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Crónicas O 1º Dia Reflexões

Manhã em Chongqing

Quando cheguei à cidade dirigi-me imediatamente ao hostel que tinha marcado e diga-se em abono da verdade que só o consegui fazer, porque tinha a morada escrita em caracteres chineses, senão tinha sido impossível, pois as indicações que estão disponíveis no hostelworld, não estão nada claras! :/

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Ao chegar, pedi algumas informações sobre a cidade e alguns papéis escritos em chinês para apontar caso necessitasse, uma vez que não tinha nenhum mapa. E meu primeiro passo foi ir até Chiao Tien Men – porto dos barcos recreativos – comprar o bilhete para partir para o rio Yangtze nessa mesma noite, uma vez que só existia um barco por dia e apesar de ter o hostel marcado não me apetecia passar dois dias inteiros na cidade. Quando comprei o bilhete fiquei a saber que a viagem duraria quarenta horas e apenas chegaria ao destino por volta das 14.00 de Domingo – a viagem estava programada começar na sexta feira, às 22.00!

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Com a minha vida organizada pelo menos durante os próximos dias comecei a deambular pela cidade e fui andando ao longo do rio naquele dia cinzento e encoberto. A primeira atração turística que vi foi o HangYadong, que é um conjunto de antigos edifícios e grutas, mas que achei desapontante. :/ Daí segui em direção ao centro da cidade e no caminho encontrei um Carrefour onde aproveitei para comprar mantimentos para a longa viagem que se avizinhava. 😉 Depois do “shopping” encontrei o templo de Arhat e aí foi super interessante ver o contraste entre o mesmo e as torres que o rodeiam, sentindo que estava a ver a dialéctica da cidade na sua forma mais física e material. Já no seu interior e à semelhança de Leshan vi as estátuas das centenas de discípulos de Buda; observei com atenção um monge que estava a abençoar as pessoas; e vi algo que me deixou entusiasmado e que nunca tinha visto anteriormente, um templo parcialmente demolido, andando durante alguns momentos a fotografar os seus escombros. 🙂 Quando sai do templo dirigi-me a Jifongbei e aí encontrei o coração palpitante da cidade moderna e pude observar o lado mais cosmopolita, luxuoso e capitalista de Chongqing: lojas, hóteis e centros comerciais de luxo, um movimento incessante e uma profusão de arranha-céus.

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Quando regressei ao hostel (13.05) falei com o staff e disse-lhes que não iria passar a noite no mesmo, uma vez que tinha viagem marcada para essa noite, mas que entendia se me quisessem cobrar a noite. Para minha surpresa, disseram que não havia problema nenhum e inclusivamente disseram que podia utilizar o hall, a internet do hostel e que a mala podia continuar guardada! Impecavéis. 😉

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Em trânsito: Kunming – Chongqing. Comboios e Letras

Parti de Kunming ao meio dia e durante a longa viagem que durou quase vinte horas aproveitei para escrever – numa posição de lorde – sobre os meus dias na cidade e escrevi notas soltas em tempo real: tempo cinzento e pardacento; terras castanhas e secas; paisagem entre cortinas translúcidas; velho metediço, a quem tive vontade de dar um chega para lá; túneis; vilas e cidades como tantas outras; vendedores de comida e de “tretas”; alguns vales profundos; ler; paisagem mais verde (16.30); ver a frente do comboio devido a uma longa curva; montanhas e verdes (18.15); pôr a bateria da máquina fotográfica a carregar; agora que já tenho novamente computador, organizar um ficheiro de excel com todos os gastos desde o início (exercício de memória); tentar escrever algo para postar no blog – mas estar cheio de sono. Noite interminável (longa… loooooonga… looooooooooooooooonga).

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Crónicas Fotografia

Dia D para o PC

Ato III – A  Desforra! 😀

Ainda durante a instalação dos programas, comecei a pensar que devia voluntariar-me para lhes pagar mais do que inicialmente tínhamos acordado, uma vez que eles estavam a ter muito trabalho à volta do PC. Na hora H, assim o fiz e ao mesmo tempo, abri uma janela alternativa e convidei-os para jantar – claro que eu pagaria o mesmo. O mentor principal do arranjo disse que não, que não era preciso pagar mais e que o preço acordado era justo, mas relativamente ao jantar respondeu afirmativamente, perfeito! 🙂

IMG_6873 (FILEminimizer)Quando apanhámos o autocarro, paguei-lhes os bilhetes e quando saímos no centro da cidade, começámos à procura de um local para jantar. Porém e apenas trinta minutos depois, eles realmente perceberam a minha intenção de lhes pagar o jantar, e acabaram por escolher que jantaríamos no KFC… É caricato. É preciso vir à China e avariar-me o PC para comer aí! 😉 De qualquer modo, o repasto consistiu obviamente em frango (frango frito e hambúrguers de frango), com coca-colas a acompanhar e o meu plano só foi parcialmente cumprido, pois o “mini-génio” – nome pelo qual batizei o meu salvador – quis pagar os hambúrguers. Quando saímos do KFC, começámos a dirigir-nos para um bar para bebermos umas cervejas e nesse momento não senti o cartão MB – que tinha utilizado horas antes. Ainda fiz uma tentativa ténue para lhes explicar o sucedido, mas como continuaram a andar e eu não tinha a certeza absoluta de o ter perdido, acabei por guardar o assunto para mim e tentei não me preocupar demasiado. :/

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Começámos a avistar luzes e comecei a perceber que afinal o bar era uma discoteca! Eles cumprimentaram uma rapariga que estava na entrada e aos poucos fui-me apercebendo que eram clientes regulares. Deixei a mala no bengaleiro e subímos ao reino do som e da música desta feita, estava a fazê-lo Made in China”. Quase sem ter dado por isso já estávamos sentados numa mesa com pelo menos quinze cervejas em cima da mesma, um prato com fruta previamente descascada e cortada e uns “copos grandes”, que só posteriormente percebi serem utilizados para dados. E para que se querem, dados? Para jogar! E qual o objetivo de jogar? Bem, primeiro de tudo os chineses adoram fazê-lo e são viciados no mesmo; segundo motivo, a equação: discoteca + dados + cerveja = ? Pois! Jogar para beber! E devo dizer que é um forma bastante entusiasmante para o fazer, pois sem darmos por isso e em menos de nada já tínhamos despejado umas quantas garrafas! 😀

Enquanto o fazíamos, a tal rapariga da entrada – que me pareceu ser a Relações Públicas da discoteca – esteve a noite toda connosco a beber e “enfrascar-se” e não posso negar que houve ligeiros momentos em que… me preocupei com o cartão MB, desconfiei ligeiramente de tanta bondade e simpatia e temi pela mochila que ficara no piso térreo – no seu interior estava o PC finalmente arranjado e a máquina fotográfica. Mas aos poucos e poucos fui entrando no ritmo e a partir de certa altura esqueci tais fantasmas e seres mitológicos obscuros. Falavámos via i-phone e com linguagem corporal, ríamos, fumavámos, bebíamos, víamos algumas beldades esvoaçantes, dançávamos, íamos à WC, voltávamos a fumar, a beber, a rir…Eu dizia-lhes que eles eram uns Party animals (animais de festa) e eles sorriam, dizia-lhes que era a minha primeira discoteca na China e eles sorriam. 😀 Ao sair da discoteca reparei que o seu nome era Fire Bird (Pássaro de Fogo) e tal pareceu-me totalmente adequado. 🙂 Enfim, foi uma verdadeira noite de antologia, escrita com uma caneta de ouro fino, que terminou no meu primeiro táxi noturno à porta do hostel, qual cinderela que chega depois do baile na sua carruagem de cristal. 😀

P.S. – Quando cheguei ao hostel, procurei em vão o cartão e depois de verificar que realmente não o tinha , mandei um e-mail à minha irmã a contar das novidades. As boas: PC ressuscitado e as más: Perda e cancelamento do cartão MB.

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Dia D para o PC

Ato II – Os Especialistas

Cinco minutos depois, estava a entrar numa pequena loja/oficina atulhada de computadores e material informático, onde conheci os especialistas. E os mesmos, eram três jovens que trabalhavam individualmente, cada qual no seu “arranjo” e que simultaneamente fumavam que nem chaminés. 🙂 O rapaz da outra loja deixou-me lá e antes de partir disse-me que o preço acordado se manteria a não ser que o problema fosse mais grave do que o previsto. Antes da sua partida, tentei marcar a minha posição de forma clara com o objetivo de não me tomarem por tolo e posteriormente tentarem inflacionar o preço do arranjo.

IMG_6875 (FILEminimizer)O PC foi aberto, o disco rígido avariado extraído e simultaneamente ligaram o novo disco rígido a um desktop para ser instalado o Windows 7. De seguida o PC reconheceu pela primeira vez os drivers instalados e eu comecei a ter esperança. 🙂 Várias vezes me ofereceram cigarros e eu fui respondendo que se o computador começasse a trabalhar, então sim! Fumaria, um cigarrito para festejar. Porém, quando finalmente o novo disco rígido foi colocado dentro do PC, nada! :/ O PC reconhecia a existência do disco mas não passava daí. Por esta altura andavam à volta da configuração da BIOS e tentaram, tentaram, tentaram… Até lerem na Internet que o computador tinha dois discos rígidos e começaram a esventrá-lo mais, tiraram a famosa bateria e mais umas peças mas chegaram a um momento em que não puderam tirar mais nada! Esse segundo disco não existia! E eles ficaram admirados.

Neste momento estava bastante apreensivo, já tinham passado três horas desde que chegara aquele local e os resultados práticos, eram diminutos. 😦 Para além disso, comecei a pensar que mesmo que o problema não fosse resolvido, teria de lhes pagar -mesmo que não o valor total, pelo menos uma parte. Resumindo, por esta altura o meu cérebro só me dizia: “Vais pagar para ficar com o computador igual e para além disso vais ter de pagar o envio para Portugal”. Neste momento apenas a tenacidade que eles demonstravam, me ia dando algum/pouco alento e pensei: ”Se estes tipos não conseguirem, tenho mesmo de enviá-lo porque estão a tentar tudo o que podem”, para além do bom ambiente criado entre nós, à custa de uma linguagem corporal expressiva e alguns gracejos na “conversa” Anglo-Chinesa via tradutor do Baidu. 🙂

Finalmente, foi jogada uma cartada decisiva, ligaram para o apoio de clientes da Samsung mexeram mais uma vez nas configurações da BIOS e finalmente… fez-se luz! O PC voltou à vida, retornado do reino dos moribundos e dos mortos! 😀 Naquele momento todos ficámos contentes e comecei finalmente a fumar para festejar, três horas e meia depois de lá chegar. Durante as três horas seguintes estiveram de volta do PC e instalaram o Office 2010, um anti-vírus, um detetor de falhas do sistema, um descompactador, o Goggle Chrome e ainda se tentou instalar o Photoshop mas sem sucesso e quase, quase no final um programa para compatibilizar o teclado físico com o digital (Fundamentalíssimo! Para poder escrever em português para o blog).

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Por volta das 19.30 e após uma tentativa falhada para levantar dinheiro, voltei à loja/oficina e avisei-os dessa situação e passados cinco minutos já estava montado numa scotter – à pendura com um deles – nas ruas de Kunming, a caminho do MB mais próximo, onde finalmente consegui levantar dinheiro para pagar a minha dívida. Antes de abandonar-mos o local, tirámos uma fotografia juntos e eu respirei fundo, aliviado e agradecido. Todo o esforço dispendido – por todos-  neste dia, tinha valido a pena! 😀

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Crónicas

Dia D para o PC

Ato I – A Demanda 

Desloquei-me até à FedEx com o objetivo de enviar o PC para Portugal, mas quando lá estava descobri que não o podia enviar a menos que lhe retirasse a bateria. O problema foi que retirar a mesma se revelou uma tarefa impossível pois esta é interna (os computadores modernos, têm destas coisas)… 😛 Nesta altura comecei a ficar exasperado com a situação, pois andava a carregar um peso morto, sem qualquer utilidade. Falei então com a responsável da FedEX e pedi-lhe para ela me indicar como podia chegar à Samsung de Kunming.

Para lá chegar, apanhei dois autocarros e fui “largado” nas imediações de Gulau Road e nesta zona, atingi o auge da exasperação! Durante uma hora e meia andei à volta do quarteirão rua acima, rua abaixo à procura da loja. E para cúmulo do rídiculo as informações das pessoas contradiziam-se umas às outras. Estava a começar a atingir o meu limite de saturação e só comecei a pensar: “ E se os chineses fossem todos pró $@$&£»€!? Ou pelo menos os deste quarteirão?” :/

Mentalmente exausto, decidi ir a uma loja que para além de outros logótipos tinha o da Samsung e aí comecei a tentar explicar qual o problema do PC, via tradutor do Baidu (principal motor de busca chinês) e após a explicação, acordei pagar 500Y (aproximadamente 60€) pelo disco rígido, pelo software instalado e pela tentativa de recuperação de dados do disco “flipado”. Passado uma hora e meia e sem resultados práticos um dos empregados “falou” comigo, pegou no disco rígido, no Windows 7 e no Office 2010 e levou-me a uma loja de informáticos especializados, nas imediações.

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Crónicas O 1º Dia

Hostel? The Hump!

Vamos começar em crescendo. 🙂 O staff é prestável mas em termos de informações relativamente aos autocarros um desastre! 😛 Os quartos são bastante grandes e as camas confortáveis. A localização é completamente central. Mas o melhor de tudo, não há dúvidas, o seu super bar e terraço! Este foi sem dúvida o melhor bar que vi na China até ao momento. 😉

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Crónicas Em trânsito Reflexões

Em trânsito: Dali – Kunming. O Fantasma de Olhos Cansados

Durante a viagem aproveitei para escrever sobre Dali e colar os bilhetes no caderno; comer qualquer coisa; observar a paisagem que era um pouco mais seca mas continuava verde; tentar comunicar com um chinês (mas tal veio a revelar-se impossível pois o seu inglês era demasiado pobre). Ao olhar para a paisagem pensei que se não existir intervenção humana, ela é “igual em toda a parte”: as árvores, o céu, o sol e senti que podia estar em qualquer lado (sentimento de universalidade). Na penumbra dos túneis observei um rosto de olhos inchados, enrugados e amarelados…Vi a velhice na sua crueza e a transformação do ser humano, num fantasma de olhos cansados.

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O Porco e o Macaco

Quando estava sentado numa das ruas mais turísticas de Dali, observei dois sujeitos mascarados, o Greedy Piggy and Monkey a enriquecerem, uma vez que estes cobram por cada fotografia que as pessoas tiram com/a eles cerca de 2.50€! E em menos de dez minutos devo ter visto pelo menos quinze pessoas a fazê-lo!

IMG_6770 (FILEminimizer)P.S. – Tenho a “ligeira” impressão que se o macaco e porco emigrassem para Portugal ou outros países da Europa, iriam definhar com fome ! 😉

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Majhong

Num dos parques da cidade e durante pelo menos uma hora fiquei a observar este jogo e os seus intervenientes. Percebi alguma coisa do mesmo!? Naaaaaaa… Mas foi divertido na mesma! E a beleza dos gestos dos jogadores, essa ninguém me tira, fica guardada no coração e na memória.

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Paradoxo. Urbanizações Fantasma

No terceiro e último dia na cidade resolvi ir até à Universidade de Dali pois recebi a informação que daí a vista sobre a cidade era bonita. Quando estava a caminho da mesma, percorri uma grande grande avenida – ou não estivesse eu na China – e ao longo da mesma apenas vi vivendas já construídas, blocos e blocos de vivendas. Mas não se pense que eram cá pechisbeque! Não senhor! Alto gabarito! O “pequeno” detalhe é que esta, era uma urbanização fantasma – diria que 99% das casas estavam desocupadas.

IMG_6693 (FILEminimizer)Em toda a China desde que cheguei, vejo construção, construção, construção. As minhas perguntas são: Mas para quê? Para quem? Desde do primeiro momento, vejo famílias por vezes numerosas a viver juntas sob o mesmo teto mas será que existe a ilusão que os chineses vão ser todos ricos!? Fica a questão…