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Brunei Darussalam. 48 horas na Gaiola Dourada

Depois dos entediantes dias em Kota Kinabalu e a caminho do estado de Sarawak, fiz uma paragem de aproximadamente quarenta e oito horas num dos países mais pequenos do mundo e num dos mais ricos, Brunei Darussalam. Politicamente, o país é um sultanato islâmico e não se pode dizer que seja o país mais livre do mundo, porém em áreas como a segurança e o desenvolvimento económico é quase imbatível.

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A viagem entre Sabah e o Brunei foi feita de barco e na chegada e a caminho da capital, Bandar Seri Begawan (BSB) conheci um casal de espanhóis (Javier e Esther) que viviam e trabalhavam na ilha de Palawan nas Filipinas. A verdade é que acabámos por nos juntar e o tempo que passei no país ficará para sempre associado a este simpático casal. 🙂

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Os dois dias que estivemos no país foram dias cheios! 🙂 E ao visitar a capital, saboreámos, vimos e sentimos as suas diferentes facetas: as fabulosas e grandiosas mesquitas (Omar Ali Saifuddien e Jame´ Asr Hassamil Bolkiah); a deliciosa comida de rua; os encantadores piqueniques noturnos; as matinais e maquinais paradas da polícia; o educativo e interessante museu do país e o propagandista museu dos presentes reais.

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Num dos dias, passeámos de barco no rio, Sungai Brunei e para além das panorâmicas sobre a cidade, visitámos o coração da antiga capital, o bairro de Kampung Ayer que está totalmente construído sobre a água (mesquitas, estações de bombeiros, escolas, museus, áreas residenciais e lixo infinito espalhado!); à distância, o absurdo e “obsceno” palácio da família real, Istana Nurul Iman (200.000 m2, 1788 quartos, 5 piscinas… :/ ); e ainda tivemos tempo para ver um manguezal, tentar caçar fotos de proboscis monkey e ver um pôr do sol maravilhoso e cheio de cor sobre a capital do Brunei, a gaiola dourada.

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P.S. – O termo “gaiola dourada” vem do facto de os habitantes do país terem bastante dificuldade em sair livremente do mesmo. Desse modo vivem tal como os canários, uma vida confortável mas em “clausura”.

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Kota Kinabalu e o Tédio

Depois da semana feliz em Mabul regressei à costa oeste de Sabah e à sua capital, Kota Kinabalu e aí estive durante quatro dias… demasiado tempo… à espera de um mercado, o clímax lá do sítio. 😛

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Durante esses dias, fiz a aplicação do visto para a Indonésia (já preparando a futura entrada no país); voltei ao hospital como medida de prevenção, pois o tornozelo teimava em não desinchar :/ ; reencontrei-me com o John (rapaz que me deu boleia no primeiro dia no Bornéu) com quem bebi umas cervejas e falámos das nossas vidas; atualizei o caderno e escrevi textos para o blog; visitei a abooooooorreeeeeecidaaaaaaa cidade e o interessante mercado matinal de Domingo em Jalan Gaya, onde se vende um pouco de tudo (plantas, frutos, animais, roupa, calçado, bijuteria, artesanato, livros, sabonetes, brinquedos, comida e bebida, medicamentos tradicionais, relógios, perfumes, postais, loiça, santos…); troquei alguns e-mails com o Parque Natural de Mulu; e entediei-me profundaaaaaaaaaamenteeeeeeeeeee

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Sunset Made in Mabul

No último dia em Mabul e à medida que o relógio avançava, fui presenteado com um pôr do sol, de tal modo glorioso, que soltei umas lágrimas comovido. 😀 Junto ao mar, este foi o por do astro-rei mais perfeito que vi na VIDA… com raios dourados a espalharem-se e a multiplicarem-se no mar e nas densas nuvens que cobriam o céu. Uma valsa celeste delicada, mas simultaneamente profunda como o oceano. 😀

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Criar Mabul´s

Depois de três dias muito intensos de mergulho e de tantas emoções vividas, virei as minhas agulhas para outras prioridades: fazer praia e descansar numa ilha paradisíaca, ao mesmo tempo que atualizava o meu caderno e fruto do acaso a minha escolha acabou por recair na ilha de Mabul.

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Quando inicialmente parti, apenas tinha o palpite que talvez lá ficasse três/quatro dias. Mas exatamente, quantos? Não o sabia. Primeiro, desconhecia a ilha e seguidamente não estava certo do ambiente que ia encontrar no lodge, uma vez que os comentários encontrados na internet eram bastante díspares.

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A realidade é que fruto de algumas circunstâncias, acabei por ficar em Mabul, uma semana! 🙂 A ilha per si não tinha nenhuma praia de sonho, mas tinha habitantes sorridentes e afáveis; crianças aos magotes; grandes lagartos (alguns com cerca de dois metros!), morcegos e até um macaco; águas límpidas, cristalinas e onde se podiam encontrar uma enorme variedade de pequenos e raros seres sub-aquáticos; um sol abrasador que às nove da manhã me punha a destilar sem parar… 😛

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Em Mabul transformei-me em escriba e consegui finalmente atualizar o caderno que estava cerca de um mês atrasado! Fiz pela primeira vez um muck dive e o meu primeiro mergulho noturno, onde entrei nas trevas, no vazio, no vácuo absoluto! Onde só faltava aparecer o Alien! SURREAL! 🙂 Relaxei. Bebi uns copos e fumei uns cigarros. Tive conversas super-interessantes e mentalmente estimulantes. Conheci muitas pessoas e fiz amigos, com especial destaque para o Moo (um nativo que tinha uns calções da nossa seleção), James (inglês e instrutor da escola), Kyle (australiano) e Stefanie e Nicole (duas raparigas suiças).

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Na despedida de Mabul, parti com alguma tristeza. O Moo emocionado chorava sem parar e os abraços dados a quem ficou, foram apertados e sentidos. Em Mabul fui verdadeiramente FELIZ e senti-me verdadeiramente em casa… uma casa que raras vezes tive durante esta viagem. De tal modo que decidi que não quero regressar! E Mabul ficará para sempre no meu imaginário como um local onde se é FELIZ! Mas ao qual é impossível regressar… a única coisa que se pode fazer é continuar a viver, continuar a sonhar… para no futuro criar mais Mabul´s, essa ilha paradisíaca que existe no coração de cada um de nós. 😀

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Sipadan. Paraíso na Terra

O primeiro mergulho em Sipadan – e o quarto do curso – decorreu em Mid Reef e foi o meu mergulho profundo – deep dive. Aí senti a “estupidez” de estar a trinta metros de profundidade e olhar para cima e só ver água e olhar para baixo e ver ainda mais… água! Em Sipadan a parede de coral é ABSURDA e em algumas zonas a sua profundidade, chega aos seiscentos metros! A sensação de flutuar nesse ambiente foi… ESPECTACULAR! 😀

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No segundo mergulho, estivemos no famosíssimo Barrucada Point e assim que começámos a “afundar” entrámos num ENORME turbilhão de peixes: escola gigante de Jack fish, muitos Giant Trevally´s – peixes maiores do que seres humanos – e tubarões de recife pelo meio! FASCINANTE! Parecia que estávamos numa tempestade… 😀 Ainda nesse mergulho, vi incontáveis tartarugas, um peixe escorpião e quando saí do mar estava com um enorme sorriso nos lábios e com a certeza que sentia cada vez mais prazer em mergulhar.

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No último mergulho do dia – Turtle Cave – finalizei o meu AOW com um engraçado mergulho de identificação de peixes, no qual tive de desenhar dentro de água! – Kiri em condições normais já é um “portento” do desenho, estão a visualizar dentro de água, não estão!? 🙂 Mas principalmente entrei pela primeira vez numa caverna subaquática  – apenas vinte metros – e quando nos voltámos para sair, vi a luz a penetrar na entrada, a água de incontáveis verdes azuis a brilhar e a silhueta negra de peixes a nadar em espiral. Lindo… lindo… lindo!

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No terceiro e último dia de mergulhos – segundo dia em Sipadan – o primeiro mergulho decorreu em South Point e aqui vi uma enorme quantidade de tubarões de recife, tartarugas, um éden de corais – luz, cor, vida… e mesmo no final e “às portas” da enorme parede, um TORNADO PERFEITO de barracudas! A cerca de três metros de nós! Se a PERFEIÇÃO existe… este foi um desses momentos! 😀

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No segundo mergulho, a corrente ao longo da parede estava de tal modo intensa que acabámos por fazer dois spots num único mergulho – Hanging Garden e Lobster Lair – e vimos tantas, tantas, tantas tartarugas – algumas bem grandes – que a partir de certo momento desisti de as contar! 😛 E na despedida de Sipadan, mergulhei pela segunda vez em Barracuda Point e incrivelmente foi aqui… que tive o mergulho menos PERFEITO de todos os que fiz na ilha. E atenção porque isto não é uma queixa, é só uma constatação que em Sipadan é quase IMPOSSÍVEL fazer um mau mergulho! 🙂

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No final do dia, tive a oportunidade de falar com a minha irmã via Skype e a experiência de mergulhar em Sipadan foi de tal modo intensa que durante a conversa, uma das coisas que lhe disse foi: “Mana, se por acaso morrer hoje… Morro uma pessoa FELIZ! Não acredito no paraíso divino, mas nestes dois últimos dias, vi o PARAÍSO na Terra!” 😀

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Sibuan. AOW & Lotaria

No final, Semporna foi mais do que imundice e dignidade, Semporna foi a porta para o Paraíso! (eu é que ainda não o sabia). No primeiro dia do curso Advanced Open Water (AOW) fui até à bonita e pequenina ilha de Sibuan – palmeiras, areia branca e mar de múltiplos azuis – onde mergulhei na companhia de um simpático casal de alemães – Bia e Fabian – que conhecera em Sepilok.

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Este curso consistiu em cinco mergulhos e no aprofundamento de conhecimentos sobre áreas mais específicas, desse modo o meu primeiro mergulho incidiu na performance da “flutuação” pedra basilar do mergulho – o segundo em correntes – drift dive – e o último- do dia – na orientação subaquática. Aos poucos e poucos, fui-me sentindo cada vez mais relaxado e com movimentos mais naturais. No segundo dia esperava a conclusão do curso…

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Porém o início do dia trouxe uma grande surpresa e provocou um grande alarido na nossa escola. Do nada eu e os meus companheiros de mergulho, recebemos a notícia que iríamos mergulhar em Sipadan! Desse modo recebi um bilhete de lotaria premiado. Teria a oportunidade de finalizar o curso num dos maiores hotspots de mergulho do Mundo e num dos mais exclusivos – por dia há apenas cento e vinte licenças para mergulhadores e snorkelers!. Mais… iria lá mergulhar, dois dias consecutivos! Pois o pacote de mergulhos que comprara previamente era uma combinação de: AOW + 3 mergulhos em Sipadan. Há pessoas com sorte e eu sei que sou uma delas… 😉 Para além de ser uma Meca do mergulho, Sipadan é uma ilha minorca que fica ao largo de Semporna e em pleno mar das Celebes sendo a alguns anos uma área protegida, parque marítimo e uma ilha deserta, aliás… quase, pois no seu interior existe uma pequena base militar que a patrulha diariamente.

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Na viagem, houve alguma trepidação e o som da mesma foi o som do casco a bater na superfície do mar: Pum… Pum… Pum! Na chegada a ilha revelou-se um paraíso tropical: verdíssima, areia branca e água transparente e límpida. As únicas construções visíveis eram um cais de madeira e a tal micro-base militar podendo ainda, ao largo de Sipadan, avistar-se o recorte de Mabul – outra das ilhas que fica ao largo de Semporna.

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Semporna. A Imundice e a Dignidade

Se a viagem de Kinabalu para Sepilok já me tinha revelado a face negra do Bornéu com a visão de hectares e hectares cobertos de palmeiras, que geram o lucrativo óleo de palma… o que dizer do caminho entre Sepilok e Semporna? No mínimo… desolador! 😦 As palmeiras estendiam-se em todas as direções e até onde os meus olhos conseguiam alcançar.

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A chegada a Semporna revelou a cidade mais suja e deprimente que vi na vida. Lixo às pazadas espalhado pelo chão e pelas águas, crianças encardidas e descalças e um cheiro intenso a fruta em decomposição. O primeiro impacto, não foi de fácil digestão. Assim que penetrei na parte mais central da cidade, fui à escola de mergulho onde falei com Jerry e depois de lhe mostrar o tornozelo, o seu veredito tirou-me toneladas de cima! Podia mergulhar… 😀

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Como o curso apenas começava no Domingo, tive um dia e meio para repousar, escrever e passear na cidade, onde apesar de toda a sujidade me deparei com sorridentes crianças, pessoas pobres mas simpáticas e afáveis, barcos coloridos, mercados de peixe – seco e fresco – mais lixo, trânsito caótico, uma bonita mesquita verde-alface e… com uma realidade crua e sem qualquer tipo de máscaras ou filtros. A dignidade humana conferiu à cidade uma profundidade, que poucas vezes senti na vida.

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Sepilok. Inchaço, Floresta e Orangotangos

Depois da ascensão da montanha Kinabalu, as pernas ressentiram-se do esforço despendido, principalmente o tornozelo esquerdo que ficou com um inchaço considerável e como tal, antes de partir para Sepilok tive dois dias mais repousados na base da montanha e nas imediações do lodge.

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Durante a semana e como o inchaço não desapareceu com o tempo, os dias em Sepilok ficaram marcados por uma ida ao médico em Sandakan que me revelou que a causa deste inchaço, era um agente externo – possivelmente algum inseto ou bactéria. Por esse motivo, apesar dos dias serem fisicamente mais tranquilos, foram mentalmente mais stressantes, pois tinha um segundo curso de mergulho já marcado em Semporna – nas imediações das ilhas de Sipadan e Mabul – e o médico não me aconselhava a mergulhar, caso o tornozelo não voltasse ao normal. :/

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De qualquer modo e nos quatro dias passados em Sepilok ainda deu para ver nas imediações do lodge uns crocodilos “velhacos” e uma bonita e elegante ave branca; fazer duas visitas ao RDC (Rainforest Discovery Center) onde tive novamente contato com uma floresta tropical e com o seu ambiente verde, quente e extremamente húmido – cheirinho a selva; mas principalmente fazer duas visitas ao centro de proteção dos Orangotangos, onde tive a oportunidade de observar pela primeira vez estes bonitos primatas. 🙂 Neste centro, a maioria são órfãos e como tal, têm de ser ensinados a alimentarem-se e a tornarem-se independentes. O problema é que de todos os primatas, os orangotangos são os mais dependentes da progenitora e como tal o caminho para a completa reabilitação é moroso e exigente.

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Apesar de alguns deles parecerem bastante debilitados, foi bom observar e aprender que estes animais estão a ser tratados com toda a dignidade possível. Mas o melhor de tudo, foi sem dúvida ter a oportunidade de ver as traquinas crias juntamente com as extremosas mães. Comovente… encantador! 🙂 Saí de Sepilok, muito FELIZ e a sentir que estava num sonho. Sonho esse, que tinha o nome… Bornéu! 😀

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Kinabalu. Ascensão Infinita

Epílogo

Em termos turísticos Kinabalu é um dos grandes negócios dourados de Sabah e nenhum agente turístico no seu perfeito juízo, irá promover a ascensão num dia, afinal os pacotes turísticos giram à volta da estadia super dispendiosa em Laban Rata, que em termos de esforço físico – mas não distância – fica sensivelmente a meio caminho do cume da montanha. Para além disso e já no interior do parque natural também não há ninguém que promova esta possibilidade, contudo se já partirmos informados, ninguém nos irá mentir acerca da mesma.

Para quem não gosta de fazer planos com meses de antecedência, quer gastar uma exorbitante maquia e gosta de desafios físicos, o que posso dizer é… a ascensão de Kinabalu num dia é possível mas depende de vários fatores. Alguns dependem de nós e outros – tais como as condições meteorológicas – estão completamente fora do nosso alcance, desse modo… para completar a ascensão não é necessário ser nenhum super herói ou heroína, porém é preciso estamina, força de vontade e alguma sorte.

Mesmo que se cumpram as “barreiras” temporais: três horas para chegar a Laban Rata e se atinja o pico antes das 13.00 – cinco horas desde o início do trekking – tal não significa que a ascensão esteja garantida. Basta que os rangers do parque decidam que as condições meteorológicas não são aceitáveis e… fim do “jogo”. Basta o nosso guia decidir que estas mesmas condições se degradaram muito rapidamente – vento, chuva, nevoeiro – e… fim do “jogo”. Enfim, existe um enorme leque de variáveis desconhecidas na equação de Kinabalu que podem ditar o fim da ascensão e caso exista cancelamento durante a mesma, não há direito a reembolso. Por isso é fazer “figas” e esperar o melhor… mas quem estiver disposto a arriscar, a recompensa será de certo grandiosa… 😀

P.S. – A ascensão num dia é um assunto sério e deve ser feito sob a supervisão de um guia. Nem sequer pensem em fazê-lo sem o mesmo e por conta própria. Tal representa uma monumental falta de respeito para com a montanha e para com a vossa vida.

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Kinabalu. Ascensão Infinita

Ato II – Kinabalu? Montanha Surreal!

Ao longo da noite acordei inúmeras vezes, fruto da preocupação de ter de me levantar de madrugada e simultaneamente ansioso com o trekking que me aguardava. Afinal, há alguns meses que esperava este encontro com a montanha e foi principalmente Kinabalu que me fez  rumar à ilha do Bornéu. Este era o dia D.

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Antes de sair da guesthouse tomei um super pequeno almoço: dois ovos, seis torradas e café e parti para a receção do parque, onde às sete da manhã conheci o meu guia, Eddie, que me conduziu até ao Timpohon Gate (1866 m) e a primeira etapa do percurso ligou esta entrada a Laban Rata (3273 m).

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O início do trilho realizou-se no meio de uma floresta tropical muito verde, que a partir do quarto/quinto quilómetro desapareceu totalmente e o caminho seguiu no meio de rocha amarelada/alaranjada pontuada aqui e acolá por arbustos. Em duas horas chegámos a Laban Rata – quilómetro seis – bem dentro da barreira temporal definida pelo parque, porém enquanto aguardava pela decisão do ranger – o responsável que define se existem condições de segurança – senti progressivamente um nervoso miudinho, uma vez que existia um nevoeiro que nos envolvia. Felizmente recebemos a confirmação que podíamos continuar a ascensão 🙂 e quando atingimos o sétimo quilómetro, a montanha…

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Transformou-se! A vegetação extinguiu-se quase na totalidade, as faces ficaram mais escarpadas e a rocha adquiriu uma cor metalizada e brilhante. Até começámos a ter direito a uma corda para nos auxiliar na ascensão das zonas mais inclinadas e escorregadias. Passo a passo fomos subindo e em nosso redor apenas víamos rocha em todas as direções. Em certo momento, a visibilidade aumentou progressivamente e comecei realmente a ver os diferentes picos de Kinabalu à nossa volta (St. Jonh´s Peak – 4091 m; Donkey Ears Peak – 4054 m; Ugly Sister Peak – 4032 m).

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Hora e meia volvida, estávamos no oitavo quilómetro, à cota de 3929 m e quase, quase no pico. 🙂 Porém para percorrer os 166 metros de cota que faltavam para chegar ao Low´s Peak (4095 m) e o ponto de altitude máxima precisei de mais meia hora! :/ Aqui senti realmente o “peso” da altitude e parte da energia já despendida. Quatro horas – desde o início do trekking – estávamos no pico de Kinabalu e nessa altura a visibilidade estava perfeita! Céu azul, nuvens abaixo e acima de nós, rocha e picos! Surreal! Espetacular! No pico apenas estivemos quinze minutos e completamente sós… Nada! Nem ninguém! Apenas o vento e o silêncio… 😀

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Começámos então a descida e os primeiros vinte minutos foram mais lentos, pois aproveitei as excelentes condições atmosféricas para tirar algumas fotografias. Porém e pouco tempo depois o vento começou a soprar mais intensamente, tendo de  colocar o keffiyeh a proteger a cabeça. A descida que esperava mais rápida, veio a revelar-se mais lenta que a ascensão e tal aconteceu devido às pedras serem roladas, o trilho estar cheio de água e bastante escorregadio e… a partir do abrigo Layang Layang começou a chover com intensidade, o que aumentou a dificuldade, pois o trilho tornou-se ainda mais escorregadio. :/ O relógio marcava a hora coca-cola light quando regressámos ao Timpohon Gate, nove horas depois encerrei o capítulo de Kinabalu, a montanha surreal. 😀

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