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Hostel de Sonho

O hostel onde tive a felicidade de ficar alojado em Pingyao (Yamen hostel) foi possivelmente o melhor de sempre desde que comecei a viajar (e não falo apenas desta viagem).

             

staff é prestável, simpático e está lá para nos ajudar a resolver as nossas dúvidas ou questões. Fica super bem localizado, mesmo no centro da cidade antiga, junto à Torre de Tingyu e o ambiente é excelente! 🙂 O local, era a antiga residência do governador (na altura da dinastia Ming) e desenvolve-se num complexo de múltiplos pátios que desembocam noutros pátios (à semelhança do que se passa em toda a cidade). Os quartos localizam-se nesses espaços e funcionam como unidades separadas, uma vez que têm casas de banho interiores individuais. Na zona da receção, que é simultaneamente sala de jogos (mesa de snooker e jogos de tabuleiros), café e sala de estar, as almofadas em tons vermelho-vivo, as bandeirinhas penduradas, a madeira do tecto e mobiliário, as fotografias nas paredes, conferem um estilo próprio ao lugar, tornando a envolvente acolhedora e bastante confortável para nos sentarmos calmamente a ver o movimento de uma das rua principais. E tudo isto ao preço da chuva: 20Y (cerca de 2,50€)! Por todos estes factores a experiência no Yamen foi ótima e memorável. Xiè Xiè! (Obrigado)

              

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Pedalando em Pingyao

Ao terceiro e último dia na cidade resolvi alugar uma verdadeira “bomba chinesa” com direito a cestinho e tudo. 😉

Me and my RideAto I – Odisseia até ao Templo de Shuanglin

Sai da cidade muralhada pronto a enfrentar o trânsito meio-louco da parte nova da cidade: motas, motoretas, bicicletas, carros e camiões. Porém quando digo enfrentar, quero dizer, seguir o meu caminho com cuidados redobrados e tentar manter as distâncias ao máximo para não levar com nenhum bólide “em cima”.

Chegar ao templo de Shuanglin foi uma verdadeira odisseia e se em condições normais o templo dista a sete quilómetros da cidade (apenas tinha umas vagas luzes sobre a direção e distância), eu devo ter conseguido (arredondando as contas quilométricas por alto) percorrer mais do dobro. 😛 Pior que a inexistência de indicações!! Foi a falsa informação providenciada por uma placa de trânsito, sendo necessária muita resilência e abegnação para não desistir a meio do caminho, pois até as tentativas de esclarecimento dadas pelas pessoas, eram imprecisas e vagas.

Perdido e na companhia da minha “bicla”, numa rotunda encontrei finalmente um menino que me escreveu os caracteres do local. Sim! Novamente um papel a salvar o dia. 🙂 Munido do papel lá consegui comunicar com duas pessoas que me confirmaram que estava no  rumo certo e levei o meu propósito a bom porto, concluindo a odisseia ao atingir os  muros do templo que desejava conhecer. 😀

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Percorrendo a Muralha

No segundo dia em Pingyao, decidi percorrer todo o perímetro da muralha, qualquer coisa como seis quilómetros. No portão Norte subi as escadas de acesso, comecei a “deliciar-me” com as panorâmicas, tanto interiores (“cidade velha”) como exteriores, fui andando com “dranquilidade” e aproveitei para tirar umas fotografias.

          

          

Quando cheguei ao portão Sul comecei a ver uns cartazes (claro que incompreensíveis para mim) mas segui adiante até dar de caras com…uma vedação! Aí confirmei o motivo de tanta algazarra sinalética, uma vez que na China, quando se vê tal “fenómeno” geralmente não é bom pronúncio. 😛 A muralha a partir daquele ponto estava fechada. Desci até ao nível do solo, mas estava insatisfeito. Apenas tinha percorrido meio caminho, queria mais.

           

Decidi por isso continuar o percurso o mais colado à fortificação que conseguisse até dar a volta completa, mas houve uma ou duas zonas em que tal foi impossível, devido a obras de requalificação. Nesta segunda meia volta, e agora ao nível da base, vi bairros menos clean e mais autênticos e a partir desse momento baptizei Pingyao como “A Cidade das Texturas”.  Aqui as paredes das casas estão cheias de profundidade, o que dá às ruas um aspecto verdadeiro e não “mumificado”. Aqui junto à muralha, cheira a real, não cheira a turístico, e os habitantes dão a vida necessária ao quadro. Aqui, “A Cidade das Texturas” revela-se, ao contrário de outras paragens que não são mais que naturezas mortas.

Pôr-do-Sol

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Características enquanto Povo

Quando os chineses nos enganam e se forem “encostados à parede”, não existe tendência para a mentira ou para o confronto.


Quando paguei o bilhete turístico global, entreguei 200Y mas como estava distraído, não me apercebi que a senhora não me deu o troco (50Y). Quase no final da visita ao templo de Confúcio, comecei a remexer na carteira e dei conta que me faltava o dinheiro. Nesse momento, pensei que mesmo que ficasse sem ele (e nesta situação as percentagens estavam claramente contra mim), pelo menos a senhora da bilheteira ia perceber que eu sabia que ela me tinha enganado e que fora desonesta. Qual não foi o meu espanto, quando ao bater ao vidro e lhe mostrar o bilhete ela automaticamente abriu uma gaveta e tirou de lá o troco, abriu a janela e entregou-mo sem dizer uma palavra.

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Garrafa de Água à Chinesa

O dia começou com a minha primeira incursão mais complexa no mundo do chinês. E qual o objetivo? Muito simples, comprar uma simples garrafa de litro e meio e não ser enganado no preço (que já sabia previamente ser 3Y). Deste modo:

– “Ni hao. Duoshao qian?” (Olá. Quanto custa?)
-“San” (três)
Acenei que sim com a cabeça, paguei e disse:
– “Adeus” (Zaijian)

No final e muito mais importante que a garrafa de água, o que obtive foi o prazer psicológico de não ser enganado e de pelo menos ter conseguido encadear três palavras e meia de chinês. 😛

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Mai Piao

Durante a tarde desloquei-me à estação Este de comboios de Pequim para comprar o meu bilhete para Pingyao, apesar de apenas ter a viagem daí a três dias. A questão é que na China o comboio é o meio de transporte mais popular para percorrer distâncias longas (havendo por isso, o sério risco de venda total de bilhetes, principalmente para as “camas rijas” – ying wo) e como por dia há apenas um comboio que passa por este local, comprei o bilhete com esta antecedência.

Na fila, aguardava ansioso pela minha vez. Afinal era a primeira vez que ia comprar um bilhete para mudar de cidade e já sabia – fruto da experiência dos dias anteriores – que o forte dos chineses não era o inglês. Esperava por isso, problemas de comunicação! Chegou a minha vez e munido do meu papel com caracteres que indicavam PingYao e com a data para a qual pretendia o bilhete, e com umas fotocópias do Guia da Lonely Planet, lá pronuncie as palavras mágicas: “Mai Piao” (comprar bilhete) e mostrei o papel. A rapariga pronunciou sons incompreensíveis e eu mostrei as fotocópias com a parte que dizia “camas rijas” – Ying Wo, passando uns momentos – uns segundos valentes ou mais – percebi que ela me estava a pedir o Passaporte e finalizámos o processo com a entrega do dinheiro, apesar de eu entregar umas notas sem perceber bem o preço do bilhete.

Todo o processo de compra do bilhete demorou uns cinco minutos, mas a verdade é que no final estava super orgulhoso por ter conseguido comprar sozinho, sem intermediários e taxas extra por serviços prestados (como o hostel cobrava), o meu primeiro bilhete nas terras do Império do Meio.

P.S. E se quero viajar neste país pelo período longo que espero conseguir, é melhor começar já a habituar-me às questões de logística.

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Mercado de Rua

          Mercado de rua (4)

Mercado de rua (2)

Mercado de rua (3)        Mercado de rua (5)

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Pequim Pintada de Branco

Depois do dia anterior ter acabado tardíssimo, fruto da conversa e apesar de todo o calor da partilha, Pequim não se compadeceu e acordou cinzenta, gelada… e pintada de branco! É verdade! Neve em Pequim, não é um acontecimento assim tão tão comum, uma vez que apesar das temperaturas no Inverno serem bastante baixas a precipitação é muito pouco frequente.

Nas imediações da Igreja

Assim no meu quinto dia na cidade, recebi mais uma prenda e tive a oportunidade de ver a cidade a mostrar-me mais uma das suas múltiplas facetas, a faceta pura e límpida da neve – pelo menos durante algumas horas – até esta começar a derreter-se no solo cru da cidade Imperial.

O outro lado da Igreja

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Era uma vez…Um Americano, Um Palestiniano e um Português

O dia do Festival do Kabum ou da Lanterna se preferirem terminou em beleza numa conversa monumental sobre política, religião, dinheiro, economia, sociedade, etc. A dada altura o português diz-lhes: “ Não sou religioso, mas tento ser o melhor possível”, ao que Ryan responde: “ So, you are a Goodeist”. O português sorri, ora aí esta uma boa religião! Fazer o bem. O mundo não seria melhor se o “Goodeísmo” fosse a religião Universal? Talvez… 😀

Os 3 Mosqueteiros

Talvez a utopia não seja assim tão utópica, quando pessoas de três continentes distintos se sentam à mesa e no final tudo se resume ao ser humano na sua essência mais pura: ao seu sangue, aos seus ossos, músculos e vísceras, ao seu pensamento e à sua natureza na forma mais cristalina.

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Pato à Pequim ou será Pato à Brasileira?

No dia anterior quando conheci o Alex combinámos jantar em Pequim, a ementa essa já estava previamente escolhida – Pato à Pequim. “Hoje” era o dia. De manhã trocámos e-mails a combinar o local e o horário e agora restava esperar que ele não falhasse, uma vez que não havia telemóvel da minha parte que nos pudesse valer (ainda com problemas).

À hora marcada lá estava eu sob o pórtico de entrada em Qianmen e fui esperando, esperando, esperando e quando estava quase para me ir embora (a pensar ok, não tinha de ser) o Alex apareceu, dizendo: “Puxa, não percebi que o local do encontro era aqui, ainda bem que vim para a superfície”. Imediatamente começámos a andar e a falar sobre as nossas experiências do dia anterior, eu da minha quase “fatalidade” e ele dos amigos que acabaram por cair no esquema das casas de chá, para além de serem enganados na base da Muralha quando pediram um chá.

Da rua Qianmen passámos para umas ruas laterais mais pequenas e que “cheiravam” a restaurantes de boa comida e não excessivamente dispendiosos. Enquanto procurávamos o nosso poiso continuámos a conversar, acerca da Muralha e do que tínhamos feito durante estes dois dias. Passados 15-20 minutos de busca escolhemos o nosso restaurante, fizemos o nosso pedido e começamos a beber as nossas cervejas. A partir desse momento, foi sempre a abrir em boa língua de Camões ou de Vinicius de Moraes. E meus amigos, nada como encontrar uma pessoa do nosso idioma para a conversa fluir. Se ambos gostarem de praguejar, melhor ainda. Nos entretantos, o Pato chegou e à medida que foi sendo devorado (refira-se que o sacaninha era bastante gostoso), a cerveja escorregou e a conversa seguiu expressiva “pra cacete”. O jantar foi avançado e o Pato mudou de nacionalidade, passando de Chinesa (mais especificamente Pequinesa) para Brasileira, tal a expressividade durante o repasto.

Após o jantar o Alex, meteu na cabeça que queria ir beber uma cerveja comigo e começámos a nossa cruzada em busca do Sagrado Bar. Andámos às voltas pela área e não vimos nenhum local que se assemelhasse a um bar e enquanto o Alex insistia que na zona do hotel dele havia bares, o facto de eu depois não ter metro para voltar faziam-me não querer ir. A verdade é que na busca pelo bar fomos andando, andando e quando demos por nós estávamos na estação de metro mais próxima do meu hostel (Wangfungji). Neste momento, virei-me para ele e disse: “Tens duas opções. Na primeira apanhas o metro e segues até ao teu hotel; na segunda vens até ao meu hostel que tem bar, mas nessa situação tens de voltar de táxi. Como queres fazer?”. Ele acabou por optar pela segunda opção e passados 10 minutos estávamos sentados com uma caneca de Draghtbeer à frente.

Após uns momentos a falar e a beber, um americano, uma americana e uma mexicana que estavam sentados na nossa mesa meteram conversa connosco e a partir daí o nosso idioma mãe foi abandonado para continuarmos num idioma mais “democrático”, o sacrossanto Inglês. A restante noite continuou animada, à volta de canecas de draghtbeer e de palavras até o bar do hostel fechar e nós sermos semi-expulsos de lá. No final da noite o Alex acabou por ter sorte porque ganhou companhia para o táxi e eu só tive de me deslocar até à minha câmara para dormir o sono dos bravos.