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Crónicas Em trânsito

Visita à Grande Muralha

Ato I – O Papel, qual Papel?

A visita à muralha começou após uma noite mal dormida. Motivos!? Efeitos do Jet Lag? Ansiedade? A verdade é que às 5.30 já estava acordado e às 6.00 e pouco já estava no metro, munido com o meu papel em caracteres chineses que dizia: Mutianyu, com destino a Donzhigmen onde apanhei o autocarro – não para a muralha mas para uma cidade que ficava próxima da muralha. Mas antes de o conseguir, tive de andar às voltas na estação, qual galinha decapitada porque não via nenhum ticket office, apenas quando vi alguém semelhante a um revisor é que consegui comprar o bilhete – graças claro, ao papel. 😛

No autocarro era o único ocidental e como estava a caminho de um local super-turístico fiquei um pouco surpreendido, com esse facto. Durante a viagem vi um pouco da cidade fora do seu centro turístico, ou seja muitas torres modernas e bastante construção em andamento. A viagem que devia ter durado duas horas e meia como li previamente, durou uma hora e meia e passado esse tempo o motorista mandou-me sair do autocarro porque tínhamos chegado à estação terminal. Quando saí, estava baralhadíssimo só via caracteres chineses – grande novidade – e não fazia a mínima ideia onde estava. Meio perdido, dirigi-me a um local que dizia – em inglês – fazer transfers para o aeroporto de Pequim, esperançado que aí alguém falasse o sagrado inglês. No entanto, ninguém falou mas após ter mostrado novamente o papel, levaram-me para uma sala onde cinco chineses estavam a trabalhar em frente ao computador e um deles escreveu-me numa folha um número de um autocarro e algo em chinês.

Dirigi-me para a estação de autocarros com esse número e enquanto esperava fui abordado por um chinês e mostrei-lhe… mistério? Claro o papel. Ele olhou para mim e apontou para uma carrinha meio corcomida, nesta altura já eu tinha tirado um papel e um lápis, ele escreveu 50 e eu escrevi 40, durante um breve momento ele ponderou a proposta e acabou por acenar que sim com a cabeça e dizer algo que em português seria: “Vamos lá, C@#%&*+!”. O acordo foi firmado com um aperto de mão e quando dei por mim já estava no banco de trás rumo ao desconhecido. Nesta altura, estava ansioso e comecei a pensar que se calhar não tinha sido muito inteligente, afinal estava a uma hora de distância da suposta cidade que ficava no sopé de muralha e se a partir dessa cidade um táxi custava entre 20 e 30 Yuans, como raio é que conseguira um negócio tão vantajoso? Das duas uma, ou estava prestes a ser vítima de um esquema qualquer ou então estava mais perto do que julgava. A resposta veio quando vi uma placa castanha com a informação Mutianyu 17 km. Nessa altura fique felicíssimo porque a) percebi que iria chegar à Muralha, b) estava na cidade certa apesar da informação lida não ter correspondido à informação real. O resto da viagem foi feito com um sentimento totalmente diferente de até aí, um misto de alívio e de felicidade, mais um pouco e a carrinha transformar-se-ia num carro alado rumo ao Éden. 😀

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