da tribo Dayak e ao falar sobre Kalimantan comecei a perceber, que o meu plano de cruzar a ilha de costa a costa – Oeste a Este – era demasiado ambicioso. Naquela tarde tranquila, enquanto procurava um local com internet, a sorte e as boas estrelas mantiveram o seu rumo, pois ao conhecer MS. – um simpático rapaz que me deixou usar a sede do seu partido político – ele prontificou-se a ajudar-me a apanhar o autocarro para Singkwang durante a madrugada. Entretanto, como combinado fui jantar com o Awi e fiquei com a certeza que a cidade de Pontianak, pode não ser um destino turístico por excelência, mas que comida deliciosa essa, existe em abundância! Sentindo que para além da sua gastronomia vibrante, a cidade pulsa de vida e movimento… 

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Ramelau

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A viagem à montanha mais elevada de Timor Leste foi um longo processo físico e mental, primeiro a viagem até à junção da estrada que seguia para Hatubuilico foi um verdadeiro “massacre” – temporal – cinco horas para percorrer oitenta quilómetros!! E de desconforto, pois a estrada estava em péssimas condições, a carrinha estava lotadíssima e era extremamente desconfortável. Quando finalmente coloquei os pés no solo e comecei a caminhar a paisagem era bela – verdes vales e serras, nuvens de múltiplos cinzentos, sol e pedacitos de céu azul. A segunda parte da viagem foi uma travessia de dezoito quilómetros, estrada fora que me levou até à vila de Hatubuilico, já nas imediações da montanha Ramelau e durante a mesma aproveitei para fotografar a bonita paisagem: as transições do céu cinzento e neblina para chuva, as plantações, as casas tradicionais, os cavalos, as vacas, as cabras; sentir o ambiente fresco e cheio de água que me envolvia; e pensar que os meus amigos e amigas vão tendo filhos, outros casando… e eu seguia a caminhar por aquelas terras timorenses. A última fase foi realizada sob o signo de um “desguia” minorca – em termos de idade -, de noite, em modo escorregadio e molhado, “tropeçante”, ventosa e na chegada ao topo apenas consegui ver uma estátua de Nossa Senhora envolta num denso nevoeiro. À medida que descemos, o dia foi clareando e apesar da neblina reinante, o Ramelau revelou-se uma montanha verde, de árvores místicas e mágicas

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Baucau

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Nos arredores de Baucau – pode encontrar mais aqui encontrei Yatua, uma pequena aldeia no meio da serra, rodeada de vegetação e coqueiros, e onde cheguei ao anoitecer. Aí, fui extraordinariamente bem recebido e pude sentir uma vez mais todo o calor, simpatia e grande coração do povo timorense, neste caso da família Nicolau. Na aldeia conheci mais membros da família: os pais do Cirilo – o Sr. Joaquim e a Sra. Joaquina, os pais do Gregório – o Sr. Ricardo e a Sra. Isabel, o avô Júlio e mais tios, tias, sobrinhos e sobrinhas – e com eles tive um jantar, e serão muito animados, conversando sobre os nossos países em bom português. Já no dia seguinte e no regresso ao centro de Baucau, tive a oportunidade de observar as tradicionais e sangrentas lutas de galos. Em Timor Leste, estas lutas estão profundamente enraizadas na cultura do país e no mercado, vi a “loucura” que envolve esta tradição. A multidão frenética, o ruído, as apostas, as regras dos combates – vitória em caso de morte ou fuga -, os prémios – dinheiro e galo do perdedor, vivo ou morto -, a arena, os galos garbosos, as lâminas afiadíssimas presas nas patas, a “dança” mortal, os golpes na carne, o sangue espesso, os olhos dos animais no seu último fôlego e a morte a reclamar a vida dos vencidos…

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Dili

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A capital de Timor Leste, Díli – pode encontrar mais aqui – ficará para sempre marcada como a cidade em que vivi na casa de Garey e dos seus primos espetaculares  o Cirilo, a Amélia, a Digani, a Jenny e todos os demais… – e onde conheci os outros membros da sua simpática família… a família Nicolau. Com eles tive a oportunidade de aprender muito, muitíssimo sobre o país ao falarmos sobre muitos assuntos: os fatídicos e negros episódios de 1999 relatados na primeira pessoa pelo Sr. Nicolau e com os quais me emocionei – as perseguições, os assassinatos, as mortes, as fugas para as montanhas/colinas em redor da cidade, a fome existente em 2000… -; os motivos que levaram a Austrália a intervir na invasão – exclusivamente económicos!; a evolução bastante positiva que o país tem tido, apesar das dificuldades existentes – sendo a corrupção generalizada um dos maiores entraves ao desenvolvimento sustentado -; o ensino e as dificuldades da adoção do português como língua oficial – principalmente para a geração de transição, que viveu entre o ensino obrigatório da língua indonésia e da língua portuguesa -; o enorme poder detido pela igreja católica e os sonhos, desejos e anseios destas pessoas tão boas e de coração tão grande. Em Díli vivi dias lentos, mas regra geral tranquilos, tirando os momentos surreais que tive quando me desloquei três vezes para aplicar um novo visto na caóticaburocrática embaixada da Indonésia! Antes de partir do país fizemos uma grande festa de despedida e na hora do adeus fizeram-se brindes, tiraram-se retratos, trocaram-se beijos e abraços. Foi uma despedida FELIZ, uma despedida calorosa e emocionante, uma despedida que me ficará para sempre no coração e na memória. Como últimas palavras, quero dizer que foi uma honra e um privilégio conhecer-vos, quero por isso deixar um agradecimento muito profundo e especial a toda a família Nicolau, a família que me abriu as portas da sua casa, do país e que me fez sentir durante o tempo que estive em Timor Leste, não um mala´e – estrangeiro -, ou um turista, mas sim mais um membro da família Nicolau. BARAK OBRIGADU!

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Oecussi

Oecussi_BlogO enclave de Oecussi – pode encontrar mais aqui – foi o meu primeiro destino em solo Timorense. No posto fronteiriço, ao falar com os polícias em português, emocionei-me por ouvir a nossa língua passados tantos meses e comecei a chorar de emoção. Foi como sentir-me em casa, sem realmente estar em casa! Oecussi revelou-se uma povoação envolta por uma paisagem natural bela e serena – entre o mar azul e colinas/montes verdejantes, muitas vezes cobertos de nuvens nos topos. Na vila e arredores, passeei à beira-mar encontrando praias com distintos areais, zonas de arvoredo, manguezais, campos de cultivo, cabras, vacas e galinhas; cumprimentei muitas pessoas e crianças, sentindo uma energia super-positiva e contagiante; vi muitas crianças a banharem-se no mar nuas com uma pureza cristalina; visitei Linfau e o local onde os portugueses desembarcaram há 500 anos; no bonito e tranquilo café das irmãs Dominicanas, bebi sumos extraordinários; fui até à colina de Fatusaba, onde encontrei vestígios de um antigo forte e donde pude observar Oecussi do topo; estive na longa praia de Mahata; percebi que o país é bastante mais dispendioso que outros no Sudeste asiático e que existe um aumento generalizado de preços – comida, alojamento, transportes, etc… – mas que tal facto é natural, uma vez que tudo ou quase tudo é importado; tive um serão na “cavacada” a beber tuasabo  vinho timorense, feito de palma – e a esfumaçar com timorenses, entre os quais Benny e senti na pele algo que nunca tinha sentido antes… uma corrupção gritante, mostrada à vista de todos…