Vamos começar em crescendo. 🙂 O staff é prestável mas em termos de informações relativamente aos autocarros um desastre! 😛 Os quartos são bastante grandes e as camas confortáveis. A localização é completamente central. Mas o melhor de tudo, não há dúvidas, o seu super bar e terraço! Este foi sem dúvida o melhor bar que vi na China até ao momento. 😉
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Dias tranquilos em Lijiang
Depois de regressar do grande embuste, voltei ao meu hostel de Lijiang, o Garden Inn. À semelhança do hostel de Ping Yao, este é completamente voltado para o interior e dominado pelo seu grande pátio. Porém aqui, o centro é dominado por uma mesa de snooker. À sua volta, mas ainda distantes, existem mesas, cadeiras e bancos de madeira, cadeirões de verga que permitem às pessoas repousarem e muitas plantas. Num pátio semi-interior localizam-se algumas das casas de banho e a zona para “tratar” da roupa (lavá-la e secá-la). Os quartos localizam-se no pátio principal em edifícios de dois andares e de arquitectura chinesa tradicional, o que confere ao espaço uma aura mágica, principalmente ao anoitecer e nas horas em que o pátio fica iluminado pela luz mortiça das suas lanternas. 🙂
Neste hostel espectacular, fiquei mais duas noites e quase três dias e aqui com tranquilidade, organizei a minha vida para o meu futuro sem a presença protetora de Xiaoling. Durante esse tempo, aproveitei para lavar roupa e limpar as mochilas e as botas, continuei e acabei de organizar as fotografias que foram perdidas quando o computador “brekou” em Chengdu, avisei backpackers que iam a caminho do Tiger Liping Gorge para o embuste que os esperava, comprei o meu bilhete de comboio, marquei o hostel de Dali, tentei organizar um pouco o meu percurso para a fase “pós-Dali”, enviei e-mails, escrevi para o blog… e ao saber da existência de um festival em Xishuangbanna, o Poshuiejie, fiquei a matutar se iria ao mesmo.
Antes de partir para Dali, tive a minha última refeição com o Xiaoling – que ficou em Lijiang à espera de uma amiga – e ao despedir-me dele agradeci-lhe com sinceridade, todo o bem que me fez e as boas experiências que me proporcionou enquanto estivemos juntos. 🙂 Na imensa e deserta estação de comboios – será que estava mesmo na China!? – esperei pelo meu meio de transporte e enquanto escrevia no meu diário fui observado atentamente e com curiosidade por uma senhora idosa e pela sua neta. Ao despedir-me de Lijiang e desses dias tranquilos, não pude deixar de sorrir. 🙂
Tigres e Escoceses
Ato IV – O Baloiço e a Portagem
De manhã cedo, ao subir ao terraço da nossa guesthouse tive o privilégio de apanhar um pouco de sol na face, de observar os raios de sol a passar por entre os picos das montanhas e na encosta oposta vi o céu azul e a montanha coberta de verdes árvores. Antes de partirmos definitivamente para o nosso trekking e com muita felicidade, fui transportado de volta à infância por um baloiço e neste fiquei suspenso no tempo e no espaço enquanto o sol me acariciava a face e eu me mantive de olhos semi cerrados. 😀
Assim que recomeçámos a andar o trilho continuou a maravilhar-nos com todas as suas diferentes facetas: o sol, o céu azul, as árvores – principalmente pinheiros – os terrenos secos e pedregosos e o seu carácter mais selvagem e indomável tais como as suas faces abruptas e escarpadas, a passagem através de uma cascata e do alto, ver o rio verde claro a correr entre vales e ouvir o seu rugir a intensificar-se. 🙂
Quando chegámos à Tina´s Guesthouse, estávamos mesmo na antecâmara do Middle Gorge e como tínhamos muito tempo antes de apanharmos os respectivos autocarros – o meu de regresso a Lijiang e o Andy para Shangri-La – aproveitámos para comer qualquer coisa antes de descermos para ver o tão afamado Salto do Tigre. Porém na descida para a garganta do rio começaram os nossos problemas… pois no trilho que lhe dava acesso havia uma casa que bloqueava o mesmo e que funcionava como portagem para peões…
Tigres e Escoceses
Ato III – Half-Way Guesthouse
Para chegarmos à guesthouse na qual ficámos a pernoitar demorámos seis horas e esta não tinha o nome mais certeiro, uma vez que estávamos muito mais avançados do que meio caminho. Aliás, pelas informações recolhidas, o Tiger Liping Gorge estava “ao virar da esquina”, apenas a uma horinha de distância. 🙂
De qualquer modo e esquecendo o pormenor do nome, o nosso poiso foi uma excelente surpresa. A construção era toda em madeira, a vista para as montanhas era espectacular, a sala de refeições e o pátio interior eram agradáveis, as sanitas tinham uma panorâmica sete estrelas! 😛 O quarto tinha bastantes camas, mas era limpo e não era nenhum cafunfo e tanto a dormida como as refeições tinham bons preços, até a cerveja tinha um valor acessível. 😉
Quando entrámos no quarto, este estava minado de americanas e o escocês – Andy – e o “F+*&%@£ Gipsy” – nome pelo qual fui batizado pelo Andy – transformaram-se em autênticos palhacitos para tentarem quebrar o gelo. Entretanto e de um modo “delicado”, ofereci um pacote de leite a uma delas e quando esta começou com as “polidezes” do ai não posso aceitar – as palavras dizem que não, mas a cara diz que sim – só se pode dizer algo suave, algo do género: “I don´t give a f$&@, it´s yours.”
Depois da nossa “entrada triunfal” só nos restava bater em retirada e não havia sítio melhor para nos “refugiarmos” que a sala de refeições. Ao jantar, comemos noodles instantâneos, batatas fininhas, beringela e cerveja… cerveja e mais… cerveja e continuámos a conversar. Sobre? Viagens! Uuuuuu. Esta era difícil! 😉 Paquistão, Bangladesh, Myanmar, Vietname, Laos, Cambodja, Bornéu (tanto o lado Malaio como o lado Indonésio)… o Andy não parava de contar histórias e eu ouvia-o atentamente! Foi uma experiência extremamente enriquecedora e eu só pensava: “Este gajo é o maior!”. 😀
Antes de me deitar, fumei dois cigarros e de um modo instrospectivo olhei a montanha negra recortada na escuridão e ao ouvir o rio correr, pensei que Viajar é parte da minha essência mais profunda. 😀
O Magnífico Lú gū hú
Ato III – Fugindo de Lǐgé
Quando fomos largados pelo nosso jarbas não estávamos no centro da vila, mas sim num miradouro donde podíamos abarcar toda a enseada, a sua água azul petróleo e prateada, e observar as montanhas das redondezas a agigantarem-se e a tornarem-se negras. Do miradouro até ao centro da vila demorámos dez minutos colina abaixo, por trilhos de terra no meio da vegetação e quando chegámos a Lǐgé chovia com intensidade. Antes de começarmos a andar à toa com os monstrinhos às costas, decidimos que eu ficaria debaixo de um telheiro a guardar as mochilas e o Xiaoling iria procurar um local para pernoitarmos. Vinte minutos volvidos ele voltou, mas a sua cara dizia tudo, nada! Pelo menos até ao momento. No meio da chuvada e já com as capas impermeáveis postas, fomos andando pela vila e continuámos a indagar preços. Porém…
O nosso plano de dormir na vila saiu gorado pelos preços exorbitantes aí praticados. E relativamente a isso posso afirmar que a vila tem uma localização bonita, sim! Mas calma… não é nenhuma obra de arte quando comparada com outros locais que estivemos em Lú gū hú. Antes de sairmos de Lǐgé, tive o meu segundo momento Lost in Translation do dia com o Xiaoling, porque ele não me conseguia explicar qual o nosso próximo destino.
Partimos então em direção a Lise, já sem a companhia dos monstrinhos, uma vez que durante a procura de poiso, estes acabaram por ser largados e ficar guardados no posto de turismo da vila. O caminho foi feito em corta mato e só posso declarar: “Ainda bem que não ficámos em Lǐgé!”. Apartir desse momento vimos as paisagens mais belas de todo o Lú gū hú, enseadas e baías de água azul escura e verde, casas de madeira, plantações já colhidas mas ainda douradas, muita vegetação e a montanha Deusgemu (3755 m) a agigantar-se. 😀 Em Lise voltámos a não ter fortuna e daqui seguimos para Xiaoluoshui, desta feita pela estrada de alcatrão pois a topografia e a vegetação não permitiam veleidades. Uma vez mais, azar numa face da moeda, sorte na outra… 🙂 o tempo continuou a “abrir” e quando chegámos ao templo no topo do monte imediatamente antes de Xiaoluoshui, fomos presenteados com uma panorâmica magnífica, o lago, as colinas e os verdes vales, as bandeiras coloridas do templo, as árvores e a luz dourada do entardecer. 🙂
Quando chegámos à vila tivemos finalmente a nossa recompensa e ficámos hospedados no hostel Pig Through Inn, um antigo matadouro que foi transformado numa quinta com quartos em madeira, espaçosos, camas grandes e fofas e com uma casa de banho que graças ao bom gosto e funcionalidade ficou na retina como a melhor que vi na China, porém… sem água quente. 😛 Tirando esse detalhe estávamos no local perfeito, no momento perfeito… 🙂
Despedida de Qiong Hai
Já no hostel e antes de recolhermos a bagagem, ficámos ainda uns momentos a beber cerveja, a comer amendoins, pevides e favas secas, e a confraternizar com o staff e com o dono do hostel sob um magnífico e soalheiro sol. Na despedida disse-lhes: “A nossa casa é onde nos sentimos bem e durante os dias que aqui estive esta foi a minha casa. Tudo graças a vocês!”. 😀
O dia acordou chuvoso e muito cinzento, talvez pronúncio do que se avizinhava. Depois do pequeno-almoço, mudámos-nos para um hostel em Qiong Hai (o lago que fica nas imendiações de Xichang). Como o dia estava péssimo e o meu PC avariado, voltámos a Xichang para tentar encontrar uma loja que resolvesse o problema.
Deixámos o computador entregue a um informático que nos disse solucionar o assunto em quatro horas por 420Y (aproximadamente 52,50€) e passámos a tarde num cyber-café, a aguardar. Passadas cinco horas recebemos a notícia via telemóvel que afinal não tinha sido possível tratar do difícil caso, uma vez que o disco rígido conseguia ser recolocado mas que não tinha as drivers necessárias. Quando voltámos ao hostel, estava triste e sentia que o dia tinha sido completamente perdido (este sentimento apenas foi atenuado, mas muito ligeiramente, porque durante o dia esteve sempre, sempre a chover). 😦
Num dia tão merdoso, o serão foi a única coisa positiva: a malta do hostel, os shots de cerveja (TSINGTAO), os cigarros, sentir o bom ambiente, acabar de organizar as fotografias de Pequim, falar via bate-papo (Gmail), dizer a um chinês que gozou comigo duas vezes que este estava a ser rude e estúpido e que apesar de eu não perceber chinês, percebia a linguagem corporal. Durante a ceia comemos tofu frito, ovos mexidos e feijões de soja, jogámos ao pedra-papel-tesoura para ver quem bebia e fingi que estava tudo bem com o chinês ao ser polido na despedida.
Ainda nesse dia partimos para Emeishan, que fica apenas a quarenta minutos de viagem de Leshan e ficámos alojados no Teddy Bear Hotel. Apesar de apenas termos passado aqui uma noite, este local ficou na memória por diversos motivos, a saber: no nosso quarto dei de caras com um casal de suecos com os quais me “tranquei” na conversa em bom inglês e sem problemas de comunicação; a cama em formato king size e o colchão bastante confortável; a net super rápida e estável e por último mas não menos importante, a bela jantarada chinesa com o Li e com outro rapaz chinês, mais um hóspede do nosso quarto, Lin Wei, que gostava de ser tratado por Xiaoling. Tofu, batatas cortadas muito finas, coelho, porco, arroz e cervejas fizeram parte do repasto. Depois de ter aproveitado para falar com a minha família via skype combinei encontrar-me com o Xiaoling dali a três dias noutro local da província de Sichuan. Desta feita, com o propósito de viajar com ele por uma China mais interior e mais profunda, alterando para isso a minha rota. Em que resultaria tal combinação? Isso, era o que eu desejava saber. 🙂
Ato I – Estado de espírito? Zero absoluto!
Apesar da epifania da viagem, quando cheguei ao hostel e seguidamente à vila perdi imediatamente toda essa vontade. O hostel era uma espelunca com quartos na cave, sem janelas, gelados, a cheirar a humidade e com os beliches quase a desfazerem-se. 😦 Para além disso, a casa de banho ao fundo do corredor estava constantemente inundada fruto da escorrência de água pelas paredes. Só faltava mesmo o verdete, porque bolor esse havia em abudância! 😛
A vila por sua vez, era um agregado de casas soturnas ao longo da estrada, com restaurantes de lixo mas com preços de luxo, algumas pousadas e hotéis baratos, mercearias decrépitas que também vendiam quinquilharia turística. Tudo isto enquadrado num vale de árvores altas e verdes escuras e num céu pardacento que também não ajudou a melhorar a minha disposição geral. De qualquer modo e após uma viagem tão longa e cansativa também não me apetecia fazer o que a maior parte das pessoas faz: a visita num dia e no dia seguinte partir para Songpan ou voltar a Chengdu… e com esta realidade na mente fui-me deitar na minha masmorra e esperar por uma aurora redentora.
Tratado como um Príncipe em Xi´an
Quando regressei da minha deambulação noturna, re-encontrei Chen (o gerente) e uma vez que estávamos na primeira semana de vida do hostel, resolvi dar-lhe umas sugestões para possíveis melhoramentos.
A partir daí, a conversa desenrolou-se com naturalidade e percebi que afinal Chen não era gerente, antes um amigo do dono e que tinha vindo de Xangai para o ajudar no início do negócio (Chen é dono de um hostel em Xangai). A conversa foi fluindo, cervejas internacionais e cigarros foram oferecidos. Falou-se sobre negócios, hostels, China (sociedade e locais a visitar), família, viagens… 😀
No final do serão, fui convidado a jantar com o staff do hostel (no dia seguinte) e a aparecer em Xangai para uma estadia no seu hostel. Quando nos despedimos, não me senti um simples hóspede, senti-me um amigo de longa data, um amigo que durante umas horas foi tratado como um príncipe em Xi´an. 😀

























