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Crónicas Fotografia

Muang Ngoi. Paraíso na Terra

Na pequena vila de Muang Ngoi e que parece já não ser deste século eu e o Zhou ficámos quatro dias e regressámos a uma era, em que tudo parou. Tudo se passa devagar e com tranquilidade. 🙂 Aqui a rua principal ainda é de terra e lama e as casas construídas principalmente com madeira e chapas de zinco.

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Durante o tempo que aqui estivemos passeámos em redor da vila, visitámos uma gruta negra como breu e bonitos arrozais, vi pela primeira vez monges de vestes laranjas, atualizei o caderno e escrevi para o blog, comi um par de vezes um delicioso caril de abóbora e múltiplas vezes um divinal arroz doce feito com leite de coco e… cheguei ao Paraíso. 😀

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Num desses dias, fomos pescar com um nativo – Bino – e posso dizer que foi uma experiência extraordinária e magnífica. 😀 Num barco muito estreito, partimos em direção a norte e no meio do largo rio, senti-me minúsculo com a monumentalidade da paisagem que a minha vista abarcava: o rio castanho e barrento; as colinas verdes erguendo-se de ambas as margens, coroadas com fiapos de nuvens; o nevoeiro nas copas das árvores. A viagem durou cinquenta minutos e em algumas zonas, a topografia das margens era mais aberta e menos acentuada, noutras as montanhas e colinas não estavam totalmente cobertas de vegetação, vendo-se as faces expostas da rocha – branca, preta e avermelhada – e nas restantes áreas via-se uma floresta densa, verde e luxuriante. 🙂

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Mesmo com chuva e à medida que subimos o rio, fui pensando que mesmo que não fizéssemos mais nada o passeio já estava pago! 🙂 E que se não o tivéssemos feito íamos perder muito, muitíssimo do que este lugar é. O corpo está na vila e arredores. A alma está aqui! No rio a norte. 😀

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Quando Bino atracou o barco estávamos num banco de lama e areia e não foi preciso muito para eu e o Zhou nos enterrarmos acima do tornozelo – claro que o nosso guia como bom nativo, não se sujou um pingo sequer. 🙂 Com os pés cheios de lama fomos até à aldeia de Banvattanatam e aí vimos pela primeira vez, bonitos thais artesanais, os quais fizeram o Zhou apaixonar-se perdida e imediatamente. Quando perguntámos o preço pediram-nos 50.000 kip (5€) por cada um deles e começámos as negociações… 😉

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Crónicas Em trânsito Fotografia

Laos. A Primeira Semana

Durante a primeira semana no Laos para além de andar em modo de aprendizagem; estive um par de dias em Luang Nam Tha onde passeei de bicicleta pelos seus verdes arredores, e onde ao observar o ambiente semi-decadente do seu mercado noturno, regressei à década de 70-80; o meu corpo foi completamente “massacrado” pelas estradas do país, numa viagem de aproximadamente duzentos e trinta quilómetros até Nong Khiaw; fiz travessias de barco pela primeira vez no país, no rio Nam Ou – viagens entre Nong Khiaw e Muang Ngoi; entrei pela primeira vez em contacto com os extraordinários habitantes do Laos – gente quente, acolhedora e afável; fui polícia sinaleiro de pintainhos e visitei Muang Ngoi, o local onde o tempo perde sentido e significado. 😀

Luang Nam Tha

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Em trânsito: Luang Nam Tha – Nong Khiaw

IMG_6396 (FILEminimizer)Nong Khiaw

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Em trânsito: Nong Khiaw – Muang Ngoi

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Crónicas Fotografia

Amanhecer no Paraíso

Quando o despertador tocou, acordámos como previamente combinado, mas ao olhar pela janela iniciámos um “debate” prolongado se deveríamos ir ou não, pois o tempo estava muito… muito enfarruscado. Eu e o Fábio já nos tínhamos voltado a deitar, mas o British levantou-se, começou a encasacar-se e ao vermos a sua força de vontade, recuperámos “psicologicamente” e levantámos o rabo da cama de modo a acompanharmos o nosso “irmão de armas”. 🙂

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A verdade é que não vimos o nascer do sol, mas diga-se em abono da verdade, do local onde nos encontrávamos – miradouro dos “Nove Dragões e Cinco Tigres” – mesmo com bom tempo, tal seria sempre impossível devido à sua orientação geográfica relativamente ao vale. 😛 De qualquer modo vimos umas nuvens extraordinárias e houve um momento em que se pôde ver uns reflexos de sol nos socalcos e noutro momento o vale iluminado, vá… parcialmente. Não foi perfeito, mas foi bem melhor que ficar na cama a dormir! 🙂

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Crónicas O 1º Dia

Conversetas e Animação

Depois de um dia tão perfeito, quando regressámos ao hostel, havia mais uma surpresa… na receção encontrei Fábio  um rapaz brasileiro que conheci em Xi Ping, mas com quem apenas falara cinco minutos, pois ele partiu no dia em que cheguei – e o dia fechou com chave de ouro. Entretanto Zheng, juntou-se a nós e quase sem darmos por isso um rapaz de feições asiáticas, mas com um “British” perfeito seguiu-lhe o exemplo. O seu inglês era de tal modo irrepreensível que a certa altura da conversa não me “contive” e perguntei-lhe de onde era e quando ele respondeu que era Britânico, tudo fez sentido. Entretanto, ficámos a conversar e todos – exceto Zheng – bebemos uma “jola”. 🙂 Entretanto o tempo foi passando e descobrimos que estávamos com fome e decidimos jantar no hostel. A verdade é que tive mais uma magnífica refeição: abóbora, arroz, arroz aromatizado dentro de uma cana de bambu, carne de porco e vegetais, outros vegetais e ovo com tomate, e para finalizar a noite, parodiámos com uma frase profunda encontrada numa garrafa de cerveja: ”Se sabes onde ir, o mundo levar-te-á lá…” 😛 e rimos… rimos… rimos, antes de combinarmos acordar cedíssimo para ver nascer o sol. 🙂

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Visões do Paraíso

Depois dessa extraordinária experiência regressámos de papo e alma cheia a Ping´An, sob o signo de uma meteorologia muito mais suavizada e leve, e quando chegámos Milène despediu-se de nós, mas antes teve de “pagar pelo divórcio” – piada inventada, pelo facto de eu ter pago o almoço e as compras dela, tal e qual um bom marido deve fazer! 😛

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Eu e Zheng partimos finalmente para ver os terraços em todo o seu esplendor – ou quase devido à inexistência de sol – e o primeiro miradouro que visitámos chamava-se “Nove Dragões e Cinco Tigres” – os chineses e os seus nomes poéticos. A forma dos socalcos assemelhava-se às costas de um dragão (Longjie) e a visibilidade era total, a cor da água nos mesmos variava entre múltiplos castanhos e cor de prata e as formas eram harmoniosas e belas, como uma sinfonia perfeita criada pelos deuses e tocada pelos anjos. 😀 Senti-me um privilegiado por ter a oportunidade de assistir a um espectáculo tão magnífico e ver uma simbiose inigualável entre a natureza e o ser humano. Estava a ver uma paisagem criada por ambos e que resulta numa das paisagens mais belas e singulares que alguma vez vi. Ter tido a oportunidade de ter presenciado e fotografado este local deixou-me FELIZ e ENCANTADO, pois dei o meu cunho pessoal à paisagem, através dos enquadramentos escolhidos. 😀

IMG_5014 (FILEminimizer)Por sua vez, o segundo miradouro que vimos chamava-se “Sete Estrelas e a Lua” e também se revelou uma ode à beleza, mas “infelizmente” para o mesmo, o meu coração já se tinha apaixonado. 🙂 De qualquer modo, observei e encontrei muita beleza no local, não deixando de continuar a tirar um prazer extraordinário da paisagem, e antes de voltar ao hostel, disse a mim próprio que já tinha tido as minhas visões do Paraíso. 😀

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Crónicas Fotografia O 1º Dia

Vamos Brincar aos Turistas?

No nascer do dia o tempo continuou cinzento, mas a intensidade da chuva baixou consideravelmente e aproveitando esse facto, partimos para a vila de Zhonglu acompanhados de uma rapariga alemã  Milène – que conhecemos na noite anterior. A caminho da vila e apesar da visibilidade reduzida, fruto do nevoeiro, comecei a perceber in loco a fama deste local e a interiorizar a beleza do mesmo, uma vez que à medida que subíamos, os socalcos começaram a ganhar forma, proporção e grandiosidade. 🙂

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Por entre estradas de cascalho, degraus, trilhos em pedra e lama, plantações, camponeses e camponesas, burros e cavalos, seguimos viagem e passado uma hora e meia estávamos no nosso destino. Poucos minutos depois de lá chegarmos uma “nativa”, tomou a Zheng como guia turística de mim e da Milène e perguntou-lhe se queríamos almoçar, apresentando o seu preço. A Zheng entretanto começou a explicar-nos o que se estava a passar e a partir desse momento representámos o papel de um casal de turistas alemães que estava a ser conduzido para a toca da raposa. 😉 No final de muita conversa e discussão conseguimos baixar o preço para metade do valor inicial, em que 2/5 desse valor reverteriam para a Zheng e o restante para a “nativa”. Moral da história: como a Zheng estava a representar o papel de guia, no final iríamos todos comer por um 1/5 do valor previamente acordado… uma bagatela! 🙂 De qualquer modo, foi muito interessante perceber, como este tipo de negócios se processa, em que todos ganham e o turista é depenado! Porém desta vez a presa passou a predador e a raposa não percebeu que estava a ser comida por um lobo com pele de ovelha!

IMG_4872 (FILEminimizer)Fomos então conduzidos até uma casa antiga e aí encontrámos “relíquias” expostas nas paredes de madeira, entre as quais e para mim o ex-líbris do local, um cartaz do “camarada” Estaline. 😛 No segundo piso encontrámos um sótão/depósito de lenha e enquanto a nossa cicerone acendia o lume no piso térreo, nós explorámos o local. Quando descemos, o lume já estava aceso e a nossa cozinheira estava a lavar batatas e a pelá-las. Iniciámos então um momento culinário e de partilha, quando começámos a ajudar na preparação do almoço. 🙂

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Quando terminou toda a confeção, vimos quão barata estava a ser a refeição e como menu tínhamos: batatas novas, carne de porco fumada, grelos, sopa de ovo e tomate e arroz. Para além da quantidade, a qualidade era extraordinária! Tudo fresco, tudo saboroso, tudo… DIVINAL! 😀 Sem dúvida um dos melhores momentos gastronómicos e uma das experiências mais fascinantes da viagem até à data. 😀 Durante a refeição fomos dizendo que até o valor inicial era barato, mas naquele momento a roda já tinha sido posta em marcha.

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Depois do repasto a senhora foi buscar um casaco tradicional e trouxe-nos artesanato barato e artesanato personalizado, nessa altura compensámos um pouco a senhora – do preço do almoço – pois a Milène acabou por lhe comprar uns postais e uma fita bordada, mas claro que pelo meio ainda regateámos um pouco… e finalizámos toda a nossa encenação com as fotografias da praxe, em que ainda deu para rir com a diferença de estatura da Milène e da senhora – David e Golias, versão feminina 😛 . Todo este momento memorável durou aproximadamente três horas, mas foi de tal modo fascinante e singular que o tempo extravasou para o plano subjetivo e deixou de ser real. 😉

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