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Ato IV – Missão? Paparoca!

Felizmente, na segunda noite o efeito de estufa foi inexistente, porém o calor excessivo manteve-se – ainda não fora desta, que acertera em cheio na quantidade de roupa. O reinício da caminhada, ficou marcado por uma luz matinal cinzenta e mortiça, belos pinhais e pelo regresso à zona costeira onde pude observar maravilhosas falésias xistosas, a funda praia do Cavaleiro e do outro lado da Ponta da Carraça, o monumental Cabo Sardão. 🙂 Como neste local não é possível seguir junto à costa, tive de caminhar para o interior até à aldeia do Cavaleiro e daí continuar o trilho.

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Na zona do Cabo Sardão deambulei durante aproximadamente meia hora e nesse período, observei um simpático rebanho de cabras, graciosas cegonhas nos seus ninhos ou em voo, imponentes falésias, a força do oceano. À medida que o cabo foi ficando para trás, as enseadas e baías não concederam tréguas, continuando a manifestar toda a sua riqueza e variedade de formas e cores, principalmente na zona da praia do Tonel, onde coloridas flores deram um maior brilho à paisagem. 🙂 A descida para o porto de pesca da Entrada da Barca foi realizada com especial cuidado, uma vez que o declive era bastante acentuado e daí até à vila de Zambujeira do Mar, segui pela entediante estrada de alcatrão, até regressar à costa nas imediações da praia da Nossa Senhora.

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À uma da tarde em ponto, estava junto à capela da Nossa Senhora do Mar já descalço a observar os pés e a verificar que me tinha aparecido mais uma bolha, desta feita junto aos dedos do pé direito. Depois de colocar o segundo compeed, “lavei” as mãos com uma toalhita e almocei com apetite. 🙂 Terminada a refeição, voltei a calçar-me, arrumei a mala e agora com um sol radioso, continuei viagem. Estava a caminho de Odeceixe, mas a minha “missão” era outra… paparoca! 😀 De qualquer modo e até esse momento chegar, segui por um dos pedaços de costa mais fascinantes de todo o Sudoeste Alentejano, encontrando falésias estratificadas de múltiplas cores – amareladas, alaranjadas, cinzentas, negras… -, pinhais, florestas de acácias e progressivamente as praias dos Alteirinhos, Carvalhal, Machados e Amália, onde pude observar no topo da falésia um rio a correr para o bravo mar! 🙂 Um verdadeiro festival natural, em que existem passagens por túneis de clorofila e múltiplos momentos de sobe e desce. À medida que me ia aproximando do meu objetivo, o dia progressivamente voltou à sua luz inicial e o meu corpo começou a sentir-se cansado. Nesta altura, a cada passo e ao imaginar o manjar que me esperava, a minha boca salivava abundantemente. Eram cinco e pouco da tarde, quando cheguei à aldeia da Azenha do Mar.

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Ao chegar ao abençoado restaurante, pedi para colocar o telemóvel a carregar e livrei-me do monstrinho17.37: meia salada de polvo à minha frente e uma mini no bucho, quase de penalty. 18.07: a sapateira acabara de chegar e a terceira mini estava bem encaminhada. 19.05: o manjar terminou, o bucho completamente recheado e a conta paga. 19.12: depois de falar com os donos do restaurante, fui colocar a mochila numa casinha onde passei a noite. 19.20: à espera que o telemóvel carregasse e quase a dormir em frente à televisão, onde os Lagartos goleavam o Vitória de Guimarães. 20.05: “os meus olhos não aguentam, mais! Vou-me deitar”. 20.30: Ferradíssimo a dormir.         

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Ato III – La Première

Fruto de uma gestão do frio e da humidade – a colocação da manta de sobrevivência em cima do saco-cama, resultou numa enoooooorme condensação, transpiração e calor – e da incapacidade de me conseguir mover – o arbusto ficava a poucos centímetros da minha cara – a primeira noite em pleno parque natural, de idílica teve pouco, ou nada. 😛 Ao contrário do dia anterior, o sol despontou no horizonte, e à primeira luz matinal já estava a tomar o pequeno-almoço e a arrumar a mochila – o que ainda demorou uma horinha bem redonda.

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Pelo topo de arribas xistosas continuei quase sempre junto àquele mar azul e verde carregados, até ao momento em que me enganei no trilho e perdi cerca de vinte minutos a voltar a encontrá-lo. A verdade, é que mesmo com este pequeno contratempo em menos de hora e meia estava no Porto das Barcas e daí até ao centro de Vila Nova de Mil Fontes, o caminho foi completamente desinteressante mas célere. Estava terminada a primeira etapa da rota Vicentina. 🙂 Junto ao forte de São Clemente e enquanto fotograva a bonita aberta onde o rio Mira encontra o mar, encontrei o simpático Sr. Augusto, com quem estive a conversar um pouco e que me disse: “sempre gostei muito da Natureza, você faz parte do meu grupo de crentes”. No centro da vila, parei numa mercearia para comprar mais mantimentos e segui para sul, rumo à vila de Almograve. Depois de cruzar a ponte sobre o rio, entrei numa agradável herdade cheia de sobreiros, dirigindo-me para a praia das Furnas, onde acabei por almoçar.

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Durante os onze quilómetros que faltavam, o que mais me surprendeu foi encontrar verdes campos cobertos de flores, um enoooooorme relvado que parecia o local ideal para piquenicar, campos de cultivo e infelizmente, florestas de agressivas acácias que estrangulam e eliminam toda a vegetação autóctone. :/ À medida que andava, a sola do meu pé esquerdo começou aos poucos a ressentir-se e quando cheguei à praia de Almograve, ao descalçar-me encontrei o que já suspeitava… la première… a famosa… bolha, estava oficialmente formada. 😛

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Nesta altura, como ainda era cedo – 16.00 – e a terceira etapa era longa – vinte e dois quilómetros – resolvi continuar a andar. O início do trilho para Zambujeira do Mar, revelou-se fascinante e à medida que Almograve ficava para trás, as dunas foram-se modificando e os arenitos passaram de cores suaves e alaranjadas para tons fortes e avermelhados. Espetacular! 😀 A partir do porto de pesca da Lapa das Pombas, onde pude observar rochas xistosas a formarem um quebra-mar natural, a paisagem modificou-se, as falésias tornaram-se imponentes e escarpadas e as dunas cheias de uma vegetação colorida. 🙂 Nesta altura sentia-me cansado, mas sabendo que nas imediações da Entrada do Pau iria encontrar um pinhal, forcei-me a andar mais um par de quilómetros. Para além disso, este pedaço de costa que era realmente fascinante, ajudou a atenuar um pouco o cansaço. 🙂

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Assim que encontrei o pinhal, larguei o monstrinho e escolhi um terreno cheio de caruma fofa onde montei abrigo. Perfeito! Melhor mesmo, só quando passados poucos minutos começou a chover e a tela de nylon se revelou impermeável! 😉 Era altura de finalmente repousar mas ao contrário da noite anterior, o local era realmente agradável. Depois de um repasto reconfortante, aproveitei para ler um pouco e às 20.00 já estava deitado, pronto para dormir o tranquilo sono dos andarilhos.

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

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Ato II – Pufff…. Fez-se o Chocapic! 

Na chegada a Porto Covo não pude deixar de reparar que a maioria dos passageiros que “desembarcaram” na povoação eram estrangeiros. Portugal está definitivamente na moda! 🙂 Antes de iniciar o meu périplo andante, resolvi ter uma refeição mais consistente e na rua principal da cuidada vila, encontrei o que procurava: uma bela e generosa dose de peixe frito acompanhado de arroz de feijão e umas farófias divinais. A “caminhada” iniciava-se em beleza. 😀

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Terminado o delicioso repasto, eram 15.10 quando pus realmente os pés ao caminho e depois de confirmar a direção com um grupo de anciões locais, segui até ao pequeno porto da povoação. Nesta altura, o céu estava bastante prateado e fotogénico e na passagem de uma pequena enseada, fruto da maré e do eclipse lunar… pufff… fez-se o chocapic! No preciso momento que atravessava, veio uma onda que ultrapassou o cano das botas e que me deixou os pés a boiar, tal como se estes estivessem dentro de um aquário! Perfeito! 😛 Aparvalhado de todo… a minha mente foi lesta a processar a informação: “Então e agora? Regressar? Fora de questão! Tirando umas havainas, não tenho mais calçado. Nem pensar! Resta-me andar com as botas… mas o meu futuro, vai ser definido numa palavra: BOLHAS!”

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Com os pés completamente encharcados, segui colina acima e assim que encontrei um apoio, descalcei as botas, tirei-lhes a água do interior e espremi ao máximo as meias e as palmilhas. Uma vez que as botas estavam ensopadíssimas, decidi não calçar o par de meias extra que me restava e guardá-las para a noite – caro leitor, apesar de no momento esta me ter parecido uma decisão lógica, no presente posso claramente dizer, que este foi o meu primeiro grandeeeeee erro! – sem nada mais poder fazer, deixei de pensar neste molhado acontecimento e segui andando junto ao mar, no topo de pequenas arribas.

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Para Norte, avistava-se a silhueta das feias torres da central termoelétrica de Sines, para Sul a ilha do Pessegueiro dominava a prateada e azulada paisagem, onde se viam outras pequenas ilhotas, a que os locais chamam palheirões. Porto Covo ia ficando para trás e quando cheguei ao início da praia da ilha, fruto da maré tive que atravessar outra zona repleta de água. Uma vez que já tinha as botas encharcadas, segui em frente sem grandes preocupações. Agora estava outra vez com os pés a boiar, mas continuei a andar – segundo grandeeeeeee erro! – em direção às praias do Queimado e dos Aivados. Nessa altura, o trilho que até aí estava muito bem marcado, desapareceu e tive de continuar por dunas junto às praias, até o caminho contornar as praias da Galé e do Malhão e o seus extensos cordões dunares. À medida que ia fletindo ligeiramente para o interior a paisagem de dunas e vegetação rasteira, mudou um pouco e nesse momento pude ver uma densidade de clorofila mais verde e colorida, e pinheiros em meu redor. 🙂

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Quase no final da praia da Malhão, regressei à zona realmente costeira e a partir desse local as arribas ganharam alguma dimensão, a paisagem tornou-se mais imponente e de vez em quando viam-se graciosas cegonhas. 🙂 O dia caminhava rapidamente para o seu término, e nessa altura em que já me sentia um pouco cansado, os meus olhos não paravam de perscrutar a paisagem de vegetação muito rasteira, em busca de um local onde pudesse montar abrigo. Finalmente, por volta das 18.40, a cerca de trinta metros do trilho encontrei o que procurava, um largo arbusto e foi debaixo deste, com o som do mar como companheiro, que passei a minha primeira noite…

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Crónicas Em trânsito O 1º Dia Reflexões

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Ato I – Em trânsito: A Caminho de Porto Covo

Naquele primeiro dia de Primavera e de eclipse solar, que apenas consegui visualizar quando as nuvens filtraram a luz mortiça do astro rei, enquanto aguardava na estação rodoviária e ao observar o enorme desgaste do pavimento, não pude deixar de pensar nos milhares pessoas que lá passaram e nas viagens que aí se iniciaram.

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A bordo do expresso que me levou até Porto Covo, escrevi a maioria das notas que originaram o post: Na “Terra do Bacalhau” e fiz uma retrospetiva pós Noruega. Depois do objetivo principal – procura de emprego – ter falhado, virei agulhas para a ilha de Sua Majestade Isabel II e passados alguns meses a enviar “postais” tive duas entrevistas presenciais – Sheffield e Bedford -, que se revelaram infrutíferas. Confesso que no presente, me sinto com dúvidas em qual área devo investir – engenharia/viagens – e que essa mesma dúvida me tolda, ou me vai toldando o espírito. E eu não gosto desta indefinição! :/ Em termos profissionais este é o panorama atual. No campo pessoal, por outro lado é o oposto. Estou com a M. e sinto-me feliz ao seu lado. Tenho a certeza que ela é um dos meus portos de abrigo e este é o nosso melhor período, desde sempre. 🙂

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“Agora a caminho das imediações da “terra da paz“, estou determinado a percorrer a pé a distância que separa Porto Covo do Cabo de São Vicente. Sinto-me bem. Estou de volta à “estrada”, desta feita em solo luso, com o monstrinho às costas e vamos ver como o meu corpo vai lidar com o esforço físico. De qualquer modo, as recompensas estão ao virar de cada enseada, falésia e praia, e como sempre: o caminho faz-se caminhando”. 😀

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Dicas Reflexões

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Prólogo

Desde que regressei a Portugal, de tempos a tempos pensava na Rota Vicentina e no seu significado. A chegada ao Cabo de São Vicente, o antigo fim do Mundo! Isso antes de “nós” Portugueses iniciarmos a época dourada dos Descobrimentos. 🙂 Depois de receber mais uma “nega” britânica, resolvi que aquele era o momento ideal para regressar à “estrada” e limpar um pouco a mente de pensamentos menos otimistas. Desta feita e ao contrário da odisseia asiática, o monstrinho seria carregado de forma contínua ao longo do caminho, por isso na altura de tomar decisões sobre o que realmente levar, o PESO ainda foi um fator mais importante e tido em consideração. Como sempre, o processo de empacotamento foi um processo evolutivo, aqui fica a lista de itens que levei comigo:

PESO TOTAL (sem água e comida incluídas): 12 kg

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Crónicas Em trânsito Reflexões

Em trânsito: Yangon – Lisboa. Maratona no Regresso

De Yangon saí com destino a Kuala Lumpur e uma vez que a viagem entre as duas capitais foi tranquila, aproveitei para escrever no caderno. O dia de espera nos arredores do aeroporto de KL passou rapidamente e durante a tarde reformulei ligeiramente a bagagem, vi dois episódios de uma série e recebi a visita de Fabianne, com que partilhei os meus últimos momentos da viagem. Nessa altura e relativamente à minha partida para Portugal, senti serenidade. Nem tristeza, nem alegria, apenas paz! 🙂

Na sexta-feira de manhã, a caminho do aeroporto de KL conheci uma chinesa de Xangai, com quem estive até apanhar o voo para Guangzhou. À semelhança do dia anterior, a viagem foi tranquila e continuei a atualizar o diário. Na chegada à capital da província de Guangdong e quando me preparava para fazer o transfer, recebi uma informação que me deixou positivamente estupefacto: a companhia aérea, oferecia-me literalmente hotel e transfer para o mesmo, para poder repousar umas horas! A única coisa que tinha de fazer era passar pelo controlo de emigração na saída e na entrada do aeroporto. Claro que aceitei a oferta sem pensar muito sobre o assunto! 😀 Quando cheguei ao átrio do Hao Yin Gloria Hotel, é que percebi que estava num local bastante luxuoso! Mas o melhor de tudo, foi quando abri a porta do quarto… brutal! Cama gigante e fofa, ecrã plano na parede, wi-fi veloz, roupão branco, casa de banho com chuveiro embutido no teto, banheira!!! Enfim, à lord e minha última tarde da viagem, foi uma ode ao luxo e ao ócio! Um final ÉPICO! 😉

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Quando regressei ao aeroporto, chovia torrencialmente e raios medonhos rasgavam o céu, aliás houve um momento em que vi um raio tããããããããããããããããão graaaaaaaaaaaaaaande, que mais parecia uma coluna de luz em direção à terra! Impressionante! Felizmente, com a velocidade que a tempestade se formou, também se desvaneceu. 🙂 Já no aeroporto tentei encontrar um Macdonald´s, mas como falhei esse “objetivo”, gastei o pouco dinheiro que me restava em mantimentos: bolachas, água, chá, latas de grãos doce e enquanto aguardei pelo embarque, fui escrevendo e ouvindo música.

À meia noite de Sábado, já estava dentro do avião e felizmente o mesmo partiu à hora marcada (00.20). A viagem de aproximadamente 9569 quilómetros durou treze horas e na mesma, dormi umas boas horas, comi e… continuei a escrever. 🙂 A chegada à cidade luz foi feita sob o signo do sol e do céu azul e o transfer foi tranquilo. Numa das casas-de-banho do aeroporto, “lavei-me” com uma toalhita, perfumei-me e vesti a minha t-shirt dos Mustache Brothers. Durante a manhã e até à altura do voo, continuei a escrever, a escrever… a escrever! Aliás, só parei de o fazer já no final da viagem entre Paris e Lisboa! No voo final, para além de ter escrito sem parar, vi do alto a torre Eiffel, o rio Sena a serpentear pela cidade e a magnífica costa do nosso país.

Naquele dia de 21 de Junho de 2014, escrevi: “e agora que estou quase, quase a chegar a Lisboa posso afirmar que estou contente… sinto-me feliz por regressar e vou tentar aproveitar ao máximo estes primeiros tempos no meio da minha família e dos meus amigos que me amam. Vou continuar a escrever e a viajar na minha vida! Ambas fazem parte da minha essência e não me tenciono negar mais a mim mesmo. Acredita em ti miúdo! Não hesites! Avança! Não desistas do teu sonho de viajar! A jornada é demasiado bela para parar e o vento uma força demasiado poderosa para ser travada! O mundo é um local belo! Que merecer ser visto e revisto, e eu faço parte dele e ele parte de mim! Hoje no regresso ao meu país que me criou como homem e cidadão do mundo, faço votos de casamento com o Mundo! Não me abandones! Que eu ser-te-ei fiel. E é curioso ver como o avião onde estou quase a chegar, abana como uma folha de papel com a intensidade do vento. Esse bom louco, alquimista da natureza!”                 

Na chegada a Lisboa tive que esperar uma eternidade pela mala, a ponto de pensar que a mesma se tinha extraviado. Quando finalmente chegou, coloquei-a às costas, abri o meu chapéu-de-chuva colorido – comprado no lago de Inle – saí para o exterior e tentei encontrar alguém da minha família. Depois dos meus olhos focarem o espaço em redor, vi a minha mãe, irmã, uma das minhas prima e um dos meus melhores amigos e todos estavam a sorrir. 😀 Abraçámo-nos e depois de um pequeno compasso de espera partimos para a minha cidade natal.

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Durante a viagem, falei com a minha irmã e dirigimo-nos para casa de uma das minhas avós. Quando fizemos a curva, comecei a ver muitos carros e pessoas e percebi que afinal havia uma festa suuuuuuuuuuurpresa, organizada por grande parte da minha família e dos meus amigos! 😀 Saí do carro mega FELIZ, a sorrir e comecei a abraçar e a beijar as pessoas. Durante a tarde estivemos todos juntos num mega-banquete com direito a deliciosa comida portuguesa e bebida. E aí, senti o carinho e o amor da minha família e dos meus amigos! Foi uma receção, muito especial e bonita! E a viagem, acabou em beleza! 😀

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A todos eles e a todos vós, MUITO OBRIGADO, por fazerem parte da minha vida e por me deixarem fazer parte da vossa. É um privilégio e uma honra! E eu sei que sou uma pessoa com sorte. 😀

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Em trânsito: Lisboa – Hong Kong. Back on Track

Para além de escrever sobre os dias em Portugal, durante os três voos e as duas escalas (Amesterdão e Pequim) aproveitei para dormir, escrever no computador, enviar e-mails e ver diferentes paisagens do alto, qual uma águia imperial. 🙂 Na entrada na China voltei a ser controlado com papéis, carimbos e… lérias! :/ E refleti sobre a segurança nos aviões, os lobbies e a estupidez associada a essa falsa noção de… segurança. E tudo isso, foi despontado quando tive a oportunidade de observar que os talheres que são utilizados em primeira classe nos aviões são de metal e com base nesse facto pergunto-me: “Será que apenas os não terroristas, viajam em primeira classe?” e “Porquê tanta alarido à volta de mini-tesouras e outros metais nas bagagens de bordo, quando esse metal é fornecido pelas próprias companhias aéreas?” Enfim… contradições do mundo moderno, assético e seguro em que vivemos. :/

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Dias em Portugal

Durante os dezanove dias em que estive em solo Luso, fiz uma grande surpresa a toda a gente e fiquei radiante por ter proporcionado alegria à minha família, M. e amigos. Como não ficar FELIZ por proporcionar felicidade a quem nos ama? 😀 Para além de distribuir felicidade, passei o máximo tempo com as pessoas, comi a deliciosa comida do nosso país, o meu organismo resolveu o problema da malfadada hemorróida  após uma segunda consulta já em Lisboa – fui ao dentista, toda a bagagem levou uma limpeza profunda e foi reestruturada ligeiramente, engordei um par de quilos, resolvi algumas burocracias que tinham ficado pendentes aquando da minha partida, acabei de escrever o meu primeiro diário da viagem, fiz um backup das fotografias e instalei programas em português, apanhei uma multa – por ausência de documentos – soube que uns amigos meus iriam ser pais e outros casar e… amei e fui amado. 😀 Esta viagem foi completamente inesperada mas muito, muito gratificante e só posso dizer: “Obrigado por TUDO! M., família e amigos!”

 P.S. – Escrito no voo de regresso a Hong Kong (Lisboa – Amesterdão).

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Em trânsito: Hong Kong – Lisboa. Viagem a Portugal

A viagem para Portugal, começou no autocarro que me levou do centro de Hong Kong para o monumental, limpo e assético aeroporto da região. E o meu primeiro passo foi fazer o check-in da bagagem diretamente para Lisboa e continuar a escrever no caderno. A viagem Hong Kong – Lisboa teve múltiplos voos. Três para ser exato e duas escalas. No voo Hong Kong – Pequim, conheci um casal de brasileiros com quem falei durante quase toda a viagem. Na escala em Pequim, troquei yuans por doláres de HK com eles e mais uma vez pude observar a burocracia chinesa no seu melhor – confusão de selos para passaporte e bilhetes de avião; e esperei loooooongameeeeente pelo segundo voo.

No voo Pequim – Amesterdão, houve ligeiro atraso na partida, andei de autocarro… muuuuitooooooo tempo e com isso tive a noção da imensidão do aeroporto. Dormitei durante algumas horas, escrevi no caderno, vi uma paisagem que me deixou muitas dúvidas para perceber o que estava a ver – nuvens ou montanhas geladas e ainda hoje me questiono se seria real 🙂 e tive uma aterragem mágica, com nuvens de diferentes texturas e densidades – algodão doce, fiapos, superfícies geladas, pináculos quais florestas de lanças – reflexos do sol dourado, o mar de cor negra, as casas, as florestas escuras, as plantações viçosas, as estradas, as fábricas e o fumo. 😀 Já em terra o espetáculo continuou e vi uma fábrica em contra luz, fumo e nuvens, o céu azul, múltiplos e incontáveis cinzentos com dourados em alguns pontos… Foi uma das paisagens mais belas que alguma vez presenciei! 😀

Quando cheguei a Amesterdão era meio-dia e um quarto, porém fruto da diferença horária entre Pequim e Amesterdão tive que voltar às 6.15. Portanto, neste dia fui como o John Stewart, o homem que viveu duas vezes, no meu caso duas vezes, seis horas – das 6.15 ao 12.15 – 😛 e na escala de Amesterdão, aguardei mais uma vez pela passagem do tempo. No voo Amesterdão – Lisboa, tive a última etapa da viagem. Escrevi no caderno, percebendo que apenas o iria conseguir acabar de atualizar já em solo Luso e  tive uma aterragem cheia de vento e turbulência. Na chegada não tive a noção que realmente tinha regressado e que naquele momento o solo que pisava era o do nosso país, Portugal. Acho que só comecei a perceber tal facto quando comecei a ouvir a nossa língua e tudo escrito em português e… mesmo assim… lentamente.