No aeroporto tivemos de despedir-nos por um período indeterminado e abraçados durante uns minutos o tempo congelou. Foi neste local que as coisas foram difíceis e eu senti o coração a apertar… apertar. As despedidas nunca são fáceis! Queremos manter as pessoas que gostamos por perto, mas existem momentos da nossa vida que fisicamente tal não é possível, pois para se estar num local não se consegue estar no outro. Parece que nesta vida não há nada de borla e que há sempre um “preço” a pagar por tudo! O que fizemos, o que fazemos, o que queremos fazer… viajar é muito bom, mas também é duro! Afasta-nos de quem gostamos, mas simultaneamente pode fazer-nos sentir mais gratos pelo que temos e por sabermos que há pessoas que gostam de nós… mesmo separadas por mares e oceanos de águas azuis e cristalinas e praias de areia branca! O coração e a memória ajudam a manter a “chama” viva…
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Dias em Pangkor? Tranquilos!
Os dias em Pulau (ilha) Pangkor foram… muito, muito tranquilos e depois de toda a azáfama das ilhas do sul da Tailândia soube bem chegar a um local muito mais pacífico, relaxado e não ser incomodado de cinco em cinco segundos por vendedores ambulantes, à semelhança de Koh Samui. 🙂
Na praia, a maioria das pessoas que encontrámos eram nativas do país e foi muito interessante observar que o tipo de brincadeiras praticadas não se altera, independentemente de estarmos na presença de uma sociedade islâmica e claramente marcada pela religião. 🙂
Nos dias que aqui estivemos aproveitámos para tomar banhos de sol na praia – que apesar de não ser tão bonita como as existentes nas Phi Phi, era agradável – e na piscina do hotel; comer deliciosos e frescos peixes grelhados; começar a conhecer os sabores da comida malaia; escrever no caderno; ver macacos a invadirem as varandas em busca de comida fácil e pela primeira vez tucanos em liberdade; assistir ao quase afogamento de uma criança – na piscina – e comprovar como este pode ser rápido, silencioso e potencialmente letal ; comer frescos gelados e partir em direção à capital… Kuala Lumpur, de seu nome. 🙂
Aprendizagens Made in Tailândia
Depois de chegar a Pulau Pangkor e de “meditar” sobre a atribulada viagem, resolvi fazer uma pequena súmula sobre a Tailândia. A famosa terra dos sorrisos está claramente dividida em duas e a fronteira encontra-se em Bangkok, a capital. Se no norte, ainda somos tratados com um certo respeito, no sul não passamos de um porta-moedas andante.
Durante os dias que estive no país, não houve uma única viagem que possa ser considerada “normal”! E no sul, o “sistema” montado em torno dos transportes parece uma malha de aço! Aqui não vale a pena inventar. Os transfers entre a Tailândia continental e as ilhas que envolvam múltiplos meios de transporte – autocarros, carrinhas, barcos, ferries, tuk-tuk´s… – serão sempre mais baratos se comprados numa agência, em vez de fazer a viagem troço a troço e comprar os bilhetes por nossa conta, tal não significa que todas as agências vendam os transfers aos mesmos preços, valendo sempre a pena indagar.
O famoso “sistema” é de tal modo complexo e intrincado que durante quase todas as viagens os comprovativos/recibos de compra desaparecem no bolso de alguém e são trocados por outros papéis e autocolantes. Com esse simples gesto, desaparece a evidência da existência de turistas no sul do país.
Para além do que referi nos parágrafos anteriores, fiquei com a certeza que um local/paisagem podem ser o paraíso mas que os habitantes podem arruinar a experiência, ou alternativamente torná-la maravilhosa – que não foi o caso! 😦 E na despedida da terra dos sorrisos, fiquei com a sensação de não querer regressar! Pelo menos ao sul e às suas mafiosices constantes!
Ato II – Malásia Side
Às 6.00 da manhã já estávamos acordados e prontos para seguir até um novo país. Mas não se pode dizer que estivéssemos frescos, pois à longa viagem do dia anterior juntou-se uma noite dormida miseravelmente, fruto do quarto “fabuloso” mas principalmente da preocupação que se apoderou dos nossos espíritos… uma vez que na noite anterior marcámos um hotel num resort em Pulau Pangkor e posteriormente vimos que a ilha ficava longíssimo da fronteira – “apenas” trezentos e cinquenta quilómetros! Para fazer em transportes públicos! E sem a noção de horários das ligações terrestres e marítimas… – caricato! Na única vez que tínhamos marcado um hotel realmente bom, havia a fortíssima probabilidade de não conseguirmos chegar a tempo de dormir a primeira noite.
A andar, rumámos para fronteira e à medida que o fazíamos, senti um nervoso miudinho pois não tinha nenhum comprovativo de saída da Malásia. A saída da Tailândia estava mais do que garantida mas… e a entrada no nosso destino imediato? Porém e após o controlo de passaporte em ambos os postos de fronteira, a minha preocupação revelou-se totalmente infundada, pois ao olhar para o passaporte vi um carimbo que mostrava noventa dias! E sem pagar! 🙂 Já com a burocracia resolvida entrámos oficialmente na Malásia e à semelhança da passagem da China para o Laos, a fronteira foi cruzada a caminhar de mochila às costas. 🙂
Às 8.00 entrámos oficialmente na cidade Malaia de Padang Besar – o nome é exatamente igual ao da cidade da Tailândia! – e depois de levantarmos dinheiro, tentámos encontrar autocarros que nos levassem mais para sul. Quando chegámos à estação, a mesma estava fechada e com um aviso no portão a informar que apenas abria às 10.00! Sentámo-nos no chão, abri o laptop e comecei a procurar alguma informação no guia da Lonely Planet. Esta cidade era muito menos desenvolvida do que imaginara e como não oferecia alternativas imediatas, disse à M. que tínhamos de ir para Kangar o mais rapidamente possível. Não existindo autocarros, tivemos de apanhar um táxi. No terminal, fiquei super admirado quando vi o valor da viagem afixado e o taxista a não querer negociar o preço! Depois das mafiosices constantes do sul da Tailândia, esta clareza era uma boa mudança! Ainda para mais quando o valor para fazer os trinta e poucos quilómetros se revelou justo. 🙂
De táxi, chegámos à estação de Kangar às 9.40 e já na bilheteira perguntei se existia um autocarro para Ipoh – a maior cidade do centro da Malásia e que tinha ligação com Lumut, a cidade portuária onde teríamos que apanhar o barco para Pulau Pangkor. Porém e felizmente a M. disse para reformular a pergunta para Lumut e assim fiz e… não é que havia um autocarro direto!? Pois é! Tudo indicava que estávamos “safos” e nesse momento as nossas probabilidades de chegar a Pulau Pangkor passaram de uma miragem para uma certeza absoluta. Que alívio! 😀
Antes de embarcarmos decidimos comer e pela primeira vez tivemos contacto com a comida Malaia – cheiro forte a especiarias, pratos com caril, picante q.b., muita variedade. Escolhemos o que queríamos comer e quando estávamos para pagar, um desconhecido que estava no balcão, apontou para a nossa mesa e fez sinal ao empregado que iria pagar-nos a refeição. Eu e a M. dissemos que não. Que não podíamos aceitar e ele respondeu-nos: ”Don´t be shy.” E acabou mesmo por pagar tudo! Comovidos com a bondade deste senhor, ficámos de lágrimas nos olhos e só pudemos dizer obrigado, várias vezes. 🙂
Quando entrámos no autocarro, os assentos pareciam umas autênticas poltronas! 😀 Nunca tinha visto nada assim. Pusemo-nos à vontade e enquanto a M. dormia eu aproveitei para atualizar o caderno. A viagem até Lumut foi muito tranquila e confortável e com uma paragem que fizemos em Ipoh para mudarmos de autocarro, a mesma durou seis horas e meia! Já em Lumut e depois de verificarmos que havia muitas opções para posteriormente irmos para Kuala Lumpur, andámos dois minutos a pé até ao cais de embarque, onde apanhámos o barco. A viagem foi feita já com o sol em rota descendente e a paisagem revelou uma ilha muita verde. Já em Pulau Pangkor apanhámos uma carrinha táxi cor-de-rosa, de valor fixo até ao nosso hotel e já na receção demos com a conta impressa e o recibo pronto! Ehhhh, eficiência! 🙂 Quando chegámos ao quarto ficámos bastante agradados com o mesmo e depois de um mergulho na bonita piscina, jantámos num pequeno restaurante. Depois da refeição, voltámos ao quarto, onde aterrámos na cama, cansados das múltiplas viagens dos dias anteriores e de todo o carrossel de emoções que fomos vivendo.
Na estação de comboios de Bangkok, tanto no dia em que comprámos o bilhete, como no dia em que partimos da cidade, houve sempre um funcionário “diligente” a querer vender-nos um bilhete para um barco rápido e para os transfers entre a estação de comboios e o cais. Aliás, no dia da compra esse bilhete até estava combinado com o bilhete de comboio.
Chegar à ilha de Koh Tao revelou-se um verdadeiro e exasperante quebra-cabeças. Depois da viagem de comboio noturna – que desta feita não teve surpresas, “chocantes”, pois comprámos um bilhete para segunda classe – chegámos à cidade de Chumphon onde nos deparámos e enfrentámos o maior lobby, aliás máfia legal que já vi(mos) até ao momento na viagem. Mas vamos aos factos…
Os nossos problemas começaram logo ao sair da estação, pois ao perguntar a um condutor de tuk-tuk quanto ele cobrava para nos levar até ao cais, ele perguntou-nos pelo bilhete do barco rápido! Respondemos-lhe que não o tínhamos e ele disse-nos para o comprarmos na estação de comboios, fizemos sinal que não e ele devolveu-nos o mesmo. “Ridículo!” (pensei na altura).
Seguimos de mochilas às costas caminhando por Chumphon na tentativa de apanharmos um meio de transporte (autocarro, tuk-tuk, táxi…) para o cais – tudo servia desde que o valor que nos pedissem não fosse “estapafúrdio”. Já na avenida principal da cidade, fomos perguntando por barcos, ferries, cais… mas ninguém parecia muito interessado em ajudar-nos, nem sequer os condutores de tuk-tuk, que costumam ser muuuuuuuuuuuuuuito voluntariosos e “altruístas”, queriam nada connosco. Estranho! Parecia que tínhamos uma doença altamente contagiosa e perigosa.
Até que um tuk-tuk parou perto de nós e quando dissemos a fórmula mágica: “Pier, ferry, Koh Tao”, pegou no telemóvel, começou a fazer uma chamada e depois passou-mo para a mão, encostei-o ao ouvido e disse: “Yes?”. Na resposta: ”Lomprayah assistance. Today you still have a boat at 1PM. Do you want to buy the ticket?”, tirei o telemóvel do ouvido, devolvi-lho e fiz sinal ao motorista que não. Estava chocado! E contei o episódio à M.
Tudo começava a fazer sentido, a companhia Lomprayah controlava todo, ou quase todo mercado e estendia os seus tentáculos desde Bangkok – no momento da compra de um simples bilhete de comboio – até aos transportes locais de Chumphon! Quando um peixinho sai da rede, convém apanhá-lo o quanto antes e este “pescador” estava a revelar-se implacável e a encostar-nos ao fundo…
Notas Finais
Nunca tinha visto, nada assim! Uma empresa, com a conivência das autoridades, a tomar conta duma cidade e ter o monopólio de um negócio, que neste caso é o negócio de transportes, entre Bangkok e as ilhas da costa Este: Koh Tao, Koh Pha-ngan e Koh Samui. Impressionante! 😦
Depois de encostados ao fundo, tivemos mais umas horas de odisseia em Chumphon e arredores. No final acabámos por chegar a Koh Tao… no famoso barco rápido, da Lomprayah! Mas pagando mais e perdendo mais tempo do que se o tivéssemos feito em Bangkok! Caricato! Mas serviu de aprendizagem!
Para chegar a Bangkok, apanhámos um comboio noturno em Nakhon Ratchasima e na estação encontrámos um ambiente soturno, mas que pareceu seguro. Quando o comboio chegou à plataforma, dirigimo-nos à nossa carruagem: Número 11, 3ª classe. Quando entrámos sentimos um calor abrasador, vimos que estava bem apinhada e que os olhos dos nativos não descolavam de nós, parecíamos ET´s e o planeta onde aterrámos revelou-se demasiado chocante para a M.
Depois de eu colocar as bagagens por cima das “nossas cabeças” e de nos sentarmos nos nossos lugares com as mochilas pequenas, protegidas entre as pernas, olhei para a M. que estava com lágrimas nos olhos e dizia: “Nunca mais. Nunca mais, uma viagem destas em terceira classe”. Os lugares eram de facto minorcas e o espaço reduzido, mas acho que o que lhe fez confusão foi ver as pessoas completamente coladas umas às outras e saber que durante a viagem não se podia mexer, porque não havia um espaço individual! Não havia a mínima fronteira na ausência de contacto. Penso que foi isto que a chocou!
Quanto a mim, não posso dizer que foi uma viagem agradável, mas fruto de todas as experiências que já tive na Ásia penso que relativizei facilmente a situação, isto apesar de poder dizer que foi o comboio mais sujo onde já andei e no qual o espaço disponível o mais reduzido. Com base nesta experiência fiquei a acreditar que a mesma, foi uma ligeira amostra do que posso encontrar futuramente na Índia, tais os relatos que me chegam aos ouvidos.
P.S. – Apenas uma curiosidade relacionada com os hábitos dos nativos. Quase todos tinham consigo kits – com um pano húmido – para limparem a cara assim que chegassem ao destino; e estavam munidos com panos/mini-toalhas para porem na cara e protegerem os olhos da luz. Estes pequenos detalhes levaram-me a pensar que os nossos “companheiros” de carruagem estão muito habituados a fazer viagens longas regularmente e como tal já criaram mecanismos de “trânsito” altamente aperfeiçoados! 🙂
Durante a segunda semana no país, mas a primeira em trânsito as viagens transformaram-se sempre em momentos surreais e amalucados. Na saída de Chiang Mai para Sukhothai os autocarros matinais foram suprimidos, sem qualquer aviso ou explicação! 😛
Na viagem para Ayutthaya eu e a M. fomos largados na berma da auto-estrada a cinco quilómetros do nosso destino, o centro da cidade! Pelos vistos na Tailândia quando se compra um bilhete de autocarro convém perguntar se este pára no centro da cidade! No final acabámos por sobreviver aos lobos humanos – taxistas – e com algum esforço e sorte à mistura lá conseguimos chegar à nossa guesthouse. 🙂
Na viagem para Pak Chong apanhámos uma carrinha e durante duas horas andámos pelas estradas do país às voltas sem sabermos para onde íamos. Quando a carrinha parou estávamos numa estação de autocarros com o motorista a mandar-nos sair da mesma sem nos dizer mais nada. Estávamos completamente aos papéis e apontámos para os bilhetes que tínhamos, foi então que ele apontou para uma segunda carrinha e aí entregámos os bilhetes a outro motorista. Passados cinco minutos estávamos a arrancar e apenas nessa altura percebi que estávamos em Saratobi. Desta feita a viagem apenas demorou quarenta e cinco minutos e nessa altura não havia dúvidas estávamos em rota para Pak Chong e consequentemente para o Parque Natural de Khao Yai, nosso destino. Três viagens, três viagens malucas… 100% de eficácia! Bem vindos à Tailândia! 😛
No Mundo da Cozinha Thai
Ato II – Culinária
Quando voltámos às nossas bancadas individuais, a primeira coisa que fizemos foi pôr o nosso avental vermelho e com as indicações da nossa instrutora pôs-se a cozer arroz de jasmim e um segundo tipo, sticky rice – um arroz que é peganhento, devido à goma existente no bago – que serviriam de acompanhamento para os pratos que iríamos confecionar.
Começámos por fazer uma pasta de caril e no meu caso que escolhi a verde, a base eram chilis verdes – quanto mais compridos e maiores, menos picantes – cebola, alhos, cebolinho e gengibre. Tudo para dentro de um almofariz e depois foi pôr o pilão a bombar. À medida que os ingredientes iam sendo esmagados, o cheiro intensificava-se, um cheiro a chili fresco invadia o meu olfato. 🙂 Depois destes primeiros ingredientes já formarem uma pasta grosseira, juntou-se umas folhas verdes de outras plantas que não consegui fixar o nome, e continuei a esmagar até a pasta ficar mais uniforme, homogénea e pastosa. Tirei a pasta do almofariz e pus o máximo que consegui numa tigela, para a mesma apurar o seu sabor.
Findada esta tarefa, voltámos a nossa atenção para as sopas, no meu caso: Tom Kaa com galinha. Numa pequena caçarola juntei leite de coco e ervas em lume brando – para aromatizar – depois piquei cebola, tomate e cogumelos e juntamente com uns bocados de galinha coloquei tudo dentro da caçarola e aumentei o lume até ao ponto de fervura e assim ficou durante cinco minutos, altura em que retirei a sopa do lume e a pus numa tigela.
O segundo prato, tinha como base a pasta de caril previamente feita e o primeiro passo foi pô-la a fritar. Quando o cheiro se começou a intensificar, juntei-lhe leite de coco e galinha e passados poucos minutos as abóboras – uma amarela e outra verde. Depois de se apagar o lume juntei-lhe mais umas “plantas” e deixei tudo a apurar na caçarola. O meu terceiro prato foi galinha com cajus – cebola, cenoura, feijão verde, galinha, cogumelos, cajus e um molho que resultava da junção de outros dois – que foi feito num wook.
Quando acabámos, partimos para a fase de degustação e a mesma foi espetacular pois tivemos a oportunidade de nos deliciar com os saborosos pratos confecionados. 😀 Foi um almoço farto: uma sopa, dois pratos principais, salada e muito arroz. Quando acabei a refeição estava “grávido”! Ou quase… 😉 Depois do repasto tivemos meia hora para relaxar e durante esse período, aproveitei para conversar com uns holandeses. Ainda “grávido” voltei à minha bancada e quando me preparava para fazer a sobremesa e “fechar a loja”, vi que afinal faltava a confeção de mais um prato! Pad Thai. “Ok… sem problemas, vou cozinhar e depois peço um recipiente para levar para a guesthouse.” 😛 A verdade é que nem foi preciso. Terminado o prato, pusemos o mesmo num saco de plástico e ensinaram-nos a técnica Thai do empacotamento. “Porreiro pá! O jantar também está garantido.” 🙂
Chegou-se finalmente ao último prato do dia, a sobremesa. A minha era manga com arroz pegajoso (sticky rice) e umas sementes. Deliciosa! Ah e como o Kristian não conseguiu acabar de comer a sua sobremesa – abóbora em leite de coco – eu fui em seu auxílio e dei-lhe uma ajudinha. Os amigos são para as ocasiões. 🙂 Depois de deixarmos as bancadas arrumadas e desimpedidas, despedimo-nos da nossa instrutora e partimos de regresso a Chiang Mai de papo, coração e memória cheios. 😀
No Mundo da Cozinha Thai
Ato I – Os Ingredientes
Novo dia, nova experiência. Desta feita eu o Kristian fomos participar numa das famosas aulas de culinária Thai, disponíveis em Chiang Mai. Depois de nos virem buscar à guesthouse e de andarmos a recolher os outros participantes, a nossa primeira paragem foi num mercado tradicional onde conhecemos a nossa monitora/instrutora e onde tivemos uma introdução aos ingredientes fundamentais da cozinha Thai.
Inicialmente a monitora, pareceu-me pouco natural e com um sorriso forçado, mas passado pouco tempo mudei de opinião. Ela era mesmo meio doida, divertida, hiperativa e repetia n vezes: “It is good for your men” – com um sorriso maroto. 😛 Bem dispostos começámos a ver os múltiplos molhos e óleos utilizados – uma panóplia vastíssima – passámos para os diferentes bagos de arroz – alongados, achatados, mais brancos, negros – coco, vegetais, ovos, chilis e terminámos nas carnes.
Do mercado voltámos a montar na carrinha e a caminho da quinta biológica onde o curso decorreu, escolhemos individualmente os pratos que queríamos confecionar – existiam três pratos à escolha em cada uma das diferentes seções. Quando chegámos, fomos encaminhados para o nosso anexo que era um espaço amplo, alto, arejado, limpo e com todos os utensílios necessários para a confeção dos nossos pratos – existiam três anexos gerais distintos, com três cursos a serem realizados em simultâneo, mas com um monitor para cada um deles. Antes de começarmos a cozinhar, passámos primeiro pelo jardim e aí tivemos a oportunidade de ver e provar algumas ervas aromáticas, frutos e plantas que são utilizados na confeção dos pratos Thai. Os ingredientes estavam apresentados. 🙂
Tiger Kingdom
A dez quilómetros de Chiang Mai, eu e o Kristian começámos a avistar umas placas a assinalar Tiger Kingdom e antes de chegarmos à entrada estivemos a conversar durante uns minutos, para decidir se entrávamos ou não. Eu disse-lhe que pela descrição de Max – um alemão que conhecemos em Pak Beng – não tinha muita vontade de ir, mas caso fosse, era para ver o local com os meus olhos e depois relatar a minha experiência. O Kristian por sua vez disse que tinha curiosidade de ver os pequenos tigres, pois uma amiga tinha-lhe relatado maravilhas desse encontro.
Depois de esgrimidos os nossos argumentos, dirigimo-nos à entrada onde verificámos que para entrar na jaula dos mais pequenos tínhamos de pagar o bilhete mais caro, mas como entrar nas jaulas dos maiores e fazer-nos passar por “hércules” não era o nosso objetivo, fomos visitar as crias sem nos importarmos com essa diferença – que diga-se em abono da verdade não era assim tão elevada. No entanto antes de entrarmos tivemos de assinar uns papéis de termos de responsabilidade e seguros. Já na zona dos benjamins tivemos de lavar as mãos, descalçar-nos e ler uma série de regras e avisos que devíamos cumprir enquanto, estivéssemos em contacto com eles, por exemplo: podíamos tocar-lhes, mas não na cabeça; não devíamos brincar com eles e “atiçar” o seu lado mais selvagem; fotografias sem flash.
A experiência foi engraçada. As pequenas crias são de facto adoráveis e as suas patas felpudas e gordas um must! 🙂 É giro ver como mesmo as crias têm patas tão poderosas e como o seu instinto já está vivo mas sem grande controlo. Nos quinze, vinte minutos que estivemos mais próximos deles deu para sentir a patita felpuda e “gorda”; vê-los brincar/praticar com os seus pares – mordiscar orelhas, ferrar os dentes, agitar as patas, engalfinharem-se uns nos outros de forma caótica e desordenada; observar o seu belo e lustroso pêlo e os seus olhos vivos. Apenas houve um momento que me deixou com uma sensação estranha e não muito confortável e aconteceu quando observei os olhos de uma cria enquanto ela estava no limbo entre dormir e acordar. Os seus olhos pareciam ausentes, baços e vazios como se a cria estivesse perdido toda a sua alma e vitalidade. Foi estranho! Mas como foi caso único penso, quero pensar que a cria estava apenas a dormitar e que não estava drogada!
Quando saímos da mini-jaula voltámos a calçar-nos e a lavar as mãos e seguimos pelo reino dos tigres apenas observando os tigres maiores do exterior das jaulas. Alguns deles pelo seu comportamento – andar repetidamente ao longo da jaula – apresentavam sinais claros de uma doença mental típica de espaços confinados; outros tinham os olhos vivos e brilhantes e estavam tranquilos, e outros brincavam com um tronco de aproximadamente três metros de comprimento, dentro de água. 🙂
Os tigres são animais com uma envergadura impressionante e uma presença poderosa e massiva, impondo na mesma dose e proporção, respeito e admiração. Acredito que ver uma criatura destas no seu habitat seja capaz de gerar emoções suficientes capaz de ressuscitar um morto, vê-los assim em cativeiro a servir de adereços para “hércules e herculinas” humanas provarem a sua “bravura e coragem”, não me agrada, fascina, atrai ou tem qualquer significado. Aliás, até significa mas no pólo negativo, porque está-se a reduzir um animal magnífico a um momento egocêntrico e de puro exibicionismo. 😦
E para mim o relato do Reinos dos Tigres acaba aqui, porque a questão dominante de: os tigres estão ou não drogados? É complexa e de difícil ajuizamento. Houve alturas que pensei que sim, outras que não e no final saí sem certezas relativamente à questão. O que posso afirmar é que não gostei da “energia/vibração” do local, mas não me arrependo de lá ter ido, pois nem sempre uma pessoa paga e obtém uma boa experiência. Paguei, vi com os meus olhos e senti a atmosfera do local e isso foi suficiente para fazer valer a pena a ida ao Reino dos Tigres e dos Hércules.








































