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Lights & Music

Quando voltámos dos soldados de Terracota, apanhámos um autocarro para as imediações da Dayan Pagoda e aí passeámos durante um bocado. Quando parámos, o Xiang explicou-me que queria ver um espetáculo numas fontes ali nas imediações e aguardámos durante duas horas e meia o seu início. Mas afinal o que me levou, a ficar à espera durante todo esse tempo? Bem ao que parece Xi´an tem nas imediações da Dayan Pagoda a maior fonte da Ásia e todos os dias e pontualmente às oito da noite, ocorre um espectáculo de luz, água e música. Viver e aprender! 😉

O espectáculo é verdadeiramente um espectáculo e valeu todo o tempo de espera! 😀 Naqueles momentos senti-me verdadeiramente feliz e durante instantes percebi que pertencia ao Mundo e que podia estar em qualquer lugar do nosso planeta. 

          

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Os Famosos Soldados de Terracota? So What?

Depois do malfadado pequeno-almoço, dirigimo-nos para a estação de comboios, onde apanhámos o autocarro (8Y) para o local arqueológico (sensivelmente, a quarenta quilómetros da cidade), onde estão “sepultados” os famosos soldados de Terracota. Porém e antes de o conseguirmos fazer, haveria que ultrapassar uma multidão de pessoas e de esquemas, para finalmente sairmos daquele covil de leões e ladrõesQuando chegámos ao destino, o primeiro impacto veio com o preço do bilhete, 150Y!? Dassssssss, é caro!!! :/ Após a compra, e já quando nos preparávamos para entrar pediram-nos mais 5Y de transporte para nos levar até à entrada dos pavilhões. Nessa altura, em que já estava a achar o “roubo” demasiado, disse ao Xiang que podíamos andar e desse modo víamos a área à volta dos pavilhões arqueológicos, ele concordou e passados quinze minutos estávamos a entrar pelo próprio pé num dos locais mais turísticos do país.

       

A ordem que escolhemos para visitar os pavilhões foi completamente aleatória, mas acabou por ser determinante no nosso “humor” geral e final – pavilhão 3, pavilhão 2 e pavilhão 1. Ao fazermos este percurso fomos em crescente e acabámos por deixar o local mais monumental e impressionante para último! 🙂 Para além da grandiosidade do espaço e da quantidade de soldados, o que foi achei mais fantástico, foi observar as singularidades de cada soldado: a sua altura, feições, armadura e postura.

            

Este é de facto um local único no mundo, isso para mim é claro, mas penso que o preço a pagar é demasiado elevado. Mesmo com as características únicas associadas ao espaço e ao que encerra, não querendo resumir tudo a números, o valor certo seria 80Y-100Y. Deste modo, a relação custo/qualidade não correspondeu de todo à realidade e saí do local, a pensar: os famosos soldados de Terracota? So what?

Hordas e destroços

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Breakfast, o Genuíno

Na noite anterior e depois do magnífico serão, quando cheguei ao quarto encontrei um rapaz chinês, Xiang Shuo de seu nome. Era a primeira vez, desde que chegara à China que tinha a oportunidade de conviver com um “nativo” durante mais tempo e apesar de alguns problemas de comunicação, resolvemos acertar agulhas para visitar a cidade de Xi´an juntos.

O dia começou por isso com o meu primeiro pequeno almoço à moda chinesa e não posso dizer que tenha sido memorável. O repasto incluiu uma sopa de sabor rude e agreste, em que cada colherada era equivalente a um calafrio na espinha e um frito de forma arredondada que parecia palha, mas que em sabor era muito muito melhor que a malfadada sopa (ainda dizem que a sopinha aconchega o estômago, naaaaaaaaaa… nem toda!!!) 😉

À medida que o pequeno almoço ia decorrendo fui pensado: se o problema era a falta de educação do meu paladar ou se a comida era mesmo e valia a pena dar uma nova hipótese aos pequenos almoços chineses. A resposta foi-me então dada pela tigela do Xiang, que quando acabou o pequeno-almoço a deixou a mais de meio. Percebi assim, que este breakfast não passara de uma imitação barata e de péssima qualidade e que o genuíno tinha de esperar até uma nova degustação. 😛

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Tratado como um Príncipe em Xi´an

Quando regressei da minha deambulação noturna, re-encontrei Chen (o gerente) e uma vez que estávamos na primeira semana de vida do hostel, resolvi dar-lhe umas sugestões para possíveis melhoramentos.

A partir daí, a conversa desenrolou-se com naturalidade e percebi que afinal Chen não era gerente, antes um amigo do dono e que tinha vindo de Xangai para o ajudar no início do negócio (Chen é dono de um hostel em Xangai). A conversa foi fluindo, cervejas internacionais e cigarros foram oferecidos. Falou-se sobre negócios, hostels, China (sociedade e locais a visitar), família, viagens… 😀

No final do serão, fui convidado a jantar com o staff do hostel (no dia seguinte) e a aparecer em Xangai para uma estadia no seu hostel. Quando nos despedimos, não me senti um simples hóspede, senti-me um amigo de longa data, um amigo que durante umas horas foi tratado como um príncipe em Xi´an. 😀

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Crónicas O 1º Dia Reflexões

Sala de Aulas? Supermercado!

Durante a deambulação do primeiro dia em Xi´an encontrei um Wallmarte (o meu primeiro super-mercado na China) e fiquei maravilhado. 😀 Senti-me tal e qual uma criança à solta num parque de diversões e ao invés de comprar o que necessitava e pôr-me a mexer, passeei pelo seu interior e fiz dele um local de aprendizagem sobre o país.

No primeiro momento, andei apenas a ver toda a gama de produtos diferentes e a extasiar-me com a quantidade diferente de fruta e vegetais, especiarias, óleos, farinhas… Num segundo momento tentei aprender os preços de produtos com os quais lidava no dia-a-dia: fruta, garrafas de água, chocolates e bolachas, pacotes de leite… E finalmente virei as agulhas para um mini “estudo sociológico” do qual fez parte a observação dos produtos gerais (higiene, limpeza, detergentes…).

O super-mercado de um país é um dos seus principais reflexos, uma vez que é aqui (e não só) que os cidadãos comuns se movem. Como tal, este local pode dizer-nos e ensinar-nos muito mais que um monumento, um museu ou um templo. Eles estão lá, só precisam que vocês entrem neles e os observem com atenção. 🙂

P.S. – Esta avaliação com as suas ressalvas também é válida para os mercados de rua.

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Crónicas O 1º Dia Reflexões

O Primeiro Dia em Xi´an

Na entrada da cidade: gruas, gruas, gruas…gruas, muitas gruas; torres em construção, céu azul mas ao mesmo tempo acinzentado na linha do horizonte (poluição) e tráfego intenso. O primeiro dia na cidade começou já tarde (por volta das 16.00) e depois da viagem de autocarro que ligou esta cidade com Pingyao. Na chegada à estação de autocarros de Wanshou Beilou, muitas pessoas no exterior esperavam para “oferecer” transportes – táxis, motos, e uma continuidade sem fim das novidades motoras do país. 🙂 Sai da estação e graças ao mapa que já tinha procurei um local para apanhar o autocarro. Mostrei ao meu motorista, o papel com o nome do meu destino em chinês – Han guang men e parti no meu primeiro BUS local: um autocarro cheio de gente no meio de um trânsito intenso, meio-louco e de muitas buzinadelas à mistura. 😛

Quando saí na paragem de autocarros e em plena ponte de acesso à entrada da muralha havia pessoas a cortar o cabelo e outras a serem massajadas. Achei o facto curioso. 🙂 Depois de ter efectuado o check-in com a ajuda do gerente (Chen), aproveitei para:

  • Jantar (os chineses jantam cedo, a partir das 17.30 – 18.00 já se vêem pessoas nos restaurantes). Ao fazê-lo, aprendi o valor real da comida no país e fiquei positivamente boquiaberto: Pequim estava inflacionadíssima e Pingyao inflacionada;
  • Passear ao anoitecer. Saí pelo portão de Han guang men e sempre junto a muralha dirigi-me ao portão Oeste da cidade sentindo a energia positiva do local: pessoas a fazer desporto (correr e máquinas de musculação ao ar livre), a passear, a dançar e a fazer coreografias;
  • Já na fase final do passeio (e fruto do acaso) desemboquei no topo da rua onde jantara um par de horas antes e fiquei muito agradado com o ambiente. Senti que estava num pequeno bairro, onde havia incontáveis mini-restaurantes com mesas na rua e pessoas sentadas em pequenos banquinhos, lojas de conveniência, pessoas a circular e jogar o Xiangqi (xadrez chinês).

Xi´an no primeiro dia intrigou-me. Se no primeiro impacto, fui assolado pelo trânsito intenso e caótico, após percorrer este parque e o bairro nas imediações do hostel senti uma cidade totalmente diferente. Talvez os próximos dias revelassem mais camadas desta antiga capital imperial. 😉

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Pingyao – Xi´an. O Passageiro Fantasma

Depois de Pingyao o meu próximo destino seria Xi´an na província de Shănxī, antiga capital do Império do Meio e casa dos famosos soldados de terracota. A minha viagem começa às 8.30, quando um táxi/motoreta (já incluído no preço do bilhete de autocarro) me vem buscar ao hostel. Iniciámos então um curto mas ruidoso périplo, pelas ruas da cidade nova (neste momento estou maravilhado pela novidade do meio de transporte) e sou largado na entrada da auto-estrada, nas portagens! O meu taxista faz-me sinal para esperar e parte ruidosamente de volta à cidade. Fico então sozinho a olhar para a estrada, com um sentimento misto de surpresa, nervosismo e ansiedade. Tudo é novo! Tudo é novidade! E sinto-me uma criança a aprender as regras básicas do “jogo”.

Passados uns vinte minutos, vejo um autocarro a sair da auto-estrada e a dar a volta logo ali nas imediações da portagem. Regras de trânsito? No pasa nada! 😛 O autocarro pára, apanha-me e segue viagem. Neste momento e como ninguém me deu bilhete, posso afirmar que sou um passageiro fantasma e o único ocidental a bordo. Durante a viagem aproveitei para actualizar o meu diário (escrever sobre os dias em Pingyao) e aproveitei para registar factos: território seco; algumas montanhas e topografia mais acentuada; meias a secar. O autocarro volta e meia pára na berma da auto-estrada para largar e apanhar passageiros; 396 km para Xi´an e a terra continua seca; fábricas e centrais de energia; buzinadelas em algumas ultrapassagens; atravessar de uma ponte de tirantes… A província de Shănxī dá as boas vindas com indústria e fumo (o ar parece poluído), atravessamos uma zona de socalcos super demarcados e a terra seca é intercalada com terra verde. No andar da “carruagem” colei todos os bilhetes no diário; comi dumplings frios e simultaneamente observei uma placa a indicar Xi´an: 87 km. Algumas ultrapassagens manhosas na auto-estrada, fizeram o motorista travar com intensidade, que lá está a escarrar novamente (RRRRRRRRRPU…). Na berma da auto-estrada pessoas com cartazes em chinês possivelmente com o destino escrito, esperam boleia. E pensei para mim: “Por vezes dou por mim a olhar para a paisagem ou para as coisas e não parece que estou na China, parece que podia estar em qualquer lado (sentimento de alienação), mas não! Cá estou eu, a chegar a Xi´an. Até já!”

              Primeiro Autocarro