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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Deambulando em Cangshan

Quando acordei era bastante cedo e o céu estava fantástico, uma vez  que as nuvens estavam com uma densidade como nunca antes presenciara. 🙂 Depois de uma bela sopa de noodles, parti para Cangshan que é a montanha que fica a oeste de Dali. Logo no início tentei escapulir-me ao pagamento do bilhete e tentei entrar na montanha por trilhos alternativos, porém e mesmo assim não consegui evitar o controlo e tive mesmo de pagar bilhete, que diga-se em abono da verdade não foi assim tão dispendioso – cerca de 4€. 😛

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Na subida para o templo de Zhanghe, o trilho de terra batida tinha algumas inclinações elevadas, mas o facto mais curioso era a encosta estar coberta de campas, estava por isso a fazer a minha ascenção no meio de um cemitério. A partir do templo segui o trilho do hiking, serpeteando pela montanha e vendo diferentes faces da mesma, verdes florestas, panorâmicas de Dali, rochedos com formas curiosas – caras e esqueletos – algumas escarpas, rochas com fungos verdes e infelizmente por ser época de incêndios grande parte dos trilhos estavam cortados – o que impossibilitou a ida a alguns locais, havendo um controlo das horas a que as pessoas passavam (checkpoints).

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No Grande Canyon de Cangshan, junto ao leito do rio que agora está seco tive a oportunidade de andar no meio de escarpas bastante altas e a partir de certo ponto do trilho a manutenção torna-se inexistente e ao continuar a andar, senti-me um pouco como o Indiana Jones a entrar na selva 🙂 e voltei para trás quando encontrei o trilho completemente destruído.

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Na zona de Qing Bi e nas imediações do teleférico, pude ver uma bela cascata de águas azuladas e divertir-me ao observar as pessoas a jogar Xiàngqí em formato gigante. 🙂 Como o  teleférico que une as montanhas está altamente inflacionado, tentei arranjar uma alternativa ao mesmo e apesar de no mapa da montanha não aparecer nenhum trilho marcado, consegui perceber que de facto existe um! 😛 O mesmo está num estado de conservação absolutamente perfeito, é altamente dinâmico – sobe e desce constantes – e faz a ligação entre Qing Bi Xi e o templo de Gantong. Durante o caminho pude observar o verde da montanha, as campas nas imediações do templo e fui pensando se o facto do trilho não aparecer marcado se deve ao facto deste ser um caminho relativamente “recente” – concluído em Outubro de 2011 – ou de existir interesse em manter este trilho no anonimato para haver uma rentabilização do teleférico. 😉

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Entre o caminho do templo de Gantong e o templo de Guan Yin – que foi sem dúvida o mais belo do dia, com as coloridas bandeiras e torres brancas a harmonizarem todo o espaço – encontrei uma zona em reconstrução total – pó, camiões, entulho, escavadoras… – e que me ofereceu panorâmicas para a montanha e sobre a cidade de Dali. Ao fazê-lo, senti-me bem porque andei por caminhos praticamente inexplorados, nos quais os turistas não circulam e vi a cidade não maquilhada, a cidade das crianças, dos velhotes e dos artesão. 😀

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Crónicas Em trânsito Fotografia Reflexões

Em trânsito: Lijiang – Dali. Honestidade, a Bordo?

A viagem de comboio decorreu com normalidade, porém os lugares disponíveis não eram cadeiras mas sim camas. Porém, como esta viagem não era noturna, as mesmas tinham de ser partilhadas – não, não é no sentido literal! 😉 – e as pessoas sentavam-se lado a lado. Durante o percurso acabei de pôr o diário em dia, observei a verde paisagem, as montanhas, os inúmeros túneis, o grande e azulão lago Erhai no qual Dali se localiza, o sol a doirar e as nuvens a ganharem cor.

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Quando cheguei a Xiàguān  cidade nova de Dali e onde se localiza a estação de comboios – tive de apanhar um autocarro – Nr. 4 – para o meu destino, uma vez que a cidade antiga e turística de Dali (Gǔchéng) fica aproximadamente a dezoito quilómetros de Xiàguān. Durante o trajeto, o autocarro estava completamente apinhado e como tal havia entradas e saídas em todas as portas do nosso veículo. E porque relato esta viagem? Bem, o que me deixou siderado e de olhos em bico, foi ver a honestidade? Capacidade para seguir regras? Destas pessoas! 🙂 Uma vez que as pessoas que entravam nas portas intermédias do autocarro entregavam o dinheiro e os passes electrónicos a outras pessoas e ambos – passes e dinheiro – iam circulando de mão em mão até à frente do autocarro onde as notas eram colocadas numa caixa transparente e os passes passavam pelas leitores electrónicos e eram imediatamente devolvidos às pessoas pela mesma via, mão em mão. Independentemente dos motivos que levam as pessoas a este “ritual”,  foi fantástico ter a oportunidade de observar algo assim. 😀

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Tigres e Escoceses

Ato III – Half-Way Guesthouse

Para chegarmos à guesthouse na qual ficámos a pernoitar demorámos seis horas e esta não tinha o nome mais certeiro, uma vez que estávamos muito mais avançados do que meio caminho. Aliás, pelas informações recolhidas, o Tiger Liping Gorge estava “ao virar da esquina”, apenas a uma horinha de distância. 🙂

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De qualquer modo e esquecendo o pormenor do nome, o nosso poiso foi uma excelente surpresa. A construção era toda em madeira, a vista para as montanhas era espectacular, a sala de refeições e o pátio interior eram agradáveis, as sanitas tinham uma panorâmica sete estrelas! 😛 O quarto tinha bastantes camas, mas era limpo e não era nenhum cafunfo e tanto a dormida como as refeições tinham bons preços, até a cerveja tinha um valor acessível. 😉

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Quando entrámos no quarto, este estava minado de americanas e o escocês – Andy – e o “F+*&%@£ Gipsy” – nome pelo qual fui batizado pelo Andy – transformaram-se em autênticos palhacitos para tentarem quebrar o gelo. Entretanto e de um modo “delicado”, ofereci um pacote de leite a uma delas e quando esta começou com as “polidezes” do ai não posso aceitar – as palavras dizem que não, mas a cara diz que sim – só se pode dizer algo suave, algo do género: “I don´t give a f$&@, it´s yours.”

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Depois da nossa “entrada triunfal” só nos restava bater em retirada e não havia sítio melhor para nos “refugiarmos” que a sala de refeições. Ao jantar, comemos noodles instantâneos, batatas fininhas, beringela e cerveja… cerveja e mais… cerveja e continuámos a conversar. Sobre? Viagens! Uuuuuu. Esta era difícil! 😉 Paquistão, Bangladesh, Myanmar, Vietname, Laos, Cambodja, Bornéu (tanto o lado Malaio como o lado Indonésio)… o Andy não parava de contar histórias e eu ouvia-o atentamente! Foi uma experiência extremamente enriquecedora e eu só pensava: “Este gajo é o maior!”. 😀

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Antes de me deitar, fumei dois cigarros e de um modo instrospectivo olhei a montanha negra recortada na escuridão e ao ouvir o rio correr, pensei que Viajar é parte da minha essência mais profunda. 😀

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Tigres e Escoceses

Ato II – O Trekking

Quando começámos o trekking, já todas as outras pessoas tinham desaparecido montanha acima à muito tempo. 🙂 Assim que começámos a subir, não perdemos tempo e reiniciámos a conversa, o ritmo era rápido mas não forçado e ao longo do trilho fomos fazendo pequeníssimas pausas para tirarmos fotografias à paisagem, que era cativante, mesmo com o céu muito cinzento e pardacento. O rio verde, os campos de cultivo em sucalcos, as nuvens, as montanhas escuras pontuadas aqui e acolá com neve.

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Durante o trilho fomos constatando que o mesmo, estava muito mal marcado e que as setas vermelhas que indicavam supostamente a direção, estavam muitas vezes localizadas em locais completamente descabidos de sentido! 😛 O que volta e meia nos fazia perder tempo. O caminho desenvolvia-se em terreno seco e rochoso e em alguns locais podia-se sentir o declive a aumentar e observar-se algumas faces bastante abruptas. Para além disso, havia pessoas a tentar fazer negócio: vendiam comida, “ofereciam” cavalos para transportar as mochilas e algo que eles diziam ser marijuana! “Eh lá! Marijuana na China!? Andamos muito desenvoltos.” 😛

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Aos poucos e poucos o tempo foi melhorando e já se começava a ver os raios de sol a furar as nuvens, o céu azul e a própria montanha a ficar mais verde. Quanto a nós? Bem, continuámos a fazer aquilo que melhor sabemos fazer: falar, falar, falar… tirar fotografias… falar, falar, falar. 😀

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Quando estavámos quase a atingir a cota máxima do trekking – 2670 m  encontrámos uma tabuleta afixada, que tinha escrito em tinta vermelha: “One Photo, 8Y!” E nós claro, quais ordeiros e bons escuteiros não perdemos a oportunidade para gozar com o aviso e neste estado de espírito de algazarra, atingimos o “pico”. Aqui vimos montanhas cinzentas, verdes e castanhas, a luz e a sombra a partilharem a paisagem, o céu azul e a corrida veloz das nuvens brancas. 🙂

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Ao começarmos a descer a paisagem mudou radicalmente e o trilho de castanho passou a verde, com árvores e bambus a espreitarem a cada passo. Volta e meia viam-se túmulos cobertos de dinheiro falso – para dar sorte – os bambus começaram a amarelar, a “garganta” a afundar e o rio a ganhar força. Nesta altura, ultrapassámos muitas pessoas e ficámos admirados com tal facto, uma vez que a nossa partida tinha sido feita com pelo menos duas horas de atraso! E mais admirados estavámos com a paisagem, uma vez que a montanha não parava de mudar constantemente ao longo do percurso. Agora viam-se aldeias, vedações e cercas em madeira, molhos de feno dourado e tudo isto com a presença do céu azul que veio para ficar e nos acompanhou até chegarmos ao nosso destino

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Tigres e Escoceses

 Ato I – Identificações

Na chegada à pequena e feia vila que serve de base e ponto de partida para o desfiladeiro, o nosso motorista parou o autocarro no meio da estrada. “É tudo à grande…”, pensei, porém a resposta para tal comportamento foi-me dada muito rapidamente, pois em menos de um minuto, um funcionário diligente já estava dentro do autocarro a vender bilhetes para o Tiger Liping Gorge! “Eh lá! Isto é que eficiência para o negócio”. 😛

IMG_5739 (FILEminimizer)Ainda hoje, continuo sem saber como aconteceu, mas sem dizermos nada decidimos fazer o trekking juntos. Antes de nos fazermos ao trilho, fomos até à Jane´s Guesthouse, onde ele guardou tudo o que não ia precisar e ai tomámos o pequeno-almoço. Porém e fruto da conversa, o tempo estendeu-se, esticou-se, alongou-se… e falámos, falámos, falámos.

IMG_5736 (FILEminimizer)Fiquei a saber que se chamava Andy, que tinha quarenta e poucos anos e que devido a questões de saúde não podia (queria?) ter esposa, filhos, família. Também não queria criar laços amorosos e falou que a única coisa que lhe restava era a sua liberdade. Fiquei a saber que durante os últimos cinco anos trabalhou que nem um escravo, para juntar o máximo de dinheiro e que sua vida foi toda canalizada nesse sentido: “Valeu a pena. Comprei a minha liberdade.” “F#$%-&£! Que resilência é esta? Que “gajo” é este!?” E de algum modo identifiquei-me com ele e senti que me estava a olhar ao espelho. O reflexo é que estava uns anos mais velho. 😀

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Em trânsito: Lijiang – Tiger Liping Gorge. Homem Mistério

Na viagem para o “Tiger Liping Gorge” e apesar da estrada estar bastante esburacada, aproveitei para escrever no diário, para observar a paisagem: o verde, os pinheiros, o rio, algumas montanhas, campos de cultivo… e para falar com um homem que estava no meu quarto na noite anterior. Da curta conversa fiquei a saber que era Escocês e que metade da sua pequena mala era composta por livros! Sujeito curioso este… 

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Em trânsito: Lú gū hú – Lijiang. Por entre curvas, pinheiros e cantorias

Antes de partirmos, tivemos uma hora à espera que o autocarro acabasse de ficar lotado e só então seguimos viagem. Durante a mesma aproveitei para escrever no meu diário na medida do possível, pois a estrada estava em obras e serpenteava por vales e montanhas de terra seca onde despontavam pinheiros, muitos pinheiros…incontáveis. Na entrada a província de Yúnnán parecia o país dos pinheiros. 🙂

IMG_5418 (FILEminimizer)Para “adoçar” a viagem passámos nas imediações do rio Jinshan e a paisagem revelou-se deslumbrante, uma vez que no meio das áridas montanhas podíamos observar agora um misto e um novo contraste de verdes e azuis. Para terminar o relato da viagem, refiro apenas que houve interpretações a bordo, sendo todas as pessoas “obrigadas” a cantar e a desafinar, e eu vi-me “forçado” a cantar o Homem do Leme e a deixar os chineses de ouvidos em bico. 😛

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O Magnífico Lú gū hú

Ato VI – Incompreensões

Assim que chegámos ao centro da vila, começámos a indagar os preços e os horários para partirmos para Lijiang, porém como não encontrámos nenhuma proposta que nos interessou, fomos andando pela rua principal, quando… reencontrámos o motorista que não tinha esperado por nós! O Xiaoling dirigiu-se a ele, começaram a falar e passado um minuto estavam a andar na mesma direção. Perguntei-lhe o que se passava e ele respondeu-me que o motorista não sabia que tinha de esperar por nós e que este autocarro era o melhor meio para chegarmos ao nosso destino: “It is cheap”. Nesta altura só pensava, “como que ele não está f$#%£§ com o motorista!?” e resolvi por uma pedra no meu orgulho e no assunto, uma vez que estou num país diferente e do qual desconheço a cultura e os códigos de conduta. Durante o pequeno-almoço e antes de embarcarmos, tentei explicar-lhe que tinha de falar comigo e que era importante para mim perceber um pouco os seus planos. Ao que ele escreveu no seu telemóvel: “Tu não percebes, a maneira de pensar chinesa.” Pois não my friend, grande verdade! E contigo a sonegar informação, ainda menos! Xièxie (謝謝)! :/

Reflexão: O que é inaceitável num país, pode ser perfeitamente aceitável noutro. Tal como as pessoas são todas diferente e têm diferentes características, o mesmo se passa com os países.

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O Magnífico Lú gū hú

Ato V – Saturação!?

Inicialmente estávamos para ver o nascer do dia, mas quando acordámos o tempo estava completamente encoberto e depressa decidimos ficar a dormir até às 8.00, ou melhor tentar… uma vez que as escarradelas do dono do hostel, os passos no piso de cima e o som de orações que me soavam a muçulmanas mas que depois percebi serem budistas, tiveram o condão de me manter acordado. 😛

Já na saída do hostel tivemos um imenso golpe de sorte. Do nada, apanhámos um autocarro que ía para Lijiang e os autocarros para este destino partem sempre de Luòshui que fica na outra margem do lago, a mais de quarenta quilómetros de Xiaoluoshui, onde pernoitámos. 🙂 Como tínhamos os monstrinhos a dormir em Lǐgé, falámos com o motorista para ele aí fazer uma paragem, ao que ele respondeu que não havia problema nenhum, uma vez que a vila já estava agendada para uma breve mirada turística. Assim que autocarro parou, aproveitámos e seguimos colina abaixo até ao posto de turismo, onde recolhemos a nossa “cruz” e subimos a colina das urzes, não não era o monte das oliveiras, mas quando chegámos ao “cume” tivemos a nossa “crucificação”. Quando estávamos mesmo, mesmo a chegar ao topo da colina vimos o autocarro a arrancar. Depois de todo o esforço dispendido na descida e ascensão, morremos na praia e nesta história não houve ressurreição. :/

Fiquei chocado! E só conseguia articular a palavra “M#$%&”/@£§*+!” Nesta altura, o Xiaoling também estava um bocado atarantado, mas entretanto dirigiu-se a uns turistas com os quais encetou uma breve conversação e num ápice já estávamos dentro de um carro em perseguição ao autocarro. Porém… foi sol de pouca dura, no cruzamento para  Lǐgé o carro estancou e nós tivemos que seguir a pé, estrada acima. E percebi, que afinal a “perseguição” que eu idealizara era apenas uma quimera dourada e que a realidade era bem distinta. Estávamos nas imediações de Lǐgé, a mais de trinta quilómetros de Luòshui, carregados como jumentos e topograficamente tínhamos de continuar a subir, durante pelo menos mais um par de quilómetros. Esta era a nossa realidade!

Metemos os pés à estrada e antes de conseguirmos apanhar uma nova boleia, que nos levou diretamente até ao centro de Luòshui e terra prometida para seguirmos para Lijiang, ainda tivemos de andar mais de quarenta minutos. Durante esse breve período, ainda deu para ter o meu terceiro momento Lost in Translation do fim-de-semana com o Xiaoling. Aqui a situação resume-se comigo a dizer-lhe a minha ideia (escrevermos o nosso cartaz com os caracteres Lijiang, uma vez que já estávamos em andamento e podíamos aproveitar para ir pedindo boleia) e a perguntar-lhe qual o seu plano várias vezes e com ele mudo como um rochedo! Pior que não ouvir nada, foi nem sequer ver um esboço, uma tentativa. Nesta altura estava f#$&@£! E só pensava: “Nunca mais chegamos a Kunming (local da nossa separação)! Estou farto, fartinho de ti e dos teus silêncios…Saturas-me!”

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O Magnífico Lú gū hú

Ato III – Fugindo de Lǐgé

Quando fomos largados pelo nosso jarbas não estávamos no centro da vila, mas sim num miradouro donde podíamos abarcar toda a enseada, a sua água azul petróleo e prateada, e observar as montanhas das redondezas a agigantarem-se e a tornarem-se negras. Do miradouro até ao centro da vila demorámos dez minutos colina abaixo, por trilhos de terra no meio da vegetação e quando chegámos a Lǐgé chovia com intensidade. Antes de começarmos a andar à toa com os monstrinhos às costas, decidimos que eu ficaria debaixo de um telheiro a guardar as mochilas e o Xiaoling iria procurar um local para pernoitarmos. Vinte minutos volvidos ele voltou, mas a sua cara dizia tudo, nada! Pelo menos até ao momento. No meio da chuvada e já com as capas impermeáveis postas, fomos andando pela vila e continuámos a indagar preços. Porém…

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O nosso plano de dormir na vila saiu gorado pelos preços exorbitantes aí praticados. E relativamente a isso posso afirmar que a vila tem uma localização bonita, sim! Mas calma… não é nenhuma obra de arte quando comparada com outros locais que estivemos em Lú gū hú. Antes de sairmos de Lǐgé, tive o meu segundo momento Lost in Translation do dia com o Xiaoling, porque ele não me conseguia explicar qual o nosso próximo destino.

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Partimos então em direção a Lise, já sem a companhia dos monstrinhos, uma vez que durante a procura de poiso, estes acabaram por ser largados e ficar guardados no posto de turismo da vila. O caminho foi feito em corta mato e só posso declarar: “Ainda bem que não ficámos em Lǐgé!”. Apartir desse momento vimos as paisagens mais belas de todo o Lú gū hú, enseadas e baías de água azul escura e verde, casas de madeira, plantações já colhidas mas ainda douradas, muita vegetação e a montanha Deusgemu (3755 m) a agigantar-se. 😀 Em Lise voltámos a não ter fortuna e daqui seguimos para Xiaoluoshui, desta feita pela estrada de alcatrão pois a topografia e a vegetação não permitiam veleidades. Uma vez mais, azar numa face da moeda, sorte na outra… 🙂 o tempo continuou a “abrir” e quando chegámos ao templo no topo do monte imediatamente antes de Xiaoluoshui, fomos presenteados com uma panorâmica magnífica, o lago, as colinas e os verdes vales, as bandeiras coloridas do templo, as árvores e a luz dourada do entardecer. 🙂

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Quando chegámos à vila tivemos finalmente a nossa recompensa e ficámos hospedados no hostel Pig Through Inn, um antigo matadouro que foi transformado numa quinta com quartos em madeira, espaçosos, camas grandes e fofas e com uma casa de banho que graças ao bom gosto e funcionalidade ficou na retina como a melhor que vi na China, porém… sem água quente. 😛 Tirando esse detalhe estávamos no local perfeito, no momento perfeito… 🙂

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