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WulingYuan Floresta de Pedra

Ato II – Macacos e Desvios

Antes de começar a andar, tomei o pequeno almoço – uma lata de feijões doces que tinha sobrado da viagem pelo Yangtze  e segui pelo trilho marcado onde fui penetrando na escura floresta. À medida que fui andando, comecei a ver algumas pessoas – mas nada de aflitivo, segundo os padrões chineses – e finalmente alguns picos e não pequenas amostras, como até esse momento. Ah! E numa zona específica, macacos! Felizmente, bem mais calmos que os pequenos demónios de Emeishan. 🙂

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A certa altura percebi que me enganara no caminho, pois por sugestão da rapariga do hostel deveria ter cortado por um trilho mais antigo. Voltei então atrás e na zona dos macacos – que felizmente  não me incomodaram – encontrei a passagem que procurava. E a partir daí… WulingYuan mudou de tom e subiu de interesse, pelo menos durante três horas e meia. A primeira parte deste trilho levou-me em rota ascendente, sempre a subir, sem banquinhos, sem comes e bebes, sem pessoas e com uma paisagem envolvente verde e selvagem, quase que me “cheirava” a selva! 😀

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Quando parei a ascensão, vi pela primeira vez os picos bastante próximos e antes de subir ao topo de um “monte”, cruzei a ponte do paraíso e não posso negar que no início, estava com um bocadinho de “cagunfa”. 😛 Depois desse momento e quando terminei a pequena ascensão de um “monte”, vi finalmente os picos ao nível do meu olhar ou de cima. A vista era magnífica e à medida que “circum-naveguei” o topo deparei-me com um mar, um oceano de picos que emergiam do solo. Belo! 😉

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A ausência de pessoas era total e findado o desvio, voltei ao trilho que entretanto mudou de inclinação. Em rota descendente cheguei às proximidades da entrada Sul do parque, por volta das 16.00 e uma vez que ainda tinha tempo, parti para a ascensão do monte na zona de Hungshi. Enquanto trepava degraus só via pessoas a descer – a grande maioria dos visitantes fazem a ascensão com recurso ao teleférico e depois descem a pé – e na parte final da ascensão estava bastante cansado uma vez que estava com um ritmo demolidor – a certa altura da ascensão encontrei umas chinesas que me informaram que ainda estava longe do topo – e quando cheguei ao topo suava em bica. De qualquer modo, a visão do topo compensou o esforço físico e foi recompensa mais que suficiente para me deixar animado e recarregar as baterias para a parte final do trilho. 🙂 Desse modo e uma vez que o tempo estava perfeitamente controlado, o caminho em sentido descendente foi bastante mais pacífico e tranquilo e às 18.00 já estava de saída do parque e dentro de um mini-bus no qual regressei à povoação de WulingYuan.

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WulingYuan Floresta de Pedra

Ato I – Entrada a Pés Juntos

Por volta das 10.30 e depois de ter largado a bagagem no hostel, já estava na entrada do parque a comprar o meu bilhete dourado e que tinha validade para três dias. A entrada no parque não foi nada auspiciosa, pois enquanto esperava pelo autocarro – os trilhos no parque de WulingYuan começam quase todos a vinte quilómetros ou mais da entrada, por isso e pelo menos no início e no final do dia à que recorrer a este meio de transporte – respondi num tom mais ríspido a um chinês que estava a tentar “ajudar-me” à força: “Get off!” e outro chinês que parecia ser guia – pelo menos tinha uma grande grupo com ele – meteu-se na conversa a falar em chinês mas a gozar: “Nǐ hǎo! Nǐ hǎo” (Olá! Olá!) como se eu não soubesse dizer mais nada. Os chineses que estavam à sua volta começaram a rir e eu comecei a ficar irritado e com vontade de mandá-los dar uma “voltinha”. Em chinês disse-lhe: “Prazer em conhecer-te” e os outros chineses riram-se. Ele continou a gozar e eu fiz-lhe um sinal com mão que significava algo do genéro: Fala prai “amiguinho”! e na doce língua de Camões, disse-lhe: ”Vai-te &#$&% ó filhinho da %@#$!” E depois sorri. Finalmente lá entrámos no autocarro e eu só fiquei mesmo descansado quando saí do mesmo, em A cross fours streams, pois não sentia uma atmosfera muito amistosa à minha volta. :/ Nesse local e finalmente, começou realmente a minha visita a WulingYuan, o reino da floresta de pedra.

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Deambulando em Cangshan

Quando acordei era bastante cedo e o céu estava fantástico, uma vez  que as nuvens estavam com uma densidade como nunca antes presenciara. 🙂 Depois de uma bela sopa de noodles, parti para Cangshan que é a montanha que fica a oeste de Dali. Logo no início tentei escapulir-me ao pagamento do bilhete e tentei entrar na montanha por trilhos alternativos, porém e mesmo assim não consegui evitar o controlo e tive mesmo de pagar bilhete, que diga-se em abono da verdade não foi assim tão dispendioso – cerca de 4€. 😛

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Na subida para o templo de Zhanghe, o trilho de terra batida tinha algumas inclinações elevadas, mas o facto mais curioso era a encosta estar coberta de campas, estava por isso a fazer a minha ascenção no meio de um cemitério. A partir do templo segui o trilho do hiking, serpeteando pela montanha e vendo diferentes faces da mesma, verdes florestas, panorâmicas de Dali, rochedos com formas curiosas – caras e esqueletos – algumas escarpas, rochas com fungos verdes e infelizmente por ser época de incêndios grande parte dos trilhos estavam cortados – o que impossibilitou a ida a alguns locais, havendo um controlo das horas a que as pessoas passavam (checkpoints).

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No Grande Canyon de Cangshan, junto ao leito do rio que agora está seco tive a oportunidade de andar no meio de escarpas bastante altas e a partir de certo ponto do trilho a manutenção torna-se inexistente e ao continuar a andar, senti-me um pouco como o Indiana Jones a entrar na selva 🙂 e voltei para trás quando encontrei o trilho completemente destruído.

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Na zona de Qing Bi e nas imediações do teleférico, pude ver uma bela cascata de águas azuladas e divertir-me ao observar as pessoas a jogar Xiàngqí em formato gigante. 🙂 Como o  teleférico que une as montanhas está altamente inflacionado, tentei arranjar uma alternativa ao mesmo e apesar de no mapa da montanha não aparecer nenhum trilho marcado, consegui perceber que de facto existe um! 😛 O mesmo está num estado de conservação absolutamente perfeito, é altamente dinâmico – sobe e desce constantes – e faz a ligação entre Qing Bi Xi e o templo de Gantong. Durante o caminho pude observar o verde da montanha, as campas nas imediações do templo e fui pensando se o facto do trilho não aparecer marcado se deve ao facto deste ser um caminho relativamente “recente” – concluído em Outubro de 2011 – ou de existir interesse em manter este trilho no anonimato para haver uma rentabilização do teleférico. 😉

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Entre o caminho do templo de Gantong e o templo de Guan Yin – que foi sem dúvida o mais belo do dia, com as coloridas bandeiras e torres brancas a harmonizarem todo o espaço – encontrei uma zona em reconstrução total – pó, camiões, entulho, escavadoras… – e que me ofereceu panorâmicas para a montanha e sobre a cidade de Dali. Ao fazê-lo, senti-me bem porque andei por caminhos praticamente inexplorados, nos quais os turistas não circulam e vi a cidade não maquilhada, a cidade das crianças, dos velhotes e dos artesão. 😀

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Tigres e Escoceses

Ato VI – O  Grande Embuste!

Quando chegámos à Tina´s Guesthouse, bebemos finalmente a nossa cerveja sossegados e ficámos a conversar sobre o ocorrido. Durante a conversa, chegámos à conclusão que parte da informação recebida em Lijiang e antes de começarmos o trilho era em parte faliciosa e que a beleza natural do local não merecia um esquema destes! :/ Na despedida, trocámos e-mails e um abraço sentido e eu fiquei com uma certa pena das nossas rotas não coincidirem. Haveria de ter sido engraçado, viajar com este Escocês! 😀 Já no autocarro, a caminho de Lijiang vi o rio e a garganta mais de perto e com outra atenção e só então percebi, que o clímax do Tiger Liping Gorge se encontra no Upper Gorge. Aí, SIM! O rio mostra toda a sua força, presença, raça e carácter! E fiquei a matutar na seguinte questão: quem chega ao Tiger Lipping Gorge transportado por um autocarro da Tina´s Guesthouse é automaticamente levado a fazer o trekking e a seguir montanha acima em direção ao Middle Gorge e ao embuste! :/

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Relativamente ao trekking não tenho nada a opôr, o mesmo é excelente e oferece-nos uma palete de paisagens vasta, rica e distinta. Porém e remetendo-me apenas à informação, ou melhor desinformação providenciada pelos hostels/guesthouses/hotéis de Lijiang, impedir as pessoas de ver o verdadeiro Gorge, o Upper Gorge, só me faz sentir irritado e enganado, pois está-se a deturpar a realidade do local apenas com o objetivo de ganhar dinheiro e enriquecer à conta de um embuste. 😦 Por este motivo, se de algum modo, puder alertar todos os outros turistas/backpackers/viajantes para esta situação ou situações semelhantes noutros locais do planeta, será isso que farei! Afinal vivemos em comunidade e sociedade e se todos juntos podermos “quebrar” os “maus” sistemas que nos rodeiam diariamente, tanto melhor! 😉

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Tigres e Escoceses

Ato V – O Tigre “Embusta” a Presa

“Reza a lenda” que houve uma família que construiu o caminho até ao rio e pelos vistos agora, essa família é dona dessa terra! Isto dentro da reserva natural!? Estranho!? Naaaaaaaaaaa… 😛 os factos começaram a cheirar a marosca fedorentaPara aumentar a “piada desta história, inicialmente na zona da “portagem” cobraram-nos 15Y por pessoa e depois de uma recusa, no minuto seguinte o valor já era 10Y por cabeça… por uma questão de PRÍNCIPIO resolvemos não pagar um centavo e logicamente a entrada foi-nos barrada.

IMG_5982 (FILEminimizer)Porém, os chineses desconheciam a resilência da Tag TeamTUGA-SCOTCH e com base nesta permissa partimos em busca de um caminho alternativo, e a verdade é que em menos de um minuto já estávamos num trilho marcado em rota descendente. Cinco minutos volvidos encontrámos mais um ponto de controlo – nesse momento tivemos a certeza que íamos bem encaminhados – e apesar dos avisos sonoros, ou seriam grunhidos!? 😛 Seguimos em frente. Passados poucos minutos encontrámos uma zona de descanso com chineses lá sentados e tentámos perguntar-lhes se estávamos perto, mas não nos responderam e quando seguimos, começaram a acenar e a dizer: “Danger! Danger!” Quando estávamos quase, quase a concretizar o nosso objectivo, esbarrámos num obstáculo que se veio a revelar intransponível, uma escada completamente abrupta e vertical com cerca de quinze metros de altura. Tínhamos a noção que bastava um movimento em falso para nos estatelarmos lá embaixo. Carregados com mochilas e com um estado de espírito pouco sereno resolvemos não arriscar, afinal daquele ponto avistávamos o rio e diga-se em abono da verdade que este, estava muito longe do rugir de um verdadeiro tigre, assemelhando-se mais a pequeno gatinho. 😛

IMG_5983 (FILEminimizer)Para “lixar” a cabeça dos chineses mafiosos resolvemos esperar quinze-vinte minutos antes de voltarmos a aparecer – o nosso objetivo era faze-los pensar que tínhamos chegado ao rio – e quando finalmente esse tempo passou, voltámos para trás apenas com um objetivo em mente, beber uma cerveja fresca sossegados na Tina´s Guesthouse. Claro que no caminho de regresso tivemos de voltar a passar pelo checkpoint e os chineses que inicialmente nos acenaram que não, que não podíamos seguir em frente, agora pediam-nos dinheiro! A falar em espanhol segui em frente e quando um chinês berrou mais alto: “MONEY!”, virei-me para ele com cara de poucos amigos e fiz-lhe um manguito de dedo em riste. Quase no topo do trilho esperei pelo Andy que tinha ficado uns metros para trás e quando voltámos a falar, relatou-me que o chinês tinha ficado completamente possuído! A parte final do trajeto foi feito pela estrada de alcatrão e antes da despedida definitiva do Tiger Liping Gorge aproveitámos para tirar fotografias à paisagem e à casa “portagem” dos mafiosos.

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Tigres e Escoceses

Ato IV – O Baloiço e a Portagem

De manhã cedo, ao subir ao terraço da nossa guesthouse tive o privilégio de apanhar um pouco de sol na face, de observar os raios de sol a passar por entre os picos das montanhas e na encosta oposta vi o céu azul e a montanha coberta de verdes árvores. Antes de partirmos definitivamente para o nosso trekking e com muita felicidade, fui transportado de volta à infância por um baloiço e neste fiquei suspenso no tempo e no espaço enquanto o sol me acariciava a face e eu me mantive de olhos semi cerrados. 😀

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Assim que recomeçámos a andar o trilho continuou a maravilhar-nos com todas as suas diferentes facetas: o sol, o céu azul, as árvores – principalmente pinheiros – os terrenos secos e pedregosos e o seu carácter mais selvagem e indomável tais como as suas faces abruptas e escarpadas, a passagem através de uma cascata e do alto, ver o rio verde claro a correr entre vales e ouvir o seu rugir a intensificar-se. 🙂

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Quando chegámos à Tina´s Guesthouse, estávamos mesmo na antecâmara do Middle Gorge e como tínhamos muito tempo antes de apanharmos os respectivos autocarros – o meu de regresso a Lijiang e o Andy para Shangri-La – aproveitámos para comer qualquer coisa antes de descermos para ver o tão afamado Salto do Tigre. Porém na descida para a garganta do rio começaram os nossos problemas… pois no trilho que lhe dava acesso havia uma casa que bloqueava o mesmo e que funcionava como portagem para peões… :/

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Tigres e Escoceses

Ato II – O Trekking

Quando começámos o trekking, já todas as outras pessoas tinham desaparecido montanha acima à muito tempo. 🙂 Assim que começámos a subir, não perdemos tempo e reiniciámos a conversa, o ritmo era rápido mas não forçado e ao longo do trilho fomos fazendo pequeníssimas pausas para tirarmos fotografias à paisagem, que era cativante, mesmo com o céu muito cinzento e pardacento. O rio verde, os campos de cultivo em sucalcos, as nuvens, as montanhas escuras pontuadas aqui e acolá com neve.

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Durante o trilho fomos constatando que o mesmo, estava muito mal marcado e que as setas vermelhas que indicavam supostamente a direção, estavam muitas vezes localizadas em locais completamente descabidos de sentido! 😛 O que volta e meia nos fazia perder tempo. O caminho desenvolvia-se em terreno seco e rochoso e em alguns locais podia-se sentir o declive a aumentar e observar-se algumas faces bastante abruptas. Para além disso, havia pessoas a tentar fazer negócio: vendiam comida, “ofereciam” cavalos para transportar as mochilas e algo que eles diziam ser marijuana! “Eh lá! Marijuana na China!? Andamos muito desenvoltos.” 😛

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Aos poucos e poucos o tempo foi melhorando e já se começava a ver os raios de sol a furar as nuvens, o céu azul e a própria montanha a ficar mais verde. Quanto a nós? Bem, continuámos a fazer aquilo que melhor sabemos fazer: falar, falar, falar… tirar fotografias… falar, falar, falar. 😀

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Quando estavámos quase a atingir a cota máxima do trekking – 2670 m  encontrámos uma tabuleta afixada, que tinha escrito em tinta vermelha: “One Photo, 8Y!” E nós claro, quais ordeiros e bons escuteiros não perdemos a oportunidade para gozar com o aviso e neste estado de espírito de algazarra, atingimos o “pico”. Aqui vimos montanhas cinzentas, verdes e castanhas, a luz e a sombra a partilharem a paisagem, o céu azul e a corrida veloz das nuvens brancas. 🙂

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Ao começarmos a descer a paisagem mudou radicalmente e o trilho de castanho passou a verde, com árvores e bambus a espreitarem a cada passo. Volta e meia viam-se túmulos cobertos de dinheiro falso – para dar sorte – os bambus começaram a amarelar, a “garganta” a afundar e o rio a ganhar força. Nesta altura, ultrapassámos muitas pessoas e ficámos admirados com tal facto, uma vez que a nossa partida tinha sido feita com pelo menos duas horas de atraso! E mais admirados estavámos com a paisagem, uma vez que a montanha não parava de mudar constantemente ao longo do percurso. Agora viam-se aldeias, vedações e cercas em madeira, molhos de feno dourado e tudo isto com a presença do céu azul que veio para ficar e nos acompanhou até chegarmos ao nosso destino

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Tigres e Escoceses

 Ato I – Identificações

Na chegada à pequena e feia vila que serve de base e ponto de partida para o desfiladeiro, o nosso motorista parou o autocarro no meio da estrada. “É tudo à grande…”, pensei, porém a resposta para tal comportamento foi-me dada muito rapidamente, pois em menos de um minuto, um funcionário diligente já estava dentro do autocarro a vender bilhetes para o Tiger Liping Gorge! “Eh lá! Isto é que eficiência para o negócio”. 😛

IMG_5739 (FILEminimizer)Ainda hoje, continuo sem saber como aconteceu, mas sem dizermos nada decidimos fazer o trekking juntos. Antes de nos fazermos ao trilho, fomos até à Jane´s Guesthouse, onde ele guardou tudo o que não ia precisar e ai tomámos o pequeno-almoço. Porém e fruto da conversa, o tempo estendeu-se, esticou-se, alongou-se… e falámos, falámos, falámos.

IMG_5736 (FILEminimizer)Fiquei a saber que se chamava Andy, que tinha quarenta e poucos anos e que devido a questões de saúde não podia (queria?) ter esposa, filhos, família. Também não queria criar laços amorosos e falou que a única coisa que lhe restava era a sua liberdade. Fiquei a saber que durante os últimos cinco anos trabalhou que nem um escravo, para juntar o máximo de dinheiro e que sua vida foi toda canalizada nesse sentido: “Valeu a pena. Comprei a minha liberdade.” “F#$%-&£! Que resilência é esta? Que “gajo” é este!?” E de algum modo identifiquei-me com ele e senti que me estava a olhar ao espelho. O reflexo é que estava uns anos mais velho. 😀

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Loujishan. No Reino da Neve e dos Lagos Negros

Para irmos a Loujishan decidimos tentar apanhar boleia, e fruto da sorte o assunto ficou resolvido em menos de dez minutos! 🙂 Na chegada à povoação o condutor pediu para tirar uma fotografia comigo e esse facto está a começar a tornar-se parte da tradição das boleias. 😉 Da povoação até à entrada do parque tivemos de apanhar um táxi/carrinha e depois de pagarmos o bilhete de entrada, apanhámos um autocarro – cujo valor estava incluído – que nos levou por uma estrada de elevados declives e curvas bem apertadas até ao sopé da montanha.

À boleia    Kiri star

Aí existem duas opções: na primeira pode subir-se a pé a escadaria que leva à montanha propriamente visitável e interessante; na segunda apanha-se um teleférico cujo custo é elevado, mas que permite a ascensão e a descida no mesmo dia. Como pretendíamos uma visita mais rápida optámos pela segunda. E mesmo de teleférico, foram necessários quarenta minutos para chegar ao “topo”! 😛

 Panorâmica      

A viagem de teleférico transportou-nos de um reino dourado e azul para um reino de prata, cinza e neblina, na cota dos 3700 m. Assim que chegámos ao “topo” começámos logo a ascensão e durante aproximadamente quatro horas andámos a subir e descer degraus em altitudes que variaram entre os 3700 m e os 3950 m – a cota do Penhasco de Aru. Nos trilhos que percorremos, vimos florestas verdes escuras, outras de troncos caídos, neve, gelo e lagos negros. Neste parque todos os lagos sem exceção, maiores ou menores são negros como o azeviche. As montanhas e os picos envolviam-nos… a neblina, o céu prata, o sol a brilhar, fiapos de nuvens brancas e um céu azul.

           

No topo da montanha o Xiaoling sofreu bastante com a altitude: cansaço extremo, respiração e batimentos cardíacos acelerados… 😦 apenas recuperando e voltando ao seu ritmo físico normal após a viagem de regresso ao sopé da montanha. Aí, tivemos imensa sorte pois conseguimos apanhar um autocarro que estava mesmo a partir, evitando grandes esperas. Mas mais sorte ainda, tivemos na partida do parque, quando ao mostrar a nossa placa ao primeiro carro que vinha na nossa direção – um mercedes ML 500 – o veículo parou e o condutor nos deu boleia de volta a Qiong Hai. À grande. 😉 

            

            

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Yadzin. O Parque das Rochas Vermelhas

No dia anterior e depois da chegada a Lin Qi, acabámos por não nos despedir do Johny e da “amiga”. Uma vez que a nossa rota era semelhante, a boleia continuou e seguimos todos juntos, até Hai luo gou. Aí passámos a noite num hostel barato e de manhã fomos com os nosso benfeitores até ao Parque Natural de Yadzin e ao planeta das rochas brancas e vermelhas.

      

Este local foi uma grande surpresa e para mim algo totalmente inesperado. A paisagem é diferente de tudo o que vi e consiste numa área gigantesca de pedras vermelhas e brancas junto a um rio. À primeira vista e pela descrição pode não parecer muito apelativo, mas posso afirmar que é mesmo ver para crer. É lindo! O facto mais interessante é que o vermelho não passa de uma película exterior e se observarmos com atenção vemos que as rochas por debaixo da película são brancas. A melhor maneira de explicar é imaginarem o tronco de uma árvore coberto de líquenes, mas neste caso o tronco é substituído pela rocha branca que fica total ou parcialmente coberta por um revestimento vermelho. Descoberta positiva e diferente, valeu a pena ter vindo a Yadzin, o parque das rochas vermelhas. 🙂