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Crónicas Fotografia

Lanjak & Danau Sentarum. Sob o Signo da Vida Feliz

Em Lanjak fiquei alojado na companhia de Doni e de Yuda (o seu braço direito), numa casa do parque natural e durante aqueles dias, o denominador comum foi a boa disposição. 😀

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No primeiro dia, fui na companhia de Doni até à aldeia de Souah, onde visitámos uns amigos seus no meio de um arrozal. Aí, para além de conversarmos com as pessoas, tirei vários retratos e comi um babi (porco selvagem) delicioso, confeccionado de duas maneiras distintas – o primeiro tinha sido grelhado nas brasas, o segundo foi cozinhado em lume brando dentro de um tubo de bambo, com ervas (a carne era tenra, ligeiramente salgada e temperada) – Ponsoh. No regresso à vila, acabámos de organizar toda a logística necessária para o término do torneio de futebol organizado pelo parque natural do Danau Sentarum e assistimos à grande final, onde a equipa de Putussibau acabou por se sagrar campeã (3-1 contra a equipa da casa). Este primeiro dia, terminou com uma festa noturna no arrozal, bem regada com o tradicional tuak (vinho de arroz) e comigo a conduzir a carrinha no regresso! 😉

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No segundo dia, tive a minha primeira incursão no Danau (lago) Sentarum e esta foi uma experiência única, uma vez que nunca tinha andando de mota dentro de um lago! A vastidão da paisagem era surreal e assombrosa, parecia que estava num deserto de lama. Na companhia de Safary (um dos trabalhadores do parque) fiz motocross com uma moto de estrada, aliás, ao longo do dia fomos fazendo patinagem na lama. 😛 A caminho do topo de uma das colinas, da ilha de Semitau e de repente, o corpo da minha máquina avariou (recordei-me imediatamente de Mulu e da montanha Ramelau), mas felizmente desta vez, pude utilizar o corpo da máquina do parque natural! 🙂 Daí pude observar uma panorâmica do lago: as rochas, as zonas secas, as “ilhas” de árvores e fiquei estupefacto por o lago em plena época das chuvas, estar tão seco!! (Ainda dizem que não há aquecimento global!? :/ ). Antes de regressarmos a Lanjak, fizemos uma visita a uma vila piscatória, onde as casas estão construídas sobre estruturas de madeira, ou chegam a ser casas flutuantes (como se de barcas se tratassem), atravessámos riachos barrentos, vimos peixes a secar, outros mortos em decomposição e nativos a pescar… este dia tão perfeito, acabou quando conheci e tive a oportunidade de ter Oscar ao colo, um orangotango bebé de nove meses ainda muito frágil e delicado.

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Sábado foi muito semelhante ao dia anterior, porém desta feita, eu e o Safary fomos mesmo montados numa mota de cross. Neste dia, em que a paisagem estava mais realçada fruto do céu azul, conseguimos chegar à ilha de Malaiu (na primeiro dia, bem tentámos, mas foi de todo impossível lá chegar, tal a quantidade de lama existente) mas para isso, tive que desmontar da mota vários vezes. Nesses momentos, em que andava a pé descalço na lama mole e quente (por vezes enterrado até aos joelhos), senti-me bem… senti-me feliz e livre! Estava fascinado com aquela paisagem, com aquele enoooooooooooooooooorme lago sazonal, situado no coração do Bornéu. 😀 Da ilha, seguimos e visitámos a enorme aldeia piscatória de Selimbau/Labaoyan, onde acabei por ter a oportunidade de observar o dia-a-dia dos nativos e aí acabámos por almoçar. Quando cheguei a Lanjak, parecia um bonequinho de lama! 😛 Mas este dia só acabou depois de uma festa, onde houve um gigante peixe grelhado, karaoke, tudo regado com cerveja, animação, cantorias, cigarros e boa disposição.

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No Domingo, regressei a Sintang, na companhia de Doni, esse mágico da vida 😀 e de Yuda, mas antes de partirmos não nos livrámos de um susto, pois deflagrou um incêndio nas imediações do parque natural e só partimos depois da situação estar controlada (o Doni, apesar de muito brincalhão é um funcionário profissional, diligente e preocupado). Depois do fogo da manhã e ironicamente, na viagem de regresso (passada a dormitar, a falar e a ser massacrado pela estrada) apanhámos uma grande tempestade tropical, que nos atrasou (chegámos ao nosso destino por volta das 3.00). Deste modo, o dia da partida do coração do Bornéu ficou marcado pelos elementos. Pelo signo do fogo e da água.

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Crónicas Em trânsito

Putussibau. Aguardando por Doni

De Singkwang, parti por volta das 17.00 e as doze horas de viagem até Sintang foram passadas a dormir. 🙂 Para apanhar um novo autocarro para Putussibau, esperei duas horas num mercado quase deserto e por volta das 7.00, voltei a partir. No início, a viagem foi lenta, arrastada e em certas zonas a estrada parecia um queijo suiço. Durante o caminho, o autocarro apinhado de pessoas e carga, arrastou-se (principalmente nas subidas) pelas estradas verdes do Bornéu. Ao longo do tempo, tentei atualizar o caderno e fui sentindo um nervoso miudinho por não ter conseguido falar com ninguém que me pudesse ajudar em Putussibau, até que depois de múltiplos telefonemas e várias trocas de mensagens, recebi o contacto de Doni (vice-diretor do Parque Nacional de Danau Sentarum e amigo de Sonja) e tudo mudou! Tinha acabado de arranjar um cicerone! 😀

À medida que nos aproximávamos do nosso destino começou a chover, sentindo-se um cheiro intenso a terra molhada. O embalo do autocarro fazia-me quase, quase adormecer, até que passávamos por pontes de madeira que nos faziam saltar dos lugares – bump, bump! Na paisagem, viam-se agora pequenas aldeias e povoações, onde a maioria das casas estavam construídas sobre estacas e o acesso era feito por passadiços de madeira. Cheguei a Putussibau às 19.00, depois de um dia inteiro de viagem, e graças ao Doni fui apanhado por um membro do parque natural que me deu boleia até ao HQ.

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Na chegada à sede geral do parque natural, conheci o chefe de Doni, que começou a conversa à “Javanesa” (modo muito polido) e acabou a pedir-me uma contribuição monetária, para o meu alojamento. Apesar de não ter apreciado o seu gesto, não quis ficar a dever-lhe favores e rapidamente resolvemos o assunto, com o pagamento de uma “propina”. Entretanto, falei com o Doni, combinámos que ele passaria no dia seguinte (às 17.00) para me apanhar e seguiríamos juntos para Lanjak (vila, colada ao lago Sentarum).

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O dia em Putissabau, foi um dia lento e de espera pelo Doni, mas como tinha contactos da ONG, WWF passei por lá para conhecer os responsáveis daquela delegação (Albertus e Hermas) e saber detalhes acerca das áreas de intervenção. Durante o resto do dia escrevi textos para o blog e quando o Doni apareceu percebi imediatamente que ele era (felizmente!) muito diferente do seu chefe… 😀 A viagem durou duas horas e meia e o caminho para Lanjak foi feito em alegre algazarra, estavam lançados os dados para o que seriam os meus próximos dias… 😀

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Crónicas Fotografia

Singkawang. English Days!? Happy Days

Como previamente combinado, em Singkawang encontrei-me com Supriadi, um professor de inglês que trabalha num instituto privado (MEF – Mastering English Faster). Se inicialmente, contava ficar três dias, acabei por ficar uma semana! 🙂 E o que me levou a ficar? O calor humano, o carinho e a amizade com que fui recebido, por aquelas pessoas maravilhosas. 😀

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Na cidade, para além de Supriadi, conheci Teti, a sua assistente (uma mulher trabalhadora, calorosa, dedicada, simpática, muito comunicativa e uma cozinheira de primeira), Bayo A., Bayo F., Jamal, Ari e muitos outros. 🙂

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Durante aqueles dias, que vivi verdadeiramente em Singkawang, recordo com carinho vários momentos: os instrumentos de música tradicional (Dayak) que vi e que ajudei a pintar; os longos serões que passei a jogar PES 2013 e a conversar; as vezes que fui ao mercado com Teti e que cozinhei com ela; os muitos cafés e cappucino´s deliciosos que bebi; as praias, a ilha mais pequena do planeta, a povoação de Selakau e a sua vastíssima área de manguezais, a agradável e simpática ilha de Lemukutan (onde passámos o fim-de-semana); e principalmente, o facto de me ter tornado um “guru da motivação”, quando ao visitar várias escolas, tentei deixar os alunos com vontade de aprenderem inglês. 😀

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Em Singkawang fui verdadeiramente FELIZ! E aceitei de vez, o facto de visitar poucos locais em Kalimantan, mas ter experiências que valem-se realmente a pena! 😀 

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Crónicas Fotografia

Pontianak. Dia de Sorte na Linha do Equador

Sem grandes demoras e depois de comprar o bilhete, parti para Pontianak às 6.50 já com o contacto de Awi (um nativo que Sonja conheceu, aquando da sua passagem pela cidade). Na chegada, recolhi a bagagem, tentei ligar-lhe (sem sucesso) e comecei a andar na direção de Pontianak, para evitar os taxistas locais. Nesse momento, tive um momento de sorte, pois apanhei boleia de Surat (um senhor que trabalhava como engenheiro, na manutenção de aviões) para o centro. Para além dessa boleia, Surat ajudou-me a encontrar um hotel barato (Rahayu) e levou-me a tomar o pequeno-almoço no Hajis (um local famoso da cidade, principalmente pelo seu Rujak Juhi). 😀 Na despedida, deixou-me no cais turístico, com a indicação do preço a pagar ao barqueiro.

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Na travessia, a minha boa sorte continuou, pois conheci uma rapariga (Theresia) e as suas amigas, com quem fui até ao Tugu Khatulistiwa  (monumento do local, onde fica a linha do equador) sob o signo da sua “proteção”. 🙂 No regresso ao centro, encontrei-me com Awi, com que visitei uma casa tradicional da tribo Dayak, falei sobre Kalimantan (comecei a perceber, que o meu plano de cruzar a ilha de costa a costa, era demasiado ambicioso), almocei um Gado Gado, absolutamente divinal e combinei um reencontro para jantar.

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Quando voltei ao hotel, fiz o check-in e fiquei agradavelmente surpreendido com o quarto, pois este era amplo e arejado. Naquela tarde tranquila, quando procurava um local com internet, novamente a sorte a ajudar. Conheci MS., um simpático rapaz que me deixou usar a sede do seu partido político e que se prontificou a ajudar-me a apanhar o autocarro para Singkwang (nessa altura, graças novamente a Sonja já tinha o contacto de Supriadi, um professor de inglês que vivia nessa cidade! 🙂 ) durante a madrugada (ficou combinado que iria ter comigo ao hotel, dormiria lá e depois me levaria de mota até ao local da paragem).

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Entretanto, como combinado fui jantar com o Awi e fiquei com a certeza que a cidade de Pontianak, pode não ser um destino turístico, mas comida deliciosa? Essa existe em abundância! 😀 Para além da sua gastronomia, senti que esta, é uma cidade muito viva e cheia de movimento. Quando regressei ao hotel, apesar de anteriormente não ter “sentido” nada de estranho relativamente ao MS., comecei a pensar na disponibilidade que ele manifestou tão rapidamente. Assim, para me precaver de eventuais problemas, falei com a recepcionista para quando ele chegasse, ela lhe pedir a identificação. No serão, dormi um pouco e ao falar com ele percebi tudo, MS. era gay e queria “algo mais” do que amizade. Eu agradeci-lhe a disponibilidade, a coragem demonstrada, mas disse que não podia “ajudá-lo” nesse campo e depois de ele me dar boleia, despedimo-nos com um sorriso envergonhado.

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Reflexões

Ideias soltas sobre a Malásia

Quando cheguei à Malásia vindo da Tailândia e do seu sul de mafiosices constantes, o facto que mais me surpreendeu foi ver os preços dos transportes afixados e tabelados, como o caso dos autocarros e dos táxis – na grande maioria dos casos. No país a probabilidade de haver enganos nos transportes públicos é por isso muito mais reduzida. 🙂 Isso não significa que não possam existir situações dúbias, por exemplo os barcos em Bako e em Perhentian, onde existe um monopólio associado e as carrinhas de transporte  mini-vans – em Georgetown e nas Terras Altas do Cameron, onde se deve tentar encontrar os preços mais atrativos, pois existe uma grande concorrência entre agências de viagens/transportes.

O símbolo do país está bem patente na nota de 50 MYR  a segunda de valor mais elevado – a palmeira que gera o óleo de palma. A península da Malásia está coberta de hectares e hectares sem fim de palmeiras e infelizmente muita da selva primitiva do Bornéu foi destruída na transformação da paisagem. A verdade é que no mundo atual não existem soluções mágicas. O óleo de palma gera, dinheiro… muito dinheiro! Para além disso substituí-lo é uma tarefa muito complexa, devido ao elevadíssimo número de produtos existentes no mercado – alimentares e não só – que utilizam este óleo na sua composição e a sua substituição pode tornar-se ecologicamente insustentável – o óleo de palma produz quatro a dez vezes mais do que qualquer outra cultura.

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A corrupção – tal como na maioria dos países asiáticos – está muito presente no sistema político e tal situação afeta de forma preocupante e negativa a economia do país. Durante as últimas décadas, muitas decisões foram tomadas de forma leviana e com o objetivo de favorecer certas empresas e indivíduos, em detrimento do bem-comum. Desse modo a Malásia, construiu muitos elefantes brancos e esbanjou um elevado número de recursos naturais. Apesar de no dia-a-dia, em termos gerais, existir uma excelente unidade entre etnias: Malaios, Chineses e Indianos. A unidade da Malásia é abalada pela existência de uma enorme discriminação na atribuição de cargos de estado entre as três etnias, uma vez que os cargos de chefia são quase sempre entregues a cidadãos de etnia Malaia. Tal situação mina a crença das pessoas, na igualdade e na justiça da sociedade.

Entre a Península da Malásia e o Bornéu Malaio, sente-se uma diferença geral de atmosfera. A religião muçulmana diminui em termos de importância e torna-se menos rígida, a religião cristã aparece no mapa e ainda se conseguem encontrar algumas tribos com algumas tradições vivas e raízes antigas. Estas premissas, influenciam de forma decisiva os habitantes da ilha e as pessoas tornam-se no geral mais descontraídas. Para além disso o Bornéu ainda é um espaço mágico e primitivo, onde se podem encontrar alguns pedaços de selva muito antiga, muitos animais selvagens e pessoas muito calorosas e humanas; e desse modo, ficar-me-á para sempre na memória, como um dos locais mais especiais de toda a viagem e onde fui verdadeiramente FELIZ! 😀

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Kuching. A Casa e a Austríaca

Entre as idas a Gunung Gading, a Bako e o regresso à Malásia Peninsular, o magnífico hostel de Kuching (Wo Jia Lodge), onde dormi quatro noites de forma não consecutiva, foi para mim como uma casa. 🙂 Pelo ambiente que encontrei, pelo staff e pelas pessoas que conheci, principalmente uma rapariga austríaca e de quem fiquei amigo, Sonja. 😀

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Kuching foi de longe a cidade mais agradável e interessante de todo o Bornéu e foi aí que resolvi o problema da máquina fotográfica, pois comprei um “corpo” em segunda mão igual ao que tinha; visitei alguns museus e a bonita mesquita da cidade, passeei, comi muito bem e principalmente tive dias muito tranquilos e repousados no hostel. 🙂

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Crónicas

Trilhos de Bako

Para chegar ao parque nacional de Bako, primeiro apanhei um autocarro local para um cais que fica nos arredores de Kuching e seguidamente um barco que seguiu primeiro num rio de águas barrentas e depois no oceano. A viagem durou aproximadamente meia hora e na chegada à praia de Tanjung – local do HQ – vi uma paisagem dramática e surreal de árvores já secas e mortas, mas com a água do mar a submergir grande parte dos seus troncos… Belo! Trágico! Inesquecível! 😀 

Nos dois dias que estive no parque, maravilhei-me com o meu último pedaço de selva do Bornéu e todas as caminhadas que fiz nos múltiplos trilhos mostraram-me diferentes faces da ilha. 🙂 Aliás, em Bako foi fascinante observar como num espaço tão curto, existem tantas variações de paisagem, tanto em termos de vegetação, como de geologia! Na ilha existem florestas tropicais, manguezais, locais que se assemelham a florestas mediterrânicas! Praias desertas e selvagens – Paku, Tajor, Besar e mais bonita de todas, Kecil; enseadas, baías, falésias de rocha negra, formações rochosas que brotam do mar, rochas areníticas: castanhas, cinzentas, brancas, bordôs. 😀

Para além da fantástica paisagem vi muitos tipos diferentes de animais:  macacos – silver leaf, proboscis – a menos de um metro de distância 🙂 , cauda longa; porcos selvagens mas inofensivos; serpentes – uma verde, uma castanha e pequena e outra negra e amarela; pássaros – King Fish; escorpiões; aranhas, peixes; e um sapo minúsculo, mas altamente venenoso; e ao final de cada dia falei com diferentes pessoas, sobre diferentes assuntos. Dias de Bako? Dias muito felizes! 😀


P.S. – O único senão na experiência da ilha de Bako, foi observar a “marosca” legal na venda de bilhetes para o barco, uma vez que no cais somos “forçados” a comprar bilhetes de ida e volta! :/ O ideal mesmo é embarcar com pessoas que voltem no mesmo dia, para se poder dividir a despesa.

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Gunung Gading. Raflésia e Jungle Trek

Depois dos acontecimentos “obscuros” de Kapit 😛 , fiz uma grande viagem para Kuching. Primeiro regressei a Sibu no barco das 9.00 e já nessa cidade apanhei um autocarro que me transportou por quatrocentos e sessenta e dois quilómetros e oito horas de viagem até à cidade dos gatos. Depois da noite em Kuching, acordei bem cedo e fui até ao centro dos parques naturais, aí quando me preparava para marcar a estadia no Parque Nacional de Bako, vi um aviso sobre o Parque Nacional de Gunung Gading e da existência de uma raflésia em flor – extremamente rara. 🙂 Desse modo, alterei um pouco a minha rota e parti imediatamente para esse parque natural.


Na estação central, apanhei um autocarro para Lundu e depois de uma curta viagem de hora e meia, cheguei à pequena cidade onde me abasteci de mantimentos e água. A caminho da entrada do parque, carregado com sacos e com uma pequena mochila, apanhei uma boleia de scooter e a viagem foi uma risada, pois o meu condutor era muito bem disposto. 😀

Já no parque e depois de largar os mantimentos e a mochila parti para ver a famosa flor, uma vez que a mesma estava muito próxima de um dos trilhos, porém e até a encontrar andei aos “papéis” durante meia hora. 😛 Passado esse tempo, consegui vislumbrá-la e quando me aproximei da mesma fiquei impressionado com o seu tamanho (cerca de meio metro de diâmetro). No entanto a flor, já estava a morrer e a ficar enegrecida e desse modo este encontro, não foi assim tão memorável e espetacular… :/

Muito mais especial e ainda durante essa tarde, foi o momento em que reencontrei o casal de espanhóis que conheci no Brunei e quando apanhei uma mega trovoada nas imediações da cascata número 7! Quando fiz o caminho de regresso ao HQ, a água escorria por todos os lados e tive a sensação que descia não um trilho, mas um rio! E a verdade é que em dois locais do trilho foi isso que encontrei. Rios criados pela água da chuva e que transformaram de tal modo a paisagem que só acreditei que aquele era o caminho de regresso pois as árvores continuavam pintadas com as mesmas cores. Surreal! 😀 E senti-me muito feliz por ter tido a oportunidade de experienciar e viver, a força da natureza sem quaisquer filtros ou barreiras.

Espetacular e memorável em Gunung Gading, foi o trekking na selva que fiz desde o HQ até Rock Well e o caminho de regresso (aproximadamente dezassete quilómetros). Inicialmente a caminhada estava para ser feita apenas até Gudung Gading (três quilómetros e seiscentos metros), porém como cheguei ao “topo” em apenas duas horas e fiquei admirado com a facilidade da “ascensão” – as estimativas do parque apontavam para três/quatro horas – decidi continuar e embrenhar-me na selva e ir até Batu Berkubu. E… ainda bem que o fiz! Pois essa opção revelou-se um desafio físico intenso e apaixonante. 😀 O trilho estava bem marcado e só havia que manter a concentração para não cometer nenhum erro, uma vez que estava completamente sozinho e não havia ninguém que me pudesse ajudar num raio de quilómetros. Sozinho no meio do trilho, no meio da selva, lá fui seguindo. Intenso! Ainda para mais, porque havia algumas zonas do trilho que estavam cheias de pequenos obstáculos, troncos caídos e vegetação densa que intensificavam ainda mais a experiência! A verdade é que às 11.30 já estava no final do trilho, em Rock Well, uma zona de formações rochosas interessantes. Já mais relaxado, mas sempre concentrado fiz o caminho de regresso ao HQ! E o parque de Gunung Gading, ficará para sempre associado às palavras… JUNGLE TREK! 😀

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Kaput em Kapit     

No dia seguinte parti com a Valentina para Kapit, uma cidade que fica a meio caminho entre Belaga e Sibu, e ai reencontrámos uma família que Valentina conhecera na sua rota para Belaga. Assim que desembarcámos fomos guardar as mochilas na receção de um pequeno hotel, que Valentina conhecia e depois fomos ao encontro deles. 🙂

Por coincidência nesse dia, estava a decorrer na cidade uma corrida de barcos rápidos e depois de encontrarmos parte da família e de comprarmos alguma comida, partimos para as margens do rio para fazer um piquenique e ver as corridas. 😉 Durante a tarde brincámos com e como crianças, aprendemos malaio, rimos, fumámos, comemos qualquer coisa e fomos bebendo uma bebida tradicional que as senhoras da família diziam ser fraquinhaaaaaaaaa…

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A partir de certo momento senti que estava a ficar “carregado” e a última coisa que me lembro dessa tarde foi de já estar preparado para embarcar. E depois? O vazio… o sonho… a escuridão! Quando acordei eram 3.30, não sabia onde é que estava e quando comecei a tomar consciência, pensava que estava em Portugal! Ao abrir os olhos, não reconheci o local, parecia uma sala e depois de ver a Valentina a dormir ao meu lado, percebi o que acontecera… Tinha apanhado uma “carga” descomunal e não me lembrava das últimas onze horas! Ora, bolas! Antes de voltar a adormecer apenas pensei: “espero não ter feito muitos estragos”… 😛

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No dia seguinte às 6.00 e enquanto bebia um chá, Valentina iluminou-me o espírito sobre o que tinha acontecido e pelos vistos não fiz nada de muito idiota! Ao que parece, consegui embarcar e desembarcar sozinho e sem cair ao rio 😛 ; no acesso à casa da família fui dizendo que não precisava de ajuda, mas acho que alguém me ajudou a subir a imensa escadaria; e já em casa deles, felizmente na varanda, comecei a vomitar e depois de o fazer durante um bocado, puseram-me a dormir… Pela descrição não foi demasiado mau! Mas, não me orgulho e gostaria de ter estado consciente para aproveitar a companhia desta alegre família. Bebida tradicional de Kapit? Kaput!

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Viagem ao Coração do Bornéu por Palavras

Ato V – A Italiana e o Coração do Bornéu

No regresso a Belaga e na casa/hostel/guesthouse do Daniel conheci Valentina, uma rapariga italiana que viveu na Austrália durante dois anos, aproveitando a oportunidade (que certas nacionalidades podem usufruir) de poder viajar no país enquanto trabalhava (working holiday visa) e durante horas falámos de experiências de viagem, planos, opções para o futuro… 🙂

Por volta das 15.00 partimos com o Rowdy, um amigo dele e os dois cães da família para pescar, bem… quer dizer… apanhar peixes, pois a técnica de pesca daqueles “meninos” consistia em dar um choque elétrico localizado na água e depois só tinham de apanhar os peixes mortos ou inconscientes! 😛

Partimos da pequena e sonolenta cidade pelo rio Rajang rumo a sul e depois de duas interseções com outros rios (um deles o Belaga), atracámos o barco partindo à aventura! No início eu e a Valentina fomos acompanhando o desenvolvimento da “pescaria”, mas passado um bocado começámos a andar mais depressa e quanto mais penetrávamos nas margens do rio e mais víamos, mais queríamos ver! 🙂

O local estava a revelar-se um mini-desafio físico de equilíbrios e encontrar passagens escondidas. Quanto mais andávamos, mais selvagem a paisagem era. 🙂 Às rochas, pequenas cascatas e piscinas naturais, iam-se juntando bancos de areia que formavam ilhas cobertas de vegetação luxuriante, troncos e árvores centenárias, lianas. Surreal, eletrizante, magnético… estávamos a ser atraídos para o olho do furacão, mas queríamos mais! 😀 Queríamos trespassar o coração do Bornéu com uma faca afiada e ao romper o seu tecido, ficar cobertos de sangue, cobertos de vida.

E eis que conseguimos chegar à sua alma! 😀 Depois de escalarmos mais umas rochas, “batemos” de frente com uma cascata que era quase uma parede vertical e ao ter tal visão, senti que este era o meu final feliz, o meu final perfeito para a minha viagem ao coração do Bornéu por palavras! 😀