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Teddy Bear Hotel. Comunicação, Conforto e Jantarada

Ainda nesse dia partimos para Emeishan, que fica apenas a quarenta minutos de viagem de Leshan e ficámos alojados no Teddy Bear Hotel. Apesar de apenas termos passado aqui uma noite, este local ficou na memória por diversos motivos, a saber: no nosso quarto dei de caras com um casal de suecos com os quais me “tranquei” na conversa em bom inglês e sem problemas de comunicação; a cama em formato king size e o colchão bastante confortável; a net super rápida e estável e por último mas não menos importante, a bela jantarada chinesa com o Li e com outro rapaz chinês, mais um hóspede do nosso quarto, Lin Wei, que gostava de ser tratado por Xiaoling. Tofu, batatas cortadas muito finas, coelho, porco, arroz e cervejas fizeram parte do repasto. Depois de ter aproveitado para falar com a minha família via skype combinei encontrar-me com o Xiaoling dali a três dias noutro local da província de Sichuan. Desta feita, com o propósito de viajar com ele por uma China mais interior e mais profunda, alterando para isso a minha rota. Em que resultaria tal combinação? Isso, era o que eu desejava saber. 🙂

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Chengdu? Parques e Arranha-céus

  Arranha Céus      White

Depois da visita aos Pandas, voltei ao “centro” de Chengdu, capital da província de Sìchuān. Mas verdade seja dita, devido à vastidão da cidade é dificil encontrar-lhe o coração. 🙂 Há quem diga que está nas grandíssimas avenidas, fréneticas, cheias de pessoas, motos, autocarros e carros. Há quem diga que está em Wangfujin, nas lojas caras e requintadas das imediações e nos arranha-céus que quais gigantes começam a despontar em todas as direções. Eu digo que talvez esteja nos verdes e animados parques da cidade. Principalmente no People´s park, onde há danças, karaokes, coreografias a serem ensaiadas, bandas a tocar, partidas de xiang qi, majohong e cartas a serem jogadas e onde pessoas de todas as idades parecem convergir e partilhar parte do seu tempo. 😀

       

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Crónicas Fotografia O 1º Dia Reflexões

Apple/Mountain Boy

Depois do loooooongo périplo e finalmente já no quarto do hostel, conheci Wang, um rapaz de Pequim que nos primeiros instantes não largava o i-pad. A verdade é que durante o resto da tarde/noite ele acabou por ser a minha companhia e estivemos a falar durante horas sobre montanhas, sobre a China, maneiras de viajar (turística ou “não turística”), as minhas dificuldades de linguagem e alfabeto e o quanto esse facto me limitava a ir a certas zonas do país. Acabámos o dia, a jantar baozis (massa cozida a vapor com recheios de carne ou vegetais no interior), dumplings e um caldo doce (que não consegui fixar o nome). Antes de dormir ainda houve tempo para um passeio numa daquelas zonas do novo turismo chinês, do tipo: “quanto mais caro melhor!” e, ao olharmos para tudo aquilo, sentimo-nos como estranhos que observam curiosos os peixinhos dentro de um aquário. 🙂

            

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O Dia da Cinza

Conforme o combinado no dia anterior, às 11.00 encontrei-me com um dos rapazes que conhecera em Huashan no Portão Sul da muralha. O dia era cinza e prata, pois uma nuvem de assentou sobre a cidade. :/

WalkingFomos andando pela cidade até ao portão Este e aí comprámos os bilhetes e começamos a percorrer a fortificação, vá, meia fortificação porque quando comparada com a de Pingyao a muralha de Xi´an tem mais do dobro da extensão! À medida que fomos andando, tirámos fotografias e conversámos e para além de alguns factos sobre a China, aprendi que o Cristiano Ronaldo foi rebatizado e se chama Luo C. 🙂

Queres andarQuando demos por findo o passeio – estávamos no portão Oeste – fomos almoçar e consegui pagar-lhe a refeição! Uhuhuh!!! Um feito inolvidável, uma vez que há sempre muita resistência por parte dos chineses em que lhe paguemos algo. 😉 Ah, e durante a refeição, tomámos um refresco típico de Xi´an, o Ice Peak.

       

Antes de nos despedirmos, escreveu-me duas ou três frases em caracteres chineses que me ajudariam a comprar qualquer bilhete, fosse ele de comboio ou autocarro e outra frase em que pedia aos motoristas de autocarro para que parassem em determinado local. Basicamente, esteve a escrever para a minha futura “sobrevivência” no país. 😉

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Mi Amigo Eduardo

Quando cheguei ao hostel, depois do regresso de Huashan e do estrondoso Hot Pot, conheci Eduardo, um rapaz Colombiano. E o que sucedeu? Bem começamos a conversar, a conversar, a conversar… e estivemos algumas horas a fazê-lo. Falámos sobre viagens e diferentes experiências, América do Sul, segurança, economia e das nossas vidas. Expusemos as nossas teorias de como o sol e a temperatura (ou aproximação à linha do Equador) influenciam os povos e os países do nosso planeta e a sua produtividade, riqueza, corrupção, alegria de viver e a festa… Acabámos a trocar contactos e comigo a oferecer-lhe o excelente livro dos mapas de Pequim que recebera de Ryan, experimentando novamente e de um modo intenso, a importância da partilha em viagem. 😀

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Hot Pot

Quando chegámos a Xi´an, fui levado pelos meus dois amigos chineses ao meu primeiro Hot Pot na China. Mas não se pense que foi um Hot Pot qualquer, não! Fomos a um com um serviço Sete Estrelas! 😀 Antes do jantar e enquanto esperávamos foram servidos aperitivos de borla, na casa de banho havia um empregado para nos abrir a torneira, pôr-nos a espuma nas mãos e passar o papel para as secar!? Havia uma pequena creche, consolas para os míudos; manicure para as senhoras e serviço de massagens (sem encargos), panos para limpar óculos, toalhas quentes para as mãos (várias vezes durante a refeição), aventais para as pessoas não se sujarem. Abismado por todo o sem fim de comodidades e luxos fornecidas aos clientes, o mais importante seria mesmo a comida! Comida de excelente qualidade, fresquíssima e muito saborosa.

Como se fazem os NoodlesComo se toda esta descrição não fosse suficiente para um jantar memóravel, no final e irredutivelmente ainda me pagaram o jantar! Um resumo perfeito e do mais alto calibre, do que significa ser-se anfitreão nas terras do Império do Meio. 😀

Hot Pot

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Huashan a Primeira Montanha

Ato III – O Nascer do Dia, os Chineses e a Ratoeira Dourada

O Nascer do Dia

Acordei às 5.30, ainda de noite com o objetivo de ver nascer o sol e às 6.05 já estava a caminho do Pico Este (2096 m), o qual atingi às 6.20. Durante cinco/dez minutos observei o “terreno” e às 6.30 já estava instalado e pronto para o acontecimento. O sol nasceu algures entre as 6.50 e as 7.00, porém consequência das nuvens, para os espectadores de Huashan, apenas às 7.05 o astro rei se revelou. A partir desse momento e com o passar dos minutos uma luz dourada invadiu progressivamente a face oriental dos Picos Este e Sul, tornando a montanha num local mágico. Durante uma hora andei a passear no Pico Este e nesse tempo fotografei, vi um casal de “doidos” andar junto à beira de penhascos durante 5 minutos (!) :/ e estive no vai não vai para ir ao pavilhão Xia Qi Ting, o qual só é acessível se passarmos um penhasco, com uma corda de rappel.

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Os chineses

Às 8.00, uma vez que a temperatura estava a subir muito rapidamente parei para um mini-striptease e para tomar o pequeno-almoço. Nesse momento conheci dois rapazes chineses de Guangzhou, que escalaram a montanha durante a noite e iriam seguir para Xi´an nessa tarde –  tal como eu. A partir dai ficámos juntos o resto do dia: fomos até ao Pico Sul; mostrei-lhes o exterior das tendas onde dormira, voltei a encontrar as nobres gentes do dia anterior e tirei uma fotografia com/e ao “avô” – que já tinha as minhas luvas postas 😀 e eles foram meus intérpretes num agradecimento com mais palavras; visitámos o escarpado Pico Oeste e começámos a descer a montanha (10.40). Sem nos apercebermos, durante a descida (11.30) fomos levados a seguir o trilho que conduz ao portão Este e a uma ratoeira dourada! Às 14.00 estávamos no portão Este.

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A Ratoeira Dourada

A ratoeira dourada consiste em conduzir as pessoas (durante a descida), para o portão Este, em vez de as conduzir ao portão Oeste. Esta diferença à primeira vista insignificante, conduz as pessoas a um trilho – trilho dos soldados – desinteressante e monótono em que o objectivo é apenas descer degraus! :/ Porém a questão principal nem é essa e se fosse, já era grave! Uma vez que impede as pessoas de ver a verdadeira beleza da montanha durante a descida e no caso de alguns infelizes também na subida. O cerne da questão é que o portão Este fica a oito quilómetros do centro da pequena cidade de Huayin (华阴市), da estação de autocarros, da estação de comboios… enfim fica longe de tudo! E nesse momento, se as pessoas não tiverem carro – a grande maioria – é obrigada a apanhar um mini autocarro para regressar. Ou seja, sem o desejarem as pessoas são conduzidas a uma ratoeira da qual não conseguem escapar! 😦

Podíamos pensar, que ninguém é realmente obrigado a apanhar esse mini autocarro. Errado! A estrada que conduz ao centro de Huayin (华阴市) não tem bermas para peões e está cheia de curvas e contra-curvas, tornando-se um verdadeiro perigo para eventuais caminhadas! Toda esta questão, que eu considero abusiva por parte do parque natural, ganha requintes de ESCÂNDALO, quando no autocarro – operado por uma empresa independente – de regresso a Xi´an (西安) se pode ler um ALERTA  – em mandarim – que as pessoas que apresentarem o bilhete de entrada no parque natural antes de entrar nesse mini autocarro – todas as pessoas o têm – não teriam de pagar o bilhete do mesmo. Porém esta informação não existe em nenhum lugar, a não ser… já no interior de um autocarro que nos leva de regresso à grande urbe. Ou seja, o parque natural e a empresa de autocarros andam a encher os bolsos à conta das pessoas, por sonegação de informação. É legal? É…mas que não passa de um mais um esquema made in China, disso não restam dúvidas!

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Huashan a Primeira Montanha

Ato II – A Nobreza das Pobres Gentes

Quando entrei na tenda, estava um radiador em forma de parabólica ligado e dois homens descalços a aquecer os pés. O meu anfitrião pronunciou algumas palavras para os restantes e entretanto apontaram-me um lugar para me sentar e pousar a mochila, enquanto vários pares de olhos me olhavam com curiosidade. Dentro da tenda o espaço era rectangular e alto, a temperatura era agradável (fruto do radiador e do calor humano) e havia algum fumo. Para além disso, fora construída uma plataforma elevada em madeira e contraplacados em forma de U invertido que servia para manter as pessoas afastadas do solo enlameado e gelado. Esta plataforma estava cheia de edredons, sacos de viagem, ferramentas e pessoas sentadas ou deitadas a esfumaçar, a jogar às cartas ou pura e simplesmente silenciosas. Existia ainda, nesta plataforma uma subdivisão feita com outros painéis e panos de tenda, tal e qual uma segunda mini tenda.

Enquanto estava sentado fui dizendo várias vezes xìe xìe (obrigado) e apontei para mim e disse Putaoya (Portugal), entretanto já tinha tirado do bolso do softshel as notas que tinha comigo (cerca de 80Y) e passei-as para as mãos de um deles, que as passou para as mãos de outro e sempre a acenarem que não com a cabeça, foram passando as notas de mão em mão até elas me serem todas entregues. Nesta altura senti-me comovido com a nobreza das pobres gentes.

Ofereceram-me então uma garrafa da qual bebi uns goles para aquecer a garganta e para matar o bicho e tirei da mochila a comida para o jantar. Depois de a oferecer aos presentes (ninguém aceitou) comecei a comer com satisfação e apetite. Terminado o repasto, comecei a rearrumar a mochila e a tirar peças de roupa à vez: gorros, luvas, meias, polar, camisola e calças térmicas que fui mostrando às pessoas (sabendo que eram gente pobre) para ver se alguém aceitava alguma coisa. De tudo o que mostrei apenas aceitaram umas luvas polares, nada mais quiseram! Toda esta situação, comoveu-me. A generosidade, a simplicidade, a honestidade destas pessoas. Após a mostra de roupa ofereceram-me cigarros, mais álcool e fizeram-me uma cama com roupa que lá tinham, resumindo… Deram-me tudo o que tinham, sem esperar nada em troca e foram o espelho perfeito da bondade e da nobreza de carácter. 😀

Antes de nos deitarmos para dormir cerca das 21.30, ainda deu para: perceber o motivo de existência da mini-tenda (havia um casal entre os presentes); ver as luvas a serem entregues ao trabalhador mais velhinho (meio-dente e que fumava cachimbo); ver os passos de dança de um chinês mais extrovertido, ao som de um telemóvel 🙂 ; observar jogos de cartas; fumaradas; notar que as várias pessoas utilizavam o mesmo telemóvel (possivelmente para contactarem com a família); entender que aquelas pessoas eram trabalhadores da construção civil.

Adormeci pensado na minha felicidade e boa sorte. Adormeci a pensar que mesmo que a vida seja bastante dura, apesar da necessidade, da privação, das condições em que cada um trava a sua luta diária, da pobreza… o carácter, o bom carácter pode estar sempre bem presente e vivo na vida das pessoas… é ele que nos torna verdadeiramente nobres. 😀

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Libertem o Capitalismo, esse Animal Selvagem!

Ao sair da pagoda percorri parcialmete a avenida Xanta Nanlu em direção a sul e observei que esta zona foi completamente restaurada e irá servir o novo turismo chinês: estátuas e monumentos a vangloriar os antigos heróis e poetas mas com versões bastante exageradas e romantizadas, centros comerciais, lojas, restaurantes, bares e cafés luxuosos. Diao Xiao Peng abriu o país ao capitalismo e agora, com o “Boom Chinês”, há que o servir em doses generosas a quem tiver dinheiro para o consumir.

Nas imediações, ao consultar o mapa, vi umas manchas verdes com enormes lagos e pensei que se tratava de um parque gigantesco. Poderia ser agradável passear por lá um bocado. Porém, qual não foi o meu espanto, quando em vez de um parque público me deparei com o “PARAÍSO DE TANG” que para mim foi equivalente a encontrar o “Inferno de Tang” – bandeirinhas, flores de plástico, templos e torres modernas disfarçadas de antigas, tudo a brilhar e com um “cheiro” asséptico e plastificado que me fez inverter a marcha e voltar a “correr” para o centro poluído e caótico da cidade. Ao menos nesse ainda há realidade. 😉


Uma nota final sobre a bondade dos desconhecidos: Na paragem de autocarro do “Inferno de Tang” uns chineses ajudaram-me a voltar ao centro da cidade e pagaram-me o bilhete de autocarro (de nada serviu eu querer devolver-lhes o dinheiro), isto apesar de não falarem uma única palavra de inglês. 😀

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Despedidas no Museu

No dia seguinte e último dia do Xiang em Xi´an consegui finalmente comer um saboroso pequeno- almoço chinês: Tofu doce (tien) e um frito delicioso. Partimos para o museu de Xi´an e na entrada fui barrado (o bilhete é gratuito mas é obrigatório levar um documento de identificação). Por esse motivo tivemos de nos despedir aí, o Xiang nesse dia voltou para Luoyang e eu fui obrigado a voltar ao hostel para ir buscar o passaporte. :/

      

Quanto ao museu, posso dizer que gostei muito, principalmente da seção de cerâmica e que vale bem a pena passar aqui um par de horas do nosso dia e aprender um pouco mais sobre a cultura Chinesa. 🙂

      No museu     No museu (2)