Em toda a vastíssima e exótica Indonésia, o afamado templo de Borobudur – Património Mundial da Humanidade, construído entre 750 e 850 d.C. durante o reinado da dinastia Śailēndra e maior templo budista do planeta – era um dos locais que mais desejava conhecer. Depois de uma visita culturalmente fascinante à cidade de Yogyakarta, era altura de rumar ao templo. Quando dei os primeiros passos na área do templo, já com um sarong – à cintura, a luz era dourada e suave, e o céu azul. A aurora estava de facto mágica e o imenso templo, aguardava serenamente por mim. Naquela hora matinal, ainda na companhia de poucos turistas, cirandei em redor do magnífico e imponente templo, construído em pedra de cores: preta, cinzenta e creme. Visto de topo, temos a visão em planta de uma enorme Mandala de base quadrangular – 120 X 120 metros -, visto de frente, encontramos uma estrutura piramidal, com uma escadaria que nos leva ao longo de cinco patamares e em cada um destes, existem incontáveis e serenos Budas a contemplarem-nos. A paisagem em redor está repleta de árvores e vegetação e é possível observar múltiplas colinas e montanhas numa palete de verdes, existindo dois cumes em grande destaque, o Gunung Merapi e o Gunung Merbabu, cada um deles coroado com uma ligeira névoa no cume. Fruto de umas nuvens “fabulásticas” e do imaculado céu azul, este grandioso templo estava particularmente fotogénico, sendo que o melhor momento da visita ocorreu quando no topo me deparei com estupas que tinham no seu interior estátuas de Buda, quais verdadeiros ovos “kinder surpresa”, dispostos em alinhamentos circulares e progressivamente concêntricos em redor da estupa maior e central. Quando os meus passos deixaram o templo, estava verdadeiramente FELIZ por ter tido o privilégio de visitar Borobudur. O maior, mais imponente e impressionante templo budista de todo o mundo. O templo entre cumes e vulcões.
Categoria: Fotografia
Yogyakarta é o coração da pulsante cultura Javanesa e nos seus arredores pude visitar o templo hindu de Prambanam, ficando a saber que quem faz a exploração deste templo, assim como o budista de Borobudur é uma empresa privada! Diga-se, que esta situação é demonstrativa da corrupção existente no país, uma vez que o património público está a ser explorado em benefício de privados. Uma vergonha! Relativamente ao complexo de templos propriamente dito, o principal deles é de facto impressionante em termos de área e construção “sólida”. Para além da visita, na zona em redor também tive a oportunidade de assistir a um espetáculo de bailado/ballet Ramayana e o mesmo valeu bastante a pena, residindo a sua beleza nos gestos dos bailarinos – ora delicados e precisos, ora mais enérgicos – na iluminação, nos trajes, na voz do narrador em sânscrito e no som dos diferentes instrumentos musicais. No centro da cidade visitei o museu Vredeburg – antigo forte holandês – que na atualidade é o museu da história da Independência da Indonésia -, o bonito Keraton, palácio do sultão, onde voltei a observar um espectáculo de dança javanesa e o agradável museu Sonobudoyo onde assisti pela primeira vez a um espetáculo de marionetas – Wuyang Kulit. Já no interior da sala, a performance destas marionetas e o ambiente envolvente – o som dos instrumentos de percurssão, as vozes femininas e a do narrador, os gestos lentos e delicados do “jogo” de sombras – transportaram-me para um mundo mágico, mítico e mitológico de Deuses e Deusas do Oriente.
Para visitar o fabuloso parque natural de Tanjung Puting é necessário fazê-lo de barco. Este parque é conhecido por ser um “santuário” de Orangotangos, mas também por albergar outras espécies de primatas tais como probuscius, cauda longa, folha prateada, gibões…; múltiplas espécies de passáros e insectos – tarântulas, centopeias e “ilustres desconhecidos”. Naquele ambiente tropical pude encontrar árvores espinhosas, fungos e cogumelos – azuis, brancos e castanhos -, uma vegetação luxuriante, troncos caídos, plantas carnívoras; tive a oportunidade de ver o nascer do sol dois dias no rio, a neblina matinal, o céu prateado, reflexos na água, observar a água do rio a transitar de uma cor castanha e barrenta para o negro, como se do sangue da Terra se tratasse; ter verdadeiros momentos National Geographic! Em que tive encontros imediatos com orangotangos no seu verdadeiro habitat; e ao ouvir o som da vida, da selva, pensar que nesta vida, há experiências únicas que valem certos investimentos.
Uma Geografia. Uma Fotografia: Sintang
Em Sintang, fiquei hospedado durante um par de dias, na casa de Doni e da sua adorável família. Durante esse tempo, comi muito e bem, fumei como uma chaminé, conversei, repensei na minha rota e no facto de ter de voltar a Jakarta, devido à avaria da máquina fotográfica, fiz mais uma sessão de motivação na escola onde a esposa de Doni era professora, visitei o agradável museu da cidade, continuei a conversar com aquelas pessoas tão simpáticas, calorosas e amáveis.
Aquando da minha estadia em Lanjak, tive direito à minha incursão ao Danau Sentarum, sendo esta uma experiência deveras singular, uma vez que nunca tinha andando de mota dentro de um lago! A vastidão daquela paisagem surreal e assombrosa, transportou-me ao cenário de um “deserto” de lama. Na companhia de Safary fiz motocross com uma moto de estrada, aliás, ao longo do dia fizemos “patinagem” na lama. No topo de uma das colinas, da ilha de Semitau pude observar uma panorâmica do lago: as rochas, as zonas secas, as “ilhas” de árvores e fiquei estupefacto por observar o lago em plena época das chuvas, tão seco!! – ainda dizem que não há aquecimento global!? Ainda nesse dia, fizemos uma incursão a uma vila piscatória, onde as casas estavam construídas sobre estruturas de madeira, podendo ser casas flutuantes – como se de barcas se tratassem -, atravessámos riachos barrentos, vimos peixes a secar, outros mortos e em decomposição, nativos a pescar… no dia seguinte, em que a paisagem estava mais realçada fruto do sol e do céu azul, conseguimos chegar à ilha de Malaiu mas para isso, tive que desmontar do nosso “corcel” várias vezes. Nesses momentos, em que andava de pé descalço na lama mole e quente – por vezes enterrado até aos joelhos -, senti-me bem… senti-me feliz e livre! Estava fascinado com aquela paisagem, com aquele enoooooooooooooorme lago sazonal, situado no coração do Bornéu.
Uma Geografia. Uma Fotografia: Lanjak
Em Lanjak o denominador comum daqueles dias foi a boa disposição. No primeiro dia, fui até à aldeia de Souah, visitar uns amigos de Doni no meio de um arrozal e no regresso à vila, acabámos de organizar toda a logística necessária para o término do torneio de futebol no qual a equipa de Putussibau acabou por se sagrar campeã. Esse dia, terminou com uma festa noturna no arrozal, bem regada com o tradicional tuak – vinho de arroz – e comigo a conduzir a carrinha no regresso! Em Lanjak tive a oportunidade de conhecer Oscar, um orangotango bebé de nove meses ainda muito frágil e delicado, e de participar noutra festa, onde houve um gigante peixe grelhado e karaoke regados com cerveja a rodos, animação, cantorias e alegria…
À medida que me aproximava do meu destino, depois de uma maratona de autocarros – praticamente 24 horas em andamento – começou a chover, sentindo-se um intenso odor a terra molhada. O embalo do autocarro fazia-me quase, quase adormecer, até que ao passar por pontes de madeira os solavancos me faziam saltar do lugar – bump, bump! e na paisagem, viam-se pequenas aldeias e povoações, onde a maioria das casas estavam construídas sobre estacas e onde o acesso era feito por passadiços de madeira. O dia em Putissabau, foi um dia lento e de compasso de espera, porém como tinha contactos da ONG, WWF, passei por lá para conhecer os responsáveis daquela delegação – Albertus e Hermas – e saber detalhes acerca das áreas de intervenção…
Aquando da minha estadia em Singkawang e na companhia de Supriadi, tive a oportunidade de visitar a agradável e simpática ilha de Lemukutan onde passei um fim-de-semana rodeado de palmeiras, um ambiente tropical, águas de múltiplos azuis, corais, barcos de pescadores, cabanas, uma produção fotográfica de casamento, mas principalmente de simpáticos e sorridentes nativos.
Em Singkawang encontrei-me com Supriadi, um professor de inglês e se inicialmente, contava ficar três dias, acabei por ficar uma semana! E quais os motivos que me levaram a ficar? O calor humano, o carinho e a amizade com que fui recebido, por aquelas pessoas maravilhosas. Durante aqueles dias, que vivi verdadeiramente na cidade, recordo especialmente vários momentos: os instrumentos de música tradicional – Dayak – que vi e que ajudei a pintar; os longos serões que passei a jogar PES 2013 e a conversar; as vezes que fui ao mercado com Teti e que cozinhei com ela; os muitos cafés e cappucino´s deliciosos que bebi; mas principalmente, o facto de me ter tornado um “guru da motivação”, quando ao visitar várias escolas, tentei deixar os alunos com vontade de aprenderem inglês. Em Singkawang fui verdadeiramente FELIZ! E aceitei de vez, o facto de visitar poucos locais em Kalimantan, mas ter experiências que valem-se realmente a pena!
Na chegada ao aeroporto de Pontianak, para evitar os taxistas locais e os seus preços inflacionadíssimos, comecei a caminhar em direção à cidade, acabando por ser bafejado pela sorte, uma vez que apanhei boleia com Surat – um senhor que trabalhava como engenheiro, na manutenção de aviões – para o centro. Para além da boleia, Surat ajudou-me a encontrar um hotel barato e levou-me a tomar o pequeno-almoço no Hajis – um afamado local da cidade, principalmente pelo seu Rujak Juhi. Junto ao rio, a minha boa sorte continuou, uma vez que no cais conheci Theresia e umas amigas, com quem fui até ao Tugu Khatulistiwa – monumento do local, onde fica a linha do equador, tendo nesse momento tido a oportunidade de ter um pé em cada hemisfério do nosso planeta. No regresso ao centro, encontrei-me com Awi, com que visitei uma casa tradicional da tribo Dayak e ao falar sobre Kalimantan comecei a perceber, que o meu plano de cruzar a ilha de costa a costa – Oeste a Este – era demasiado ambicioso. Naquela tarde tranquila, enquanto procurava um local com internet, a sorte e as boas estrelas mantiveram o seu rumo, pois ao conhecer MS. – um simpático rapaz que me deixou usar a sede do seu partido político – ele prontificou-se a ajudar-me a apanhar o autocarro para Singkwang durante a madrugada. Entretanto, como combinado fui jantar com o Awi e fiquei com a certeza que a cidade de Pontianak, pode não ser um destino turístico por excelência, mas que comida deliciosa essa, existe em abundância! Sentindo que para além da sua gastronomia vibrante, a cidade pulsa de vida e movimento…









