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Uma Geografia. Uma Fotografia: Lago de Inle

O lago de Inle foi um dos locais mais memoráveis de toda esta odisseia asiática e para esta noção dos acontecimentos muito contribuiu o facto de o grupo não se ter fragmentado na chegada. Esta realidade foi decisiva para prolongar a minha estadia e dos dois dias inicialmente previstos, passei para quatro. Afinal, a beleza da viagem também é esta, ter planos e mudá-los, simplesmente porque queremos e temos vontade. Assim, Inle foi um local vasto, surpreendente e repleto de pequenas e grandes surpresas. Desses dias ficaram muitos, muitíssimos momentos para recordar: os diversos canais, como se estivessemos em Veneza, mas numa versão rural – onde pudemos observar as rotinas dos camponeses a trabalhar a terra, dos pescadores a remar graciosamente com a perna e lançarem as redes à água, das pessoas e mercadorias a serem transportadas em longas barcas de proa levantada e os pequenos barcos a deslizarem suavemente pelas águas; a povoação de In Dein – uma paisagem magnífica, coroada de estupas e pequenas pagodas; as maravilhosas matizes do lago – um misto de castanhos, azuis e prata; passeios de barco onde percorremos todas as “capelinhas” dos artesões locais – tecelagem, prata; tabaco – e visitámos o Mosteiro dos Gatos Saltitantes; passeios de bicicleta onde tranquilamente nos embrenhámos na vida local: as escolas, as crianças traquinas e sorridentes, os camponeses, os búfalos e as vacas, os viçosos arrozais, as palmeiras e florestas, as estupas e pagodas; a zona de vinhas, onde fizemos uma prova de vinhos e brindámos à saúde, à amizade e à generosidade de buda; a visita ao mercado local e uma aula de culinária que revelou ser mais um delicioso jantar de bons e velhos amigos… Inle foi assim mais do que um “simples” lago ou um local geográfico. Inle ficou para a minha história, como um local mágico, um local onde voltarei para mergulhar nas doces águas da memória, da amizade e da alegria…

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Trekking Kalaw – Inle Lake

trekking até ao lago de Inle veio a revelar-se mais um passeio de amigos do que um desafio físico, uma vez que o ritmo foi quase sempre muito lento. De qualquer modo, a travessia até ao lago foi bastante agradável, fruto da bonita e serena paisagem e do facto de termos criado entre nós um grupo unido e coeso. Ao longo dos dias, a paisagem revelou-se um misto de campos de cultivo, pinhais, verdes colinas, alguma paisagem cársica, aldeias, mosteiros, escolas, árvores de buda (Paian). A nossa guia, Jully, mostrou ser bastante profissional e uma excelente pessoa, e sempre que podia foi-nos ensinando algo sobre Myanmar e sobre a sua etnia, a etnia Pa-o. Ao longo dos dias, conversei muito com os meus companheiros de trekking, com quem passei bons momentos; os almoços foram simples, mas saborosos e os jantares autênticos manjares, pois a comida era ultra-mega-deliciosa; os camponeses revelaram-se super simpáticos, afáveis e calorosos e as crianças, absolutamente encantadoras! Para além das fotografias à paisagem tranquila, aos camponeses nos seus afazares e às alegres crianças, tive a felicidade de encontrar alguns anciões, verdadeiramente belos. Depois de dois dias e meio de uma caminhada vagarosa, despedimo-nos de Jully e do nosso cozinheiro, seguimos o nosso barqueiro… estávamos prestes a entrar no reino de Inle .

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Pindaya

A minha viagem para o reino de Pindaya, começou bastante cedo, uma vez que depois de um autocarro noturno até Kalaw, apanhei novo autocarro até à vila de Aungpan onde aguardei uma hora até partir noutro autocarro, nessa hora bebi um café e tirei algumas fotografias aos “nativos” nos seus afazeres diários. Na curta viagem até Pindaya – aproximadamente hora e meia -, a paisagem surprendeu-me, uma vez que esta era muito mais seca do que imaginara, os campos de cultivo onde havia uma mistura de castanhos e verdes, fizeram-me regressar ao Alentejo na altura da Primavera e fui observando a vida simples dos camponeses, os seus pequenos gestos e rotinas, os búfalos, as carroças, as crianças… Na chegada à vila, confirmei a direção para as grutas, uma vez que da estrada se podiam observar as pagodas circundantes e dirigi os meus passos para o local. Durante o trajeto, destaco as múltiplas pagodas douradas mas principalmente, as magníficas e antigas árvores que se podiam ver ao longo da estrada. Durante aproximadamente uma hora visitei, aquela caverna que está habitada por milhaaaaaaaaaaaares de budas – cerca de 8000! – a sua maioria dourados e no meio deles aproveitei para tirar algumas fotografias. O local é impressionante, pela quantidade “absurda” de estátuas que a cada passo nos vigia e observa, e percebi que caverna está em constante mutação, uma vez que qualquer pessoa pode doar uma estátua do iluminado – cheguei a ver estátuas provenientes de vários países, inclusivamente Japão, Coreia do Sul, ChinaTailândia, Alemanha, França… 

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Bago

Terminada a visita à rocha dourada, regressei à cidade de Bago e nessa antiga capital do reino de Burma, passei um dia tranquilo em que tive a oportunidade de fazer um tour de scotter que durou cerca de quatro horas. Durante esse período, cirindei juntamente com o meu “jarbas” pelo caótico trânsito da cidade em busca dos seus ossos vivos. Em Bago, visitei budas gigantes – uma estátua mais recente e enooooooooooooooooorme e o Shwethalyaung budaestupas e pagodas douradas e estupendas – principalmente a Shwemawdan, a mais alta do país, a Mahazeti e a Kyaik Puntemplos e o palácio/museu de Kanbawzathadi. De qualquer modo, a principal recordação que me fica desta cidade, foi o início da revelação da aura budista do país.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Kyaikhtiyo 

Depois da travessia entre as Filipinas e Myanmar, o primeiro dia completo no país, ficou marcado pela visita ao complexo religioso de Kyaikhtiyo e à sua rocha dourada. Para lá chegar, realizei uma caminhada matinal que durou cerca de três horas e que se fez quase sempre em sentido ascendente. O tempo estava cinzento e encoberto, mas fresco e agradável, mas o melhor de tudo foi ter a oportunidade de passarpelo interior de múltiplas e minúsculas aldeias, e observar a simpatia deste povo. Durante o trajeto observei que muitas das crianças e mulheres colocam na cara um produto esbranquiçado – tanaka – que provém das árvores e serve tanto de cosmético, como de protetor da pele; e encontrei uma verde floresta em redor do trilho, pequenas estupas e templos, monges trajados de bordô. Quando cheguei ao meu destino, deparei-me com um nevoeiro bastante cerrado que cobria o topo da colina e com o pagamento da taxa turística imposta pelo governo, sem me conseguir esquivar – ainda houve uns momentos, que tive a esperança de ter “quebrado” o controlo. A minha visita ao local, ficou por isso marcada pela visão parcial da rocha dourada e pelas alterações constantes das nuvens em redor. De qualquer modo, o complexo religioso é agradável e a “rocha” que parece estar em equilíbrio precário, torna-se magnética. À medida que o tempo fluiu, a visibilidade melhorou consideravelmente e antes de me despedir, ainda consegui ter uma visão global do local bastante desafogada. No regresso à aldeia de Kinpun optei por apanhar o autocarro, quer dizer… uma camioneta de caixa aberta com bancos corridos e apinhada de pessoas, fazendo por isso uma viagem distinta e singular. Estava, assim terminada a minha visita ao reino de Kyaikhtiyo e à sua rocha dourada.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Manila

Depois da visita à simpática cidade colonial de Vigan, regressei à capital das Filipinas, Manila. Desta feita, não de passagem como em ocasiões anteriores, em que passava sempre com o objetivo de me dirigir  a outros destinos, desta vez após quase dois meses vim para a despedida do país. Quando cheguei à metrópole tive que apanhar um táxi do terminal de Cubao até à zona de Malate, local onde tinha marcado um poiso barato – Wanderers Guesthouse – e depois dessa travessia, em que discuti acesamente com o taxista – que estava a tentar enganar-me – decidi que apenas voltaria a apanhar um táxi, no dia em que fosse para o aeroporto! Em Manila, passei quatro dias praticamente em modo de espera, uma vez que Myanmar, o meu último país desta viagem, estava ao “virar da esquina” e eu esperava ansiosamente por esse momento. Nesses dias, conheci alguns backpackers italianos simpáticos; assisti a jogos de futebol; visitei o enoooooooooorme Robisson Mall; escrevi para o blogue; atualizei o caderno; vi muita pobreza nas ruas, pedintes, prostitutas atiradiças, pessoas a dormir no chão, inclusivamente famílias inteiras!; visitei a antiga zona de Intramuros: a catedral de Manila, o Forte de Santiago, a muralha super robusta e muito bem conservada; encontrei um restaurante com comida deliciosa e cujo staff era muito prestável e bem disposto; na companhia de nativos fui até ao gigantesco mercado de Hangganon na zona de Baclaran; joguei algumas vezes computador com um rapaz filipino; rearrumei a mala; comprei mantimentos para a travessia para Myanmar; troquei pesos por doláres; e apanhei um táxi para o aeroporto, desta feita  para a despedida das Filipinas, calhou-me em rifa um taxista honesto e pacífico.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Vigan

Depois da visita às múmias de Kabayan, os meus companheiros de viagem deixaram-me em Baguio e aí rapidamente apanhei um autocarro para a cidade colonial de Vigan, mais a Norte, mas já junto à costa. Depois de cinco horas de viagem, cheguei à cidade já de noite e uma vez que na cidade estava a haver uma convenção de Medicina, encontrar um quarto foi extremamente complicado! Depois de duas horas de deambulações, lá conseguir arranjar um poiso na Residencial Mojica e finalmente nessa altura, consegui relaxar um bocado. Após uma semana de mudanças de poiso constantes na zona da cordilheira de Luzon, local de muitas montanhas e verdes florestas, chuva, rios e cascatas, e claro muitos terraços de arroz, mudar-me para Vigan foi como um bálsamo. Nesta cidade, património da UNESCO, para além de encontrar muita tranquilidade, encontrei a arquitetura espanhola mais bem preservada de toda a Ásia! Aqui, voltei literalmente ao passado: as casas de traços coloniais e de múltiplas cores, a “calçada”, as ruas, as igrejas, as praças, os jardins, as charretes a cavalo… em Vigan, tirei fotografias de dia e de noite; encontrei uma cidade escaldante; vi torneios de basketball – o desporto nacional das Filipinas – ao final da tarde, com multidões a assistir; comprei recuerdos religiosos; comi empadas deliciosas; visitei a igreja barroca de Santa Maria, onde me deparei com um casamento e a playa d´ouro, onde encontrei uma areia negra em brasa e pescadores com quem puxei redes; tomei múltiplos duches para refrescar; escrevi; deambulei sem pressas; e observei a bonita luz do final do dia e os habitantes a aproveitar as praças da cidade e a tranquilidade dos dias.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Kabayan

O meu último destino, na RAC era Kabayan e as suas múmias. Desse modo, voltei a apanhar um autocarro em direção a Sagada, porém desta feita, apenas fiz uma hora e meia de viagem, e numa interseção com a estrada principal, fui deixado pelo prestável motorista. De monstrinho às costas e sempre a subir em rampas muito inclinadas, andei durante meia hora! Até decidir que se continuasse naquele ritmo não iria conseguir chegar às grutas de Kabayan que ficavam a mais de cinco quilómetros da estrada principal. Quando encontrei uma casa perdida naquela paisagem montanhosa, pedi aos seus donos para me guardarem a mochila e bem mais leve continuei a andar.  Passados poucos minutos, passou uma carrinha amarela a quem pedi boleia e a bordo deparei-me com um grupo de montanhistas filipinos que iam para o mesmo destino! Perfeito! Foi deste modo, que visita às múmias de Kabayan, foi realizada na companhia de um alegre grupo. Acompanhados de um nativo que protege o local, percorremos um curto e agradável trilho no meio de um pinhal, e numas pequenas grutas com portas fechadas a cadeado, que foram abertas para nós, encontrámos no interior de pequenos caixões, múmias em posição fetal – crença de voltarem à barriga materna.  Foi com eles que voltei a Baguio, ainda parando durante a viagem para almoçar, sendo à mesa e com gastronomia tradicional filipina que terminei a minha visita à RAC.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Banaue

Depois da visita à aldeia de Batad e aos seus terraços perfeitos, e do trekking do dia anterior, a visita aos terraços de Banaue afigurava-se como uma mera “formalidade” para concluir esses dias felizes na Região Administrativa da Cordilheira (RAC). Porém, mesmo estes revelaram bastante beleza e na travessia pelo seu interior, tive de contratar os serviços de dois miúdos de palmo e meio, Dave e Nick muito engraçados! Com eles percorri aquela verde paisagem, em passo relativamente rápido – os miúdos tinham asas nos pés -, fui fazendo alguns equilibrismos e tirando algumas fotografias em redor.

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Uma Geografia. Uma Fotografia: Batad

De Bontoc parti bem cedo para Banaue e durante a viagem aproveitei para tirar fotografias à fantástica paisagem de verdes vales e montanhas. Na chegada à famosa vila, dirigi-me ao posto de turismo, onde fiz algumas perguntas e fruto da informação recolhida, decidi aí guardar o “monstrinho” e partir o mais rapidamente possível para a aldeia de Batad, uma vez que o plano consistia em dormir lá e regressar a andar no dia seguinte. A travessia de aproximadamente vinte quilómetros, montanha acima durou aproximadamente uma hora e no topo de uma colina poeirenta, o jeepney estancou. Fim da estrada, fim da linha e como a estrada até à aldeia de Batad se encontra em construção, a única solução possível foi descer a montanha a andar. Quando encontrei uma placa que indicava: “Welcome to BATAD (….) 1100 m Elevation”, soube que estava perto do meu destino e segui alegremente. Na entrada da aldeia, encontrei um rudimentar posto de turismo e rapidamente tentei perceber quanto custaria contratar um guia para regressar a Banaue. Depois de poucos minutos de conversa, percebi que os valores eram elevados, mas que estavam totalmente nivelados e se realmente queria fazer o trekking (e queria!), não havia outra alternativa senão pagar que estava definido. Ao falar mais longamente com um dos guias, Jerr, consegui baixar ligeiramente o valor inicial e percebi que ele me acompanharia durante meio trajeto: Batad – Cambulo – Pula, uma vez que o trilho a partir dessa aldeia e até chegar a Banaue seria fácil de seguir. Finalizadas as negociações, ele levou-me até uma das guesthouses (Hillside Inn) e à entrada da mesma, combinámos reencontrar-nos no dia seguinte às 7.30, selando o nosso acordo com um aperto de mão.  Resolvidas as questões logísticas e depois de colocar a mochila no quarto, parti à descoberta da aldeia e da sua cascata. E se na entrada da aldeia a paisagem já é impressionante, com os verdíssimos e viçosos terraços a fazer uma escada perfeita montanha acima! O que dizer, quando a caminho da cascata, nos embrenhamos no meio dos mesmos? Fascinante! No meio dos terraços, sentimos a sua grandeza e quando olhamos para baixo, vemos um anfiteatro perfeito a desenhar-se à frente dos nossos olhos… Espetacular!  O caminho/trilho é feito no topo de terraços e por vezes o caminho torna-se menos óbvio, porém não é díficil de seguir e na parte terminal, o trilho para a cascata tem degraus bastante íngremes. Da cascata, regressei ao centro da aldeia e sempre em sentido ascendente, subi degraus e mais degraus, continuando a tirar fotografias aos fotogénicos terraços de arroz, até a luz desaparecer e a escuridão total cair sobre Batad. A aldeia, no meio de verdes montanhas e de perfeitos terraços de arroz!