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Crónicas Fotografia O 1º Dia

O Primeiro Dia em Pingyao

Que cidade é esta? Pelas descrições que fui lendo, Pingyao é possivelmente a cidade muralhada mais bem preservada do país, está classificada como Património Mundial pela UNESCO e localiza-se na província de Shānxī, a 800 km de Pequim e aproximadamente a 500 km de Xi´an. Esta foi a parte teórica, agora vamos à prática.

À chegada e quando o relógio marcava as 7.30, fui recebido por um frio de rachar. Sem mapa para me orientar e com umas indicações manhosas (providenciadas pela internet), aproveitei a “boleia” de um rebanho de franceses que iam na mesma direção e após dois dedos de conversa percebi que se deslocavam para o meu hostel. Ora cá está: o Zé tuga volta a ter sorte! 🙂 Depois de uma deambulação de quinze/vinte minutos lá o encontrámos. Depois de efectuado o check-in e de ter largado a bagagem na minha “suite” (onde ninguém dormiria naquela noite a não ser eu) parti à descoberta da cidade.

       

Ao percorrer as ruelas do burgo a caminho da residência da família Jin, fico com a sensação de ter recuado até aos tempos da China Imperial, com as suas casas com paredes de tijolo ou terra, caminhos cobertos de pó, pequenas lojas de ofícios e uma atmosfera silenciosa. 😀 Após a visita, dirigi-me ao magnífico Templo de Confúcio e na entrada, comprei um bilhete global, válido por três dias e com o qual se pode entrar em quase todos os locais turísticos. Segui junto à muralha até à zona do Portão Este e nas proximidades vi uma igreja católica e o Templo de Cheng Huang, outro local extasiante.

      

Só ao percorrer a Rua Sul é que comecei a perceber quão turística Pingyao pode ser: inúmeras lojas de quinquilharia barata a fazer-se passar por antiguidades; restaurantes com preços altamente inflacionados; hotéis; cafés e bares com “boa-pinta”. Nesta rua, visitei a torre do mercado onde acabei por ter uma visão mais panorâmica da cidade e algumas das inúmeras casas museu com os seus pátios espectaculares. Na Rua Este, continuei a visita às casas museu e nas imediações da muralha visitei o Templo de Qing Xu, que segundo as indicações na entrada é o único templo taoísta do mundo aberto ao público e onde vi a minha primeira partida de Xiang Qi (xadrez chinês).

Torre do Mercado      

Já no fim da tarde e após ser brindado com o laranja intenso do pôr-do-sol, havia que terminar o dia, e para terminar em beleza, nada como terminá-lo à mesa. O problema, vá, o ligeiro problema, é que o prato que me saiu em sorte no “jogo da roleta russa” foi de comer pouco e chorar muito…Era picante, picante, picante! O repasto consistia em rins de porco e couves que boiavam num líquido cor de sangue acompanhados por um mar de malaguetas vermelhas e de grãos de pimenta preta. Um espectáculo estrondoso, que tornou o primeiro dia em Pingyao num dia de extremos e me fez passar do gelo da manhã, para o intenso fogo da noite. 😛

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Palácio de Verão, essa Maravilha

Depois do dia anterior ter sido hiper turístico, nada melhor que manter o ritmo. Assim e aproveitando o dia solarengo, os meus passos dirigiram-se ao metro que por sua vez me transportou até às imediações do Palácio de Verão.

      

Lago no Palácio de Verão

Em Pequim e excluindo a Muralha da China, este foi o local que mais prazer me deu a visitar. E porquê? Bem primeiro de tudo é um local magnífico e maravilhoso, o enorme lago a verde floresta. Segundo, o seu interior está cheio de locais verdadeiramente singulares – por exemplo, a Torre da Fragrância de Buda com a sua espectacular e imponente escadaria. Terceiro, o binómio: ponte/lago gelado. Quarto, comer sentado na escadaria nas proximidades da entrada Norte. Quinto, o dia super alegre e solarengo. Sexto… Sétimo… Enésimo… podia continuar, mas penso que já perceberam a ideia geral! 😉

    Torre da Fragância de Buda       
    O grande lago       

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E ao Sexto dia? O Turista volta à Vida!

Prólogo

Sexto dia na cidade e “finalmente” vamos ter um dia totalmente turístico! Ena ena, já era sem tempo! O meu alter-ego já estava a ficar stressado com tanta descontração e relaxamento, pobrezito. 😉 Neste dia os pratos fortes foram a Cidade Proibida, as Torres do Sino e do Tambor e o Templo de Lama, ah! E finalmente consegui acordar cedo! Uh uh! (este “grito“ é em honra das “Huhu girls”). 😀

Matrioskas em Pequim

A caminho da Cidade Proibida, ainda dava para observar vestígios da neve caída no dia anterior e ao penetrar no seu interior já havia hordas de turistas prontas para a pilhagem e para a violação. Bem! É melhor conter-me na linguagem, afinal eu próprio sou turista e convém adjectivar-me de um modo mais amigável e simpático. Adiante. O início não me foi de fácil digestão, mas assim que comecei a circular, comecei a divertir-me a observar os meus “band of brothers” e as suas ações militares. Um dos melhores momentos foi sem dúvida à frente à sala do trono, quando cada uma das almas que compunha a turba queria tirar à força o seu momento KODAK. Impagável! 😛

Confusão, naaaaaNo meio de nós turistas, volta e meia via-se um dos soldadinhos de chumbo, mas desta vez e ao contrário da praça de Tianmen, não marchavam. Não! Tinham de estar impávidos e serenos e aguardar que os Filhos do Céu não fizessem desabar sobre eles (e já agora sobre nós) nenhuma tormenta. À medida que deambulava pelo espaço e entrava dentro de pátios, dentro de pátios, dentro de pátios… tinha a sensação que a Cidade Proibida se tinha transformado numa Matrioska gigante onde no final as pequenas e graciosas bonecas russas foram substituídas pelos graciosos e convidativos pátios chineses.

Um dos múltiplos portõesTorres do Sino e do Tambor

P.S. – Lamento, mas a experiência foi tão “maravilhosa”! Que só consigo exprimir o que senti com reticências.

Pequim, versão Tibetana

     No pátio     No pátio (2)

O meu primeiro templo na cidade e no país, teve ironicamente um cheirinho a Tibete e ao país que está marcado no mapa como sendo uma das maiores províncias da China, mas passando as questões políticas para segundo plano, vamos falar sobre o que se viu.

Para entender à que estudarE o que se viu? Um magnífico conjunto de templos, com as tradicionais bandeiras tibetanas espalhadas pelo complexo, monges vestidos de laranja e de grená, estátuas lindíssimas, cheiros profundos a incenso e a fumo, preces, orações e oferendas e um ambiente místico, profundo e exótico que atraiu a atenção do virgem ocidental e o deixou com água na boca para os tempos futuros. 😀

Preces e orações

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Festival da Lanterna ou Seria Festival do Kabum?

Quando sai do Templo do Céu os meus pés tomaram a direção de Qianmen. Porém, ao passar por uma rua pedestre, reparei que o chão estava coberto de papéis vermelhos e cartuchos e lembrei-me que era dia do Festival da Lanterna, um dia de celebração.

     Ignição        

Continuei a deambular e durante o trajeto optei por enveredar por uns hutongs, afinal, se ainda existe China tradicional em Pequim é dentro destes labirintos de ruelas, que ela se mantém viva. Ruela para a esquerda, ruela para a direita, quando cheguei a uma avenida à Pequinesa (larga e extensa até perder de vista) decidi consultar o mapa e a bússola. Porém… o rapaz acha que a bússola está equivocada! E se a bússola aponta o Norte numa direcção, o rapaz, olhando em volta, dirige-se para Sul convicto que está a ir para Norte. Moral da história?! Em vez de andar quinze minutos na direção certa, perde meia hora por casmurrice e aprende uma regra de ouro (coisa de senso comum, mas o rapaz precisa de exemplos práticos): “Não sei mais do que a bússola”. 😛

Destroço+..

Chegado a Qianmen, multidões e lanternas estavam em simbiose. Se por um lado, pessoas circulavam em todas as direcções, por outro, milhares de lanternas vermelhas estavam espalhadas por todo o espaço e em cada recanto. As ruas eram um espectáculo frenético de movimento e cor. Quando a noite caiu, estando já nas imediações do hostel, fui então assaltado pela dúvida. Estaria realmente no dia do Festival da Lanterna? De um momento para o outro, só se viam foguetes a brilhar e a soltar faíscas, cartuchos de bombinhas (umas maiorzinhas) a estalar por todo o lado, enchendo as ruas dum barulho ensurdecedor e dum fumo espesso que subia pelas ruelas e vielas e me fez equacionar que este dia deveria ser rebatizado para Festival do Kabum. 😀

              Fréneticos

Os famosos foguetes

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Templo do Céu

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Visita à Grande Muralha

Ato III – Na Muralha e Regresso à Poluição

Quando finalmente cheguei ao “interior” da Muralha estava felicíssimo e dirigi os meus passos na direção contrária à zona mais visitada. Claro que trilhar a Muralha em absoluta solidão é impossível, mas também não era esse o objetivo uma vez que aqui existe um verdadeiro sentimento de comunidade. A vibração desta e o peso da história fazem-se sentir e o resultado é uma energia diferente. Aqui não estamos apenas num local super ou hiper turístico, não! Aqui estamos na Grande Muralha! Um local especial para todas as pessoas do planeta – pelo menos para quem a visita.

   A ser espancado            Escadaria para o Paraiso

Durante quatro horas: subi e desci degraus; percorri diversas seções desde as mais suaves às hiper-inclinadas; visitei torres; cumprimentei e sorri para pessoas de diversas nacionalidades; tirei fotografias a pessoas que me pediram; tiraram-me fotografias porque eu pedi; fui “espancado” por uma vendedora com golpes de kung-fu e pousei com ela em posse militar; gracejei com umas beldades caídas literalmente dos céus, entre elas uma portuguesa de Santarém – o Mundo às vezes torna-se literalmente microscópico 😛 ; tirei fotografias à Muralha e à paisagem envolvente (montanhas, vegetação, neve); regatei o preço de um chocolate (desceu dos 20 para os 3 Yuans); conheci um Brasileiro (Alex) e combinei jantar com ele em Pequim; percebi que 99% das pessoas que visitam a Muralha o fazem em viagens organizadas; transpirei; senti o sol a bater-me na face; e senti-me um felizardo e ao mesmo tempo um bocadinho super-homem quando continuei a subir degraus e mais degraus até encontrar um local onde a minha única companhia era a Muralha, o sol e o vento.

Estava sobrio, sim senhor         Auto-retrato

Quando comecei a descida senti-me um pouco esgotado, os músculos volta e meia tremiam fruto da caminhada, do sono e da alimentação deficientes. Porém a felicidade e o orgulho por ter visitado a Muralha pelo próprio pé superaram qualquer cansaço físico. Já na base fui “assediado” para fazer compras – a esta hora, as bancas estavam todas abertas – e tal e qual uma enguia, escorreguei dali para fora. No parque de estacionamento procurei o meu Jarbas e quando entrei na carrinha ainda tentei re-negociar o preço do regresso, porém fruto da espera de quatro horas tal não foi possível. Porém devo referir que não insisti, uma vez que considerei o preço justo. No final de contas o meu Jarbas foi um querido, em Huairou  sim desta vez li o nome da cidade 😛 – deixou-me quase dentro do autocarro para Pequim e para um feliz regresso à poluição.

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Visita à Grande Muralha

Ato II – Na base da Muralha

O dia estava radioso e chegados à base da Muralha, comecei a sacar das notas para pagar ao meu motorista, quando surpreendentemente ele me fez sinal que não. Por sinais compreendi que ele ia ficar à minha espera enquanto eu estivesse a visitar a Muralha e depois me levaria de volta à cidade. Portanto e sem me ter apercebido disso acabei por contratar o meu primeiro motorista privado na China. 😉

Inicio da dor

Seguidamente dirigi-me à bilheteira e comprei o bilhete apenas para a Muralha. Sim! Porque existe a possibilidade de comprar também um bilhete para um teleférico que nos leva ao colo até à Muralha propriamente dita, claro que se paga principescamente mas isso é apenas um detalhe.

A Muralha vista de baixo

O telemóvel batia as 9.00 e pouco quando comecei o meu trekking na base da Muralha. Aqui a palavra trekking associa-se a subir e a descer degraus e a andar entre as torres nas seções da Muralha. Refira-se ainda, que como local super-turístico a base está minada de pequenas bancas de venda de quinquilharia (felizmente para mim, como a hora era vespertina fui pouco abordado). Os primeiros degraus foram um pouco dolorosos, mas bastou os músculos aquecerem para tudo entrar literalmente no trilho. À medida que fui subindo, a Muralha agigantou-se, ganhou forma e proporção. Ainda nos degraus de acesso, encontrei uma vendedora já de idade avançada a carregar uns sacos e tal qual o samaritano da bíblia aliviei um pouco a senhora na sua provação diária…

No Shooping